A FUNÇÃO SOCIAL DA FILOSOFIA NO MEIO ACADÊMICO

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A FUNÇÃO SOCIAL DA FILOSOFIA NO MEIO ACADÊMICO
(2011) 1
PRETTO, Valdir2
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Trabalho de Pesquisa _UNIFRA
Professor do Curso de Pedagogia e do Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física e de
Matemática, do Centro Universitário Franciscano - UNIFRA, Santa Maria, RS, Brasil
E-mail: [email protected]
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RESUMO
Este artigo é construído a partir das aulas de Filosofia da Educação no curso de pedagogia
no Centro Universitário Franciscano – UNIFRA. Tem como objetivo apresentar a função da Filosofia
no meio universitário, possibilitando uma maior reflexão em face de situações com que os
acadêmicos são submetidos em seu cotidiano. A metodologia usada é a Pesquisa de Campo, e o
instrumento para a coleta de dados foi à observação participante com abordagem qualitativa. O
quadro teórico utilizado faz apelo à sociologia e a filosofia da educação. Os resultados são
observações das aulas gerenciadas no primeiro semestre de 2011. A conclusão ressalta que
independentemente das atividades e realidades sociais, políticas e ideológicas, a Filosofia sendo
desafio no processo educacional, traz sua grande contribuição no estudo entre as diferentes
comunidades humanas que se encontram em processo de desenvolvimento e na construção dos
diferenciados conhecimentos.
Palavras-chave: Educação; Filosofia; Sociedade.
1. INTRODUÇÃO
Neste artigo são apresentados resultados parciais de um trabalho investigativo
realizado em sala de aula no curso de pedagogia no Centro Universitário Franciscano –
UNIFRA. Em momento algum ficamos isentos das influências externas, como a família e a
sociedade.
O ensinamento filosófico, com seus conteúdos interrogantes, não deve estar
indiferente às transformações maiores que ocorrem em nossa atual realidade social, cultural
e sobretudo no meio acadêmico. Este ensinamento deve ter um lugar e uma relação nas
diferenciadas instituições que devem servir a sociedade, ensinamento esse revelado,
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debatido, criticado através dos tempos. “De cimento intelectual e de vínculo afetivo, de
representações e de valores partilhados, é que vai alimentar os laços sociais” (KERLAN,
2001, p. 30). Aqui podemos dizer que a academia apresenta um espaço por excelência.
Pensar a Filosofia como algo social, educacional, possibilita abrir novos caminhos de
pesquisa-ação. A relação existente entre a separação do indivíduo e o pensar chama
atenção para uma busca maior de aproximação para com a realidade onde o sujeito é
movido pelo imediato e descartável. A necessidade de fazer da Filosofia uma passarela
entre o mundo individual, social e educacional, de associá-la numa perspectiva de
sociedade que se transforma, motiva a questão.
Ao trabalharmos a disciplina Filosofia da Educação com uma turma do primeiro
semestre, 2011, no curso de pedagogia, percebesse o quanto se faz necessário uma
reflexão maior em face de situações sociais emergentes com que os acadêmicos são
submetidos em seu cotidiano. Esse dia-a-dia se apresenta nos diferenciados meios de
atuação dos jovens, tais como: na farmácia, na loja, na fabrica, no mercado, na rua, na
escola. Entre a realidade urbana e a “ponta” do nostálgico mundo rural.
2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
A Filosofia tem uma contribuição fundamental para toda sociedade humana. Quando
olhamos para o mundo do século XXI, além de sua complexidade, essa realidade torna-se
cada vez mais um grande desafio. A técnica avançada, o mundo mediado pela
telecomunicação, pela Internet, tem tocado em muitos referenciais. “É preciso pensar o
homem enquanto um ser de interação com o mundo e, ainda assim, com seus antigos
problemas” (MAYER, 2003, p. 11).
A ação é de compreender, não mais uma tradição, sim uma evolução, não mais uma
vida social já pronta, mas uma vida social que está se construindo. Não se pensa em buscar
algo abandonado, esquecido, mas, também, não é querer fabricar algo para corresponder a
uma série de problemas. É simplesmente resgatar, trazer presente com maior intensidade,
um patrimônio que faz parte da humanidade: a função social da filosofia no meio acadêmico,
não a tomando como uma simples disciplina obrigatória curricular.
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Então, sabemos que todo saber é fruto de uma pesquisa consecutiva a um
questionamento conduzido a uma época por uma pessoa, com sua prioridade, com sua
sensibilidade, com seus afetos. A Filosofia ajuda a refletir e fazer síntese sobre a vida. Essa
vida. O ser no mundo. Qual mundo? O nosso mundo!
A Filosofia é chamada a se preocupar com diferentes situações que constroem a
sociedade e as angústias existenciais do ser humano, num processo de humanização
ajudando a pensar a vida, a felicidade, o amor, a pensar o trabalho. Uma saudável vida.
Desde sua gênese, a “Filosofia não se dissociou de sua função e origem políticas,
sociais e culturais, enquanto produção conceitual rigorosa, radical, e de conjunto que visa a
explicar a condição humana no mundo” (SAVIANI, 1993 apud CANDIDO; CARBONARA,
2004, p. 270). Assim, tendo como missão de apresentar o homem e sua condição, a
Filosofia deve estar inserida nas raízes sociais e educacionais que movem este mesmo
homem a viver de forma comunitária e ser capaz de pensar e refletir sua realidade. Essa
forma coletiva se estabelece com muita prioridade no mundo universitário, tendo com ponto
de encontro o conhecimento científico.
A função social da Filosofia representa, em particular, um avanço maior na inserção
educacional que tem reflexo nas condutas do pensar pessoal e coletivo. O sistema
educacional, através de grupos sociais, sempre ocupou posições diferenciadas: discurso
político, diferentes instituições, diferentes níveis da hierarquia social. Aqui aparece um lugar
privilegiado para se ver, perceber e como fazer a construção e o evoluir das ciências.
O evoluir das ciências significa novas ideias. Ir além das aparências, pois não se
consegue mais criar, produzir, nem recriar ou reproduzir algo fecundo. Muita bijuteria, farsa,
perversão é visualizada numa sociedade artificialmente otimista face à miséria social
contrabandeada e prostituída por toneladas de agrotóxicos que consomem o ser humano de
forma brutal e violenta.
Neste mundo banalizado, consumido, intoxicado, o poder está naquele que detém a
economia. O poder de compra e venda. A compra do saber, do conhecimento, de ideias, de
posturas, da moral, da ética. A venda de falsas profecias, de responsabilidades, de
compromissos sociais enganosos, de imagens manipuladores, do homem contaminado pelo
individualismo.
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Fazer uma filtragem filosófica através de uma reflexão mais refinada, tendo como
responsabilidade de conduzir a uma nova humanidade: mais serena, mais interiorizada,
mais integrada, mais harmônica traria uma abertura maior, uma passagem de novas
possibilidades para resgatar o homem, que foi consumido pelos dizeres dos parágrafos
anteriores, e dar a ele uma nova imagem.
Novos planos e programas fariam o homem avançar para áreas sociais pouco ou
ainda não exploradas: como grupos e movimentos inseridos nos meios populares que
apresentam projetos alternativos para determinadas situações. Projetos que tratariam e
trariam novas soluções, novas estratégias, novos conhecimentos.
Estes novos saberes, que a Filosofia pode proporcionar, na sua função social, tem o
poder de ir mobilizando e produzindo novas frentes teóricas para o avanço de toda uma
base social. Nesta mesma base, que está sendo pensada, certamente poderá se encontrar
resistências, pois como diz Foucault, em seu livro Microfísica (1979), na contra-capa, onde a
saber e poder a também resistência. Aqui o poder é visto como algo positivo, que vem ao
encontro do ser social para a produção do novo.
Não há dúvida que a Filosofia deva convergir, para uma compreensão social mais
vasta. No jornal Le Monde do dia 09/10/2004, traz a notícia do falecimento de uma dos
filósofos mais comentado e traduzido no mundo nestes últimos anos, particularmente nos
Estados Unidos, Jacques Derrida, falecido na noite do dia 08/10/2004, em Paris, na França,
com 74 anos, célebre pelo seu conceito de desconstrução. Nesta mesma fonte de
informação, é apresentado o conceito de desconstrução, o mesmo vem a colaborar com
esta reflexão, onde diz: a desconstrução é tomar/pegar uma ideia, uma instituição ou um
valor e compreender seus mecanismos, tirando o cimento que está ali empregnado, que a
constitui. Apresenta uma Filosofia que pode ajudar para a compreensão da sociedade, que
venha ao encontro do próprio homem, para que, ele, tenha condições de ultrapassar as
barreiras de um pensar socialmente dominante. Assim, podemos pensar que o espaço
universitário abre grandes possibilidades de uma crítica construtiva a essa realidade.
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3. METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia usada é a Pesquisa de Campo, e o instrumento para a coleta de
dados foi à observação participante com abordagem qualitativa, com uma turma do curso de
Pedagogia do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA, trabalhando a disciplina Filosofia
da Educação no primeiro semestre 2011.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A inserção do pensar filosófico, na diversidade social, faz ver a problemática que é
universal, mas as respostas são particulares. Assim, chama a pensar o sujeito coletivo que
retorna ao seu individual. O sujeito vive esta transição entre o ser pessoal coletivo e entre o
ser coletivo pessoal. A Filosofia vai recuperar o individual no coletivo e torná-lo sociável na
complexidade. A interpelação reflexiva vai trabalhando o individual que se preocupa com o
coletivo, mas o coletivo teria o dever de olhar as necessidades do individual humano.
A frase acima expressa à realidade de um trabalho desenvolvido numa sala de
ensino superior. Exigindo tempo, compreensão, paciência de quem administra uma
disciplina de cunho filosófico. Pouco a pouco vai se resgatando o sentido verdadeiro da
Filosofia ou do filosofar no meio acadêmico. Buscando novas e diferentes leituras. Falando
ou debatendo como diria Popper, da veracidade ou da falseabilidade do conhecimento que
vai se estabelecendo no trajeto do jovem estudante.
A socialização do conhecer que vai acontecendo em sala de aula recupera o
individual, pois sai de sua individualização. A responsabilidade da ciência filosófica
apresenta a individualidade que vai se materializando, cristalizando-se num bloco
socialmente visível e humano. Como? Na troca referencial de uma prática que chega do
senso comum, onde ele ou ela expressa a curiosidade de saber como o outro pensa e age
frente a determinadas situações provocadas pela vida social.
A limitação de um conhecimento mais aprofundado, provocada pela hiper mídia, é
outro reflexo sentido num ambiente intelectual, ou seja, são pessoas que possuem muitas
informações, porém com argumentação cheia de deficiências por passar como turista por
temas ou temáticas sem buscar uma fonte epistemológica consistente.
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5. CONCLUSÃO
Diante do estudo realizado, conclui-se que a função social da filosofia detêm um
grande poder nas diferenciadas instituições e organizações da comunidade, confirmando o
trabalho a favor do relacionamento humano através do pensar crítico evolutivo. Apontando o
desenvolvimento, o máximo de competências para um trabalho determinado: o saber-fazer,
a ação, a prática para aquele que vai ter um “posto social”. Uma contribuição integrada e
evolutiva.
A busca deve ser constante, o profissional da Filosofia precisa de uma atenção e
uma preparação maior voltada para as mudanças sociais que vão movendo o mundo para
novos conhecimentos, atraindo o homem, sem dar espaço para refletir o que esta
acontecendo. Uma atenção maior a métodos. Conteúdo de um saber mais crítico.
Desenvolver capacidades de reflexão e crítica no processo e na evolução do gênero
humano. Provocar e contribuir para o avanço humanitário nas distintas esferas da
sociedade, é o percurso da Filosofia.
Constata-se, com o estudo realizado, que a Filosofia fornece inúmeros elementos
que conduzem todo homem a refletir e questionar o ser no mundo. Nesta possibilidade, não
se pode passar pela lateral, ignorando esta contribuição da Filosofia, que engloba todo
patrimônio humano, histórico e intelectual, onde o profissional da Filosofia está inserido.
REFERÊNCIAS
BORIN, Luiz Cláudio (Org.) O papel formador da Filosofia. IN: CANDIDO C.; CARBONARA V.
Filosofia e ensino: Um diálogo transdisciplinar. Íjuí: Unijui, 2004.
MAYER, Sérgio. Filosofia com os jovens. Petrópolis: Vozes, 2003.
KERLAN, Alain e. Quelle ecole voulons-nous? Issy-les-Moulineaux: ESF, 2001.
REFERÊNCIA ELETRÔNICA
Jornal Le Monde - www.google.com.br Acesso - 2011.
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