V. 4, n. 01, 2017 [SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO

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Rev Pat Tocantins
V. 4, n. 01, 2017
[SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS]
CASE REPORT
RELATO DE CASO: TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
Izadora Fonseca Zaiden Soares1,Pedro Manuel Gonzalez Cuellar2
RESUMO
No presente relato, os autores descrevem um caso detromboembolismo
pulmonar em uma jovem de 26 anos com manifestações clínicas pulmonares e
cardiocirculatórias progressivas após desenvolver sinais e sintomas compatíveis com
trombose venosa profunda.A embolia pulmonar é a terceira causa de morte de etiologia
vascular no mundo. Apresenta espectro clínico variável, com casos assintomáticos e
casos com taquidispneia, taquicardia, dor torácica, hipotensão, síncope, choque e morte,
podendo simular várias doenças. Os casos suspeitos devem ser avaliados por escores de
probabilidade pré-teste que orientarão a investigação diagnóstica e a decisão
terapêutica. A anticoagulação é a pedra angular do tratamento. Em casos mais severos e
selecionados pode ser indicado trombólise.
Palavras-chave: Embolia Pulmonar. Tromboembolia Venosa. Trombose Venosa.
1
Acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Tocantins. Email: [email protected]. Endereço: Quadra 204 Sul,
Alameda 03, Número 02, Plano Diretor Sul, CEP: 77020-502, Palmas, TO.
2
Médico Cirurgião Geral, Professor de Medicina na Universidade Federal do Tocantins.
120
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V. 4, n. 01, 2017
[SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS]
CASE REPORT: PULMONARY EMBOLISM
ABSTRACT
In the present case report, the authors describe a case of pulmonary thromboembolism
in a 26-year-old girl with pulmonary and cardiocirculatory progressive clinical
manifestations after developing signs and symptoms compatible with deep venous
thrombosis. Pulmonary embolism is the third cause of death of vascular etiology in the
world. It presents variable clinical spectrum, with asymptomatic cases and cases with
tachydyspnea, tachycardia, chest pain, hypotension, syncope, shock and death, and can
simulate various diseases. Suspected cases should be evaluated by pre-test probability
scores that will guide the diagnostic investigation and the therapeutic decision.
Anticoagulation is the cornerstone of treatment. In more severe and selected cases
thrombolysis may be indicated.
Key-words:Pulmonary Embolism. Venous thromboembolism. Venous thrombosis.
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[SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS]
do miocárdio (IAM) e do acidente
INTRODUÇÃO
vascular cerebral (AVC), e lidera as
Em condições fisiológicas, todo
causas de morte evitáveis em pacientes
o sangue corporal passa pela circulação
hospitalizados5. No Brasil, segundo o
pulmonar para ser oxigenado antes de
DataSus, computa-se cerca de 5 a 6 mil
atingir a circulação sistêmica. Desse
óbitos anuais por TEP. Sem tratamento,
modo, a malha vascular pulmonar
a
funciona como uma espécie de filtro
arterial
insolúvel,
por
atingir
30%,
mortalidade hospitalar média é de 7%6.
material
ocasionando
pode
enquanto que com anticoagulação a
que está susceptível a impactação e
obstrução
mortalidade
embolia
A ocorrência do primeiro
pulmonar. Na maioria dos casos, o
episódio de TEP apresenta frequência
material
trombo
similar no sexo masculino e feminino,
formado no sistema venoso profundo
exceto por um aumento na incidência
dos
(trombose
em mulheres jovens associada ao uso
venosa profunda – TVP), que se
de anticoncepção com estrogênio. Em
destaca de sua origem evoluindo com
relação a faixa etária, a incidência de
tromboembolismo
TEP dobra a cada década de vida.
insolúvel
membros
é
um
inferiores
pulmonar
(TEP)
quando o êmbolo atinge a circulação
Considerando
arterial pulmonar3. O TEP possui um
diferentes
espectro
clínicas
com brancos, ela é 20% maior em
variáveis de acordo com a carga
afrodescendentes e 33% menor em
embólica
asiáticos5.
de
manifestações
e
com
a
função
cardiorrespiratória basal do indivíduo,
podendo
ser
assintomático
sua
etnias,
Cerca
ou
pacientes
oligossintomático, ter sintomas severos
incidência
em
comparativamente
de
apresentam
25%
dos
TEP
não
provocado ou idiopático (sem fatores
ou até levar a morte súbita5. Por poder
de risco aparentes), 50% apresentam
simular várias doenças, seu diagnóstico
TEP provocado secundário a fatores de
pode passar despercebido, resultando
risco
em consequências nefastas.
temporários,
como
cirurgia
recente ou estrogenioterapia, 25% têm
O TEP é a terceira causa de
câncer e 50% dos episódios de TEP
estão associados com hospitalização5.
morte de etiologia vascular no mundo,
estando atrás apenas de infarto agudo
122
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V. 4, n. 01, 2017
[SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS]
Quando existe suspeita de TEP,
é
de
importância
magna
atendimento apresentou dor de início
avaliar
súbito em panturrilha direita seguida de
inicialmente a probabilidade pré-teste
formação de edema em pé direito, com
desse diagnóstico, o que irá orientar a
melhora em alguns dias após realizar
investigação complementar e a decisão
massagens
terapêutica6.
inflamatório não esteroidal. Depois,
pulmonares
jovem
e
com
uso
de
progressivamente
sintomas
apresentam um relato de caso de TEP
uma
fazer
desenvolveu
No presente artigo, os autores
em
e
respiratórios
anti-
os
e
cardiovasculares descritos.
sintomas
cardiocirculatórios
Referia ser previamente hígida,
progressivos após desenvolver sinais e
fazia
sintomas compatíveis com TVP. O caso
combinado oral (ACO) há 14 meses,
é
clínica,
praticava atividade física regularmente,
diversidade de sinais e sintomas e pelos
negava tabagismo, etilismo e outras
achados
comorbidades.
relevante
pela
história
significativos
nos
exames
complementares.
uso
de
anticoncepcional
Ao exame físico, apresentava-se
em regular estado geral, com fáceis de
ansiedade,
RELATO DO CASO
mucosas
hipocoradas
(1+/4+) e tinha sobrepeso (IMC= 28,36
Paciente,
CRC,
26
anos,
Kg/m2). Sinais Vitais: pressão arterial
feminino, branca, residente na zona
(PA)=
urbana de Paraíso do Tocantins (TO).
cardíaca (FC)= 125 bpm; frequência
Em outubro de 2016 foi admitida na
respiratória (FR)= 37 irpm; saturação de
Sala Vermelha do Hospital Geral de
oxigênio ao ar ambiente (SatO2)= 90% .
Palmas
(HGP)
com
queixa
de
110/70
Ao
mmHg;
exame
do
frequência
aparelho
taquidispneia, tosse seca, palpitação,
respiratório,
taquicardia, dor retroesternal e dor em
tiragem subcostal e retração de fúrcula.
queimação em face medial de coxa
Os murmúrios vesiculares estavam
direita há cerca de 30 dias, com piora
presentes bilateralmente na projeção
dos sintomas há 5 dias, quando iniciou
dos pulmões, sem ruídos adventícios.
também hipotensão postural e síncope.
Ao exame cardiovascular, apresentava
Relatava que há cerca de 30 dias do
taquicardia. Semiologia abdominal sem
123
apresentava
taquipneia,
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V. 4, n. 01, 2017
alterações.
Os
simétricos,
sem
[SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS]
membrosestavam
edemas,
revelou presença de trombo em artérias
com
pulmonares bilateralmente (central e
panturrilhas livres. Apresentava dor à
segmentar), aumento de área cardíaca,
palpação de face medial de coxa direita,
aumento de ventrículo direito (VD) e
mais intensa em 1/3 superior, com
provável infarto pulmonar à esquerda
palpação de cordão venoso no local.
(figura
diagnóstica
foi
de
foi
profunda direita aumentado, paredes
parcialmente
pelo escore de Wells (7,5 pontos).
iniciado
também
evidenciou calibre de veia femoral
com alta probabilidade clínica de TEP
foi
TVP
venoso de membros inferiores que
TEP
secundário a TVP em membro inferior,
Assim,
A
confirmada pelo exame de ecodoppler
Diante do quadro, a principal
hipótese
1).
compressíveis,
eco
intraluminal parcialmente ecogênico,
imediato
trombo aderido à parede e fluxo
anticoagulação plena com heparina
diminuído.
não-fracionada (HNF, dose de ataque
de 80 U/Kg IV em bolus e manutenção
com 18 U/Kg/h) em bomba de infusão
contínua (BIC), controle de TTPA de
6/6h, oxigenioterapia com máscara
facial, e outras medidas de suporte,
Figura 1. Imagens de angio-TC de tórax da
como analgesia e hidratação venosa.
paciente, em corte axial, evidenciando falha de
enchimento
Ao eletrocardiograma (ECG),
em
artérias
pulmonares
bilateralmente e aumento de VD.
apresentava taquicardia sinusal, eixo
normal, inversão de onda T de V1-V4 e
em DIII e aVF, e padrão S1Q3T3. Na
O ecocardiograma transtorácico
radiografia de tórax a única alteração
mostrou insuficiência discreta de valva
identificada
tricúspide, aumento moderado de VD,
foi
aumento
de
área
pressão de VD de 75 mmHg e
cardíaca.
hipertensão pulmonar importante.
O diagnóstico de TEP foi
A paciente foi transferida para a
confirmado no 2o dia de internação com
Unidade de Terapia Intensiva. Foi
exame de tomografia computadorizada
cogitada a indicação de trombólise se
helicoidal (angio-TC) de tórax que
em nova reavaliação após 12 horas do
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[SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS]
início da heparinização plena ela
suscita grande suspeição de um quadro
apresentasse
de TVP com sua principal, mais grave e
instabilidade
hemodinâmica.
paciente
Na
havia
reavaliação,
evoluído
intercorrências,
a
mais temida complicação, o TEP.
sem
O desenvolvimento da TVP
estava
requer a satisfação de uma tríade de
hemodinamicamente estável e os sinais
condições descrita pelo patologista
vitais haviam retornado aos limites
alemão Rudolf Virchow no século XIX.
fisiológicos.
Os componentes da tríade de Virchow
No 3o dia de internação, foi
adicionado
ao
tratamento
são: 1. lesão endotelial, 2. alteração do
um
fluxo
sanguíneo
e
anticoagulante via oral (warfarina 5
3.hipercoagulabilidade4. A gênese dos
mg/dia). A heparinização foi realizada
êmbolos que alcançam a circulação
até o 8o dia de internação, quando o
pulmonar são em cerca de 90% dos
INR
Normatizada
casos as veias profundas dos membros
Internacional) foi mantido entre 2-3.
inferiores, sendo que o risco de TEP é
Como a paciente apresentou melhora
maior quanto mais proximal for a
clínica progressiva, foi transferida para
topografia da TVP5. A paciente do caso
enfermaria e recebeu alta no 10o dia de
apresentava TVP proximal em membro
internação, com prescrição de warfarina
inferior
por
portanto, elevado risco de TEP. A
(Relação
no
mínimo
encaminhamento
6
para
meses,
e
seguimento
palpação
ambulatorial.
(veia
de
femoral
um
profunda),
cordão
venoso
endurecido na face medial da coxa
direita da paciente é um sinal clínico de
TVP e deve-se a tromboflebite6.
A dor torácica da paciente com
localização subesternal, simulando até
DISCUSSÃO DO CASO
A história de dor e edema em
uma síndrome coronariana aguda, é
membro inferior sucedida ao longo do
compatível com a presença de êmbolos
tempo por dispneia, taquipneia, tosse,
maiores e mais centrais na vasculatura
taquicardia, dor torácica e síncope em
pulmonar, como foi confirmado pela
uma paciente do sexo feminino em uso
angio-TC. Por outro lado, quando os
de ACO, como no caso em questão,
êmbolos pulmonares são pequenos, os
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vasos ocluídos são menores, mais
culminando com aumento de fatores
periféricos e próximos a pleura, o que
pró-coagulantes, e redução de fatores
faz com que a dor torácica tenha
anticoagulantes.
característica pleurística. O sintoma de
dosagem de etinilestradiol no ACO,
síncope no contexto do TEP está
maior o risco de hipercoagulabilidade.
geralmente associado a disfunção de
Além do estrogênio, os progestágenos
VD, trombos proximais e/ou mais
são
extensos, e está relacionado a um maior
tromboembólicos, o que é influenciado
risco de morte precoce6.
também pelo tipo de progestágeno
causal
instalação súbita de oligoemia no
e
com
suspeita clínica de embolia pulmonar é
preciso estimar a probabilidade pré-teste
causar disfunção de VD. A grande
desse diagnóstico antes de solicitar
causa de óbito no TEP é o cor
exames
pulmonale agudo3. O ecocardiograma
de
VD
para
sua
investigação . Um dos escores mais
utilizado para esse fim é o Escore de
importante,
e
complementares
6
da paciente mostrou alterações como
disfunção
considera-se
Diante de qualquer paciente com
consequente
pulmonar
conhecido,
doenças autoimunes6.
hipertensão pulmonar aguda, que pode
hipertensão
eventos
inclui, por exemplo, trombofilias e
hipoperfundidas,
shunt direita esquerda intrapulmonar e
vasoespasmo,
nos
a
tromboembolia “não provocada”, o que
parênquima pulmonar originando áreas
ventiladas
corresponsáveis
maior
utilizado1. Quando não existe um fator
O êmbolo impactado provoca
bem
Quanto
Wells para TEP2 (tabela 1). Uma
insuficiência
pontuação de 0 a 1 significa baixa
tricúspide.
probabilidade
de
TEP,
2
a
6,
Quanto a etiopatogenia do TEP
probabilidade intermediária e ≥ 7, alta
no caso da paciente, o uso de ACO é
probabilidade. A paciente apresenta 7,5
considerado um fator de risco moderado
pontos nesse escore (FC > 100 bpm,
6
para embolia pulmonar , logo, poderia
sinais clínicos de TVP e diagnóstico
ser
trombofilia
alternativo menos provável que TEP),
adquirida pela terapia combinada de
portanto, foi classificada como alta
secundário
a
uma
5
estrogênio e progesterona . Sabe-se que
o
etinilestradiol
induz
probabilidade de TEP.
alterações
significativas no sistema de coagulação,
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V. 4, n. 01, 2017
[SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS]
Na abordagem inicial, o Escore
Frequência cardíaca > 100/min
+1,
de Wells pode ser dicotomizado em
5
TEP improvável: escore ≤ 4; ou TEP
provável: escore > 4.
Cirurgia recente (últimas 4
Pacientes com
semanas) ou imobilização≥ 3 dias
escore ≤ 4 deverão ser submetidos à
dosagem do D-dímero, um produto da
degradação da fibrina do coágulo pela
enzima
plasmina,
componente
+1,
do
5
Sinais clínicos de TVP
+3
Diagnóstico alternativo menos
+3
provável que TEP
sistema fibrinolítico endógeno, que está
Hemoptise
+1
trombo no interior do organismo. Se o
Câncer (ativo ou término do
+1
D-dímero estiver abaixo do valor
tratamento < 6 meses)
normal no paciente com escore ≤ 4,
Baixa probabilidade
elevado todas as vezes que houver um
0a
TEP pode ser excluída com segurança e
1
sem a necessidade de realização de
Intermediária probabilidade
2a
exames de imagem adicionais. Em
pacientes com escore > 4 (suspeita
intermediária
ou
alta),
não
há
6
Alta probabilidade
≥7
a
necessidade de se solicitar a dosagem de
dímeros D, pois um valor normal não
Os
exclui TEP, sendo necessário prosseguir
a investigação2.
principais
exames
para
diagnóstico confirmatório de TEP são a
angio-TC de tórax com multidetectores,
exame de eleição para a maioria dos
Tabela 1 Escore de Wells para
pacientes; a cintilografia pulmonar
Tromboembolismo Pulmonar
ventilação-perfusão, útil no paciente
Critérios
Po
que não pode usar contraste na TC6; a
nto
ultrassonografia de veias de membros
s
inferiores, já que a presença de
trombose
TVP ou TEP prévios
nesse
local
permite
o
+1,
diagnóstico nosológico de TEP e o
5
respectivo tratamento2; e a arteriografia
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V. 4, n. 01, 2017
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pulmonar, a qual é o método padrão-
em razão da presença de um grande
ouro para o diagnóstico de TEP, porém
coágulo)3.
é um exame invasivo, com risco de
O ECG pode ser absolutamente
complicações graves6. A angio-TC da
normal ou apresentar alterações como:
paciente confirmou o diagnóstico de
TEP
com
envolvimento
taquicardia sinusal; inversão de onda T
arterial
anterosseptal (V1-V3 ou V4, mostrando
pulmonar bilateral, e a ultrassonografia
estresse de VD), inversão de onda T em
de veias de membros inferiores mostrou
DII, DIII e aVF; bloqueio de ramo
TVP em segmento femoral proximal.
Exames
inespecíficos
direito e/ou sobrecarga de câmaras
fazem
cardíacas; padrão S1Q3T3 (não é um
parte da rotina de avaliação geral de
achado
pacientes
atriais, sobretudo fibrilação atrial. O
com
queixas
patognomônico);
arritmias
cardiorrespiratórias. Eles não servem
ecocardiograma
para confirmar o diagnóstico de TEP,
anormalidades funcionais e estruturais
embora
ou
principalmente nas câmaras cardíacas
na
direitas e hipertensão pulmonar7.
possam
enfraquecer
medida
a
que
fortalecer
suspeita
apontam
clínica
para
outras
A
etiologias. A radiografia de tórax pode
hipoxemia
clínico-radiológica) ou pode mostrar
como
cardiomegalia. Achados clássicos de
embora
raramente
prática
clínica,
são:
Sinal
Corcova
de
o
proBNT,
na
sangue
arterial
e
D-dímero,
são
troponinas
BNP ou NT-
muito
úteis
na
estratificação de risco dos pacientes
de
com
Westermark (oligoemia focal distal ao
êmbolo),
no
cardioespecíficas e
exame,
observados
está
taquipneia)6. Marcadores bioquímicos
elevação de cúpula diafragmática e
nesse
arterial
hipocapnia (alcalose respiratória pela
atelectasias laminares, derrame pleural,
pulmonar
gasometria
revelar
normal em 40% dos casos. Pode haver
ser completamente normal (dissociação
embolia
pode
TEP
definido,
contudo,
são
insensíveis e inespecíficos
Hampton
Os
(consolidação em forma de cunha se
exames
complementares
estendendo até a pleura, que sugere
inespecíficos realizados pela paciente
infarto pulmonar), Sinal de Palla
fortaleceram a hipótese de TEP, com
(dilatação da artéria pulmonar direita
aumento de área cardíaca na radiografia
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de tórax, ECG com taquicardia sinusal,
dose de 90 UI/kg a cada 12 h ou 190
inversão de onda T anterosseptal e em
UI/kg a cada 24 h, e a dalteparina na
DIII
dose de 120 UI/kg a cada 12 h ou 200
e
aVF,
padrão
S1Q3T3,
e
UI/kg a cada 24 h2.
ecocardiograma com dilatação de VD,
insuficiência tricúspide e hipertensão
O anticoagulante oral apenas
pulmonar.
No
deve ser começado após a confirmação
tratamento
a
diagnóstica de TEP. A dose inicial deve
não
ser de warfarina 5-10 mg/dia nos
fracionada (HNF) ou heparina de baixo
primeiros 3 dias, seguindo-se o ajuste
peso
é
de acordo com a RNI. Pode ser iniciado
recomendada para todos os pacientes,
em conjunto com as heparinas (HNF ou
se não houver contraindicações, com o
HBPM)
propósito de prevenir a extensão da
suspensasquando o RNI atingir o alvo
embolia, reduzir o risco de morte
entre 2 e 3, por pelo menos 24 h, e o
precoce e evitar a recorrência. Deve ter
tempo de sobreposição entre heparinas
início imediato para os pacientes
e anticoagulante oral for no mínimo 5
classificados como intermediária ou
dias2. A paciente do caso iniciou a
alta probabilidade clínica de TEP pelos
warfarina no 3o dia de tratamento,
escores de Wells, mesmo antes da
apenas após a confirmação de TEP. Ela
anticoagulação
do
TEP,
comheparina
molecular
(HBPM)
2
as
quais
poderão
ser
confirmação por um exame específico .
atingiu o INR alvo no 8o dia de
A HNF foi o tratamento escolhido para
internação, com 5 dias se sobreposição
a paciente do caso, ela deve ser
da HNF e da warfarina, quando então a
administrada em dose de ataque de 80
HNF foi suspensa.
UI/kg e dose de manutenção de 18
No paciente com alto risco de
UI/kg IV., preferencialmente em BIC,
morte precoce (hipotensão ou choque
ajustada a cada 6 h de acordo com o
por disfunção aguda grave de VD), a
valor de TTPa, visando atingir os
trombólise restaura a perfusão mais
valores alvos de TTPa entre 1,5 e 2,3
rapidamente do que a anticoagulação
vezes o controle. As HBPM mais
isoladamente. O Δt ideal para início do
utilizadas são enoxaparina na dose de 1
trombolítico é dentro de 48 horas do
mg/kg de peso a cada 12 h ou 1,5
início dos sintomas, mas a janela
mg/kg a cada 24 h, a nadroparina na
terapêutica é de até 14 dias. Os
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V. 4, n. 01, 2017
[SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS]
principais trombolíticos disponíveis são
a causa reversível (ACO), foi orientada
o ativador plasminogênio tecidual (t-
a manter anticoagulação por no mínimo
PA), a estreptoquinase, a tenecteplase
6 meses.
(TNK) e a uroquinase6.
Para
Novos
pacientes
com
alternativos
anticoagulantes
à
warfarina
que
orais
não
contraindicação à anticoagulação plena,
necessitam de ajuste de dose de acordo
nos casos de falha terapêutica e como
com o coagulograma são os inibidores
profilaxia em pacientes de alto risco
do fator Xa, como o Endoxaban,
estão indicados os filtros de veia cava
Rivaroxaban e o Apixaban. Os dois
inferior6.
últimos
podem
ser
usados
em
monoterapia, sem a necessidade de
O tratamento anticoagulante de
anticoagulantes parenterais6.
longa duração com objetivo de impedir
a recorrência de TEP e a ocorrência de
TEP fatal é realizado na maioria dos
CONCLUSÃO
pacientes com o uso de warfarina,um
O caso apresentado ilustra a
inibidor dos fatores dependente de
vitamina
K,
sendo
necessária
importância
à
do
diagnóstico
e
dosagem repetida de RNI a fim de
tratamento precoce do TEP, oqual deve
manter o alvo de 2,5 (entre 2,0 e 3,0). O
ser sempre cogitado em pacientes com
tempo de anticoagulação deve ser
dispneia, taquipneia, dor torácica ou
sempre
hipotensão/choque. Os fatores de risco
individualizado
diante
do
contexto do paciente2. No TEP de causa
para
reversível
de
elementos da tríade de Virchow: lesão
anticoagulação deve ser de no mínimo
endotelial, alteração do fluxo sanguíneo
3 meses, no TEP idiopático o tempo
e hipercoagulabilidade.
corrigida
o
tempo
TVP/TEP
corroboram
os
também é no mínimo de 3 meses,
Todos os pacientes com suspeita
devendo ser avaliado a manutenção por
de TEP devem ser avaliados por
tempo
com
escores de probabilidade pré-teste. Os
TEP/TVP recorrentes ou associado a
exames complementares inespecíficos e
câncer ativo devem ser anticoagulados
específicos devem ser solicitados como
indefinido.
Pacientes
6
indefinidamente . A paciente do caso,
que poderia ter sofrido TEP secundário
130
Rev Pat Tocantins
V. 4, n. 01, 2017
estratégia
diagnóstica
[SOCIEDADE DE PATOLOGIA DO TOCANTINS]
e
avaliação
pulmonar. Brasília, DF: Cubo, 2010. v.
prognóstica.
A
36, n. supl 1, p, S1-S68. Disponível em:
anticoagulação
deve
<http://itarget.com.br/newclients/sbpt.or
ser
g.br/2011/downloads/arquivos/Suple_1
prescrita para todos os pacientes, se não
84_60_5_ProvEnv_v36nSupl_1554.pdf
existir contraindicação. A trombólise
>. Acesso em: 13 fev. 2017.
está indicada nos pacientes com alto
risco de morte, e em casos selecionados
3.
de paciente com risco intermediário-
fundamental
e
deve
Dennis
L. et
al. Harrison´s Principles of Internal
alto. A anticoagulação de longa duração
é
KASPAR,
Medicine. 19. ed. New York: McGraw-
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Hill, 2015. 3000 p.
individualizada.
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