nutrição parenteral central ou periférica

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NUTRIÇÃO
PARENTERAL
CENTRAL OU
PERIFÉRICA
Dra. Merche Cervera Peris
Serviço de Farmácia, Hospital
Universitário Son Espases, Palma de Mallorca.
Dr. Joan Ramon Urgelés Planella
Serviço de Endocrinologia e Nutrição,
Hospital Universitário Son Espases,
Palma de Mallorca.
3
3
3
1 INTRODUÇÃO
.................................................................................................................................................................................................................................................
3
2 DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA NP SEGUNDO VIA DE
................................................................................................................................................
3
........................................................................................................................................................................................
6
ADMINISTRAÇÃO: CENTRAL E PERIFÉRICA
3 SELEÇÃO DO ACESSO VENOSO
4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA TIPO DE SUPORTE
NUTRICIONAL PARENTERAL
..............................................................................................................................................................................................
7
5 INDICAÇÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES: GUIAS ESPEN
SEGUNDO PATOLOGIAS, NP COMPLEMENTAR, NP HIPOCALÓRICA
.........................................................................
9
6 CONCLUSÕES
................................................................................................................................................................................................................................................
7 BIBLIOGRAFIA
.............................................................................................................................................................................................................................................
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12
13
Nutrição parenteral central ou periférica
NUTRIÇÃO PARENTERAL CENTRAL OU
PERIFÉRICA
Dra. Merche Cervera Peris
Serviço de Farmácia, Hospital Universitário Son Espases, Palma de Mallorca.
Dr. Joan Ramon Urgelés Planella
Serviço de Endocrinologia e Nutrição, Hospital Universitário Son Espases, Palma de Mallorca.
1
INTRODUÇÃO
Foi definida a nutrição parenteral (NP)1 como o
conjunto de técnicas de administração por
via intraveno-sa para pacientes que tem a
função do trato trato gastrointestinal prejudicada ou ausente. Os nutrientes administrados são hidratos de carbono, lipídios, aminoácidos, eletrólitos oligoelementos, vitaminas e
água.
A partir da década de 60 do século passado
quando Dudrick e Cols realizaram as primeiras
infusões de nutrientes hipertônicos nos EEUU, o
conhecimento sobre este assunto tem tido um
grande desenvolvimento tanto nos diferentes
2
tipos de soluções para administrar como nas
técnicas e dispositivos de administração. Também se tem melhor conhecimento das possíveis
complicações associadas a este tratamento e de
sua prevenção.
Nesta revisão vamos tentar atualizar as principais características da NP, tanto para a via central como para a periférica, dando ênfase em
como selecionar o melhor tipo de suporte por
tipo de acesso, a condição clínica a tratar e descrevermos as principais vantagens e desvantagens de uma técnica de gestão sobre a outra.
DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA NP
SEGUNDO A VIA DE ADMINISTRAÇÃO:
CENTRAL E PERIFÉRICA
A nutrição parenteral central (NPC)1 se define
como o conjunto de técnicas de administração de
nutrientes que vão ser infundidos em uma via
venosa central, devido principalmente a elevada
osmolaridade da solução que vai exceder 900
mOsm/L.
A composição da NPC inclui sempre uma
solução de glicose, lipídios e aminoácidos.
Atualmente, salvo por situações metabólicas
particulares — hipertrigliceridemia — não se utilizam fórmulas sem lipídios2. Sem a limitação de
osmolaridade, a composição da NPC pode ser
muito variável e, portanto, se adapta a distintas
situações e pacientes.
Os aminoácidos da NP fornecem entre 10 e 18
g de nitrogênio, com relações de Kcal não
proteicas/g de nitrogênio que podem variar
entre 160:1 e 100:1.
3
3
Tabela 1. Recomendações de calorias segundo ESPEN 2009.
Patología
Kcal/Kg/d
Grau de evidência
25
C
Doente crítico + IRA
30-40
C
Cirurgia
25-30
B
Pancreatite aguda
25-30
B
Pancreatite aguda com SIRS ou MODS
15-20
B
Oncologia acamado
20-25
C
Doença de Crohn aguda
25-30
C
HB * 1.3
C
Doente crítico
Cirrose, hepatite alcoólica
HB: Harris Benedict / IRA: Insuficiência Renal Aguda / SIRS: Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica / MODS: Disfunção Múltipla de Órgãos.
Foi demonstrada utilidade
clínica da suplementação na
NP com Glutamina, em
pacientes críticos, pós-cirurgia abdominal, pancreatite
aguda, queimados e
transplante de medula óssea
na dose mínima (0.3g/kg) e
máxima (0.5g/kg)
A esta solução de aminoácidos pode-se agregar
além de um suplemento de glutamina (em forma
de dipéptideos de alanina). Foi demostrado a utilidade clínica desta suplementação em pacientes
críticos, pós-cirurgia abdominal, pancreatite
aguda, queima-dos e em transplante de medula
óssea3 na dose mínima de 0.3 g/Kg e máxima
de 0.5 g/Kg do dipép-tideos (máximo 30% de
fornecimento proteico) durante um mínimo de
5 dias e até um máximo de 3 semanas4.
Utilizam-se três tipos de emulsões lipídicas na
nutrição parenteral5. As baseadas em óleo de
4
soja (LCT: triglicérides de cadeia larga), as que
incorporam triglicérides de cadeia media (MCT)
ou fórmulas de LCT-MCT, as emulsões de azeite
de oliva e soja (80:20) e as que incorporam ácidos graxos w-3 agregando óleos de peixe (emulsões MSF: MCT/Soja/Peixe, 50:40:10 e SMOF:
Soja/MCT/Oliva/peixe, 30:30:25:15). As emulsões LCT favorecem a resposta inflamatória e se
considera pouco adequadas em pacientes críticos6, com enfermidade hepática6 e com nutrição
parenteral domiciliar7.
A relação calórica recomendada entre hidratos
de carbono e lipídios normalmente fixa-se em
torno de 60/406.
A NPC permite infundir grandes quantidades de
nutrientes sem complicações imediatas aparentes. De fato, historicamente a nutrição parenteral
denominou-se também hiperalimentação. Contudo, hoje em dia sabe-se que o excesso de
nutrien-tes por via parenteral é causa de
aumento de infecções, de morbilidade e mortalidade8. Contraria-mente também se descreve
aumento de mortali-dade e morbilidade em
pacientes que não recebem suficiente suporte
nutricional9.
Nutrição parenteral central ou periférica
Tabela 2. Benefícios da administração de lipídios na NP
É mais fisiológico.
Não afeta a função hepática.
Evita e reverte a esteatose hepática.
É menos hiperglicêmica.
Evita a saturação das vias oxidativas dos HdC.
Evita e corrige as deficiências de ácidos graxos essenciais.
Melhora o sistema imunológico.
Promove a massa corporal magra.
Reduze o estresse metabólica.
Evita a sobrecarga hídrica.
Reduz a tensão respiratória.
Reduz o risco de hipofosfatemia
Permite a NPP com um fornecimento calórico adequado com menor osmolaridade e pH fisiológico.
Na tabela 1 se destacam as recomendações sobre
o fornecimento calórico e proteico dos guias de
nutrição parenteral da ESPEN de 2009 6.
A nutrição parenteral periférica (NPP)1 se
define como o conjunto de técnicas de administração de nutrientes por via venosa periférica a
pacientes que tem a função do trato gastrointestinal prejudicada ou ausente. Esta localização
tem como condicionamen-to a osmolaridade da
preparação parenteral.
Em geral, se aceita que a osmolaridade não deve
superar os 800-900 mOsm/L e também o pH
deve estar entre 6-7,4. Segundo as recomendações de diferentes instituições ou sociedades
científicas o limite de osmolaridade se situa
neste intervalo ESPEN6: não superar 850
mOsm/L, ASPEN [10]: menor a 900 mOsm/L ou
bem abaixo dele (Infu-sion Nurses Society (INS
de EEUU)11: menor de 600 mOsm/L).
A osmolaridade vem determinada pela quantidade de micronutrientes (em especial aminoácidos) e pelo volume a administrar, de modo que
os pacien-tes com altos requerimentos proteicos
e com res-trições de volume em geral são excluídos deste tipo de suporte nutricional.
A composição de uma NPP
deve conter lipídios, uma
relação de hidratos de
carbono e lipídios de
aproximadamente 60/40 e
as RDA de vitaminas e
minerais
A
composição
típica
de
uma
NPP
fornece geralmente entre 6-10 g de nitrogênio e
entre 900-1500 cal, sendo seu volume entre
1500-2500 ml; sua relação Kcal não proteicas/ g
nitrogê-nio costuma estar entre 130-150/1
(ainda que já existam algumas no mercado com
relações menores de 120/1 como o SmofKabiven
Periférico) e sua relação entre hidratos de carbono e lipídios se situa normalmente em 60/40.
Sua composição deve conter lipídios pelo efeito
benéfico dos mesmos (tabela 2), assim como as
RDA de vitaminas e minerais e no caso de agregar eletrólitos, estes não devem superar certos
limites (sódio e potássio 150 mmol/L, magnésio
5,6 mmol/L e cálcio 5 mmol/L).
5
3
3
SELEÇÃO DO TIPO DE ACESSO VENOSO
Em termos gerais, para conseguir o êxito de qualquer tratamento intravenoso há que ter em
consideração os seguintes fatores12:
• A terapia a administrar (seu pH, osmolaridade, velocidade de administração, a natureza de
sua composição, duração e propósito…).
• Avaliar o local de inserção (limitações, dificuldade da técnica de inserção, estado da pele,
tamanho da veia…).
• Selecionar o profissional e sua habilidade na
colocação do acesso venoso.
• Técnica de inserção (controle da infecção, veia
e pele, ângulo de inserção…).
• Considerações sobre o paciente (idade, mobilida-de, diagnóstico, alergias, necessidade de
educação).
• Seleção do acesso venoso (segundo terapia a
infundir, material, relação segurança/risco,
custo/benefício esperado, preferência do
paciente).
• Preparação do ponto de inserção (presença de
cabelo, necessidade de anestesia local, profilaxia antitrombótica. Protocolos).
• Manutenção do acesso venoso (técnica asséptica, estabilização, tipo de curativo utilizado,
vedação, julgamento clínico. Protocolos).
Considera-se que a eleição do tipo de acesso
venoso a utilizar para administrar o suporte nutricional paren-teral depende principalmente das
características do paciente (patologia/ situação
clínica) e da previsão de tempo do suporte, e em
menor medida, da experiên-cia do hospital com
cada tipo de acesso venoso.
Os tipos de acessos venosos e suas indicações
princi-pais estão expostos na tabela 313.
Tabela 3. Acessos vasculares.
6
Acesso
Tipo
Lugar de inserção
Indicación
Periférico
Periférico
Basílica / Cefálica
NP < 7-14 dias
Drum®
Central de inserção periférica
Basílica
NP de curto prazo hospitalizado
Percutâneo
Central
Subclávia/Jugular/Femoral
NP de curto prazo hospitalizado
Tunelizado
Central
Subclávia/Jugular
NP de longa duração em domicilio
Reservatório
Central
Subclávia/Jugular
NP de longa duração em domicilio
Nutrição parenteral central ou periférica
4
VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA TIPO
DE SUPORTE NUTRICIONAL PARENTERAL[14-17]
A NPP apresenta certas vantagens quando comparada a NPC:
• As NPP permitem uma rápida disponibilidade
de acesso quando há que iniciar de maneira
imedia-ta o suporte nutricional e não se dispõe
de via central ou acesso entérico.
•A colocação dos cateteres periféricos é de
simples manuseio e pode ser realizado pelo
pessoal de enfermagem no próprio quarto do
paciente, não requer comprovação radiológica
de sua colocação.
incidência é muito variável (2,3-70% segundo
Payne-James JJ et al 1993, 3-31% segundo
Pertkiewicz M et al 2009)14,18. Certamente, esta
variabilidade é devida às diferentes maneiras
de quantificar as trombofle-bites pelo que se
recomenda seguir, para sua detecção, o uso de
escalas de pontuação para determiná-la (tabela
4).
• Em geral, as NPP têm menos complicações
que as NPC, principalmente o tipo mecânico e
infeccioso associadas ao cateter venoso central.
A etiologia das tromboflebites geralmente se
inicia com a inserção do cateter que provoca
danos no endotélio gerando vasoconstrição e a
ativação de mediadores da inflamação. A repetida substituição de cateteres pode formar um
ciclo que finaliza com a oclusão da via de acesso14.
• As NPP acostumam ter um custo menor que as
NPC
As tromboflebites podem se favorecidas por
vários fatores como19:
As principais desvantagens da NPP são:
• Tamanho do cateter. Melhor utilizar cateteres
de22-24 Ga e longitude media (15-20 cm).
• Pode não cobrir os requerimentos dos pacientes em 100%, sobretudo se apresentar alguma
das seguintes situações:
-necessidades elevadas de nutrientes e/ou
eletró-litos,
- restrição de volume a administrar,
- estresse metabólico importante,
- desnutrição significativa
• Costuma apresentar como complicação frequente a tromboflebite, que limita seu uso.
A tromboflebite costuma manifestar-se pelo
apare-cimento de inchaço, vermelhidão, calor e
dor na zona de inserção da via periférica. Sua
A incidência de flebite varia
entre 2-70%, isto é devido
às diferentes maneiras de
quantificar as
tromboflebites. Recomendase seguir o uso das escalas
de pontuação para sua
detecção
• Material do cateter. Preferíveis os cateteres de
poliuretano que, com a mesma espessura, tem
maior diâmetro interno.
• Tamanho da veia. É melhor utilizar as veias
gran-des do antebraço como a basílica ou cefálica.
• Local de colocação do cateter. Devem-se evitar pontos de flexão e na medida do possível é
preferí-vel utilizar o braço não dominante do
paciente.
• Traumatismos durante a inserção do cateter.
Usar uma adequada técnica de inserção retarda a apa-rição de tromboflebite.
• Colonização bacteriana dos cateteres. O uso
de técnica asséptica na inserção do cateter
retarda também a aparição de tromboflebite.
• Fármacos. É muito recomendável utilizar de
manei-ra exclusiva uma via para a NPP.
• Duração da infusão. O dano parece menor
quan-do se infundem as NPP de maneira cíclica.
•Tipo de NPP administrada. As fórmulas com
lipídios permitem um maior fornecimento
7
3
Tabela 4. Escalas de avaliação de Tromboflebite.
ESCALA MADDOX
Nível
Estado
Nível
Estado
0
Sem dor, eritema, inchaço e sem cordão venoso
pal-pável.
0
Sem sinais clínicos.
1
Com dor, mais sem eritema, nem inchaço e sem
cor-dão venoso palpável.
1
Eritema com ou sem dor. Existência ou não de
edema. Não formação de linhas nem cordão palpável
2
Com dor e eritema ou certo grau de edema ou
ambos, mas sem endurecimento nem cordão
venoso palpá-vel.
2
Eritema com ou sem dor. Existência ou não de
edema. Formação de líneas, mas sem cordão palpável.
3
Com dor, eritema e inchaço, e com endurecimento ou cordão palpável menor de 6 cm por
cima do lugar de inserção.
3
Eritema com ou sem dor. Existência ou não de
edema. Formação de líneas e cordão palpável.
4
Com dor, eritema e inchaço, e com endurecimento ou cordão palpável maior de 6 cm por
cima do lugar de inserção.
5
Trombose venosa declarada com todos os sintomas anteriores.
calórico sem aumentar a osmolaridade da
nutrição.
•Partículas presentes na solução. A utilização
de filtros de maneira rotineira não tem demostrado diminuir a incidência de tromboflebite.
A aparição de tromboflebites
pode ser favorecida por vários
fatores, tem sido testados
diversos tratamentos para
prevenir as Tromboflebites, só
tem demostrado alguma
efetividade o emprego de
nitritos locais, a presença de
lipídios na solução parenteral
e o uso de anti-inflamatórios
locais
8
ESCALA DE FLEBITES DO INS
Tem sido testados diversos tratamentos para prevenir as tromboflebites com resultados díferentes. Só se tem demostrado alguma efetividade o
emprego de nitritos locais (na forma de adesivos
tipo patches 5mg), a presença de lipídios na
solução parenteral e anti-inflamatórios locais. Em
respeito à norma de trocar o cateter de maneira
rotineira cada 48-72 h a revisão sistemática de
2006 de Idvall E et al, conclui que não há suficiente evidência científica que sugira que substituir de maneira rotineira todos os cateteres periféricos reduz a incidência ou severidade da tromboflebite20-23.
Nutrição parenteral central ou periférica
5
INDICAÇÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES:
GUIAS ESPEN SEGUNDO PATOLOGIAS, NP
COMPLEMENTARIA, NP HIPOCALÓRICA
Se aceita que a nutrição artificial (enteral ou
parente-ral), deve ser instituída em todo paciente que não pode, não quer ou não deve comer
por via oral, sobretudo porque sabemos que a
desnutrição pode ter efeitos prejudiciais sobre
os pacientes.
• Pacientes com desnutrição que, segundo
ESPEN, são aqueles que presentam ao menos
um dos seguintes critérios:
- Albumina < 3g/dl (sem insuficiência renal ou
hepática).
- Perda de peso > 10-15% do peso habitual em
6 meses.
Especificando, as indicações gerais do suporte
nutri-cional artificial, seja parenteral ou enteral,
vai depen-der se o paciente se encontra em alguma destas situações:
• Pacientes sem desnutrição, mas nos quais já se
antecipa que não irão receber nenhuma classe
de suporte nutricional durante ao menos 7 ou
10 dias.
- IMC < 18 kg/m2.
- Avaliação Global Subjetiva de grau C.
• Pacientes com risco de mal nutrição. São
pacientes com patologias ou situações clínicas
nas quais se encontra alterada a absorção de
nutrien-tes, existe necessidade de repouso
intestinal ou serão aumentadas as necessidades de nutrientes (tabela 5)13.
Tabela 5: indicações da NP no adulto.
Alteração em absorção de nutrientes
Necessidade de repouso intestinal
Cirurgia maior de tubo digestivo
X
X
Ressecção intestinal massiva
X
pós-cirurgia
Enfermidade inflamatória intestinal
aguda descompensada
X
X
Enterite por radiação
X
Diarreia grave
X
Vómitos intratáveis
X
Íleo paralítico
X
Indicação
X
Pancreatite aguda grave
X
Fístulas digestivas altas
X
Obstrução intestinal completa
Hemorragia digestiva alta
X
Aumento das necessidades nutritivas
X
X
X
Pacientes críticos
X
Queimaduras Graves
X
9
3
Também se diz que a única indicação da NP é a
impossibilidade de utilização do tubo digestivo,
isto é, que são indicações do suporte nutricional
por via parenteral, bem seja central ou periférico,
todas aquelas situações nas quais se considera
contraindicado o suporte nutricional por via
enteral. Um algoritmo para a seleção do suporte
nutricional poderia ser o exposto no gráfico 1.
E outras situações que se consideram indicações rela-tivas de NP24:
• fístulas jejunais altas;
Existem situações consideradas como indicações absolutas de NP24:
• má digestão ou má absorção intestinal grave;
• vômitos persistentes e incontroláveis;
A respeito às indicações do tipo de acesso, central ou periférico, em geral um paciente é candidato a NPP quando apresenta alguma destas
situações16:
• hemorragias digestivas;
• íleo paralítico;
• enfermidade inflamatória em fase aguda;
• síndrome de intestino curto grave (no pósoperató-rio imediato e cronicamente se apresenta insuficiên-cia intestinal completa);
• pancreatite aguda grave.
• obstrução intestinal;
• íleo não cirúrgico;
• perfuração intestinal;
• pré-cirurgia da cirurgia maior, se há má
nutrição e neoplasia;
• isquemia intestinal.
Figura 1 - Seleção do tipo de suporte nutricional artificial.
Contra-Indicação NE
Sim
Não
NE
COBRE > 60% REQUERIMENTOS
NP
NP COMPLEMENTAR
- Tempo estimado >7 dias
- Alto estresse metabólico
Não
Sim
NPC
Não
NPP
- Intolerância a sobrecarga hídrica
- Desnutrição grave
- Existe acesso central por outros
motivos
10
Nutrição parenteral central ou periférica
• pós-cirurgia se existe uma previsão de jejum
entre 7-14 dias e um grau de estresse leve ou
moderado;
• previsão de jejum maior de 7 dias ou em caso
de duração incerta pendente de um diagnóstico
defi-nitivo;
• problemas em relação com o acesso central
(mecâ-nicos e/ou infecciosos, transtornos da
coagulação, dificuldades técnicas no acesso);
• pancreatite aguda (os primeiros 5-10 dias);
• outras situações: nutrição complementar (se
não se alcançam pelo menos o 60% das necessidades nutritivas via oral ou enteral), nutrição
hipocalórica, impossibilidade de colocação de
acesso enteral.
Assim mesmo deveria evitar-se a utilização de
NPP quando existam necessidades energético/
protei-cas elevadas, necessidade de restrição
de volume, um mau acesso venoso periférico
ou se já existe colocada uma linha venosa central que tenha pos-sibilidade de dedicar uma
via exclusiva à NP.
As guias ESPEN [6] de 2009 segundo a patologia do paciente recomenda-se com grau A, a
NP:
Cirurgia:
• A NP pré-operatória está indicada em pacientes
com desnutrição grave que não podem ser adequadamente alimentados por via oral ou enteral.
• A NP pós-operatória é benéfica em pacientes
com desnutrição que não toleram ou não possam rece-ber nutrição enteral (NE).
• A NP pós-operatória é benéfica em pacientes
com complicações pós-operatórias que alteram
a função digestiva e que não podem receber ou
absorver quantidades adequadas de alimentação oral ou enteral durante ao menos 7 dias.
• Nos pacientes que requerem nutrição pôs operató-ria é de primeira eleição a NE ou a combinação de NE e NP complementar.
Gastroenterologia: Enfermidade inflamatória
intestinal:
• A NP não deve ser empregada como tratamento primário da enfermidade de Crohn. O
repouso intestinal não tem demostrado ser
mais eficaz que a nutrição via gastrointestinal.
Hepatologia:
• Começar a NP de forma imediata em pacientes
com hepatite alcoólica moderada ou severamente malnutridos que não possam ser alimentados sufi-cientemente por via oral ou enteral.
• Começar a NP de forma imediata em pacientes
com cirrose hepática moderada ou severamente malnutridos que não possam ser alimentados sufi-cientemente por via oral ou enteral.
• Em pacientes cirróticos, empregar precocemente NP pós-operatória se o paciente não
pode ser nutrido suficientemente por via oral
ou enteral.
Pâncreas:
• Na pancreatite aguda leve, a recuperação
espontâ-nea da alimentação oral costuma ocorrer em 3-7 dias, e por tanto, não é necessário
suporte nutricio-nal (nem NE nem NP) a não
ser que exista má-nutrição prévia, ou quando
se requer um período de jejum terapêutico
maior de 5-7 dias. Nestes casos deveriam iniciar NE o mais cedo possível.
Oncologia:
• A NP não é efetiva e provavelmente é prejudicial naqueles pacientes em que não há razões
para a insuficiência intestinal.
A NP complementar está
indicada quando com o
suporte enteral não
alcançamos ao menos 60%
das necessidades do paciente.
A NP Complementar é aquela que se utiliza
conjun-tamente com a NE para corrigir o déficit
de nutrientes. Está indicada quando com o
suporte enteral não alcançamos ao menos 60%
dos requerimentos do paciente e com ela devemos tentar cobrir pelo menos até o 80% dos
mesmos, sendo ideal cobrir o 100%. Não há
muitos ensaios clínicos que tenham estudado
seu uso, mas o que se tem feito em pacientes
11
3
críticos utilizando a NP Complementar como
preventiva ou corretiva dão resultados não conclusivos quanto a sua eficácia (Kutsogiannis et
al 2011, Singer P et al 2011)25-27.
A NP Hipocalórica é uma estratégia de alimentação abaixo das necessidades (geralmente 20
kcal/Kg/dia) com que se pretende alcançar
benefícios mediante a modulação da resposta
metabólica e a correção da hiperglicemia.
Recentemente foi publicada uma meta-análise
(Jiang H et al 2011) sobre este tipo de suporte
nutricional em pacientes cirúrgicos na qual se
conclui que podem ser reduzidas as complicações infecciosas e a estadia hospita-lar no pósoperatório destes pacientes28.
6
A NP hipocalórica tem como
objetivo alcançar benefícios
mediante a modulação da
resposta metabólica e
correção da hiperglicemia. Há
estudos que demonstram que
podem ser reduzidas as
complicações infecciosas e a
estadia hospitalar
CONCLUSÕES
• As fórmulas de NP aptas para via periférica ou para via central diferem essencialmente
em sua osmolaridade. O limite de tolerância está em 900 mOsm/l.
• A indicação da NP, tanto central como periférica depende de que não se possa usar a
nutrição enteral ou de que esta não consiga cobrir adequadamente as necessidades
nutricionais dos pacientes.
• As limitações para o uso de NPP dependem da frequência de tromboflebite das vias
periféricas que impede que possa administrar-se durante períodos prolongados e da
situação clínica do paciente. Quando as necessidades proteicas são elevadas ou está limitado o fornecimento de líquidos intravenosos.
• A NPP pode utilizar-se como complementar da nutrição enteral ou oral, no peri-operatório de cirurgia não complicada com desnutrição e em situações sem diagnóstico
preciso.
• A NPC é preferível, quando há de usar-se, em pacientes com pancreatite grave, em
pacientes críticos e em pacientes com nutrição artificial domiciliar.
12
Nutrição parenteral central ou periférica
7
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