3 NUTRIÇÃO PARENTERAL CENTRAL OU PERIFÉRICA Dra. Merche Cervera Peris Serviço de Farmácia, Hospital Universitário Son Espases, Palma de Mallorca. Dr. Joan Ramon Urgelés Planella Serviço de Endocrinologia e Nutrição, Hospital Universitário Son Espases, Palma de Mallorca. 3 3 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................................................................................. 3 2 DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA NP SEGUNDO VIA DE ................................................................................................................................................ 3 ........................................................................................................................................................................................ 6 ADMINISTRAÇÃO: CENTRAL E PERIFÉRICA 3 SELEÇÃO DO ACESSO VENOSO 4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA TIPO DE SUPORTE NUTRICIONAL PARENTERAL .............................................................................................................................................................................................. 7 5 INDICAÇÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES: GUIAS ESPEN SEGUNDO PATOLOGIAS, NP COMPLEMENTAR, NP HIPOCALÓRICA ......................................................................... 9 6 CONCLUSÕES ................................................................................................................................................................................................................................................ 7 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................................................................................................................. Fresenius Kabi Brasil Ltda. CNPJ: 49.324.221/0001-04 Av. Marginal Progetada, 1652 CEP 06460-200 Fazenda Tamboré Barueri SP Tel: 11 2504.1400 SAC 0800 707 3855 www.fresenius-kabi.com.br 12 13 Nutrição parenteral central ou periférica NUTRIÇÃO PARENTERAL CENTRAL OU PERIFÉRICA Dra. Merche Cervera Peris Serviço de Farmácia, Hospital Universitário Son Espases, Palma de Mallorca. Dr. Joan Ramon Urgelés Planella Serviço de Endocrinologia e Nutrição, Hospital Universitário Son Espases, Palma de Mallorca. 1 INTRODUÇÃO Foi definida a nutrição parenteral (NP)1 como o conjunto de técnicas de administração por via intraveno-sa para pacientes que tem a função do trato trato gastrointestinal prejudicada ou ausente. Os nutrientes administrados são hidratos de carbono, lipídios, aminoácidos, eletrólitos oligoelementos, vitaminas e água. A partir da década de 60 do século passado quando Dudrick e Cols realizaram as primeiras infusões de nutrientes hipertônicos nos EEUU, o conhecimento sobre este assunto tem tido um grande desenvolvimento tanto nos diferentes 2 tipos de soluções para administrar como nas técnicas e dispositivos de administração. Também se tem melhor conhecimento das possíveis complicações associadas a este tratamento e de sua prevenção. Nesta revisão vamos tentar atualizar as principais características da NP, tanto para a via central como para a periférica, dando ênfase em como selecionar o melhor tipo de suporte por tipo de acesso, a condição clínica a tratar e descrevermos as principais vantagens e desvantagens de uma técnica de gestão sobre a outra. DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA NP SEGUNDO A VIA DE ADMINISTRAÇÃO: CENTRAL E PERIFÉRICA A nutrição parenteral central (NPC)1 se define como o conjunto de técnicas de administração de nutrientes que vão ser infundidos em uma via venosa central, devido principalmente a elevada osmolaridade da solução que vai exceder 900 mOsm/L. A composição da NPC inclui sempre uma solução de glicose, lipídios e aminoácidos. Atualmente, salvo por situações metabólicas particulares — hipertrigliceridemia — não se utilizam fórmulas sem lipídios2. Sem a limitação de osmolaridade, a composição da NPC pode ser muito variável e, portanto, se adapta a distintas situações e pacientes. Os aminoácidos da NP fornecem entre 10 e 18 g de nitrogênio, com relações de Kcal não proteicas/g de nitrogênio que podem variar entre 160:1 e 100:1. 3 3 Tabela 1. Recomendações de calorias segundo ESPEN 2009. Patología Kcal/Kg/d Grau de evidência 25 C Doente crítico + IRA 30-40 C Cirurgia 25-30 B Pancreatite aguda 25-30 B Pancreatite aguda com SIRS ou MODS 15-20 B Oncologia acamado 20-25 C Doença de Crohn aguda 25-30 C HB * 1.3 C Doente crítico Cirrose, hepatite alcoólica HB: Harris Benedict / IRA: Insuficiência Renal Aguda / SIRS: Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica / MODS: Disfunção Múltipla de Órgãos. Foi demonstrada utilidade clínica da suplementação na NP com Glutamina, em pacientes críticos, pós-cirurgia abdominal, pancreatite aguda, queimados e transplante de medula óssea na dose mínima (0.3g/kg) e máxima (0.5g/kg) A esta solução de aminoácidos pode-se agregar além de um suplemento de glutamina (em forma de dipéptideos de alanina). Foi demostrado a utilidade clínica desta suplementação em pacientes críticos, pós-cirurgia abdominal, pancreatite aguda, queima-dos e em transplante de medula óssea3 na dose mínima de 0.3 g/Kg e máxima de 0.5 g/Kg do dipép-tideos (máximo 30% de fornecimento proteico) durante um mínimo de 5 dias e até um máximo de 3 semanas4. Utilizam-se três tipos de emulsões lipídicas na nutrição parenteral5. As baseadas em óleo de 4 soja (LCT: triglicérides de cadeia larga), as que incorporam triglicérides de cadeia media (MCT) ou fórmulas de LCT-MCT, as emulsões de azeite de oliva e soja (80:20) e as que incorporam ácidos graxos w-3 agregando óleos de peixe (emulsões MSF: MCT/Soja/Peixe, 50:40:10 e SMOF: Soja/MCT/Oliva/peixe, 30:30:25:15). As emulsões LCT favorecem a resposta inflamatória e se considera pouco adequadas em pacientes críticos6, com enfermidade hepática6 e com nutrição parenteral domiciliar7. A relação calórica recomendada entre hidratos de carbono e lipídios normalmente fixa-se em torno de 60/406. A NPC permite infundir grandes quantidades de nutrientes sem complicações imediatas aparentes. De fato, historicamente a nutrição parenteral denominou-se também hiperalimentação. Contudo, hoje em dia sabe-se que o excesso de nutrien-tes por via parenteral é causa de aumento de infecções, de morbilidade e mortalidade8. Contraria-mente também se descreve aumento de mortali-dade e morbilidade em pacientes que não recebem suficiente suporte nutricional9. Nutrição parenteral central ou periférica Tabela 2. Benefícios da administração de lipídios na NP É mais fisiológico. Não afeta a função hepática. Evita e reverte a esteatose hepática. É menos hiperglicêmica. Evita a saturação das vias oxidativas dos HdC. Evita e corrige as deficiências de ácidos graxos essenciais. Melhora o sistema imunológico. Promove a massa corporal magra. Reduze o estresse metabólica. Evita a sobrecarga hídrica. Reduz a tensão respiratória. Reduz o risco de hipofosfatemia Permite a NPP com um fornecimento calórico adequado com menor osmolaridade e pH fisiológico. Na tabela 1 se destacam as recomendações sobre o fornecimento calórico e proteico dos guias de nutrição parenteral da ESPEN de 2009 6. A nutrição parenteral periférica (NPP)1 se define como o conjunto de técnicas de administração de nutrientes por via venosa periférica a pacientes que tem a função do trato gastrointestinal prejudicada ou ausente. Esta localização tem como condicionamen-to a osmolaridade da preparação parenteral. Em geral, se aceita que a osmolaridade não deve superar os 800-900 mOsm/L e também o pH deve estar entre 6-7,4. Segundo as recomendações de diferentes instituições ou sociedades científicas o limite de osmolaridade se situa neste intervalo ESPEN6: não superar 850 mOsm/L, ASPEN [10]: menor a 900 mOsm/L ou bem abaixo dele (Infu-sion Nurses Society (INS de EEUU)11: menor de 600 mOsm/L). A osmolaridade vem determinada pela quantidade de micronutrientes (em especial aminoácidos) e pelo volume a administrar, de modo que os pacien-tes com altos requerimentos proteicos e com res-trições de volume em geral são excluídos deste tipo de suporte nutricional. A composição de uma NPP deve conter lipídios, uma relação de hidratos de carbono e lipídios de aproximadamente 60/40 e as RDA de vitaminas e minerais A composição típica de uma NPP fornece geralmente entre 6-10 g de nitrogênio e entre 900-1500 cal, sendo seu volume entre 1500-2500 ml; sua relação Kcal não proteicas/ g nitrogê-nio costuma estar entre 130-150/1 (ainda que já existam algumas no mercado com relações menores de 120/1 como o SmofKabiven Periférico) e sua relação entre hidratos de carbono e lipídios se situa normalmente em 60/40. Sua composição deve conter lipídios pelo efeito benéfico dos mesmos (tabela 2), assim como as RDA de vitaminas e minerais e no caso de agregar eletrólitos, estes não devem superar certos limites (sódio e potássio 150 mmol/L, magnésio 5,6 mmol/L e cálcio 5 mmol/L). 5 3 3 SELEÇÃO DO TIPO DE ACESSO VENOSO Em termos gerais, para conseguir o êxito de qualquer tratamento intravenoso há que ter em consideração os seguintes fatores12: • A terapia a administrar (seu pH, osmolaridade, velocidade de administração, a natureza de sua composição, duração e propósito…). • Avaliar o local de inserção (limitações, dificuldade da técnica de inserção, estado da pele, tamanho da veia…). • Selecionar o profissional e sua habilidade na colocação do acesso venoso. • Técnica de inserção (controle da infecção, veia e pele, ângulo de inserção…). • Considerações sobre o paciente (idade, mobilida-de, diagnóstico, alergias, necessidade de educação). • Seleção do acesso venoso (segundo terapia a infundir, material, relação segurança/risco, custo/benefício esperado, preferência do paciente). • Preparação do ponto de inserção (presença de cabelo, necessidade de anestesia local, profilaxia antitrombótica. Protocolos). • Manutenção do acesso venoso (técnica asséptica, estabilização, tipo de curativo utilizado, vedação, julgamento clínico. Protocolos). Considera-se que a eleição do tipo de acesso venoso a utilizar para administrar o suporte nutricional paren-teral depende principalmente das características do paciente (patologia/ situação clínica) e da previsão de tempo do suporte, e em menor medida, da experiên-cia do hospital com cada tipo de acesso venoso. Os tipos de acessos venosos e suas indicações princi-pais estão expostos na tabela 313. Tabela 3. Acessos vasculares. 6 Acesso Tipo Lugar de inserção Indicación Periférico Periférico Basílica / Cefálica NP < 7-14 dias Drum® Central de inserção periférica Basílica NP de curto prazo hospitalizado Percutâneo Central Subclávia/Jugular/Femoral NP de curto prazo hospitalizado Tunelizado Central Subclávia/Jugular NP de longa duração em domicilio Reservatório Central Subclávia/Jugular NP de longa duração em domicilio Nutrição parenteral central ou periférica 4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA TIPO DE SUPORTE NUTRICIONAL PARENTERAL[14-17] A NPP apresenta certas vantagens quando comparada a NPC: • As NPP permitem uma rápida disponibilidade de acesso quando há que iniciar de maneira imedia-ta o suporte nutricional e não se dispõe de via central ou acesso entérico. •A colocação dos cateteres periféricos é de simples manuseio e pode ser realizado pelo pessoal de enfermagem no próprio quarto do paciente, não requer comprovação radiológica de sua colocação. incidência é muito variável (2,3-70% segundo Payne-James JJ et al 1993, 3-31% segundo Pertkiewicz M et al 2009)14,18. Certamente, esta variabilidade é devida às diferentes maneiras de quantificar as trombofle-bites pelo que se recomenda seguir, para sua detecção, o uso de escalas de pontuação para determiná-la (tabela 4). • Em geral, as NPP têm menos complicações que as NPC, principalmente o tipo mecânico e infeccioso associadas ao cateter venoso central. A etiologia das tromboflebites geralmente se inicia com a inserção do cateter que provoca danos no endotélio gerando vasoconstrição e a ativação de mediadores da inflamação. A repetida substituição de cateteres pode formar um ciclo que finaliza com a oclusão da via de acesso14. • As NPP acostumam ter um custo menor que as NPC As tromboflebites podem se favorecidas por vários fatores como19: As principais desvantagens da NPP são: • Tamanho do cateter. Melhor utilizar cateteres de22-24 Ga e longitude media (15-20 cm). • Pode não cobrir os requerimentos dos pacientes em 100%, sobretudo se apresentar alguma das seguintes situações: -necessidades elevadas de nutrientes e/ou eletró-litos, - restrição de volume a administrar, - estresse metabólico importante, - desnutrição significativa • Costuma apresentar como complicação frequente a tromboflebite, que limita seu uso. A tromboflebite costuma manifestar-se pelo apare-cimento de inchaço, vermelhidão, calor e dor na zona de inserção da via periférica. Sua A incidência de flebite varia entre 2-70%, isto é devido às diferentes maneiras de quantificar as tromboflebites. Recomendase seguir o uso das escalas de pontuação para sua detecção • Material do cateter. Preferíveis os cateteres de poliuretano que, com a mesma espessura, tem maior diâmetro interno. • Tamanho da veia. É melhor utilizar as veias gran-des do antebraço como a basílica ou cefálica. • Local de colocação do cateter. Devem-se evitar pontos de flexão e na medida do possível é preferí-vel utilizar o braço não dominante do paciente. • Traumatismos durante a inserção do cateter. Usar uma adequada técnica de inserção retarda a apa-rição de tromboflebite. • Colonização bacteriana dos cateteres. O uso de técnica asséptica na inserção do cateter retarda também a aparição de tromboflebite. • Fármacos. É muito recomendável utilizar de manei-ra exclusiva uma via para a NPP. • Duração da infusão. O dano parece menor quan-do se infundem as NPP de maneira cíclica. •Tipo de NPP administrada. As fórmulas com lipídios permitem um maior fornecimento 7 3 Tabela 4. Escalas de avaliação de Tromboflebite. ESCALA MADDOX Nível Estado Nível Estado 0 Sem dor, eritema, inchaço e sem cordão venoso pal-pável. 0 Sem sinais clínicos. 1 Com dor, mais sem eritema, nem inchaço e sem cor-dão venoso palpável. 1 Eritema com ou sem dor. Existência ou não de edema. Não formação de linhas nem cordão palpável 2 Com dor e eritema ou certo grau de edema ou ambos, mas sem endurecimento nem cordão venoso palpá-vel. 2 Eritema com ou sem dor. Existência ou não de edema. Formação de líneas, mas sem cordão palpável. 3 Com dor, eritema e inchaço, e com endurecimento ou cordão palpável menor de 6 cm por cima do lugar de inserção. 3 Eritema com ou sem dor. Existência ou não de edema. Formação de líneas e cordão palpável. 4 Com dor, eritema e inchaço, e com endurecimento ou cordão palpável maior de 6 cm por cima do lugar de inserção. 5 Trombose venosa declarada com todos os sintomas anteriores. calórico sem aumentar a osmolaridade da nutrição. •Partículas presentes na solução. A utilização de filtros de maneira rotineira não tem demostrado diminuir a incidência de tromboflebite. A aparição de tromboflebites pode ser favorecida por vários fatores, tem sido testados diversos tratamentos para prevenir as Tromboflebites, só tem demostrado alguma efetividade o emprego de nitritos locais, a presença de lipídios na solução parenteral e o uso de anti-inflamatórios locais 8 ESCALA DE FLEBITES DO INS Tem sido testados diversos tratamentos para prevenir as tromboflebites com resultados díferentes. Só se tem demostrado alguma efetividade o emprego de nitritos locais (na forma de adesivos tipo patches 5mg), a presença de lipídios na solução parenteral e anti-inflamatórios locais. Em respeito à norma de trocar o cateter de maneira rotineira cada 48-72 h a revisão sistemática de 2006 de Idvall E et al, conclui que não há suficiente evidência científica que sugira que substituir de maneira rotineira todos os cateteres periféricos reduz a incidência ou severidade da tromboflebite20-23. Nutrição parenteral central ou periférica 5 INDICAÇÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES: GUIAS ESPEN SEGUNDO PATOLOGIAS, NP COMPLEMENTARIA, NP HIPOCALÓRICA Se aceita que a nutrição artificial (enteral ou parente-ral), deve ser instituída em todo paciente que não pode, não quer ou não deve comer por via oral, sobretudo porque sabemos que a desnutrição pode ter efeitos prejudiciais sobre os pacientes. • Pacientes com desnutrição que, segundo ESPEN, são aqueles que presentam ao menos um dos seguintes critérios: - Albumina < 3g/dl (sem insuficiência renal ou hepática). - Perda de peso > 10-15% do peso habitual em 6 meses. Especificando, as indicações gerais do suporte nutri-cional artificial, seja parenteral ou enteral, vai depen-der se o paciente se encontra em alguma destas situações: • Pacientes sem desnutrição, mas nos quais já se antecipa que não irão receber nenhuma classe de suporte nutricional durante ao menos 7 ou 10 dias. - IMC < 18 kg/m2. - Avaliação Global Subjetiva de grau C. • Pacientes com risco de mal nutrição. São pacientes com patologias ou situações clínicas nas quais se encontra alterada a absorção de nutrien-tes, existe necessidade de repouso intestinal ou serão aumentadas as necessidades de nutrientes (tabela 5)13. Tabela 5: indicações da NP no adulto. Alteração em absorção de nutrientes Necessidade de repouso intestinal Cirurgia maior de tubo digestivo X X Ressecção intestinal massiva X pós-cirurgia Enfermidade inflamatória intestinal aguda descompensada X X Enterite por radiação X Diarreia grave X Vómitos intratáveis X Íleo paralítico X Indicação X Pancreatite aguda grave X Fístulas digestivas altas X Obstrução intestinal completa Hemorragia digestiva alta X Aumento das necessidades nutritivas X X X Pacientes críticos X Queimaduras Graves X 9 3 Também se diz que a única indicação da NP é a impossibilidade de utilização do tubo digestivo, isto é, que são indicações do suporte nutricional por via parenteral, bem seja central ou periférico, todas aquelas situações nas quais se considera contraindicado o suporte nutricional por via enteral. Um algoritmo para a seleção do suporte nutricional poderia ser o exposto no gráfico 1. E outras situações que se consideram indicações rela-tivas de NP24: • fístulas jejunais altas; Existem situações consideradas como indicações absolutas de NP24: • má digestão ou má absorção intestinal grave; • vômitos persistentes e incontroláveis; A respeito às indicações do tipo de acesso, central ou periférico, em geral um paciente é candidato a NPP quando apresenta alguma destas situações16: • hemorragias digestivas; • íleo paralítico; • enfermidade inflamatória em fase aguda; • síndrome de intestino curto grave (no pósoperató-rio imediato e cronicamente se apresenta insuficiên-cia intestinal completa); • pancreatite aguda grave. • obstrução intestinal; • íleo não cirúrgico; • perfuração intestinal; • pré-cirurgia da cirurgia maior, se há má nutrição e neoplasia; • isquemia intestinal. Figura 1 - Seleção do tipo de suporte nutricional artificial. Contra-Indicação NE Sim Não NE COBRE > 60% REQUERIMENTOS NP NP COMPLEMENTAR - Tempo estimado >7 dias - Alto estresse metabólico Não Sim NPC Não NPP - Intolerância a sobrecarga hídrica - Desnutrição grave - Existe acesso central por outros motivos 10 Nutrição parenteral central ou periférica • pós-cirurgia se existe uma previsão de jejum entre 7-14 dias e um grau de estresse leve ou moderado; • previsão de jejum maior de 7 dias ou em caso de duração incerta pendente de um diagnóstico defi-nitivo; • problemas em relação com o acesso central (mecâ-nicos e/ou infecciosos, transtornos da coagulação, dificuldades técnicas no acesso); • pancreatite aguda (os primeiros 5-10 dias); • outras situações: nutrição complementar (se não se alcançam pelo menos o 60% das necessidades nutritivas via oral ou enteral), nutrição hipocalórica, impossibilidade de colocação de acesso enteral. Assim mesmo deveria evitar-se a utilização de NPP quando existam necessidades energético/ protei-cas elevadas, necessidade de restrição de volume, um mau acesso venoso periférico ou se já existe colocada uma linha venosa central que tenha pos-sibilidade de dedicar uma via exclusiva à NP. As guias ESPEN [6] de 2009 segundo a patologia do paciente recomenda-se com grau A, a NP: Cirurgia: • A NP pré-operatória está indicada em pacientes com desnutrição grave que não podem ser adequadamente alimentados por via oral ou enteral. • A NP pós-operatória é benéfica em pacientes com desnutrição que não toleram ou não possam rece-ber nutrição enteral (NE). • A NP pós-operatória é benéfica em pacientes com complicações pós-operatórias que alteram a função digestiva e que não podem receber ou absorver quantidades adequadas de alimentação oral ou enteral durante ao menos 7 dias. • Nos pacientes que requerem nutrição pôs operató-ria é de primeira eleição a NE ou a combinação de NE e NP complementar. Gastroenterologia: Enfermidade inflamatória intestinal: • A NP não deve ser empregada como tratamento primário da enfermidade de Crohn. O repouso intestinal não tem demostrado ser mais eficaz que a nutrição via gastrointestinal. Hepatologia: • Começar a NP de forma imediata em pacientes com hepatite alcoólica moderada ou severamente malnutridos que não possam ser alimentados sufi-cientemente por via oral ou enteral. • Começar a NP de forma imediata em pacientes com cirrose hepática moderada ou severamente malnutridos que não possam ser alimentados sufi-cientemente por via oral ou enteral. • Em pacientes cirróticos, empregar precocemente NP pós-operatória se o paciente não pode ser nutrido suficientemente por via oral ou enteral. Pâncreas: • Na pancreatite aguda leve, a recuperação espontâ-nea da alimentação oral costuma ocorrer em 3-7 dias, e por tanto, não é necessário suporte nutricio-nal (nem NE nem NP) a não ser que exista má-nutrição prévia, ou quando se requer um período de jejum terapêutico maior de 5-7 dias. Nestes casos deveriam iniciar NE o mais cedo possível. Oncologia: • A NP não é efetiva e provavelmente é prejudicial naqueles pacientes em que não há razões para a insuficiência intestinal. A NP complementar está indicada quando com o suporte enteral não alcançamos ao menos 60% das necessidades do paciente. A NP Complementar é aquela que se utiliza conjun-tamente com a NE para corrigir o déficit de nutrientes. Está indicada quando com o suporte enteral não alcançamos ao menos 60% dos requerimentos do paciente e com ela devemos tentar cobrir pelo menos até o 80% dos mesmos, sendo ideal cobrir o 100%. Não há muitos ensaios clínicos que tenham estudado seu uso, mas o que se tem feito em pacientes 11 3 críticos utilizando a NP Complementar como preventiva ou corretiva dão resultados não conclusivos quanto a sua eficácia (Kutsogiannis et al 2011, Singer P et al 2011)25-27. A NP Hipocalórica é uma estratégia de alimentação abaixo das necessidades (geralmente 20 kcal/Kg/dia) com que se pretende alcançar benefícios mediante a modulação da resposta metabólica e a correção da hiperglicemia. Recentemente foi publicada uma meta-análise (Jiang H et al 2011) sobre este tipo de suporte nutricional em pacientes cirúrgicos na qual se conclui que podem ser reduzidas as complicações infecciosas e a estadia hospita-lar no pósoperatório destes pacientes28. 6 A NP hipocalórica tem como objetivo alcançar benefícios mediante a modulação da resposta metabólica e correção da hiperglicemia. Há estudos que demonstram que podem ser reduzidas as complicações infecciosas e a estadia hospitalar CONCLUSÕES • As fórmulas de NP aptas para via periférica ou para via central diferem essencialmente em sua osmolaridade. O limite de tolerância está em 900 mOsm/l. • A indicação da NP, tanto central como periférica depende de que não se possa usar a nutrição enteral ou de que esta não consiga cobrir adequadamente as necessidades nutricionais dos pacientes. • As limitações para o uso de NPP dependem da frequência de tromboflebite das vias periféricas que impede que possa administrar-se durante períodos prolongados e da situação clínica do paciente. Quando as necessidades proteicas são elevadas ou está limitado o fornecimento de líquidos intravenosos. • A NPP pode utilizar-se como complementar da nutrição enteral ou oral, no peri-operatório de cirurgia não complicada com desnutrição e em situações sem diagnóstico preciso. • A NPC é preferível, quando há de usar-se, em pacientes com pancreatite grave, em pacientes críticos e em pacientes com nutrição artificial domiciliar. 12 Nutrição parenteral central ou periférica 7 BIBLIOGRAFIA 1. García-de-Lorenzo, director. Diccionario LID. Metabolismo y Nutrición. 1ª ed. Madrid: LID Editorial Empresas, S.L; 2007. 16. García de Lorenzo A y cols. II Mesa de Trabajo Baxter-SENPE: Nutrición Parenteral Periférica. Nutr Hosp 2007; 22(2):141-4. 2. American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.) Task Force for the Revision of Safe Practices for Parenteral Nutrition. JPEN. J Parenter Enteral Nutr. 2004; 28 (6): S39-S70 17. Gura KM. Is still a role for peripheral parenteral nutrition?. JPEN 2009; 24 (6):709-717. 3. American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.) Board of Directors. A.S.P.E.N. Position Paper: Parenteral Nutrition Glutamine Supplementation. Nutrition in Clinical Practice 2011; 26 (4): 479 - 494 18. Pertkiewicz M et al. Basics in clinical nutrition: Parenteral nutrition, ways of delivering parenteral nutrition and peripheral nutrition (PPN). e-ESPEN, the European e-Journal of Clinical Nutrition and Metabolism (2009), doi:10.1016/j.eclnm.2009.01.006 4. Ficha técnica de Dipeptiven. Marzo 2011. 19. Cuenca Solanas M. Nutrición Parenteral Periférica. Guía de cuidado de vías. Fresenius-Kabi España, S.A. 2009 5. Philip C. Calder, Gordon L. Jensen, Berthold V. Koletzko, Pierre Singer, and Geert J. A. Wanten. Lipid emulsions in parenteral nutrition of intensive care patients: current thinking and future directions. Intensive Care Med. 2010 May; 36(5): 735–749. 20.Tighe MJ et al. Do heparyn, hydrocortisone, and glyceryl trinitrate influence thrombophlebitis Turing full intravenous nutrition via a Peripherals vein? JPEN, J Parenter Enteral Nutr 1995; Nov-Dec; 19(6): 507-9. 6. ESPEN Guidelines on Parenteral Nutrition. Clin Nutr 2009; 28. 21. Çökmez A et al. Effect of transdermal gryceryl trinitrate and antiinflamatory gel on infusión phlebitis. ANZ J Surg 2003; 73: 794796. 7. Geert JA Wanten and Philip C Calder. Immune modulation by parenteral lipid emulsions. Am J Clin Nutr 2007;85:1171– 841 8. Sharmila Dissanaike1, Marilyn Shelton2, Keir Warner2 and Grant E O'Keefe. The risk for bloodstream infections is associated with increased parenteral caloric intake in patients receiving parenteral nutrition. Crit Care. 2007; 11(5): R114. 9. Rubinson L, Diette GB, Song X, Brower RG, Krishnan JA. Low caloric intake is associated with nosocomial bloodstream infections in patients in the medical intensive care unit. Crit Care Med. 2004;32(2):350-7 10. American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.) Board of Directors. Guidelines for the use of parenteral and enteral nutrition in adult and pediatric patients. JPEN. J Parenter Enteral Nutr. 2002;26: 1 SA-138SA 11. Intravenous Nurses Society. Standard of practice. J Intraven Nur 1998; 21(15):535 12. Espina Martínez D et al. Mantenimiento de los accesos vasculares en la UCI. Rev Asoc Mex Med Crit y Ter Int 2008;22(4):236-240. 13. Gomis Muñoz P y Valero Zanuy MA. En: Gil A, director. Tratado de nutrición, tomo IV; Nutrición Parenteral. Madrid: Editorial Médica Panamericana S.A; 2010. p. 143-169. 14. Payne-James JJ et al. Firts choice for total parenteral nutrition: the peripheral route. JPEN 1993; 17(5):468-78. 15. Culebras JM et al. Peripheral parenteral nutrition. En: Parenteral Nutrition. Third ed. Rombeau and Rolandelli, editors. WB Saunders. 2000. Pp: 568-587. 22.Matsusue S et al. Preventive effect of simultaneously infused lipid emulsion against thrombophlebitis during postoperative peripheral parenteral nutrition. Surg Today 1995; 25(8): 667-71. 23.Idvall et al. Evidence for elective replacement of perpheral intravenous catheter to prevente thrombophlebitis: a systematic review. J Adv Nurs 2006; Sept; 55(6): 715-22. 24.Frías Soriano L, García Peris P. En: Planas M, coordinadora. Conceptos prácticos en nutrición enteral y parenteral; Indicaciones y contraindicaciones de la nutrición enteral y parenteral. BarcelonaMadrid: Ediciones Mayo S.A.; 2008. p: 53-56. 25.García de Lorenzo A y cols. III Mesa de Trabajo Baxter-SENPE: Nutrición parenteral complementaria en el paciente crítico. Nutr Hosp 2008; 23(3): 183-190. 26.Kutsogiannis J et al. Early use of supplemental parenteral nutrition in critically ill patients: results of an international multicenter observational study. 27.Singer P et al. The tight calorie control study (TICACOS): a prospective, randomized, controlled pilot study of nutritional support in critically ill patients. Intensive Care Med. 2011 Apr; 37(4):601-9. Epub 2011 Feb 22. 28.Jiang H et al. Efficacy of hipocaloric parenteral nutrition for surgical patients: A systematic review and meta-analysis. Clin Nutr 2011; 30:730-737. 13 SmofKabiven ® 2131 ED.: 05/12 Abrir, misturar, nutrir e tratar Fresenius Kabi Brasil Ltda. CNPJ: 49.324.221/0001-04 Av. Marginal Progetada, 1652 CEP 06460-200 Fazenda Tamboré Barueri SP Tel: 11 2504.1400 SAC 0800 707 3855 www.fresenius-kabi.com.br