O que é Inteligência? “Filho de peixe, peixinho é”. (Visão inatista e determinista da Inteligência). “Filho de peixe, pode ser baleia, tubarão ou tudo aquilo que sonhar”. (Visão plástica e dinâmica da Inteligência). A inteligência durante muito tempo foi considerada algo inato – determinada e limitada por fatores sociais e genéticos - o que ajudou a desenvolver várias atitudes racistas e discriminatórias nas sociedades, inclusive os movimentos de eugenia e o próprio nazismo. Durante grande parte dos séculos XIX e XX, tentando dar uma base científica para o conceito de inteligência, acreditou-se que a inteligência era algo que podia ser facilmente medida, determinada e comparada através de testes, como, por exemplo, os famosos testes de QI (Quociente de Inteligência) que privilegiam determinados raciocínios lógicos na “medição” da inteligência. No entanto, com o tempo, os testes de QI foram caindo em descrédito, pois psicólogos e pesquisadores começaram a notar que várias pessoas, que obtinham resultados ruins em testes de QI, tinham êxito em suas vidas. E os bons resultados estavam mais relacionados aos processos escolares e de formação, do que a um modelo científico de inteligência. De fato, atualmente a inteligência tem diferentes teorias explicativas, e hoje compreendemos que a desenvolvimento das redes neurais e a plasticidade do cérebro tornam o conceito de inteligência muito mais complexo do que imaginamos. O conceito de Inteligências Múltiplas propõe a existência de vários modos de expressar a inteligência e se tornou popular como a chamada teoria das inteligências múltiplas, desenvolvida a partir de 1980 na Universidade de Harvard. Segundo Howard Gardner (*), psicólogo e líder do grupo que desenvolveu este modelo, existem pelo menos 7 tipos de inteligência que as pessoas podem desenvolver em diferentes combinações. O modelo inicialmente defendia uma certa independência entre as inteligências, o que não tem nenhuma base neurocientífica que demonstra que as muitas áreas cerebrais se influenciam, se comunicam e interagem intensamente em ambos os hemisférios cerebrais. Entretanto, é um bom modelo para compreender as diferentes expressões e combinações que tornam nosso cérebro único e pessoal, mas sem esquecer que este modelo não deve ser considerado como algo determinista, pois o cérebro é plástico, ou seja, pode se renovar e se transformar a cada momento de nossa vida! Os futuros modelos e teorias de inteligência deverão considerar as complexas redes de conexões entre as várias áreas cerebrais. O segredo é aprender algo novo e diferente todo dia! Experimentar algo que nunca fez antes é a melhor maneira de manter o seu cérebro saudável a vida toda! (*) Gardner, H: Multiple Intelligence: the theory in practice. Basic Books. 1993. Imagem do Projeto Human Connectome (http://www.humanconnectomeproject.org/gallery/)