A PERCEPÇÃO DO EDUCADOR EM RELAÇÃO À PRÁTICA EDUCATIVA AFETA A APRENDIZAGEM DO DISCENTE?1 (2012) MELLO, Paloma2; PRADO, Israel Silva do3, SANTOS, Fernanda dos4, SANTIN, Mônica5 1 Trabalho de Pesquisa _UNIFRA. Acadêmica do Curso de Filosofia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Bolsista Pibid/Capes, Santa Maria, RS. 3 Acadêmico do Curso de Química do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Bolsista Pibid/Capes, Santa Maria, RS. 4 Acadêmica do Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS. 5 Professora orientadora do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS. E-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 2 Resumo O estudo apresentado neste artigo trata de algumas discussões, reflexões e emergentes da disciplina de Psicologia da Educação, vivenciada no primeiro semestre do ano corrente. O problema que rege esse trabalho trata-se de como a percepção do educador afeta o processo de ensinoaprendizagem. Nesse sentido focaliza-se em uma interação construtiva que precisa ser desenvolvida na relação aluno-professor, possibilitando dessa forma, o processo dialógico entre ambos. Neste sentido a temática em foco trata da questão da percepção, como conceito integrante da terceira unidade do plano de ensino, mostrando sua relevância pelo fato de se apresentar nos estudos da psicologia da Educação como uma das variáveis que interfere no processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, o problema da pesquisa é apontar as falhas que ocorrem no ensino escolar, uma vez que o educador sustenta uma visão pessimista do mesmo. Como consideração reflete-se sobre o método de ensino das escolas atuais que vem sendo reprodutivo, tendo o modelo de professor tradicional que aplica as atividades segundo o livro didático. Procura-se neste contexto, apontar as possibilidades de melhoria no processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: construtiva. Possibilidades, Percepção, Processo dialógico, Interação 1 Introdução O presente artigo busca compreender como a percepção do educador afeta o processo da aprendizagem do aluno, considerando que a psicologia da educação é uma área de conhecimento a ser vivenciada nos contextos educativos, sendo os conhecimentos oriundos das discussões desta área, reflexões importantes às práticas docentes. Primeiramente procura-se conceituar a percepção, que segundo explicações mentalistas é considerada o ponto de contato entre o mundo físico e o da mente, sendo por esse motivo, um processo psicofísico. Acredita-se que a construção do conhecimento não deve ser desenvolvida de maneira mecânica e repetitiva, porém seu desenvolvimento necessita de afeto e sensibilidade por parte do educador, que nesse âmbito, precisa estar disposto a descobrir novos caminhos e estratégias para compartilhar seu conhecimento junto a sua classe, adotando a função reflexiva produtiva e personalizada como estrutura e objetivo voltado para o ensino. Segundo Davis e Oliveira (1994), o comportamento de perguntar, ilustrar, e escutar pode ser adotado em sala de aula, para que haja a participação mútua entre professor e aluno. Dessa forma, as interações adotam um caráter construtivo, onde mestre e alunos possam juntos superar suas limitações e trocar informações. O educador necessita desenvolver a sua percepção, considerando que a sua função, é servir de mediador entre o aluno e o conhecimento. Tem-se como objetivo geral, a análise teórica de como a percepção do educador afeta o processo da aprendizagem, apontando que tanto professores como alunos estão presos por um modelo de escola reprodutiva, repleto de técnicas e fórmulas, onde a tradição tem força, dificultando projetos inovadores que possam instigar o aluno ao conhecimento, provocando nele a curiosidade pelo desconhecido. Tacca (2008) discute a idéia que os professores vêem seus alunos com características fixas, afirmando que suas dificuldades de aprendizagem em sala de aula, devem-se a deficiência da escolarização obtida no passado, com isso acabam por limitar as capacidades da educando, visto que, mesmo de maneira sutil ele se percebe como um sujeito deficiente e possuidor de um quadro irreversível. Observa-se que o fato de o aluno manter a caderno organizado e ter bom comportamento, já serve como referência para a constatação de que ele aprendeu o conteúdo, o diálogo não é usado como elemento para identificar o seu pensamento, nem mesmo para orientar o trabalho do professor, embora esse seja o melhor caminho. Desta forma, procurou-se também compreender como acontece a interação construtiva em sala de aula, bem como discutir a melhor maneira de abordar os processos de aprendizagem. Para realizar tais discussões faz-se uso das ideias de Barreto (2003), Davis e Oliveira (1994), Oliveira (1997), Severino (2007) e Tacca (2008), para realizar o desenvolvimento do referencial teórico do presente artigo. 2 Desenvolvimento A percepção é um elemento que faz parte do processo de ensino aprendizagem, pensando na temática, argumenta-se no presente artigo que o professor precisa perceber, conhecer e compreender o aluno, pois reconhecendo suas necessidades poderá pensar práticas pedagógicas que venham a desenvolver a capacidade individual de cada um. Necessita-se de educadores dispostos a escutar o educando, acessíveis a sugestões de ensino, o conhecimento não deve ser considerado um instrumento de uso exclusivo, mas sim, de uso coletivo, fazendo com que todos tenham a oportunidade de adquiri-lo. Pois é justamente pelo fato da aprendizagem acontecer sob a forma de um processo coletivo, que emergem as discussões sobre as interações sociais e a forma como estas exercem influência no aprendizado do jovem. Com isso o ambiente escolar deve ser de harmonia, onde o educador considera a história do aluno, respeitando-a e procurando entender os seus mecanismos de aprendizagem. Para acentuar a relevância das interações, segue a citação: A interação social seja diretamente com outros membros da cultura, seja através dos diversos elementos do ambiente culturalmente estruturada, fornece a matéria-prima para o desenvolvimento psicológico do indivíduo. (VYGOTSKY apud OLIVEIRA, 1997, p. 38). Corroborando com autores citados a interação social é a prática que fornece a os elementos necessários para o desenvolvimento psicológico e desta forma a um encontro com sujeitos de mesma ou diferente cultura. Assim a concepção de interação cultural não se refere a um sistema inerte, mas sim a um espaço onde seus integrantes se encontram em movimento contínuo, tendo a possibilidade de recriação e releitura do mundo real. 2.1 Novas percepções: o diálogo construtivo. Existem múltiplas maneiras de se obter o conhecimento, mostra-se o construtivismo como sendo um processo ativo, construído através das representações e experiências do sujeito. Desse modo, entende-se que há necessidade de trocas entre o aluno e a comunidade escolar, ficando evidente que se precisa do outro para construção de percepções novas. A sala de aula deve ser um espaço de encontro, onde a cooperação, a amizade e o comprometimento, entre outros fatores, sirvam como estrutura para o aprendizado. Essa é uma das percepções transformadoras, que o professor precisa fazer uso, para que a comunicação com os alunos aconteça de forma produtiva, onde ambos têm sua vez de falar. Freire apud Barreto (2003) diz que o diálogo é uma ferramenta fundamental no processo de ensino-aprendizagem, com isso mostra que o diálogo exige amor, humildade e esperança. Entende-se a necessidade do sujeito estar disposto a receber as contribuições do outro, considerando que o diálogo tem por objetivo somar e compartilhar saberes, sem obedecer a essas exigências ele não é possível. A concepção construtivista trata-se de uma abordagem de ensino, que procura descrever os diferentes estágios por que passam os indivíduos no processo de construção do conhecimento, do processo de desenvolvimento da inteligência humana e, de como o indivíduo se torna autônomo. Neste contexto, os estudos sugerem que o educando construa seu próprio conhecimento, reconhecendo suas necessidades, e sendo assim, desenvolvendo-se de maneira curiosa. A concepção de ensino construtivista, objetiva defender práticas educativas estimulantes nos espaços escolares, possibilitando ao aluno reconstruir o conhecimento existente, atribuindo um valor real a ele. As práticas baseadas no método construtivista, em conjunto com outros fatores tais como as novas tecnologias, proporciona um ensino mais eficaz. No momento em que se discutem novos modelos de ensino, e por consequência aprendizagem, pode-se constatar que os educadores atuais cometem falhas, diante da maneira com que apresentam o conhecimento para os alunos. O erro começa na percepção do professor diante da educação, onde ele deixa transparecer que a mesma não exerce nenhum poder perante o aluno, e esse por sua vez, acaba absorvendo os valores pessimistas, passando a ser descrente quanto ao efeito da educação na sociedade. 3 Metodologia Esta pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa aliada ao cunho bibliográfico, que segundo Severino (2007), dá significado aos estudos realizados por autores baseadas em pesquisas, reflexões e análises emergentes do contexto da práxis educativa. Assim autores se tornam referências bibliográficas, partindo de pesquisas anteriores que se encontram disponíveis em livros e artigos. Utilizando dados teóricos que conduzem as reflexões realizadas nas pesquisas, sendo que no caso deste estudo os textos servem como fonte argumentativa aos temas a serem discutidos. 4 Considerações finais Diante do problema inicial, sendo ele a percepção do educador no âmbito da aprendizagem, acredita-se que o educador deve encarar a sua profissão como uma missão, pois as dificuldades enfrentadas não são poucas, é preciso dedicação, vontade e coragem para se lançar ao desafio de ensinar, compreendendo que a educação tem como sujeito aqueles que desejam superar suas limitações, a partir de novas vivências. O professor deve moldar-se a novos sistemas de ensino, criando possibilidades do aluno se interessar pela sua disciplina. Reconhecendo que esse interesse depende também, da sua percepção diante do valor da educação. Como conseqüência disso, se observa alunos reprimidos, pouco participativos, que chegam à sala de aula sem nenhum objetivo de aprender, muitas vezes a única motivação é encontrar os amigos. Luta-se para que a imagem crua do professor seja desfeita, e que esse perfil não sensível seja transformado em uma percepção positiva, podendo instruir o educando a buscar o conhecimento com entusiasmo, para que no futuro venha a reconhecer a relevância dos processos educativos. 5 REFERÊNCIAS BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. São Paulo: Arte e Ciência, 2003. DAVIS, Claúdia; OLIVEIRA; Zilma de. Psicologia na educação. 2. ed. rev. São Paulo: Cortez, 1994. OLIVEIRA, Martha Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1997. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. Ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007. TACCA, Maria Carmem Villela Rosa; REY, Fernando Luiz González. Produção de sentido subjetivo: As singularidades dos alunos no processo de aprender. Psicologia Ciência e Profissão, 2008, 28 (1) 138-161. Brasília.