bourdieu e os esquemas reprodutores

Propaganda
BOURDIEU
E
REPRODUTORES
OS
ESQUEMAS
Bourdieu é um dos principais sociólogos a analisar a educação
contemporânea sob a influência do modelo de Durkheim.
Econtrei a net esse resumo que, para não desprestigiar o autor
deste, o reproduzo abaixo:
Para levar a cabo a ambição de Durkheim de unificar as
ciências humanas em torno da sociologia, Bourdieu introduziu
uma síntese teórica entre o modelo durkheimiano e o
estruturalismo.
+ O estruturalismo se conecta à sociologia de Durkheim na
medida em que pretende desvendar o peso das estruturas sociais
por trás das ações dos sujeitos. (O pensamento de Bourdieu é
uma versão mais radical do modelo de Durkheim).
Para o estruturalismo (pensamento de Bourdieu na 1a fase de
sua produção, década de 1960) = os sujeitos são uma espécie de
marionetes das estruturas dominantes. à Os agentes sociais,
mesmo aqueles que pensam estar liberados das determinações
sociais, são movidos por forças ocultas, que os estimulam a
agir, mesmo que não tenham consciência disso. (“condições
objetivas” que o investigador deve desvendar, pois é nelas que
residem as explicações)
+ Bourdieu compreende que: a teoria de Durkheim e o
estruturalismo permitem demonstrar como os indivíduos, em sua
ação, apenas reproduzem as orientações determinadas pela
estrutura social vigente.
+ Para Bourdieu: Os sujeitos da ação estão ausentes daquele
nível da sociedade em que são objetivamente determinadas as
suas ações. O sujeito não existe. O que chamamos de ação, é o
processo pelo qual as estruturas se reproduzem. O sujeito está
submetido aos desígnios da sociedade, faz o que as estruturas
determinam, não sabe disso e ainda é iludido pelos discursos
dominantes, que o fazem pensar que sua ação é resultante de
vontade própria.
+ Bourdieu e Passeron (em 1964) os herdeiros, livro no qual
pretendiam combater uma idéia muito comum na França da época,
segundo a qual os estudantes e o meio estudantil seriam uma
classe social à parte na sociedade. E seriam responsáveis, em
razão de sua juventude e de sua disposição para a ação, pela
liderança da transformação social.
Em maio de 1968, em Paris, estudantes franceses saíram às
ruas, culminando num processo de mobilização que teria um
alcance bem maior do que a capital francesa.Ironicamente o
livro serviu como estímulo para essas mesmas revoltas
estudantis (por seu aspecto crítico).
Idéias presentes no livro os herdeiros:
– Discordam do discurso dominante segundo o qual a conquista
de uma “escola para todos”, de caráter igualitário, tornaria
possível a realização das potencialidades humanas.
– Compreendem que a instituição escolar dissimula por trás de
sua aparente neutralidade a reprodução das relações sociais e
de poder vigentes: encobertos sob as aparências de critérios
puramente escolares, estão critérios sociais de triagem e de
seleção dos indivíduos para ocupar determinados postos na
vida.
– Entendem que não há qualquer possibilidade de romper com as
estruturas de reprodução e afirmam que as teorias pedagógicas
são uma cortina de fumaça que procura ocultar o poder
reprodutor do sistema que está nas mãos dos educadores. (Para
os autores não há saída: o sistema de ensino filtra os alunos
sem que eles se dêem conta e, com isso, reproduz as relações
vigentes. Não há possibilidade de mudança).
1970: Bourdieu e Passeron refinam suas idéias, incorporando
sistematicamente as idéias e Marx e Max Weber, publicando o
livro “A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de
ensino”.
– Tese central do referido livro: toda ação pedagógica é,
objetivamente, uma violência simbólica.
· Violência simbólica = imposição arbitrária que, no entanto,
é apresentada àquele que sofre a violência de modo
dissimulado, que oculta as relações de força que estão na base
de seu poder.
· Ação pedagógica = é uma violência simbólica porque impõe,
por um poder arbitrário, um determinado arbitrário cultural.
· Arbitrário cultural = concepção cultural dos grupos e
classes dominantes, que é imposta a toda a sociedade por meio
do sistema de ensino. Tal imposição não aparece jamais em sua
verdade inteira e a pedagogia nunca se realiza enquanto
pedagogia, pois se limita à inculcação de valores e normas.
– A ação pedagógica implica o trabalho pedagógico (trabalho de
inculcação daquele referido “arbitrário” que deve durar o
bastante para que o educando “naturalize” seu conteúdo,
encare-o como natural, como evidentemente correto em si mesmo,
o bastante para produzir uma “formação durável”).
(…) Na media em que o educando interioriza os princípios
culturais que lhe são impostos pelo sistema de ensino – de tal
modo que, mesmo depois de terminada sua fase de formação
escolar, ele os tenha incorporado aos seus próprios valores e
seja capaz de reproduzi-los na vida e transmiti-los aos outros
– Bourdieu diz que ele adquire um habitus. Uma vez que o
arbitrário cultural a ser imposto é incorporado ao habitus do
professor, o trabalho pedagógico tende a reproduzir as mesmas
condições sociais (de dominação de determinados grupos sobre
outros) que deram origem àqueles valores dominantes. (p.74).
+ O que explica, no pensamento de Bourdieu, a desigualdade que
está na base do processo de seleção escolar?
– A compreensão de que todo sistema de ensino
institucionalizado visa em alguma media realizar de modo
organizado e sistemático a inculcação dos valores dominantes e
reproduzir as condições de dominação social que estão por trás
de sua ação pedagógica.
(…) Os autores, valendo-se de dados empíricos, demonstram que
as “condições de classe de origem” dos alunos que entram no
sistema de ensino francês determinam tanto a probabilidade de
passagem ao nível escolar seguinte, quanto, ainda, o tipo de
estabelecimento de ensino ao qual ele tem acesso (se de melhor
ou pior qualidade). Tal situação se reproduz, do ensino básico
ao médio e ao superior e determina também, no final das
contas, a “condição de classe de chagada”, deste aluno, isto
é, o tipo de habitus que adquiriu, o “capital social” ao qual
teve acesso e, em especial, a posição na hierarquia econômica
e social a que chegou. (P.74).
REFERÊNCIA
GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8. ed. São
Paulo: Ática, 2001.
Fonte:http://sociedadeducacao.blogspot.com/
Download