INDISCIPLINA EM SALA DE AULA: FATORES DETERMINANTES

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INDISCIPLINA EM SALA DE AULA: FATORES DETERMINANTES
Vinícius Lopes Salvi1 - UNOPAR
Irene Lopes Salvi2 - UNOPAR
Okçana Battini3 - UNOPAR
Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
A indisciplina em sala de aula apresenta-se como um grande problema no contexto escolar.
Neste sentido este artigo apresenta uma investigação sobre os fatores que determinam a
autoridade do professor em sala de aula e seus impactos na indisciplina no espaço escolar.
Para isto, buscou-se num primeiro momento compreender a questão da autoridade e sua
relação com a indisciplina no ambiente escolar utilizando para esta compreensão conceitos de
vários autores, entre eles Novais (2004a), Aquino (2003), Galland (2010) e Morais (2001),
que apresentam discutem a autoridade do professor e a indisciplina em sala de aula. A
pesquisa foi realizada através um estudo de caso, que segundo Lakatos e Marconi (2002,
p.83) tem como escopo buscar informações acerca de um problema, com a finalidade novas
descobertas e ou se existem relação entre os eventos. A pesquisa foi realizada em uma
instituição de ensino superior de Arapongas com 58 formandos do Curso de Administração. A
abordagem centra-se em uma leitura quantitativa, utilizando como instrumento de coleta de
dados um questionário semiestruturado. E concluiu-se após a coleta e análise dos dados, os
fatores determinantes da indisciplina em sala de aula estão centrados no professor, apontandose estes podem reduzir a indisciplina em sala de aula a medida que utilizem aulas dinâmicas,
se posicionem enquanto autoridade no ambiente de ensino aprendizagem e coíbam os
indisciplinas com punição. Foi apontado também que a autoridade do professor é conquistada
pelo domínio do conteúdo. Boa entonação de voz e principalmente por atitudes que controlem
a indisciplina em sala de aula, como a punição dos alunos que não seguem as regras
preestabelecidas no ambiente de aprendizagem.
Palavras Chaves: Indisciplina. Fatores. Docente. Postura
1
Mestrando do Curso de Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias – Universidade Norte
do Paraná – UNOPAR. Bolsista do Programa de Mestrado da UNOPAR. E-mail: [email protected].
2
Mestranda do Curso de Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias – Universidade Norte
do Paraná – UNOPAR. Professora no Curso de Administração da UNOPAR-Arapongas-Pr. Pesquisadora no
Projeto Professor seu lugar é aqui _ PROFAQUI – UNOPAR. E-mail: [email protected]
3
Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Professora do Programa de Mestrado em
Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias. Email: [email protected]
ISSN 2176-1396
25480
Introdução
A indisciplina em sala de aula é um tema estudado e discutido nos meios acadêmicos,
devido a sua influencia no processo de ensino aprendizagem. A relevância desses estudos está
relacionada com o contexto socioeducacional, visto que hoje em dia, uma parcela dos alunos
encontram-se desmotivadas em virtude dos processos de ensino aprendizagem adotados pelos
professores em sala de aula e estes, na maioria das vezes, ignoram a presença do professor e
consequentemente existe uma falta de interesse pelo assunto proposto, interferindo nos
trabalhos desenvolvidos em sala de aula. Podemos levantar aqui a questão da indisciplina que
é consequência desses processos.
A indisciplina4 em sala de aula esta presente nas falas dos professores nos horários de
intervalo entre uma aula e outra. Evidencia-se nas falas que esta interfere no processo de
ensino-aprendizagem e prejudicam a explanação do conteúdo a ser ministrado. Um dos
aspectos que impulsionaram essa transformação dentro dos processos educativos, foi o acesso
as tecnologias da informação e comunicação. O acesso rápido a informação através dos meios
de comunicação colaborou para uma transformação social, de valores e cultural da sociedade
que afeta diretamente o cotidiano das famílias e, por conseguinte a escola. Para Aquino (1999,
p.25) no século XX o conhecimento deu um salto expressivo, no entanto o saber perdeu seu
grau de importância, bem como a valorização do professor enquanto detentor do
conhecimento.
Neste contexto, na maioria das vezes, apresentam-se uma relação de conflito entre os
envolvidos no processo de ensino, o aluno que não consegue perceber a importância do
conhecimento transmitido pelo professor, tendo muitas vezes assim aversão ao professor e a
disciplina e de outro lado o professor que não consegue desenvolver metodologias
motivadoras para os alunos.
É importante relatar que problemas de indisciplina e falta de interesse em aprender,
não ocorrem somente no ensino fundamental e médio. Percebemos essa questão também se
faz presente nas instituições de ensino superior. Nesse sentido, partimos do pressuposto que o
aluno do ensino superior tem um maior interesse em aprender, pois está estudando em um
4
A indisciplina tem sido pesquisada por profissionais de diferentes campos do conhecimento, entre eles
psicólogos, psicanalistas, sociólogos, filósofos e pedagogos. No livro Indisciplina na escola: alternativas
Teóricas e Práticas, Julio Groppa Aquino (1996) busca reunir múltiplas abordagens teóricas para uma reflexão
das possíveis alternativas de compreensão e controle da indisciplina na escola. Tendo como foco “analisar a
indisciplina escolar sob diferentes ângulos, facultando-lhe maiores densidade e complexidade do ponto de vista
teórico, e abandonando o espontaneísmo com o que geralmente é processada cotidianamente.” (AQUINO, 1996,
p.8)
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curso de sua escolha e se preparando para o mercado de trabalho. Mas, percebemos que essa
questão, muitas vezes não acontece, visto nossa experiência profissional nesse segmento de
ensino.
Baseado neste contexto e nas discussões realizadas na disciplina Gestão em Sala de
Aula, do curso de Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas
Tecnologias buscou compreender quais eram os elementos que levavam os alunos do oitavo
período (alunos formandos) do Curso de Administração de uma Universidade privada no
norte do Paraná, a se motivarem ou não para a aprendizagem, frente à questão indisciplina e
da autoridade do professor em sala de aula.
Indisciplina em sala de aula
A relação entre professor e aluno sempre teve suas fronteiras bem delimitadas no
contexto da escola tradicional. Esses personagens sempre foram bem definidos, de forma que
o professor era o personagem central da sala de aula, usando dos seus conhecimentos e
autoridade, sobrando pouco espaço para os alunos. O ensino esta centrado no professor onde o
aluno aprende através de disciplinas externas. Saviane (2001, p.41) recomenda que o papel de
garantir a aprendizagem do aluno, independente do interesse do aluno é do professor.
A questão do poder e autoridade permeiam todas as esferas da sociedade e tomam
cada vez mais proporção no contexto educacional, tendo em vista a relação social entre aluno
e professor e a importância do processo educativo na sociedade do conhecimento. Batista
(2011) relata que nas relações de poder o papel de oprimido e opressor mudam
constantemente. Na escola se evidencia que o poder transita entre alunos e professores. Os
alunos confrontam, reagem, resistem ao poder e a autoridade do professor.
Segundo Novais (2004a) a questão da autoridade emerge no discurso daqueles que
estão envolvidos no contexto educacional e está intimamente vinculada à (in)disciplina. Nesse
contexto, surge a imagem de uma autoridade punitiva, capaz de corrigir ou evitar a
indisciplina. “Tomar a indisciplina e outros comportamentos inadequados como fenômenos
complexos ditados pelos novos tempos pedagógicos significa conceber a relação professoraluno como necessariamente conflitiva”. (AQUINO, 2003).
Novais (2004a apud LA TAILLE, 1999, p.11), afirma que autoridade é tudo que faz
com que as pessoas obedeçam, portanto existiria uma questão de autoridade no espaço da sala
de aula. Nesse sentido é importância frisar que, apesar de ser uma forma de poder, a
autoridade não se deve ser confundida com autoritarismo, ou seja, seu uso abusivo, pois ao se
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fazer obedecer por intermédio de castigos, punições, advertências, notas baixas e ameaças de
reprovação, o professor consegue uma obediência que não será legitimada por seus
subordinados, os alunos.
No entanto segundo Gomes (2009, p.239) a definição de um conjunto de regras e a
exigência de seu cumprimento é imprescindível na educação escolar.
Através de
regulamentos pré-estabelecidos os alunos adquirem valores, crenças, hábitos e atitudes que
nortearam seu convívio social. Assim, pressupõe-se que o professor ao exigir que se cumpra o
contrato social, conjunto de regras, exerça sua autoridade.
Nesse sentido, Furlani (2000) aponta que a autoridade pode exercer diferentes papéis,
sendo caracterizada de três formas: a autoridade sustentada pela posição hierárquica, aqui a
autoridade está consolidada pelas leis normativas que regem a instituição e organização
escolar; a autoridade sustentada como produto da relação professor-aluno, que é construída
pelos dois lados, aluno e professor; e a autoridade não sustentada, onde há o abandono do
exercício do poder. Neste caso recusa-se qualquer tipo de autoridade.
E importante destacar que segundo Garcia (1999, p.105) “existem vários fatores que
contribuem para a indisciplina, cada um com seu grau de importância”. Os casos de
indisciplina, ainda que envolve um único aluno, na maioria das ocorrências têm origem em
várias causas distintas e complexas, como exemplo falta de interesse no conteúdo ministrado,
metodologias inadequadas, influência de outros alunos que estão desinteressados e acabam
induzindo a outros a indisciplina, entre outros. A combinação dessas causas é característica
da indisciplina e deve ser considerada, para que possamos compreendê-la e estabelecer
soluções efetivas.
Com base nesta perspectiva, a disciplina passa a ter um papel essencial para o
processo de ensino aprendizagem, pois funciona como um dispositivo a ser utilizado pelo
professor com o objetivo de assegurar os limites individuais e o controle dos impulsos de seus
alunos, garantindo assim a ordem, a continuidade e o respeito à vida social. (NOVAIS,
2004b)
Assim a disciplina em sala de aula se apresenta como condição para o processo de
ensino aprendizagem de qualidade, tanto para o professor como aluno. O professor ao utilizar
de autoridade em sala de aula esta preparando o aluno para a vida em sociedade. A sociedade
é constituída por um conjunto de regras e regulamentos ao quais os indivíduos devem seguir.
(MORAIS, 2001). Compete aos professores mostrar o contexto social em que o aluno esta
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inserido trazendo-os mais próximo da realidade. E esta competência se efetiva através da
gestão efetiva da sala de aula.
A atuação do professor em sala de aula tem sido alvo de constantes estudos por parte
dos pesquisadores da área educacional, tendo em vista a necessidade de buscar respostas para
os constantes desafios encontrados dentro das instituições de ensino, de qualquer natureza.
Neste sentido, Galland (2010, p.81) relata que na contemporaneidade a democracia esta
presente na sociedade, contestando-se que se aplique o sistema controlador na escola, sendo
este repudiado por muitas pessoas.
Neste contexto é difícil a manutenção da imagem
autoritária do professor, uma vez que, historicamente o conhecimento estava centrado quase
que exclusivamente dos ensinamentos do professor. Com a disseminação das tecnologias e
propagação da informação, muitas vezes, existe uma tentativa de “igualar” professores e
alunos, sendo que a informação está disponível para todos, ao mesmo tempo. Aqui o
professor passa a ser visto como um ser mais “mortal” reconhecendo fraquezas, incertezas e
medos.
Pereira (2009, p.22) reafirma a redução nas diferenças entre os sujeitos envolvidos no
processo de ensino aprendizagem a medida que professores e alunos são colocados na mesma
condição, citando como exemplo as nomenclaturas utilizadas para o professor, cita-se como
exemplo, “orientadores”, “facilitadores”, “instrutores”, “tutores”, “mediadores”, e que estes
termos tem como premissa docilizar uma diferença entre mestre e não mestre.
Segundo Vasconcellos (2015), os educadores têm enfrentado grandes desafios em
relação à indisciplina em sala de aula, seja ela no ensino público ou particular, na educação
básica ou no ensino superior. Segundo o autor este problema não existe apenas no Brasil, mas
ocorre também em vários outros pontos do mundo, como França e Japão.
Garcia (1999) defende que exista uma diretriz disciplinar que combine
encaminhamentos preventivos e interventivos, na forma de práticas de sala de aula, tendo por
complemento disposições disciplinares de base mais ampla, relativas às instituições de ensino
como um todo, e que sejam conhecidas e reiteradas pelos diversos profissionais envolvidos
no processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, torna-se necessário, que os professores
desenvolvam e conquistem maior autonomia para lidar com a indisciplina de sala de aula,
possibilitando um processo de interação entre professor, alunos e conteúdo.
Ao encontro dessa discussão Coll e Solé, (1996) apontam dois fatores importantes
para interação em sala de aula. Primeiro que o aluno e professores construam o conjunto de
regras a serem seguidos na disciplina, onde sejam definidos os direitos e obrigações de cada
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sujeito envolvido no processo de ensino aprendizagem. Segundo a estrutura de conteúdos a
serem trabalhados em sala de aula.
Isso não é uma tarefa fácil, já que requer do professor o conhecimento da turma, e
depende de adequações em seus métodos e estratégias de ensino. É, portanto, uma
competência que se desenvolve diariamente e requer uma observação e um aprimoramento
dessas estratégias, construídas durante seu caminhar profissional.
A práxis pedagógica exige do professor uma gama maior de conhecimentos e
competências que comprovem seu domínio do conhecimento ministrado, bem como da
prática docente.
Para que isso se confirme se faz necessário que o professor reflita e
investigue e possa assim integrar a prática pedagógica aos conhecimentos disciplinares, no
intuito de propiciar um trabalho colaborativo entre os sujeitos envolvidos e assim
potencializar o processo de ensino-aprendizagem. (VENTURA, CONCEIÇÃO E NEVES,
LOUREIRO, 2011)
Desta forma, neste novo contexto educacional o educador passou a ter novos desafios,
que vão além do conhecimento pedagógico e científico, tornando-se gestor da sala de aula.
Para Frank e Fellicetti (2012) o papel do professor, de mero transmissor de conhecimentos,
precisou se adaptar ao novo contexto social. O professor passou a se um gestor de sala de
aula, organizador do processo de ensino aprendizagem e para isso se efetive se faz necessário
um conjunto de competências e habilidades além dos conhecimentos inerentes a matéria que
leciona. Assim, se faz necessário que ele saiba conduzir a sala de aula, motivando os alunos
a comportamentos positivo no espaço de aprendizagem.
Baseado nesse perfil de gestor de sala e aula, segundo Candau (1983) o professor
necessita dominar três dimensões existentes no processo de ensino aprendizagem: a
dimensões: humana, a dimensão técnica e a dimensão ideológica. Na dimensão humana a
abordagem esta pautada numa perspectiva subjetiva, com foco no indivíduo e tem como base
o afeto, onde o relacionamento interpessoal, professor e aluno, esta no centro do processo de
ensino-aprendizagem. A dimensão técnica, esta dissociada das questões político-sociais e
ideológicas se configura como instrumental, sendo objetiva e racional, o processo de ensinoaprendizagem é objetivo e racional, apresenta-se como uma ação intencional e sistemática
com objetivo de aprendizagem. Já na dimensão política ocorre no processo de aprendizagem
como um todo. Ela está presente nas práticas pedagógicas, independem da vontade dos
sujeitos envolvidos.
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Compreendendo que o processo de ensino aprendizagem (que envolve dentre outros
elementos a relação professor aluno) parte do domínio dessas dimensões, torna-se necessário
trazer para o centro do processo de aprendizagem a relação interpessoal, organizando e
sistematizando as práticas pedagógicas e os conteúdos a serem desenvolvidos, tendo como
pano de fundo a dimensão política. (VENTURA, CONCEIÇÃO E NEVES, LOUREIRO,
2011).
Imbernón (2000, p.15) considera necessário também que os professores levem os
alunos à aprendizagens relacionadas ao relacionamento, convivência, cultura, interação com o
grupo, com seus semelhantes e com a comunidade. A formação do docente deve ir além de
uma "mera atualização científica, pedagógica e didática e se transforme na possibilidade de
criar espaços de participação, reflexão e formação", possibilitando a aprendizagem e a
adaptação às transformações e incertezas vivenciadas na sociedade.
Na atuação de docente, o professor será exposto a várias situações conflitantes e
desafiadoras, que sua experiência pedagógica ou mesmo sua capacidade técnica não serão
suficientes. Nóvoa (1997) aponta que nessas situações os professores serão obrigados a
enfrentar esses desafios utilizando a capacidade de autodesenvolvimento, onde o professor
deve estar refletindo sobre a efetividade de suas práticas pedagógicas. A formação do
professor está pautada na reflexidade crítica sobre a sua prática em sala de aula,
proporcionando a este os meios para um pensamento autónomo e que facilite a sua
autoformarão.
Santos Júnior (2015) em seu estudo aponta para a necessidade do professor apresentar
posturas e práticas pedagógicas voltadas para além da transferências de técnicas e conteúdos.
A sala de aula deve se constituir em um espaço de discussões e reflexão crítica, respeitando-se
a diversidade e possibilitando ao aluno desenvolver suas potencialidades humanas de forma
crítica e consciente.
Nesse sentido, entendemos que a questão do trabalho e da formação desse professor,
enquanto for restrita as “injunções do exterior, serão bem pobres as mudanças que terão lugar
no interior do campo profissional docente”.). Neste sentido, Nóvoa (2009, p.7) propõe novas
formas de organização da profissão, já que o “discurso torna-se irrealizável se a profissão
continuar marcada por fortes tradições individualista ou por rígidas regulações externas,
designadamente burocráticas, que se têm acentuado nos últimos anos”.
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Metodologia e Discussões
Tendo esse contexto como pano de fundo, buscamos compreender, sob a ótica de 58
alunos do 8º semestre do Curso de Administração de uma Universidade Privada na cidade de
Arapongas, quais os fatores que determinam a autoridade do professor em sala de aula e seus
impactos na indisciplina em sala de aula. Nossa pesquisa foi baseada em um estudo de caso,
que conforme Lakatos e Marconi (2002, p.83) é um estudo que tem como objetivo buscar
informações acerca de um problema, no intuito de descobrir novos fenômenos e ou as
relações entre estes eventos. A abordagem centra-se em uma leitura quantitativa, utilizando
como instrumento de coleta de dados um questionário semiestruturado.
Pirola (2009) aponta que um dos problemas mais evidentes [...] foi o gradativo
aumento de indisciplina nas instituições de ensino, o que trouxe sérias consequências, entre
elas o próprio fracasso na aprendizagem dos alunos, o que vem a confirmar os apontamentos
relacionando a indisciplina e a queda na aprendizagem dos alunos
Ao analisar a fala dos 58 entrevistados pode-se perceber que 20,68% dos alunos
apontam que existe uma diferença no processo de aprendizado, motivação e disciplina quando
o professor tem uma postura e dinamicidade em sala de aula. Segundo os alunos quando o
professor apresenta o conteúdo, quando realizada com atividades mais dinâmicas e uma
abordagem moderna, é o ponto de partida para uma boa aula.
Rosito (2003) confirma o resultado apontado pelos alunos, afirmando que as aulas
práticas e dinâmicas, contextualizadas, em que o professor utiliza várias metrologias,
estimulam os alunos o interesse. Assim a utilização de aulas dinamizadas pelos professores
seria um dos fatores apontados pelos acadêmicos como forma de redução do índice de
indisciplina em sala de aula.
Segundo Masetto (2003) cabe ao professor decidir estrategicamente a melhor
metodologia a ser utilizadas para facilitar a aprendizagem dos alunos. Neste sentido, é
apresenta-se como papel do professor a condução de táticas metodológicas que possam
prender a atenção dos alunos e consequentemente reduzir a indisciplina no ambiente escolar.
Outra questão levantada pelos alunos é sobre as atitudes que o professor deve tomar
para conduzir os alunos em sala de aula. 46,55% dos alunos enfatizaram que o professor tem
papel fundamental para manutenção da autoridade em sala de aula, sendo que essa postura
frente a turma faz com que a ordem se mantenha no decorrer da explanação e/ou da atividade
desenvolvida.
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Para Morais (2001) o professor tem o poder de determinar as ações dos alunos, seu
poder é real, está vinculado ao cargo que exerce na escola, legitimado de geração a geração,
onde o professor é a pessoa que no ambiente escolar tem o direito de exercer a autoridade. As
normas adotadas pelo docente devem ser acatadas pelos discente de forma democrática.
No que diz respeito a indisciplina, 55,17% dos alunos apontam que o professor precisa
se posicionar frente indisciplina em sala de aula. Os alunos entrevistados atribuem às atitudes
do professor a responsabilidade pelo desempenho e pela ausência de interesse do aluno nas
aulas. Pode-se observar que os alunos se eximem da culpa pela indisciplina e o professor na
percepção dos alunos é que tem o papel de estabelecer a ordem no dentro da sala de aula.
Um dado interessante apontado na pesquisa é a questão da necessidade de penalidades,
dentro do ambiente Universitário para os alunos indisciplinados. Galland (2010, p.12) relata
que as mudanças na educação permitem práticas pedagógicas inovadoras e democráticas. No
entanto foram disseminados conceitos errôneos sobre a postura e autoridade do professor.
Ideias que desprezam a real necessidade de regras e limites para a concretização das práticas
pedagógicas.
Ainda segundo o autor, a autoridade não tem relação com o uso da força e violência.
Ela está relacionada a respeito aos pares e as regras devem estar presente no ambiente de
aprendizagem de forma que o aluno perceba o sentido das normas e sua importância para o
processo de ensino-aprendizagem. (GALLAND, 2010)
E o papel de fazer com que as normas sejam compridas é do professor. Arendt apud
Novais (2004b), diz que a autoridade é tudo que faz com que as pessoas obedeçam. Assim, na
instituição escolar, uma pessoa, investida da função de professor, adquire o poder de
determinar as ações dos alunos, que legitimam esse poder, pois trazem de casa, ou adquire
rapidamente, a imagem do professor como autoridade. Porém, o modo como o professor
exerce a sua autoridade em sala - se de forma autoritária ou liberal (DAVIS e LUNA, 1991;
GUZZONI, 1995; ARAÚJO, 1999; SETTON, 1999; FURLANI, 2000) é vital para o
estabelecimento (ou não) de uma situação de disciplina em sua turma.
Uma questão importante a ser levantada é que existe uma mudança no perfil do
comportamento dos alunos dentro da sala de aula nos últimos anos. Podemos elencar que
essas transformações estão relacionadas às novas condições sociais e as novas tecnologias que
impuseram novas linguagens e novas atitudes para todos os sujeitos. Para Castells (1999), a
sociedade em que vivemos é considerada uma sociedade em rede, não havendo limites de
onde a informação pode chegar. Lemos (2002) aborda essa questão, extrapolando o conceito
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de rede, apontando que essa sociedade vive na era das conexões, reafirmando a intensidade e
agilidade das mudanças sociais, culturais e comunicacionais, e que a partir destes conceitos,
torna-se necessário um novo olhar para os recursos pedagógicos utilizados em sala de aula.
Essas mudanças impactaram o setor de educação. Os professores se viram obrigados a
gerir a falta de interesse dos alunos e os conflitos são oriundos dessa relação. Esses conflitos,
na visão dos alunos entrevistados, causam atritos entre os envolvidos no processo de ensino e
aprendizagem. Na visão dos alunos é importante que o professor tenha posicionamento
perante a turma.
Ainda sobre o que o aluno espera do professor, 55,17% % apontam que o professor se
posicione frente a comportamentos inadequados no ambiente da sala de aula. Uma questão
interessante que foi apontada por 15,51% dos alunos foi a entonação de voz. Para eles essa
postura é considerada como uma forma de demonstrar firmeza na exposição dos conteúdos e
na condução da sala de aula.
Podemos analisar nessas falas que os alunos deixam explicito que não esperam que o
professor seja bonzinho, companheiro. Eles apontam a necessidade dos professores buscam a
ação, atitude, que exerçam sua autoridade para acabar com a indisciplina. No entanto, esta
autoridade deve ser equilibrada, ou seja, que o professor não perca o controle com atitudes
que não condizem com seu papel em sala de aula. A autoridade advém da segurança com que
o professor transmite o conteúdo e não com atitudes que demonstrem sua falta de controle da
turma.
Segundo Najle e Fiamenghi Júnior (2007) os professores encontram muita dificuldade
na profissão, os alunos apresentam-se desmotivados para o aprendizado, alguns vêm para a
sala de aula para conversar com colegas, ouvir musicas navegar na internet. Essa falta de
interesse e indisciplina muitas vezes conduz o professor a perda do equilíbrio.
Uma questão interessante apontada por 48,27% dos alunos é o que Nidelcoff (1993),
apresenta como as características do professor “policial”: aquele que buscam a disciplina dos
alunos através da aplicação de punições. Pode-se constatar que a autoridade do professor,
segundo os alunos, está na maioria das vezes relacionada ao controle através de punição. Aqui
a autoridade deve ser exercida com rigidez, colocar o aluno para fora da sala de aula,
descontar notas dos alunos que não participam das aulas.
Para Novais (2004a), ao estabelecer a relação professor-aluno no meio da punição, o
professor pode conduzir o aluno a três tipos de reações. A primeira reação onde o aluno
punido calcula os riscos envolvidos na ação e apresenta o mesmo comportamento. A segunda
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reação é a conformidade com a situação, onde o aluno obedece cegamente às ordens impostas
pelo professor. A terceira possibilidade é a revolta dos alunos as regras pré-estabelecidas
gerando indisciplina em sala de aula.
Portanto, de acordo com os apontamentos dos alunos, punir e ser punido supõe que os
alunos reconhecem o professor como uma autoridade que detém o poder para repreender e
impor sanções, e estas atitudes do professor demonstram autoridade e objetivam alterar o
comportamento dos alunos. Um ponto essencial para que o professor possa utilizar da
autoridade é o contrato estabelecido no inicio da disciplina. As normas e regulamentos para o
desenvolvimento da disciplina devem ser esclarecidos aos discentes no inicio do processo de
trabalho e aos que não atenderem o que é pré-estabelecido deverão sofrer as sanções
necessárias. Assim, o aluno espera que o professor tenha atitude de punir os “infratores”.
Através da pesquisa podemos perceber o conflito existente na sala de aula e a
necessidade eminente do professor coibir comportamentos de indisciplina no espaço de
aprendizagem. A pesquisa aponta que a indisciplina continua sendo um grande gerador de
conflitos e exige a atenção do professor no controle de tal situação.
Os dados apontam que na percepção de 20,68% dos alunos concluintes do curso de
Administração de uma instituição de nível superior de Arapongas, no Paraná, a dinamicidade
do professor na apresentação dos conteúdos em sala de aula e a utilização de metodologias
modernas constituem-se fatores que colaboram para redução da indisciplina em sala de aula.
Rosito (2003) afirma que aulas dinâmicas e contextualizadas estimulam o interesse do aluno
no conteúdo apresentado.
Também foi assinalado por 46,55% dos alunos como fator determinante que o
professor é responsável pela manutenção da autoridade em sala de aula. Morais (2001) diz
que é papel do professor é autoridade máxima no ambiente escolar cabendo a eles a definição
de regras no intuito de reduzir a indisciplina em sala de aula. Arendt apud Novais (2004a,
p.17), o modo como o professor exerce a sua autoridade em sala de aula é vital para o
estabelecimento (ou não) de uma situação de disciplina em sua turma. Morais (2001) salienta
que as normas estabelecidas pelo docente no uso de sua autoridade devem ser acatadas pelos
alunos de forma voluntária
Outro ponto destacado por 55,17% dos alunos foi a postura do professor frente a
indisciplina em sala de aula. Na percepção dos acadêmicos a responsabilidade pelo controle
da indisciplina em sala é do professor. Observa-se que estes se eximem do processo.
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A entonação da voz apresentou-se como fator importante na condução da sala, 15,51%
dos alunos considera a altura da voz pode conduzir o aluno a prestar atenção ao conteúdo ou
não. Esta demonstra firmeza na exposição dos conteúdos e consequentemente através da
entonação da voz o professor pode explicitar sua autoridade e conduzir os alunos a disciplina
em sala de aula.
A necessidade de penalidade aos alunos indisciplinados foi apontada por 48,27% dos
entrevistados como sendo fator determinante para disciplinar os alunos que não atendem as
regras pré-estabelecida pelos professores. Ponto este, que chamou a nossa atenção, uma vez
que nesta perspectiva os alunos esperam que a autoridade deva ser exercida com cunho
punitivo, onde este coloque o aluno infrator para fora da sala de aula e ou desconte nota pelos
atos de indisciplina. Para Galland (2010, p.12), a autoridade esta dissociada do uso da
violência e sim ao respeito aos alunos.
Considerações Finais
Podemos concluir com esta pesquisa que o professor, na percepção dos entrevistados,
tem papel de suma importante para coibir a indisciplina presente no ambiente de
aprendizagem. Cabe destacar que a questão do autoritarismo na relação entre docentes e
discentes precisa de muitos estudos ainda para apontar um caminho que mostrará uma
resposta aos problemas de indisciplina em sala de aula.
Aqui podemos perceber o conflito existente na sala de aula e a necessidade eminente
do professor coibir comportamentos de indisciplina no espaço de aprendizagem. A pesquisa
aponta que a indisciplina continua sendo um grande gerador de conflitos e exige a atenção do
professor no controle de tal situação.
A autoridade do professor é legitimada pela sociedade, sendo passada de geração para
geração. Nesse sentido o professor tem direito de exercer a autoridade. Para Morais (2001) as
regras adotadas pelo docente através da autoridade devem ser aceitas pelo discente e não
impostas. Um professor gestor da sala de aula, deve ter um papel de liderança, estabelecendo
a tentativa de um diálogo entre os atores envolvidos no processo de aprendizagem, para que a
autoridade seja aceita.
Para Novais (2004a), ao estabelecer a relação professor-aluno no meio da punição, o
professor pode conduzir o aluno a três tipos de reações. A primeira reação onde o aluno
punido calcula os riscos envolvidos na ação e apresenta o mesmo comportamento. A segunda
reação é a conformidade com a situação, onde o aluno obedece cegamente às ordens impostas
25491
pelo professor. A terceira possibilidade é a revolta dos alunos as regras pré-estabelecidas
gerando indisciplina em sala de aula.
Pode-se observar através dos relatos que os alunos percebem claramente a indisciplina
em sala de aula e o quanto esta interfere no processo de ensino aprendizagem. Evidencia-se
também nas falas dos discentes que os alunos esperam que os professores estabeleçam regras
de condutas e comportamentos em sala de aula e que os infratores sejam punidos: “colocar
para fora da sala de aula... punir os alunos... descontar nota... ser rígido”.
Mas percebemos, através da visão dos alunos sobre a autoridade do professor, que o
mesmo precisa utiliza-la de forma mais incisiva, chegando a tirar os alunos indisciplinados da
sala de aula. A clareza das regras foi um dos fatores destacados pelos alunos como fator
primordial, pois uma vez que os alunos conheçam as normas devem segui-las e os que não as
compram deverão ser punidos com redução de notas, colocados para fora da sala, entre
outros. Evidenciou-se que a atitude do professor faz com que este tenha autoridade ou não
em sala de aula, a medida que tenham posturas como gritar, ou bater no quadro com força,
acabam perdendo o respeito e autoridade do aluno.
A questão da indisciplina em sala de aula denota a questão da perda da autoridade do
professor em sala de aula, o qual foi apontado na discussão teórica realizada na pesquisa, os
alunos entrevistados demonstrar em suas falas que o professor precisa retomar sua autoridade,
eles demonstrar sentimento de falta da postura autoritária do professor para conduzir as aulas
de maneira mais produtiva.
Importante destacar que a questão do autoritarismo na relação entre docentes e
discentes precisa de muitos estudos ainda para apontar um caminho que mostrará uma
resposta aos problemas de indisciplina em sala de aula.
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