Psicopatologia Psicopatologia é a ciência que estuda as anormalidades psíquicas do ser humano Método utilizado pela psiquiatria como ferramenta para diagnóstico: FENOMENOLOGIA descrição dos fenômenos psíquicos PSICOPATOLOGIA Karl Jaspers (1883-1969) Inicialmente estudou Direito em Heidelberg e Munich Mudou para Medicina e se formou em 1908 Monografia: Nostalgia & Crime. De 1909 - 1915, trabalhou como voluntário na Clínica Psiquiátrica da Universidade de Heidelberg, com Franz Nissl. Desenvolveu um novo sistema de psicopatologia introduzindo os metodos da fenomenologia de Husserl para a prática psiquiátrica e em 1913 publicou seu livro: Psicopatologia Geral. PSICOPATOLOGIA FENOMENOLÓGICA dois meios de adoecer: • o desenvolvimento – constituição, – personalidade – história do paciente; • o processo – algo diferente e novo na constituição e história do paciente. PSICOPATOLOGIA FENOMENOLÓGICA examina-se de forma isolada cada função psíquica do paciente para depois formular consciência o todo psíquico caracterização das funções psíquicas quadros clínicos das diversas síndromes mentais pensamento afeto conclusão apresentação humor PSICOPATOLOGIA se importa com a FORMA de cada função psíquica, os conteúdos têm uma importância secundária. – Ex.: a forma de uma livro é aquilo que faz com que reconheçamos que se trata de um livro, e o conteúdo é sua mensagem. Escalas Em pesquisa são usadas escalas internacionais validadas para mensurar os dados subjetivos, ex.: –Hamilton A & D –MADRSS –PANSS –SCID Exame Psíquico Apresentação Aparência: • tipo constitucional, • condições de higiene pessoal, • adequação do vestuário, • cuidados pessoais. Não confundir com a classe social a que pertence o indivíduo. Ex: “Paciente é alto, atlético e apresenta-se para a entrevista em boas condições de higiene pessoal, com vestes adequadas, porém sempre com a camisa bem aberta...”. Atividade psicomotora e comportamento: • expressão da fisionomia – rigidez, tristeza, alegria, ameaça, medo, desconfiança, dramaticidade, esquiva, etc. • gesticulação – ausência ou exagero • motilidade – capacidade motora – inquietude, imobilidade, postura • deambulação – modo de caminhar – tenso, elástico, largado, amaneirado, encurvado, etc. Apresentação Atitude para com o entrevistador: • cooperativo, • submisso, • arrogante, • desconfiado, • apático, • superior, • irritado, • indiferente, • hostil, • bem-humorado... Apresentação Atividade verbal: •Não-espontâneo •Fala muito, exaltado •Fala pouco e taciturno •Vocabulário Consciência capacidade do indivíduo de perceber o que está ocorrendo dentro e fora de si mesmo Lucidez desperto: recebe e devolve informações do meio ambiente Os distúrbios da consciência geralmente indicam dano cerebral orgânico. Os estados de rebaixamento da consciência podem ser: 1. Rebaixamento / embotamento, 2. Turvação / obnubilação 3. Estreitamento (concentração em um único objetivo 4. Paralelo à realidade hipnotismo e sonambulismo Orientação É a capacidade neurológica de captar o ambiente e de se orientar de forma adequada Alterações "fisiológicas" da consciência sono, sonho, hipnose e cansaço Classificadas como: Quantitativas: variação do nível de consciência Lucidez Sonolência Torpor/Obnubilação Coma Qualitativas: variação de amplitude do campo de consciência estado crepuscular = perda do elo com o mundo exterior (epilepsia e a histeria) Orientação A orientação divide-se em: – Autopsíquica: paciente reconhece quem é – Alopsíquica: paciente reconhece o ambiente – Temporal: dia, mês, ano em que está; em que parte do dia se localiza (manhã, tarde, noite); – Espacial: lugar em que se encontra; a cidade onde está; como chegou ao consultório; – Somatopsíquica: alterações do esquema corporal (os membros fantasmas dos amputados, negação de uma paralisia, a incapacidade de localizar o próprio nariz ou olhos) Tipos de Desorientação Outras formas: • • • • Desorientação com turvação da consciência Desorientação apática Dupla orientação Desorientação oligofrênica Desorientação com turvação da consciência Ocorre no delirium intoxicações por álcool e/ou medicamentos, ou por doenças físicas) Desorientação apática Paciente está lúcido e percebe com clareza e nitidez o que se passa no mundo exterior: •falta de interesse •inibição psíquica •insuficiente energia psíquica •não forma um juízo sobre a sua própria situação. esquizofrênicos crônicos e em quadros depressivos. Tipos de Desorientação Desorientação amnésica: Incapacidade do doente em fixar acontecimentos (memória) incapacidade de orientação quadros demenciais. Tipos de Desorientação Desorientação delirante: perturbações do juízo de realidade, presença de falsos conteúdos pacientes que estão psicóticos: na esquizofrenia, na mania e na depressão psicóticas. Tipos de Desorientação Dupla orientação: permanência simultânea da orientação verdadeira ao lado de uma falsa, ou seja, o mundo real sincrônico ao mundo psicótico esquizofrênicos. Tipos de Desorientação Desorientação oligofrênica: Alteração do nível de orientação pois não possui capacidade de correlacionar ambientes, pessoas, dias, etc. retardo mental. ATENÇÃO O interesse e o pensamento dirigem a atenção • Capacidade de se concentrar – espontânea (vigilância) – ativa (tenacidade) • Vinculada à consciência: – hipervigil – hipovigil. • A fadiga, os estados tóxicos e diversos estados patológicos determinam uma incapacidade de concentrar a atenção. É observada em estados infecciosos, embriaguez alcoólica, psicoses tóxicas, esquizofrenia e depressão. • Também pode ocorrer por: - falta de interesse (deprimidos e esquizofrênicos) - déficit intelectual (oligofrenia e demência) - alterações da consciência (delirium) Os estados depressivos geralmente se acompanham de diminuição da capacidade de concentrar a atenção como um todo. No entanto, têm aumento da concentração ativa para temas depressivos. No Exame Psíquico é importante: • Se o paciente está disperso ou não • Atenção em relação ao que acontece no ambiente. • Se responde às perguntas prontamente ou é necessário repeti-las. • Testes: pedir para que o paciente realize operações aritméticas ou enumere dias da semana ou meses, em ordem normal ou inversa o que exigiria mais atenção. Memória Ligação entre passado, presente e futuro Cinco dimensões principais: 1. Percepção • maneira como o sujeito percebe os fatos e atitudes em seu cotidiano e os reconhece psiquicamente 2. Fixação • capacidade de gravar imagens na memória 3. Conservação • refere-se a tudo que o sujeito guarda para o resto da vida; a memória aparece como um todo e é um processo tipicamente afetivo 4. Evocação • atualização dos dados fixados 5. A função mnésica • rapidez, precisão e cronologia das informações que o próprio paciente dá Memória Há dependência entre as associações: Semelhança Contraste Oposição Contigüidade Causalidade Reconhecimento Capacidade Intelectual Padrão de normalidade • autonomia • capacidade laborativa Oligofrenia é diferente de uma perda intelectiva, em que, após o desenvolvimento psíquico ter atingido a plenitude, ocorre uma baixa, indicando síndromes organocerebrais crônicas. Uma alteração de inteligência e memória pode indicar uma síndrome organocerebral crônica. Sensopercepção Fundamenta-se na capacidade de perceber e sentir. Experiências ilusórias ou alucinatórias acompanhadas de profundas alterações do pensamento. Ilusão é a percepção deformada da realidade, de um objeto real e presente, uma interpretação errônea do que existe. Sensopercepção Alucinação é uma falsa percepção, que consiste no que se poderia dizer uma “percepção sem objeto”, tipos: • Auditivas • Visuais • Olfativas • Gustativas • Cenestésicas (corpórea, sensibilidade visceral) • Cinestésicas (movimento) Alucinose Orgânica Síndrome Cerebral Orgânica na qual as Alucinações, em uma ou mais modalidades sensitivas, constituem a anomalia psicológica predominante e às vezes única – falta de prejuízo da consciência, – ausência de sinais sugestivos de uma psicose e, – atividade alucinatória constante e recorrente. • Variante da síndrome de abstinência, mas independe da privação do álcool. • Também em estados tóxicos (cocaína, o LSD, brometos, maconha, antiparkinsonianos); estados infecciosos; metabólicos (uremias, diabetes, etc.) ; traumáticos/lesionais; focos irritativos dos lobos temporais e occipital http://virtualpsy.locaweb.com.br/dicionario.php Linguagem • Para-respostas – Responde a uma indagação com algo que não tem nada a ver com o que foi perguntado • Logorréia – Fluxo incessante e incoercível de palavras • Neologismo – Criação de palavras novas • Mussitação – Tom baixo • Verbigeração – Repetição incessante de palavras ou frases • Disartria – Dificuldade em pronunciar as palavras • Afasia – Dificuldade ou incapacidade de compreender e utilizar os símbolos verbais • Parafasia – Emprego inapropriado de palavras com sentidos parecidos Pensamento Permite: Elaborar conceitos Articular juízos Construir Comparar Solucionar problemas Elaborar conhecimentos adquiridos, idéias Transformar e criar Investigação: 1. Curso 2. Forma 3. Conteúdo do pensamento Pensamento - Curso velocidade com que o pensamento é expresso • Acelerado • Retardado • Variações: • Fuga de idéias: – paciente muda de assunto a todo instante, sem continuidade, taquipsiquismo (comum na mania). • Interceptação ou bloqueio: – interrupção brusca (comum no esquizofrenia). • Prolixidade: – detalhista, rodeios e repetições, circunstancialidade; • Descarrilamento: – mudança súbita do assunto • Perseveração: – repetição dos mesmos conteúdos de pensamento (comum nas demências). Pensamento - Forma Maneira como o conteúdo do pensamento é expresso. • As desordens da forma ocorrem por: • Perdas (orgânicas) • Deficiência (oligofrenia) • Fusão ou condensação, desagregação ou escape do pensamento, pensamento imposto ou fabricado – onde pode se compreender as palavras que são ditas, mas o conjunto é incompreensível, cessando-se os nexos lógicos, comum na esquizofrenia. Pensamento - Conteúdo • As perturbações no conteúdo do pensamento estão associadas a determinadas alterações, como as obsessões, hipocondrias, fobias e especialmente os delírios. • Contra o delírio não há argumento – A incorrigibilidade (não há como modificar a idéia). – A ininfluenciabilidade (a vivência é muito intensa, chegando a influenciar o interlocutor). – A incompreensibilidade (não pode ser explicada logicamente). • Os delírios podem ser primários (núcleo da patologia) ou secundários (são conseqüentes a uma situação social, a uma manifestação afetiva ou a uma disfunção cerebral). Distinções a. Delirium – rebaixamento da consciência (delirium tremens; delirium febril); b. Delírio c. Idéia delirante – também chamada de delírio verdadeiro; é primário e ocorre com lucidez de consciência; não é conseqüência de qualquer outro fenômeno. É um conjunto de juízos falsos, que não se sabe como eclodiu. d. idéia deliróide – secundária a uma perturbação do humor ou a uma situação afetiva traumática, existencial grave ou uso de droga As idéias delirantes • • • • • • • • • • • • • - expansão do eu: grandeza, ciúme, reivindicação, genealógico, místico, de missão salvadora, deificação, erótico, invenção ou reforma idéias fantásticas excessiva saúde capacidade física, beleza... - retração do eu: • prejuízo, • auto-referência, • perseguição, • influência, • possessão, • humildade, • experiências apocalípticas Ciúmes Tipo de transtorno psicótico crônico (delirante) provocado pelo álcool. Caracterizado por delírios de que o parceiro conjugal / sexual é infiel. Com procura intensa de evidências da infidelidade e acusações diretas que podem levar a discussões violentas. Incluído na Psicose Alcoólica conjunto de fenômenos psicóticos que ocorrem durante ou imediatamente após o consumo de uma substância psicoativa, mas que não podem ser explicados inteiramente com base numa intoxicação aguda e que não participam também do quadro de uma síndrome de abstinência. http://www.psiqweb.med.br/gloss/dicc1.htm Afeto Tonalidade afetiva •euforia, •tristeza, •irritabilidade, •angústia, •ambivalência •labilidade •incontinência emocional Humor Emoção difusa e prolongada que matiza a percepção que a pessoa tem do mundo. •Deprimido •Angustiado •Irritável •Ansioso •Apavorado •Zangado •Expansivo •Eufórico •Culpado •Atônito • Fútil •Autodepreciativo Os tipos de humor dividem-se em: - normotímico: normal; - hipertímico: exaltado; - hipotímico: baixa de humor; - distímico: quebra súbita da tonalidade do humor Vontade O indivíduo pode se apresentar – normobúlico vontade normal – hipobúlico vontade rebaixada – hiperbúlico exaltação patológica •Negativismo opor-se de forma passiva ou ativa, às solicitações •Obediência automática responde a solicitações repetidas e exageradas •Sugestionabilidade patológica concorda com tudo o que é dito, mesmo que sejam juízos contraditórios •Compulsão realizar atos contra a sua vontade •Dúvida patológica duvida exageradamente do que quer Pragmatismo Aqui, analisa-se se o paciente exerce atividades práticas como comer, cuidar de sua aparência, dormir, ter autopreservação, trabalhar, conseguir realizar o que se propõe e adequar-se à vida. Crítica da doença atual Verifica-se o grau de compreensão que o paciente tem de estar enfermo, assim como a sua percepção de que precisa ou não de um tratamento. Juízo Crítico • Crítica da realidade Conclusão Importância do parecer do entrevistador