30/08/2015 Estresse Oxidativo e Interface com Doenças Crônicas Karin Argenti Simon [email protected] VII Simpósio Internacional de Alergia Alimentar em Pediatria IX Jornada de Atualização em Nutrição Pediátrica 2015 Evolução na História 1954 – Gershman: Radicais livres seriam o princípio molecular do dano por radiação e oxigênio 1956 – Harman: Teoria do Envelhecimento por Radicais Livres 1957 – Descoberta da glutationa peroxidase 1969 – McCord e Fridovich: descoberta da atividade superóxido dismutase 1973 – Babior: Produção de O2- por fagócitos 1975-85 – Boveris, Cadenas, Turrens: Produção mitocondrial de O2 1985 – Sies: Definição do conceito de Estresse Oxidativo 1988 – Ignarro e Furchgott: Identificação do NO como fator relaxante do endotélio 1991-98 – ERO ativam fatores de transcrição gênica NF-B e Nrf2/Keap1 e OxyR em bactérias - início Sinalização Redox 1 30/08/2015 Radicais Livres x Espécies Reativas Nem toda Espécie Reativa é quimicamente um Radical Livre Radicais Não Radicais Ânion Superóxido (O2-) Peróxido de Hidrogênio (H2O2) Radical Hidroxila (HO) Ácido Hipocloroso (HOCl) Radical Peroxil (RO2) Ozônio (O3) Radical Alcoxil (RO) Oxigênio singlete (1O2) Óxido Nítrico (NO) Peroxinitrito (ONOO-) Fontes biológicas de ERO e ERN Irradiação Luz (fotosensibilizadores) Raios X e Ultrassom Autoxidação Reação com metais de transição Fenton e Haber-Weiss Atividade enzimática Hidroquinonas, flavinas, hemoglobina, glutationa e outros tióis, catecolaminas Biotransformação de xenobióticos Metabolismo peroxissomal de ácidos graxos NADPH oxidase Xantina oxidase Ciclooxigenase NO sintase Fe3+ + •O2− → Fe2+ + O2 Fe2+ + H2O2 → Fe3+ + OH− + •OH •O2- + H2O2 → •OH + OH- + O2 Cadeia de transporte de elétrons 2 30/08/2015 Mitocôndria Produção de ERO mitocondrial 3 30/08/2015 Reações com biomoléculas Peroxidação de lipídios Dano a proteínas Diminuição de fluidez da membrana Produtos reativos (mutagênicos, inativação de enzimas) Ataque direto de ERO e ERN (nitrotirosina) Oxidação de grupos sulfidril, redução de dissulfetos Ataque pelos produtos finais da peroxidação lipídica glicosilação Dano ao DNA (nuclear e mitocondrial) Produção de bases modificadas (8-oxo-dG) Quebra de fita Adutos e reações cruzadas com outras moléculas Respiração mitocondrial Ativação de fagócitos Aumento da pO 2 Drogas de ciclo redox O2+ H2 O2 Algum dano direto Fe Autooxidações (tióis, adrenalina) Depleção de NADH, GSH Amplificação do dano (inluindo descompartimentalização do Ca 2+) Fe HO [Complexos reativos ferro /radical O 2] Dano direto (DNA, lipídios, proteínas, carboidratos) Radicais Peroxil Peroxides Fe Radicais alcóxi, aldeídos citotóxicos, gases hidrocarbonados Fe Polimerização a complexos fluorescentes insolúveis 4 30/08/2015 Antioxidante Qualquer substância que, quando presente em baixas concentrações comparadas às de um substrato oxidável, atrasa ou previne significativamente a oxidação daquele substrato Enzimáticos e não enzimáticos Antioxidantes enzimáticos Superóxido Dismutase CuZnSOD, MnSOD, FeSOD O2- + O2- + 2H+ H2O2 + O2 Catalase Hemeproteína 2H2O2 2H2O + O2 Glutationa peroxidase Selenoproteína 2GSH + H2O2 GSSG + 2H2O 2GSH + LOOH GSSG + LOH Glutationa redutase GSSG + NADPH + H+ 2GSH + NADP+ Tioredoxina redutase: manutenção dos grupos tióis de proteínas Dehidroascorbato redutase: recuperação do ascorbato Glicose-6-fosfato desidrogenase: manutenção do ambiente redutor 5 30/08/2015 Antioxidantes não Enzimáticos Ácido ascórbico (vit. C) Ácido úrico Tióis (glutationa, tiorredoxina) Tocoferóis e tocotrienóis (vit. E) Carotenóides (beta-caroteno, licopeno) Coenzima Q10 Compostos fenólicos (flavonóides) Ácido lipóico 6 30/08/2015 Rede antioxidante Redox -Tocopheroxyl-TocotrienoxylRadical ROOH, ROH Lipid/Water Interface Vitamin E Cycle Ascorbate -Tocopherol -Tocotrienol Vitamin C Cycle Thioredoxinox Glutathione Disulfide, Lipoate Thiol Cycle PUFA TRX Reductase GSH Reductase, Lipoamide dehydrogenase NAD(P)+ + H+ Glutathione, Dihydrolipoate Thioredoxinred SemiAscorbyl Radical ROO•, RO• NAD(P)H Enzymes* O2•– & other radicals Dehydroascorbate UVA, UVB, Ozone * 1) Thiol transferase (glutaredoxin) 3) Protein disulfide isomerase 2) GSH-dependent dehydroascorbate reductase 4) Thioredoxin (TRX) reductase 7 30/08/2015 Afinal... estresse oxidativo é bom ou ruim??? Estresse Oxidativo • Desbalanço no equilíbrio pró-oxidante/antioxidante em favor do primeiro, levando a um potencial de dano. (Sies, 1985) 8 30/08/2015 Estresse Oxidativo • Desbalanço no equilíbrio pró-oxidante/antioxidante em favor do primeiro, levando a uma quebra na sinalização redox e consequente controle e/ou dano molecular. (Sies & Jones, 2007) Augusto, O. Radicais Livres – Bons, maus e naturais. (2006) 9 30/08/2015 O Estresse Oxidativo apresenta diferentes intensidades Estresse Oxidativo Efeito Alvo Antioxidantes envolvidos na resposta celular Resposta Intenso (patológico) Dano oxidativo Macromoléculas irreversível celulares (proteínas, DNA, lipídios) GERAL Sistemas enzimáticos (SOD, GPx, CAT) Eventos não programados GSH (cosubstrato e scavenger) 2. NECROSE GSH, TRX (mediadores de sinalização celular) Eventos programados: ESPECÍFICOS Leve (fisiológico) Oxidações reversíveis Regulação de transcrição gênica Fatores de transcrição (NF-kB, AP-1, p53) 1. Recuperação 1. Proliferação 2. APOPTOSE Proteínas regulatórias (TRX, GST) Traduzido de Filomeni et al., Cell Death and Differentiation (2005) Dano a membranas biológicas 10 30/08/2015 Iniciação Propagação Produtos da decomposição Thiobarbituric Reactive Substances (TBARS) Beckman & Ames, 1998 11 30/08/2015 Regulando a transcrição gênica Procariotos Leveduras Filomeni et al., Cell Death and Differentiation (2005) Regulando a transcrição gênica – eucariotos superiores Filomeni et al., Cell Death and Differentiation (2005) 12 30/08/2015 Sinalização Celular Células respondem a estímulos externos transmitidos por meio de vias de sinalização celular Mitogen Activated Protein Kinases (MAPK): fosforilam proteínas em resíduos de serina ou treonina Atividade controlada por fosfatases, que desfosforilam as proteínas Várias isoformas resultam em respostas fisiológicas distintas ERK JNK p38 13 30/08/2015 Como ER modulam a sinalização? Ação direta (ex. PKCs) Ação indireta, inibindo a desfosforilação (mais comum) Inativação de proteína fosfatases pela oxidação de resíduos essenciais de cisteína Reação reversível por tióis celulares Inativação transitória de fosfatases por ER pode ser necessária para permitir uma resposta completa ER podem modificar o tamanho e duração de um sinal 14 30/08/2015 Trends Biochem Sci, 2003 Filomeni et al., Cell Death and Differentiation (2005) 15 30/08/2015 Estresse Oxidativo Crônico Lushchak,V. Chemico-Biol Interact., 2014 Estresse Oxidativo e Asma Condição inflamatória crônica Aumento de ERO e ERN, oxidação e nitração de proteínas importantes na resolução da inflamação Depleção de GSH – importância do selênio, cisteína e vitaminas do complexo B (B2, B6 e B12) para síntese Fitzpatrick et al. Antiox & Redox Signal, 2012 16 30/08/2015 Lee &Yang, Biochem Pharmacol, 2012 Estresse Oxidativo e Obesidade Estresse oxidativo sistêmico e no tecido adiposo – causa e efeito Produção de ERO por NOX, mitocôndria e estresse do RE ERO promove adipogênese por ativação de vias de sinalização redox (insulina/IGF, ERK, PTP 1B) e fatores de transcrição (C/EBPb, PPAR) 17 30/08/2015 Estresse Oxidativo e Hiperglicemia crônica Hiperglicemia crônica gera um estresse redutivo, que leva a um estresse oxidativo Excesso de NADH Aumento de formação de ERO mitocondrial Inibição da GAPDH Vias alternativas para a glicose – todas favorecem produção de ERO Via poliol – consumo de NADPH Formação de metilglioxal e AGEs Produção de DAG e ativação da PKC Yan, L. Journal of Diabetes Research, 2015 18 30/08/2015 Estresse Oxidativo e Diabetes 2 Hiperglicemia crônica também é tóxica para as células b do pâncreas Células b possuem baixa expressão e atividade das enzimas antioxidantes (SOD, CAT e GPx), sendo particularmente sensíveis a ERO Aumento de marcadores de estresse oxidativo em pacientes – tratamento com antioxidantes geralmente produz efeitos benéficos de proteção às células b in vivo Valko et al., Int. J. Biochem. Cell Biol., 2007 Últimas observações O estresse oxidativo, em suas várias nuances e papéis patofisiológicos, é um campo de estudo que ainda tem muito a ser desvendado. A rede redox é composta de inúmeros componentes, passos redundantes e pontos de regulação. Medições genéricas de capacidade total antioxidante ou o uso de um único composto de ação antioxidante pode não exercer o efeito desejado e levar a conclusões enganosas. O conhecimento molecular específico de cada situação, fisiológica ou patológica, é necessário para indicar os melhores alvos para intervenções farmacológicas e tratamentos clínicos, e um conjunto de ações pode ser necessário. 19