Disciplina - Ciências - Melhora diagnóstico da síndrome de Turner, que só acomete meninas Ciências Enviado por: Visitante Postado em:15/03/2010 Redação do Diário da Saúde Síndrome de Turner Pesquisa indica que a inclusão de novas técnicas de análise cromossômica aperfeiçoou o diagnóstico da síndrome de Turner, que atinge uma em cada 2 mil meninas. Os pais de meninas que apresentam déficit de crescimento devem procurar um pediatra, mesmo que elas não apresentem atraso no desenvolvimento das características sexuais secundárias femininas, indicam especialistas. A chamada síndrome de Turner, que atinge somente meninas, é caracterizada pela perda parcial ou completa de um dos cromossomos sexuais (X ou Y). Os principais sintomas são o atraso no desenvolvimento das características corporais femininas. A incidência da síndrome genética é estimada em uma em cada 2 mil meninas nascidas vivas. Pesquisa sobre a síndrome de Turner A síndrome de Turner foi objeto de uma pesquisa realizada na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), coordenada pelo Dr. Gil Guerra-Júnior, cujas principais conclusões apontam para a necessidade de atenção dos pais, para que o problema possa ser cuidado a tempo. De acordo com Guerra-Júnior, o estudo foi dividido em três etapas: conhecer os casos diagnosticados da síndrome no Laboratório de Citogenética Humana; identificar por técnica de biologia molecular e citogenética molecular os casos com sequências de cromossomo Y; e identificar, nesses casos, as pacientes com tumor gonadal. Ocorrência da doença Levantando os casos registrados pelos laboratórios de análises genéticas da Unicamp, Guerra-Júnior e sua colega Beatriz Amstalden Barros verificaram um grande aumento na ocorrência da doença ao longo dos últimos 40 anos. Enquanto era registrada a ocorrência de 1,7 caso por ano, em média, nos anos entre 1970 e 1980, esse número subiu para 10 casos por ano nas duas décadas seguintes, no período de 1989 a 2008. Cromossomos sexuais A síndrome de Turner se caracteriza pela perda total ou parcial do segundo cromossomo sexual, que tanto pode ser X ou Y. Mas no estudo, Guerra-Júnior e equipe, ao analisar os 260 casos diagnosticados, observaram que 16 deles continham cromossomo Y íntegro ou não. As gônadas - glândulas reprodutivas, correspondente aos testículos no homem e aos ovários na mulher - das pacientes com síndrome de Turner são disgenéticas, ou seja, compostas por tecido fibroso sem capacidade de produção de hormônios ou gametas. Quando associadas à presença de sequências do cromossomo Y, apresentam maior risco de desenvolver tumor. Por isso, na segunda etapa do projeto de pesquisa, o objetivo foi saber quais das pacientes com a síndrome apresentavam cromossomo Y. Cromossomos Desses 16 casos, seis apresentaram mosaicismo (mais de uma linhagem cromossômica no exame do cariótipo) com a presença de cromossomo Y íntegro e foram diagnosticados pela análise direta do cariótipo. Os demais foram identificados apenas após estudo molecular de sequências do cromossomo Y por análise de reação em cadeia pela polimerase (PCR, na sigla em inglês) e todos confirmados pela análise de uma técnica de citogenética molecular conhecida como FISH (Fluorescent in situ hybridization). "Alguns trabalhos apontam que a análise do DNA pela biologia molecular, especialmente quando utilizada a técnica de PCR aninhada, não é um bom método para a pesquisa de Y na síndrome de Turner, por poder apresentar diagnósticos falso-positivos. "Nosso trabalho mostrou que os dois métodos (PCR e FISH) apresentam resultados exatamente iguais. Aquelas em que não se consegue diagnosticar por um método não se consegue com outro. E vice-versa. A http://www.ciencias.seed.pr.gov.br 14/6/2017 9:08:47 - 1 correlação foi de 100%", afirmou Guerra-Júnior. Hormônio do crescimento Guerra-Júnior ressalta que um problema importante é o diagnóstico tardio da síndrome por pediatras, alguns por não pensarem na possibilidade desse diagnóstico e outros por não terem acesso fácil ao exame do cariótipo. O diagnóstico tem ocorrido frequentemente após os 11 ou 12 anos de idade, o que impede que algumas medidas terapêuticas benéficas a estas pacientes não possam ser implementadas. "A síndrome de Turner poderia e deveria ser diagnosticada nos primeiros anos de vida, pelas alterações físicas que essas pacientes podem apresentar (dismorfismos ou estigmas) e, principalmente, pelo déficit de crescimento", explicou. "O hormônio de crescimento é autorizado mundialmente para uso nessas pacientes e, no Brasil, é distribuído gratuitamente pelo SUS como medicação de alto custo para as portadoras da síndrome. No entanto, seu uso, para ser eficaz, tem que ser precoce, o que não tem ocorrido, pelo diagnóstico tardio", disse. Problemas congênitos Essas pacientes, além do déficit de crescimento e das alterações da puberdade (não desenvolvimento de mamas, ausência de menstruação e infertilidade), podem apresentar outras anomalias congênitas e adquiridas, como malformações cardiovasculares e renais, deficiência auditiva, hipertensão arterial sistêmica, doenças na tireoide, osteoporose e obesidade. O diagnóstico precoce da doença também permite uma melhor avaliação e conduta destas outras doenças associadas. "A presença de tantos sinais e sintomas pode levar a graves consequências na esfera psicológica e social das pacientes com síndrome de Turner, devido à reação própria da paciente a essas características ou a reação dos outros", disse Guerra-Júnior. "Os principais pontos são baixa estatura nas crianças, ausência de puberdade espontânea nas adolescentes e infertilidade nas mulheres adultas. A situação ideal é a de ter um diagnóstico preciso e precoce, com a instalação de medidas terapêuticas adequadas para cada fase da vida, e a atuação de um psicólogo junto com a equipe médica para apoio da paciente e da família", afirmou. Este conteúdo foi publicado em 12/03/2010 do sítio Diário da Saúde. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria. http://www.ciencias.seed.pr.gov.br 14/6/2017 9:08:47 - 2