UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEE LABORATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA Experimento 6 –Laço de histerese 1. OBJETIVO Obter a curva BH do material magnético de um transformador monofásico por meio do ensaio experimental. A partir da curva BH, identificar o tipo do material (mole, intermediário, duro), perdas no ferro e permeabilidade. 2. PARTE TEÓRICA a. Laço de histerese Considere uma bobina enrolada em torno de um núcleo magnético. Se na bobina circular uma corrente alternada, a relação entre a densidade de fluxo magnético B e o campo H, ambos confinados ao núcleo, é descrita pela característica da Fig. 1. Na ilustração, H é o campo produzido pela corrente da bobina. Essa característica é denominada laço de histerese. Figura 1 – Laço de histerese Na ilustração da Fig. 2 aparecem sete laços de histerese obtidos do ensaio experimental de uma amostra de aço elétrico de grãos orientados. Figura 2 – Laços obtidos experimentalmente O circuito da Fig. 3 possibilita investigar o ciclo de histerese de um núcleo magnético utiliza um núcleo magnético fechado de um pequeno transformador de teste. 1/9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEE LABORATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA Figura 3 – Circuito para investigar o laço de histerese. O campo magnético é gerado pela passagem da corrente na bobina primária ligada ao transformador variável. O campo H é diretamente proporcional à corrente que circula na bobina primária e pode ser obtido a partir da lei de Ampere. ∮ 𝐻𝑑𝑙 = 𝑁1 𝑖1 𝐿(𝑆) A corrente pode ser obtida indiretamente pela leitura da queda de tensão no resistor 𝑅1 . 𝑖1 = 𝑉𝑐ℎ1 (𝑡) 𝑅1 Por fim, a queda de tensão 𝑉𝑟 sobre o resistor também é proporcional ao campo H. 𝐻(𝑡) = 𝑁1 𝑙𝑚𝑒𝑑 𝑉𝑐ℎ1 𝑙𝑚 - comprimento médio do núcleo; 𝑁1 - número de espiras do primário; De acordo com a lei de Faraday, a tensão 𝑉2 na bobina secundária é diretamente proporcional à derivada do fluxo total em relação ao tempo. 𝑑𝜙(𝑡) 𝑉2 = 𝑁2 𝑑𝑡 O circuito RC conectado no secundário é utilizado para integrar o sinal da tensão 𝑉2. Admitindo-se que a queda de tensão ocorre no resistor 𝑅2 = 100𝑘Ω, pode-se escrever a relação da tensão com a corrente no secundário: 2/9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEE LABORATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA 𝑉2 = 𝑖𝑐 𝑅2 Lembrando que a corrente no capacitor é dada por: 𝑖𝑐 = 𝐶 𝑑𝑉𝑐 (𝑡) 𝑑𝑡 Juntando as expressões, tem-se: 𝑅2 𝐶 𝑑𝑉𝑐 (𝑡) 𝑑𝜙(𝑡) = 𝑁2 𝑑𝑡 𝑑𝑡 Isolando a derivada do fluxo, tem-se: 𝑑𝜙(𝑡) 𝑅2 𝐶 𝑑𝑉𝑐 (𝑡) = 𝑑𝑡 𝑁2 𝑑𝑡 Integrando ambos os lados em relação ao tempo, tem-se: 𝜙(𝑡) = 𝑅2 𝐶 𝑉 (𝑡) 𝑁2 𝑐 Supondo que o fluxo é constante na seção magnética 𝐴𝑚 , tem-se que o fluxo é dado por: Φ = 𝐵(𝑡)𝐴𝑚 No circuito a tensão 𝑉𝑐 (𝑡) será a tensão medida no canal 2, ou seja, 𝑉𝑐ℎ2 (𝑡), logo a densidade de fluxo magnético 𝐵(𝑡), é dada por: 𝐵(𝑡) = 𝑅2 𝐶 𝑉 (𝑡) 𝑁2 𝐴𝑚 𝑐ℎ2 𝐴𝑚 : área transversal do núcleo; 𝑁2 : número de espiras do secundário; 3/9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEE LABORATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA Em resumo a tensão 𝑉𝑟1 (𝑡) é proporcional a 𝐻(𝑡) e 𝑉𝑐 (𝑡) é proporcional a 𝐵(𝑡). Essas duas tensões são lidas pelos canais 1 e 2 do osciloscópio. A operação no modo x-y (canal 1→ eixo x) exibe a característica de histerese B(t)=f(H(t)) do núcleo magnético. Pontos notórios da curva Fig. ( ) O efeito de histerese é gerado pela resistência à movimentação de paredes de domínio. Materiais ferromagnéticos que possuem uma coercividade alta são denominados Duros (coercividade maior que 104 A/m); aqueles que possuem coercividade baixa são denominados Moles ou Doces (coercividade menor que 500 A/m). O material Duro geralmente tem aplicações na fabricação de imã, os Moles em projetos de eletrônica de potência, por sua estreita curva existe pouca dissipação de potência. 4/9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEE LABORATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA Curva de magnetização BH 2 1.5 Indução [T] 1 Inferior Sup 0.5 BH 0 -100 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 -0.5 -1 Intensidade de campo H[A/m] b. Perdas no ferro As perdas no ferro podem ser estimadas a partir do laço de histerese. Para cada laço de histerese, tem-se diferentes informações sobre as perdas no ferro, conforme figura abaixo: Ciclos de perdas do ferro a) Somente perdas por histerese (frequência muito baixa 1 a 3Hz) b) Perdas por histerese e correntes de Foucault c) Perdas por histerese, correntes Foucault e excedentes 5/9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEE LABORATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA As perdas magnéticas totais que ocorrem num material ferromagnético quando sujeito à ação de um campo de indução B variável no tempo são dadas por: 𝑃𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝑃ℎ𝑖𝑠𝑡𝑒𝑟𝑒𝑠𝑒 + 𝑃𝑓𝑜𝑢𝑐𝑎𝑢𝑙𝑡 + 𝑃𝑒𝑥𝑐𝑒𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 Onde : Ph: Representa as perdas por histerese Pf: São as chamadas perdas por correntes de Foucault clássicas Pexc: São as perdas por correntes de Foucault excedentes ou, anômalas. Por vezes pode também ser adotada a divisão em perdas estáticas e dinâmicas em que, as primeiras correspondem às perdas por histerese, e as segundas às perdas por correntes de Foucault clássicas e excedentes. As perdas por histerese, 𝑃ℎ , numa amostra de material ferromagnético são proporcionais à área do ciclo de histerese, obtido em regime quase-estático, multiplicada pelo volume da amostra, Vol e pela frequência de operação f, isto é, 𝑃ℎ = ∮ 𝐻𝑑𝐵 × 𝑓 × 𝑉𝑜𝑙 c. Relações para o cálculo das indutâncias Da lei de Faraday V1 n1 V1 d di1 di1 dt => pode ser rescrita como: di n1 An1 (i ) i1 lm dt De forma análoga para o circuito secundário: V2 n2 d di1 di1 dt A tensão induzida no secundário pode ser escrita como: V2 n2 An1 di (i ) 1 lm dt A tensão induzida no bobinado secundário produto da variação na corrente do primário 6/9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEE LABORATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA A di V12 n2 n1 (i1) 1 lm dt [V] A tensão induzida no bobinado secundário e proporcional a variação da corrente primária V12 M 12 di1 dt [V] O fator que multiplica a derivada da corrente depende de questões construtivas é a variação da permeabilidade em função da corrente é definido como indutância mútua. M 12 n1 n2 A (i1) [H] lm De forma análoga a tensão induzida no primário por efeito da corrente secundária. A di V21 n1 n2 (i 2) 2 [V] lm dt A indutância que aparece no bobinado primário produto da variação da corrente secundária M 21 n1 n2 A (i 2) lm [H] Assim M21= M12= M = n1n2 A ( i ) , da mesma forma para as indutâncias próprias: lm An12 L1 (i ) lm An22 L2 (i ) lm 7/9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEE LABORATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA Como nos três casos a derivada é a mesma. O comprimento médio, e a área são os mesmos, podemos relacionar as indutâncias pela expressão: L1 L 2 M 2 2 n1 n2 n1n2 A relação de transformação é definida como a n1 , utilizando a relação de transformação, a indutância mútua pode n2 ser expressa em função da indutância própria primária ou secundária. L1 M / n12 2 n1 n1n2 => L1= Ma => M= L1 a De forma análoga: L2 M / n22 2 n2 n1n2 => M=a*L2 Isto é, a indutância mútua pode ser calculada em função da indutância primária ou secundária desde que a relação de transformação seja conhecida. 3. Ensaio Material Osciloscópio de dois canais transformador com tap ajustável (Variac) transformador de teste capacitor de 1.5 F resistores de 1 Ω e 300kΩ. Montagem a) Monte o circuito da Figura 2, com R1 = 1 Ω, R2= 300kΩ e C = 1.5 F. b) Obtenha curva da corrente de excitação em regime permanente e a curva BH. c) Obtenha o ciclo de histerese na tela do osciloscópio. Procure obter uma curva com amplitude de Vr (t) suficientemente alta para que seja atingida a saturação magnética do material. 8/9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEE LABORATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA 4. Questões a) Determine os interceptos Hc e Bc. b) Determine se o material é duro ou doce c) Obtenha curva BH d) Obter a permeabilidade máxima do material. e) Obtenha a densidade volumétrica da energia(wh) no ciclo [J/M3] e a energia total 𝐵 wh =∫0 𝐻𝑑𝑏 e W=wh*V f) A potencia perdida no ferro por ciclo Pfe=W*f g) Coenergia acumulada no bloco h) Fluxo de enlace maximo λmax i) Indutância própria primária L1 j) Indutancia secundaria L2 ϕmax= Bmax*A k) Indutancia mútua 5. a) b) c) d) AVALIAÇÃO (1,0) Presença (4,0) Experimento (4,0) Questões (1,0) Relatório 9/9