PROFESSOR COERCIVO ALUNOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Joyce Terleski Oliveira da Luz (PAIC/FUNDAÇÃO ARAUCÁRIAUNICENTRO), Carla Luciane Blum Vestena (Orientadora – Departamento de Pedagogia/UNICENTRO), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Humanas Letras e Artes. Palavras-chave: Professor, Coerção, Dificuldade de Aprendizagem. Resumo O objetivo deste trabalho foi refletir como a ação coerciva do professor em sala de aula interfere no processo de aprendizagem do aluno. Apontamos as formas mais utilizadas de coação dos professores e posteriormente o que essas ocasionam à estrutura moral e cognitiva em processo de construção pelos alunos. Concluímos que a ação coerciva dos professores interfere no processo de aprendizagem dos alunos. Introdução A questão da coação sobre o ponto de vista moral não é recente, estudos de Meng (1970) em Coacção e liberdade na educação, retrata historicamente como era utilizada a coação no âmbito escolar e no familiar, em geral, as pessoas coagiam os filhos e os alunos com a intenção de obter certos comportamentos e condutas educativas que julgavam adequadas. Desse ponto de vista a coação se dava de uma forma naturalista. Tal abordagem dada à coação perpetua até os dias atuais, estudos recentes de Silva (2004), Scarin (2003), Colombo (2004) e Shimizu (2005) apontam vários aspectos de como o professor ao se relacionar com seus alunos age com coação, além disso, destacam que as estratégias para amenizar a indisciplina em sala de aula ainda tem sido baseadas em castigos, sansões e punições. Até que ponto há relação entre a ação coerciva dos professores sobre os alunos e atenuação de certas dificuldades de aprendizagem, quanto aos aspectos afetivos, cognitivos e morais? Qual o motivo da utilização ainda presente nas escolas do castigo educativo? A ação coerciva dos professores Os estudos de Menin (1996) realizados através de registros sobre as regras dos professores e suas práticas constataram que as regras são impostas aos alunos e estes as utilizam estabelecendo julgamentos a respeito das razões de condutas dos colegas em sala de aula. Dentre as regras Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 observadas nas salas, destacamos as seguintes: “Não fazer bagunça. Obedecer à professora. Não sair do lugar. Não conversar.” MENIN 1996 (p. 63-65) A partir da imposição de regras dadas pelos professores, há segundo os dados de Menin (1996, p. 68) uma repetição das regras pelos alunos, sem reflexão do sentido das mesmas. As professoras muitas vezes reforçam as regras, repetindo em voz alta a sanção, no caso do não cumprimento da regra imposta, por exemplo, os alunos explicaram as razões do porque das regras: ”Não pode sair do lugar senão vai para a diretoria!; por que senão a professora fica brava”; e não pode conversar porque atrapalha os colegas, quando a professora está explicando, não pode”. A respeito da construção da autonomia considera pela própria iniciativa o outro além de si mesmo. Portanto a autonomia e submissão a uma regra ocorrem por sua validade universal e não pela sua simples obediência. Sendo assim a submissão a uma determinada regra ocorre porque se supõe que os motivos para esta ação poderiam tornar-se leis universais, sendo um bem para todos. Mediante este fato, a imposição de regras vai contra a própria construção do principio de autonomia. Além das imposições de regras, os professores também fazem uso inadequado da linguagem para obterem de atenção dos alunos, e repreendê-los. Nesse sentido existem professores que habitualmente dão aulas gritando sem autocontrole da fala, ou seja, mesmo quando há silêncio eles gritam, há, portanto, uma excessiva repressão verbal, impedindo livre expressão do aluno. Corriqueiramente, os professores acabam forçando os alunos a fazer algo que não está ao seu alcance. Quando imaginamos um professor agindo dessa maneira em sala de aula fica a pergunta: moralmente ele está certo? Já há um costume e uma aceitação por toda a sociedade em conviver com professores “autoritários”, ninguém é a favor, mas professor nenhum é demitido por tratar seus alunos com aspereza, falta de ética e respeito. No que se refere à educação moral, tanto as relações de coação como as de cooperação são importantes. (PIAGET, 1969) Assim defenderemos a importância de construir uma relação professor/aluno sem o uso da coação, também devemos entender que o professor precisa construir limites, mas de forma tolerante ao ponto de ouvir as crianças nas plenárias de discussão dos problemas. O professor dentro da sala de aula é a autoridade, ou seja, o direito ou poder de fazer-se obedecer, de dar ordens, mas cabe ao professor saber usar esta autoridade de maneira saudável e não com autoritarismo - aquele que domina toda e qualquer situação impõe suas idéias. Quem tem autoridade sobre alguém, precisa ter responsabilidade dos seus atos para que seja respeitado, e assim haja respeito mútuo entre ambos. Quando o professor está desequilibrado emocionalmente perde o controle sobre suas ações e comete equívoco exercendo autoritariamente Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 seu papel de autoridade. O autoritarismo traz para aqueles que são acuados grandes prejuízos afetivos, um sentimento de medo e raiva. Por conseqüência disso, as chances de não obter bom desempenho nas atividades pedagógicas são enormes e evidentes. Assim, o processo de ensino e aprendizagem fica totalmente prejudicado, sendo que a criança não aprende e por medo da repressão mente. É classificada coação, toda forma de repressão e imposição de idéias, todo coagido sente medo, assim verifica-se que a partir da coação, o aluno pode sim desenvolver dificuldades de aprendizagem. Por exemplo, imaginemos uma sala de aula, em que todas as crianças estão sempre muito quietas, só o estão por medo da professora, que grita, bate livro na mesa, não admite barulho na sala. A esse respeito o que parece ter grande influência no desenvolvimento é o tipo das relações sociais presentes no ambiente experienciado pela criança, se cooperativo ou autoritário. (ARAÚJO, 2001) O nível sócio-econômico não é fator determinante para a ação de coação, pois o aluno pode ser coagido tanto na escola pública como numa escola privada. Mas há de se observar que em alguns casos em escolas particulares, por tratar-se de pessoas com poder aquisitivo maior, os professores tendem a diminuir a coação, devido à influência das famílias, já em escolas públicas os casos são mais freqüentes, por tratar-se de crianças pobres, que por sua vez são mais retraídas e mais fáceis de manipular (COLOMBO, 2004). As dificuldades de aprendizagem e estratégias pedagógicas As dificuldades de aprendizagem não podem ser descobertas sem uma avaliação específica. A avaliação é feita através de uma coleta de informações, avaliando criteriosamente o perfil e as necessidades da criança. A avaliação levanta as hipóteses que deve ser relacionada ao ambiente em que a criança vive. As características do aluno que sofre com a coação são principalmente a baixa estima e o sentimento de inferioridade, com limitações na leitura, escrita e matemática. Além disso, a criança apresenta em seu comportamento lentidão, agressividade e distração. Tal cenário é frequentemente destacado por Silva (2004), o qual aponta que na maioria das escolas brasileiras, as crianças são rebeldes, há vandalismo, preconceitos e violência o que acarreta no baixo desempenho educacional do país. O aluno com dificuldades de aprendizagem tem capacidades criativas, porém são menores e mais difíceis de expressar, por isso ele acaba sofrendo preconceitos. Essa avaliação é de extrema importância, pois muitas vezes os pais e o professor acham que é só mau comportamento ou preguiça, e não o avalia o que pode vir a prejudicar o aluno por muito tempo, tanto no convívio escolar, como no convívio familiar. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 A dificuldade de aprendizagem pode assim ser considerada um problema social, pois não mantém a ideologia da escolarização. Meng (1970). Para o aluno interagir com o professor, é preciso que ele sinta reciprocidade do mesmo, os dois podem ter ótimas trocas de experiências, basta o professor abrir o caminho, principalmente não deixando que o aluno sinta medo. Considerações finais O papel do professor envolve também a prestação de serviço à comunidade como um todo, isto inclui a ação de promover o aprendizado do aluno. Que acontece quando o mesmo consegue expressar-se livremente na sala de aula. Por isso, há grande importância do professor estar em constante atualização, para saber lidar com os mais diferentes níveis de personalidade, sem comprometer o processo de ensino e desenvolvimento do aluno. Referências Bibliográficas COLOMBO, S. F. T. O desenvolvimento sócio-moral no contexto escolar em crianças do ciclo I, ensino fundamental. Dissertação de Mestrado. Marília: UNESP 2004. DOCKRELL J .; Mc SHANE, J. Crianças com dificuldades de aprendizagem. Uma abordagem cognitiva. Porto Alegre: Artmed 2000. MENIN, M. S.S.; SHIMIZU, M. A. Experiência e representação social: questões teóricas e metodologias. São Paulo: Casa do psicólogo, 2005. MENG, H, Coacção e liberdade na educação. Lisboa 1970. PIAGET, J, O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jou 1977. SÁNCHES J-N, G, Dificuldades de aprendizagem e intervenção psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed 2006. SCARIN, A, C, O desenvolvimento da noção de respeito em crianças da educação infantil. Dissertação de Mestrado. Marília: UNESP, 2003 SILVA, N. P. Ética, indisciplina & violência nas escolas. Petrópolis: Vozes 4ª Ed. 2004. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009