Semana Estadual das Hepatites

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Estado de Santa Catarina
Secretaria do Estado da Saúde
Superintendência de Vigilância em Saúde
Diretoria de Vigilância Epidemiológica
Gerência de Vigilância DST/HIV/AIDS/HV
Semana Estadual das Hepatites
A história das hepatites virais remonta a vários milênios. Informações contidas na
literatura chinesa já faziam referência à ocorrência de icterícia entre sua população há mais
de cinco mil anos. Surtos de icterícia foram relatados na Babilônia há mais de 2.500 anos.
Escritos de Hipocrates, que viveu provavelmente 300 a 400 anos a.C. revelam historicamente
que: a icterícia seria provavelmente de origem infecciosa e o problema poderia estar no
fígado; o acúmulo de líquido no abdome (ascite) poderia ser causado por alguma doença
crônica nesse órgão.
Antes do início do século XIX, os relatos sobre a história das hepatites no Brasil são
escassos, todavia no museu de Porto Velho – Rondônia se encontrava uma urna funerária
confeccionada pelos índios Aruak que habitaram esta região no período da descoberta do
Brasil; a urna é confeccionada de barro cozido, é de um nativo Aruak e revela alguns sinais e
estigmas de cirrose hepática, tais como: ascite, umbigo protuso pelo aumento do volume
abdominal (hérnia umbilical), ginecomastia e aranhas vasculares.
De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde, de 1999 a 2010, já foram
notificados e confirmados 104.454 casos de hepatites B e 69.952 casos de hepatite C no
Brasil. Em Santa Catarina, desde 1994 foram notificados 14.710 casos de hepatite B e 8.241
casos de hepatite C. O aumento na taxa de detecção no ano de 2005 foi devido às ações
pontuais ocorridas neste período, com a participação do Ministério da Saúde na mídia. Apesar
da diminuição do número de casos confirmados de hepatite nos últimos anos, observa-se
maior critério na suspeição clínica demonstrando também a sensibilidade no sistema de
vigilância (Gráfico 1).
Gráfico 1. Taxa de detecção/100.000 hab. dos casos confirmados de hepatite
viral, segundo agente etiológico, Santa Catarina, 2002 a 2011*
Tx.detecção/100.000hab.
25,00
20,00
15,00
Vírus A
Vírus B
Vírus C
10,00
5,00
0,00
2002
2003
2004
2005
2006
2007
ANO
2008
2009
2010
2011
FONTE:GE-DST/AIDS/HV/SINAN/DIVE/SES
* Dados sujeitos à alteração
A estratégia que ajudou no controle dos casos foi atrelar o número da notificação às
solicitações de exames sorológicos e na entrega da medicação, com isso houve a diminuição
da subnotificação.
As hepatites virais em Santa Catarina são definidas em duas situações
epidemiológicas, no Oeste catarinense é identificada a endemicidade para o vírus B (Figura
1), enquanto a região litorânea tem a prevalência do vírus C (Figura 2). Observe os mapas
abaixo:
Figura 1. Distribuição espacial das taxas de detecção de hepatite B, segundo
Gerências de Saúde, Santa Catarina, 2011
Figura 2. Distribuição espacial das taxas de detecção de hepatite C, segundo
Gerências de Saúde, Santa Catarina,
A faixa etária mais acometida varia de acordo com o agente etiológico. No estado
segue o referenciado pela literatura científica: entre 20 e 49 anos para hepatite B
(expressando pessoas em idade sexualmente ativa, e demonstrando a importância da
vacinação como forma de prevenção antes da iniciação sexual) e entre 30 e 59 anos para
hepatite C (a própria evolução da doença justifica as faixas etárias acometidas, assim como
diagnóstico tardio e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde são fatores associados)
(Gráfico 2). A presença de infecção do vírus B na faixa etária de 15 a 19 anos não é aceitável,
lembrando que a vacina contra hepatite B é ofertada na rede para menores de 19 anos desde
2001.
Gráfico 2 . Casos confirmados de hepatite viral, segundo faixa etária e
agente etiológico, Santa Catarina, 2011*
300
Nº casos
250
200
Vírus A
150
Vírus B
Vírus C
100
50
0
<1
ano
1a4 5a9
10 a
14
15 a
19
20 a
29
30 a
39
40 a
49
50 a
59
60 a
69
70 a
79
80 e
mais
IDADE
Fonte: GEDST/AIDS/HV/SINAN/DIVE/SES/SC *Dados sujeitos à alteração
A maior estratégia para vencer esta epidemia silenciosa, além do uso do preservativo,
será a intensificação da vacinação contra hepatite B, é a maior arma da prevenção, que tem
como maior fator de risco a transmissão sexual (50%). A vacina se encontra em todas as
Unidades de Saúde, para população até 29 anos e outros grupos mais vulneráveis.
Toda gestante tem direito à vacina contra hepatite B, independente da faixa etária,
além da triagem sorológica para hepatite, este exame vai identificar a gestante portadora e
indicar a profilaxia do bebê, reduzindo a transmissão vertical (Tabela 1).
Tabela 1. Casos de gestantes com hepatite B, segundo idade fértil e ano de
diagnóstico, Santa Catarina, 2002 a 2011
Fx Etaria
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
0
3
3
2
2
2
0
2
1
0
37
53
45
38
49
30
30
22
12
7
96
134 138
121
126
86
95
76
63
56
62
70
74
85
86
66
53
52
48
31
6
9
12
5
10
2
7
5
12
10
Fonte: GE-DST/AIDS/HV/SINAN/DIVE/SES/SC
Um aspecto relevante na feminização das hepatites B/C tem a ver com o setor beleza,
materiais perfurocortantes, utilizados por manicures e podólogos, na colocação de piercing ou
realização de tatuagens sem a esterilizarão adequada, tornam estes procedimentos
importantes mecanismos de transmissão da doença (objetos contaminados, tintas
reutilizadas, espátulas de madeira, etc.).
Avaliando-se os casos de hepatite viral onde é possível obter a informação da fonte de
infecção, detecta-se ser a via sexual (29,5%) a causa principal nas infecções pelo vírus B e o
uso de drogas injetáveis como risco para os portadores do vírus C (25,4%), as outras fontes
citadas se diferenciam através da história natural do agente etiológico; ter como resposta
ignorado/em branco (37,7%) não representa necessariamente uma má avaliação da
vigilância, a literatura também não explica como em 30% dos casos ocorreram as infecções,
pois como validar os dados de procedimentos invasivos, que são importantes veículos de
transmissão como no setor de beleza e serviços de saúde.
O diagnóstico tardio, falhas no atendimento, Protocolos Clínicos desatualizados, além
da coinfecção com HIV/AIDS contribuem na mortalidade (Gráfico 3). Por isso é imprescindível
a ampliação da oferta do diagnóstico a população, possibilitando cuidados específicos o mais
cedo possível.
A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) vem se tornando um agravo importante na
saúde do portador do vírus HIV com a piora significativa no prognóstico, devido à insuficiência
hepática e carcinoma hepatocelular. Frente a esta situação, determinar a prevalência da coinfecção HIV/HCV é de extrema importância.
400
200
0
2007
2008
2009
2010
2011
Casos
209
192
181
166
137
Taxa
3,45
3,17
2,96
2,66
2,19
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
Tx.detecção/100.000hab.
FREQUÊNCIA
Gráfico 3. Nº de casos e taxa de detecção/100.000 hab. de coinfecção,
AIDS /HCV/ Santa Catarina, 2007 a 2011.
Fontes: GE-DST/HIV/AIDS/HV/SINAN/ DIVE/SES/SC - DATASUS/SIH/MS * dados sujeitos a alteração
Prioridades estabelecidas pela Gerência de Vigilância das DST/HIV/AIDS e
Hepatites Virais
Garantir que 100% das gestantes tenham acesso à testagem, e quando for o caso, ao
tratamento do HIV, Hepatites e Sífilis.
Garantir que 100% dos recém-nascidos de mães portadoras do vírus B recebam a
imunoglobulina anti-hepatite B, nas primeiras 12 horas.
Garantir que os pacientes portadores do vírus de hepatite recebam o tratamento
quando necessário na rede do SUS.
Ampliar diagnóstico precoce do HIV/Hepatites e outras DST.
Promoção de mecanismos para melhoria da qualidade do atendimento às pessoas
vivendo com HIV/AIDS e Hepatites Virais.
Garantir que todas as gestantes não vacinadas recebam a vacina contra hepatite B.
Aumento na cobertura vacinal contra hepatite B, na população de 1 a 29 anos.
Incentivar o atendimento descentralizado ao portador crônico.
Garantir o acesso ao preservativo.
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