APRENDIZADO ORGANIZACIONAL MÓDULO 3 Índice 1. Estilos de Aprendizagem.............................................3 2 Aprendizado Organizacional - Módulo 3 1. ESTILOS DE APRENDIZAGEM Continuando com nosso estudo, apresentamos que (...) a problematização, tanto como a percepção da realidade, é condição básica para a aprendizagem espontânea; é, porém, apenas parte de uma estrutura de constituição do ser no processo educacional. Para aprender a problematizar os fatos e perceber criticamente a realidade, o indivíduo precisa de liberdade de ação e autonomia para tomar decisões. 1 Porém, liberdade na aprendizagem significa estilo e, portanto, trata-se do método que alguém usa para adquirir conhecimentos. Estilo é o modo como a pessoa se comporta no processo de aprendizagem; assim, os estilos de aprendizagem auxiliam na explicação das diferentes maneiras como uma pessoa aprende sobre determinado fenômeno de natureza desconhecida. Enquanto alguns usam uma lógica formal de raciocínio, outros usam uma visão sistêmica e dialética para aprender; isso significa dizer que existem múltiplos estilos de se aproximar do desconhecido e decodificar sua estrutura. Na atualidade, existem sete estilos de aprendizagem 2 já identificados pela ciência cognitiva. O primeiro desses estilos é o físico, em que as pessoas acabam usando a expressão corporal como recurso de aprendizagem, passando a se comunicar de forma gestual com o mundo. No segundo estilo, o interpessoal, o indivíduo se revela de forma extrovertida e busca conhecer seu ambiente se comunicando abertamente pelos meios que o deixam mais confortável na aprendizagem. O terceiro estilo é oposto ao anterior, a pessoa se revela de forma introspectiva e sua aprendizagem é silenciosa, sem alarde. Esse é o estilo introspectivo. No quarto estilo, denominado linguístico, a pessoa usa com fluência a palavra. A verbalização é sua ferramenta de apreensão do conhecimento e incorporação dos mecanismos explicativos do mundo. Diferente da verbalização, as pessoas podem também usar o raciocínio lógico e o pensamento matemático para entender o desconhecido – esse estilo é denominado matemático. Por outro lado, a criatividade e a sensibilidade para usar o sentido sinestésico vão caracterizar o estilo musical, em que as pessoas se interessam mais por sons e músicas. Finalmente, o estilo visual; sem dúvidas, é o mais conhecido entre os ocidentais na modernidade, uma vez que estes exploram a realidade em seu contexto visual. Esses estilos de aprendizagem revelam o potencial humano para decifrar o desconhecido. Reforçando essa teoria dos estilos, Howard Gardner 3 , pesquisando sobre a inteligência humana, anunciou que existe uma inteligência múltipla 4 que está sendo aos poucos revelada pela ciência e que Idem, 2006, p. 191. Ver site http://sitededicas.uol.com.br/art_estilos1.htm (acesso em 27/07/2008). 3 GARDNER, Howard. Inteligência - um conceito reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, passim. 4 Nota do autor: a teoria das inteligências múltiplas foi desenvolvida na década de 1990 por pesquisadores da Universidade de Harvard, sob a coordenação do psicólogo Howard Gardner. Naquele momento, foram identificados e descritos sete tipos de inteligências nos seres humanos, o que, obviamente, gerou um grande impacto nas teorias de aprendizagem; 1 2 3 Aprendizado Organizacional - Módulo 3 pode ser definida como “(...) um potencial biopsicológico para processar informações, que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura”. Precebese, com isso, que as pessoas estão no mundo e interagem entre si social, psicológica e culturalmente, promovendo mudanças em si mesmas e no ambiente em que vivem, a partir de suas necessidades de solucionar problemas de diversas ordens e natureza. Partindo do referido estudo de Gardner, as inteligências múltiplas são definidas até o momento em oito: 1) lógico-matemática: refere-se à capacidade para identificar, analisar e resolver problemas, operações matemáticas e questões científicas. Os testes de Q.I. são comumente usados para medir a qualidade lógicomatemática das pessoas, e tal inteligência é mais explícita e desenvolvida em matemáticos, engenheiros e cientistas, por exemplo; 2) linguística: esta inteligência é qualificada a partir da maior disponibilidade e preparo para usar a língua falada e escrita, demonstrando fluência na articulação das ideias e descrição dos fenômenos, podendo ser também caracterizada por testes de Q.I., sendo melhor identificada em oradores, escritores e poetas; 3) espacial: as pessoas que possuem esta inteligência mais evidente conseguem compreender o ambiente e o espaço físico de forma tridimensional, com grande domínio e detalhamento do mundo visual, inclusive com projeções mentais apriorísticas do espaço. Arquitetos, desenhistas e escultores, por exemplo, possuem maior desenvolvimento de tal inteligência; 4) musical: a linguagem musical é dominada com capacidade para traduzir o mundo a partir da lógica harmoniosa de símbolos que se transformam em sons confortantes para a sensibilidade auditiva das pessoas, usando a voz, a habilidade para tocar, compor e apreciar padrões musicais; como se sabe, é possível se deslumbrar com músicos, compositores e dançarinos; 5) físico-sinestésica: trata-se de uma inteligência desenvolvida de forma integrada com a sensibilidade para se comunicar pelo movimento físico do corpo, a partir da vocação e do talento individual para a dança, para o teatro e para os esportes, conforme se observa em mímicos, dançarinos e desportistas em geral, por exemplo; 6) intrapessoal: o autoconhecimento e a percepção de estar no mundo, compreendendo os meandros que envolvem o posicionamento da pessoa em determinado contexto e ambiente, possibilitam o desenvolvimento da capacidade de empatia e sinergia para conhecer e traduzir de forma estruturada os fenômenos de ordem pessoal do semelhante, como é forte nas narrativas, descrições e explicações do desconhecido, pelos escritores, psicoterapeutas e conselheiros; 7) interpessoal: esta inteligência é muito comum na relação de aprendizagem na educação, uma vez que exige a habilidade para entender as intenções, motivações e os desejos dos outros, traduzindo-os a partir de múltiplos significados e recursos didáticos para sua plena compreensão pelo entretanto, era somente o início de outras descobertas que estão em processo. Na atualidade, foi identificado mais um tipo de inteligência - a naturalista. 4 Aprendizado Organizacional - Módulo 3 interlocutor. Os políticos, religiosos e professores são exemplos dessa inteligência desenvolvida; 8) naturalista: o desenvolvimento da sensibilidade para compreender e organizar os fenômenos e padrões da natureza, estruturando as múltiplas condições de explicação, classificação, catalogação, apresentação e comunicação da biodiversidade da fauna e da flora, a partir de sua própria lógica natural, harmonizando dimensões, muitas das vezes no olhar do leigo, consideradas opostas. Os profissionais que lidam com a ecologia, como os paisagistas, arquitetos e mateiros (aqueles que coletam material botânico para a formação de um herbário) possuem esta inteligência mais explicitamente perceptível. Além dessas oito inteligências classificadas no estudo de Gardner, existem indicativos de que, na evolução da pesquisa, uma nova capacidade humana de desenvolvimento lógico seja revelada e classificada em suas características como inteligência existencial ou espiritual, conforme o próprio autor sinaliza. É evidente que as pessoas em geral podem desenvolver tais inteligências 5 ; para tanto, precisam de método, dedicação, disciplina e técnica. Essas condições objetivas de aprendizagem são encontradas no preparo profissional do talento humano, como também prefere Gardner alertar para o fato de que as inteligências são potenciais humanos que podem se desenvolver com apoio de orientações pedagógicas e referência familiar, dependendo das condições de permissividade criativa, psicológica e socioeconômica, o que está sujeito à própria cultura situacional do indivíduo em posição de aprendizagem. Na figura a seguir, temos os hemisférios cerebrais e suas aptidões. Fonte: www.geranegocio.com.br/imagem/peqneg/mensag2.gif (acesso em 15/05/2009) Nota do autor: sobre a aplicação da inteligência múltipla na aprendizagem e o desenvolvimento do talento vocacional das pessoas, sugere-se a leitura das obras de Celso Antunes: Como desenvolver conteúdos explorando as inteligências múltiplas e Jogos para a estimula ção das múltiplas inteligências. Petrópolis: Vozes, 2002. 5 5 Aprendizado Organizacional - Módulo 3