OS DESAFIOS ENCONTRADOS PELA ESCOLA PÚBLICA ATUAL A educação brasileira atravessou muitas mudanças nas décadas anteriores e ainda se submete a outras alterações estabelecidas pelo sistema. As escolas públicas atuais não se guiam mais pelo único objetivo de ensinar: as instituições também passaram a assumir o papel de educar as crianças. Muitas famílias não educam seus filhos e isso leva a escola executar um duplo papel, o qual compreende o ensino e a educação das crianças. De fato, a responsabilidade pela educação dos filhos sempre foi das famílias, porém estas passaram a se isentar da obrigação e a lançaram para a escola. A preocupação que sempre foi mantida pela educação foi com a melhoria do ensino, ou seja, o oferecimento de um ensino de qualidade aos alunos. Com a adição da função educativa, o cumprimento desta meta ficou comprometido, mas as escolas tentam alcançar o sucesso no exercício das duas atividades. A educação que não é transmitida aos filhos em seus lares interfere diretamente na sala de aula sob a forma de indisciplina. O professor prepara a sua aula com dedicação para favorecer a aprendizagem dos alunos, mas o problema situado na indisciplina atrapalha esse desenvolvimento já que esta possui a capacidade de desviar as crianças da abordagem que se encontra em apresentação. A indisciplina prejudica o bom andamento das aulas e a aprendizagem, pois leva as professoras a interromper sua aula sucessivas vezes para chamar a atenção do aluno disperso. A origem do fenômeno é proveniente da ausência da educação oferecida em casa pela família. A desestrutura concentrada em algumas famílias ajuda no descaso para com a educação dos filhos e chega a distanciar os anseios destas para com os alunos. Os pais não sonham mais com a formação adequada dos filhos para se tornarem bons profissionais e não se preocupam com a aprendizagem das crianças em virtude de questões financeiras. As famílias entendem que a freqüência dos filhos constitui critério essencial para a manutenção do recebimento do beneficio do governo e esse é o principal motivo da existência da assiduidade dos alunos a escola. Ainda existem famílias que observam o espaço escolar como “creche” e os professores como “cuidadores” de seus filhos, pois precisam trabalhar e não tem lugar para deixar as crianças. Olga Pombo(2005, p.6-7) vem contribuir com a discussão quando afirma que a interpretação moderna da idéia de libertação da criança vem ao encontro das transformações econômicas e sociais da nossa vida de adulto porque com a saída da mãe para o trabalho no século XX, a casa fica vazia. A solução consistiu em pedir à escola que não apenas ensine as nossas crianças, mas que as guarde durante largos períodos de tempo em que pai e mãe vão trabalhar. Há famílias também que matriculam seus filhos para ficar um turno “disponível” longe deles em virtude do trabalho que o cuidado para com as crianças exige. As escolas tentam se adaptar a situação que a realidade colocou ajudando os professores em sala de aula na execução da dupla função, mas a tarefa não tem sido nada fácil. As famílias precisam colaborar com a escola, acompanhar seus filhos, educá-los e conscientizar-se de que a função da escola está exclusivamente vinculada ao ensino. Muitos professores da rede pública de ensino são cobrados constantemente pelos pais em relação à aprendizagem dos filhos que não corresponde ao nível esperado pelas famílias. Os docentes justificam afirmando que a indisciplina atrapalha muito o desenvolvimento do processo, mas os pais não acreditam e acabam por culpar o professor dizendo que ele não sabe ou não executa bem a sua prática de ensino. Assim, famílias desse perfil passam a inferiorizar o professor e a escola pública conferindo o rótulo de ruim ou até pior ao ensino oferecido por ambos e enaltecendo a qualidade de ensino das instituições privadas de ensino. De fato, há bons e maus professores, mas a denúncia referente a uma prática ineficaz de ensino em uma escola pública termina atingindo toda a classe docente que passa a ficar desmotivada, sem perspectivas e esperanças diante da realidade. Esse problema é grave, pois pode afastar o sonho dos estudantes de seguir a carreira do magistério e pode fazer com que os próprios professores que atuam em sala de aula migrem para outras áreas devido ao descontentamento com a situação que se insere na educação atual. É preciso mudar a visão das famílias sobre a escola, valorizar o ensino público, oferecer orientação e acompanhamento nas tarefas extraclasses das crianças em casa, participar da vida escolar do filho e verificar, com o professor, os problemas que ocorrem em sala de aula capazes de impedir o avanço dos alunos. As reuniões de pais e mestres organizadas pelas escolas constituem uma importante medida nesse sentido, pois aproxima as famílias da situação que se manifesta em sala de aula e as convoca ao auxilio na resolução dos problemas evidenciados. O contato entre as famílias também favorece muito o esclarecimento sobre as questões e evita o levantamento de equívocos. REFERÊNCIAS: POMBO, O. O Insuportável Brilho da Escola, in Alain Renaut et alli, Direitos e Responsabilidades na Gulbenkian, Lisboa,2005. Sociedade Educativa, Fundação Calouste