MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO 5 Unidade III 10 15 4 COMPRAS, ABASTECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO 20 DE MERCADORIAS Os varejistas precisam garantir o abastecimento adequado de produtos de acordo com as decisões relacionadas ao mix de 30 produtos. 25 35 As tarefas de abastecimento devem atender a dois objetivos simultaneamente: minimizar os investimentos em estoques e minimizar o índice de faltas. A ferramenta ECR, já citada anteriormente, é bastante eficiente na administração destas duas tarefas, reduzindo desperdícios originados, tanto nas faltas de produtos em estoque como nos excessos de investimento em estoque. 4.1 Previsão de vendas A previsão de vendas é uma tarefa de alta importância no varejo, pois determina as quantidades de produtos que devem ser compradas. Trata-se de uma estimativa sobre a demanda. As previsões de venda são, portanto, os pontos de partida para o planejamento das compras do varejista. A tarefa de prever a demanda e, consequentemente, as vendas objetiva a manutenção das vendas e a satisfação de demandas futuras. De forma geral, a estimativa de vendas é feita para períodos mensais, porém, em segmentos específicos, as estimativas são baseadas em estações porque estão relacionadas a categorias 115 Unidade III sazonais. É o caso do segmento de moda e dos produtos sazonais como panetones e ovos de páscoa. Previsões de vendas não sazonais As categorias de produtos não sazonais são aquelas que apresentam pouca variação e certa regularidade no seu desempenho de vendas. As previsões de vendas, nesse caso, podem ser feitas tanto para os níveis totais da empresa, como também para o nível de determinada loja, departamento ou categoria. As previsões de vendas normalmente têm foco inicial em períodos maiores, bem como englobam a empresa como um todo. Posteriormente, essas previsões são detalhadas até chegar às categorias de produtos em espaço de tempo menores, como mês, semana ou até mesmo previsões diárias. As previsões anuais são baseadas nos históricos de vendas da empresa e também nas variáveis ambientais e no comportamento da concorrência. As previsões mensais de vendas são decorrência das previsões anuais. Para chegar a esse cálculo, é usado com frequência pelos varejistas o Índice Mensal de Vendas. Este índice é o resultado da divisão das vendas mensais de determinado ano pela sua média mensal de vendas [IMS = Vendas mensais/média mensal de vendas]. Ao se multiplicar esse índice pela média mensal prevista do ano, o varejista obtém a estimativa mensal de vendas. Previsão de vendas sazonais A previsão de vendas de produtos sazonais também é feita com base nas vendas dos anos anteriores e análise das variações ambientais e comportamento da concorrência. Em economias mais estáveis, o cálculo desta previsão é um pouco mais confortável que em econômica em constantes flutuações, isso porque as variáveis ambientais podem afetar fortemente os 116 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO custos do produto, gerando certa imprecisão no cálculo. Grandes aumentos no custo da matéria prima podem fazer o produto chegar ao consumidor com preço final acima do esperado, assim, na elaboração da previsão de vendas de produtos sazonais, os varejistas devem levar em conta os seguintes aspectos: • nível de sensibilidade a preço dos consumidores desse produto: quanto menor a sensibilidade do consumidor ao preço, maior as chances da demanda ser mantida; • existência e preço de produtos substitutos: se o preço do produto substituto tiver aumentado na mesma proporção, haverá boas chances de manutenção da demanda, porém, caso o preço do produto substituto não tenha acompanhado os mesmos níveis de aumento, o varejista poderá esperar quedas nas vendas. Mas é importante lembrar que essa queda dependerá do grau de substituição oferecido pelo produto substituto; • nível de competitividade: o volume de vendas é afetado pelo nível de esforços de marketing empreendido pelo varejista, portanto, a estimativa deve levar em consideração os investimentos e o posicionamento competitivo definido pelo varejista; • ciclo de vida da categoria: produtos ou categorias em estágio de crescimento podem apresentar volumes maiores de vendas, já produtos ou categorias em estágio de maturidade, podem apresentar volumes de vendas semelhantes ao ocorrido e, por fim, aqueles produtos ou categorias que se encontram em declínio merecem cálculos mais modestos de volume de vendas; • economia: variações na economia como expectativas otimistas, índices de desemprego, taxas de juros e outros também devem ser considerados, pois afetam a disponibilidade de gastos dos consumidores. 117 Unidade III 4.2 Métodos de definição de estoque Existem alguns métodos que auxiliam o varejista a calcular os seus estoques. Vamos neste tópico estudar três deles: método de relação estoque/vendas (também chamado de método de giro de estoque), método de variação percentual e método de estoque básico. Método de relação estoque/vendas O método de relação estoque/vendas (ou método de giro de estoque) define o estoque por meio da aplicação do índice estoque/vendas sobre as vendas previstas no período em questão. O índice estoque/vendas é o volume de estoque necessário no início do período para realizar o volume de vendas pretendido nesse período. Veja este exemplo: Índice de estoque /vendas: 1,5. Período: mês. Previsão mensal de vendas: R$ 200 mil. Portanto, o nível de estoque deverá ser de R$ 300 mil o que significa girar esse estoque a cada 45 dias ou 8 vezes por ano. Em geral, diferentes setores varejistas apresentam diferentes índices de estoque/vendas; cinco dias para varejistas de hortifruti, 15 a 20 dias para supermercados, 90 dias para lojas de confecções. (PARENTE, 2000) Características de variedade, volume de vendas, área de vendas devem ser levadas em consideração para definir seus índices de estoque/vendas. As redes varejistas com várias lojas podem adotar certa relação de estoque/vendas, de acordo essas características. 118 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO O registro de dados de desempenho é fundamental para a identificação dos índice/vendas. A análise desses dados históricos auxilia na definição final dos volumes, que podem ainda ser comparados com os dados do setor que podem ser conseguidos nas associações de classe, como a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados). Método de variação percentual O método de variação percentual é aplicado quando o volume de vendas varia muito, de mês para mês, ou seja, há a ocorrência de forte sazonalidade. A tarefa é ajustar o estoque às variações do volume de vendas, com o objetivo de reduzir o impacto dessas variações. Para a aplicação deste método, usa-se a seguinte fórmula: Estoque objetivo do começo do mês = (estoque médio) x 1/2 (1+ vendas planejadas para o mês / média de vendas mensais) Este método trabalha com dados de 2 períodos. As vendas planejadas no período 1 se referem a um período de volume de vendas baixo, já as vendas planejadas no período 2 se referem a um período de volume de vendas alto. Vamos analisar o exemplo a seguir, extraído de Parente (2000). Período 1 Período 2 Estoque médio mensal (R$1.000) 200 200 Venda planejada para o mês (R$1.000) 150 450 Venda média mensal (R$1.000) 300 300 Estoque objetivo do começo do mês (R$1.000) 175 250 Período 1: Estoque objetivo do começo do mês = 200.000 X ½ (1+150.000/300.000) = 175.000 Período 2: Estoque objetivo do começo do mês = 200.000 X ½ (1+450.000/300.000) = 250.000 119 Unidade III O método ajustou os estoques de forma não proporcional, provocando, porém, razoável equilíbrio e mais homogeneidade nos estoques. Método de estoque básico Este método implica, na sua aplicação, a existência de duas condições: a primeira é a crença dos gestores de que deve existir um estoque básico (certo nível de estoque) disponível e a segunda é que o giro do estoque é menor do que 6 vezes por ano. Apesar da semelhança com o método de variação percentual, o método de estoque básico resulta em maiores oscilações nos níveis de estoque porque está mais próximo das possíveis variações de vendas. Para a aplicação deste método usa-se a seguinte fórmula: Estoque objetivo do começo do mês = (estoque médio) + (vendas planejadas para o mês - média de vendas mensais) Veja o exemplo a seguir extraído de Parente 2000. Período 1 Período 2 Estoque médio mensal (R$1.000) 500 500 Venda planejada para o mês (R$1.000) 150 450 Venda média mensal (R$1.000) 300 300 Estoque objetivo do começo do mês (R$1.000) 350 650 Período 1: Estoque objetivo do começo do mês = 500.000+ (150.000 – 300.000) = 350.000 Período 2: Estoque objetivo do começo do mês = 500.000 + (450.000 – 300.000) = 650.000 A evolução da cadeia de abastecimento de produtos de consumo no Brasil 120 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Com a estabilização da inflação brasileira alcançada com o conjunto de medidas adotadas por ocasião do Plano Real, em 1994, iniciou-se gradativamente uma mudança nos hábitos de consumo da população dos grandes centros, e o pequeno varejo independente brasileiro gradativamente tornou-se o canal mais importante na distribuição de bens de consumo no país, escoando mais da metade da produção nacional e alcançando crescimento real de 11% em 2002 e 5,8% em 2003, de acordo com a Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores (ABAD, 2003). Os fabricantes chegam de forma direta a somente 5% dos pontos de venda do território nacional. Dependem, portanto, da cadeia composta para atingir todo o restante, o que demonstra a importância dessa atividade para a vascularização do consumo brasileiro (BAUMGARTEN, 2006). O pequeno varejista, tradicionalmente atendido de forma intermitente por meio de longas e descoordenadas cadeias de abastecimento, passou a representar um novo alvo estratégico, que permitiria aos fabricantes reduzir a influência e o poder de barganha das grandes redes de varejo, que passaram a consolidar-se a partir dos anos 90 (PARENTE, 2000). Visando aproveitar essa oportunidade, alguns fabricantes de bens de consumo estabelecidos no Brasil começaram a redesenhar seus sistemas de distribuição (SAAB, 2003), reelegendo o canal de distribuição de quatro níveis como um dos destinos prioritários para investimentos e ampliação de vendas. Com o crescimento da importância estratégica dos canais mais longos, os fabricantes tentaram adaptar a 121 Unidade III esse novo segmento as ferramentas de coordenação existentes (como, por exemplo, o VMI), que haviam sido desenvolvidas, a um grande custo organizacional e financeiro, para o gerenciamento da interface com as grandes redes varejistas (protagonistas de canais mais curtos de distribuição). O resultado dessa iniciativa de adaptação do VMI a canais mais longos não atendeu às expectativas de redução de oscilações de demanda nos vários níveis da cadeia de suprimentos analisada, tendo se mantido largamente inalterados os perfis de oscilação, mesmo após o intervalo observado de três anos decorridos da implantação da iniciativa (Saab Junior; Corrêa, 2008). 4.3 Fatores de influência do nível adequado dos estoques É importante que o varejista entenda e perceba as diferentes características entre suas lojas e as considere no momento de calcular e estabelecer níveis adequados ou ótimos de estoque. Fórmulas padronizadas devem apenas orientar o varejista, que deve ter mente o planejamento de um estoque balanceado que evite desperdícios, ou seja, que equilibre investimento de capital e quantidades necessários para o atendimento da demanda. Um nível de ótimo de estoque se caracteriza por: • garantir uma quantidade suficiente de produtos que atenda às vendas planejadas; • não apresentar excessos de capital investido, o que significa não ter estoque de produtos acima dos níveis de segurança; • apresentar níveis baixos de falta de produtos, o que chamados de níveis de ruptura aceitáveis; 122 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO • conter níveis de estoque que tragam para o consumidor a imagem de loja bem abastecida; • propiciar bons níveis de giro de estoque. 4.4 Planejamento de compras Assim que as vendas vão sendo feitas, os níveis de estoques precisam ser restabelecidos para que mais vendas ocorram e o varejista atinja o volume total de vendas planejado. Essa necessidade de reabastecimento é talvez uma das tarefas mais críticas na gestão de varejo. Os varejistas utilizam diferentes procedimentos para o planejamento e gestão de compras que abrangem três abordagens básicas. Uma delas é a abordagem “de cima para baixo” que se refere à determinação de um certo volume financeiro para ser destinado a compra das mercadorias. Essa quantia é distribuída entre as diversas categorias do mix de produtos da empresa ou da loja. Outra abordagem é a chamada “de baixo para cima” em que previsão é feita partindo-se da estimativa de compras necessária ao nível de produto e subindo até o nível da empresa, passando pelas categorias e departamentos. Existe ainda a abordagem “interativa”, que parte de uma estimativa geral de compras no modelo “de cima para baixo” e os compradores, à medida que executam as compras, vão revisando as necessidades de cada categoria, departamento. Orçamento de compras “Em qualquer ramo varejista de produtos, as compras consistem na mais importante conta de despesa no relatório 123 Unidade III de ‘lucros e perdas’ da empresa”. (Parente, 2000). Em determinados tipos de varejo, como os supermercados, 80% da receita vão para pagamento dos fornecedores, uma vez que esses varejistas costuma trabalhar com margem de 20%, ou seja, a cada R$ 1,00 de receita, R$ 0,80 correspondem ao custo dos produtos. Isso explica a necessidade de uma gestão criteriosa na previsão de vendas na determinação do orçamento de compras. O orçamento de compras engloba a tarefa de ajustes de demarcações de preços. Essa tarefa inclui, além das reduções de preços, as quebras de mercadorias ocasionadas por roubos e danos. As demarcações de preços são realizadas para que o estoque tenha seu valor reduzido e posteriormente seja reabastecido com novas compras. Fornecedores – Seleção e avaliação Incluir novos fornecedores ou excluir aqueles que já existem também faz parte das decisões e tarefas desempenhadas pelos varejistas no processo de a composição do mix de produtos. Os grandes varejistas normalmente compram a maior parte das mercadorias diretamente dos fabricantes, porém, podem optar por abastecer os seus estoques comprando dos intermediários (distribuidores, atacadistas, importadores), caso mais comum entre os varejistas menores ou que estão distantes das fontes de suprimento. Geralmente a iniciativa de contato parte do fornecedor, que procura os varejistas para apresentar-lhes seus portfólios de produtos e formas de comercialização. Porém, os varejistas também podem assumir essa tarefa, procurando por novas opções de abastecimento e para isto se utilizam de diversas fontes de informação. 124 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Dentre as diversas fontes de informações existentes, estão: • vendedores: a atividade de natureza externa coloca os vendedores em contato com muitas empresas e outros vendedores e assim são grandes fontes de informação sobre fornecimento de produtos não concorrentes; • revistas especializadas: reúnem informação especializada, bem como peças publicitárias relacionadas ao segmento. São exemplos de revistas especializadas em varejo a Supermercado, a SuperHiper, a Revista do Varejista; • feiras: eventos em que fornecedores diversos apresentam as suas linhas de produtos já existentes e seus lançamentos; • internet: os sites das empresas são ótimos instrumentos de comunicação, tanto para a obtenção de dados, como para a realização de contatos; • pesquisas junto aos consumidores: por meio de pesquisas, os varejistas obtêm não só informações sobre necessidades e preferências, como podem ainda obter sugestões de produtos para serem comercializados; • pesquisas realizadas nos concorrentes: os varejistas fazem visitas regulares aos principais concorrentes para identificar fornecedores e produtos. No que diz respeito à avaliação, não há um método especifico que avalie o grau de satisfação do varejista com relação aos fornecedores (sua forma de atuação, linha de produtos, preços etc.). O que os varejistas fazem considera aspectos importantes que impactam diretamente na operação como: • Atuação dos vendedores: os vendedores são a linha de frente de qualquer empresa e exercem papel importante 125 Unidade III no relacionamento entre fornecedor e varejista. Esses profissionais precisam demonstrar: — competência (familiaridade com os produtos e entendimento das necessidades do mercado, características que colaboram fortemente com o desempenho das categorias); — comprometimento: o vendedor precisa ter interesse no desempenho do varejista e para isso deve dedicar tempo para visitas frequentes ao clientes; — autonomia de decisão: os varejistas preferem trata com profissionais que possam tomar decisões rápidas, sem a necessidade de muita consultas a empresa. • Preços e condições de pagamento: esta questão abrange diversos pontos importantes para varejistas, como preço de custo, prática de descontos progressivos em função de volumes comprados, prática de descontos especiais e prazos de pagamento. Nesta questão a transparência nas negociações deixa os varejistas mais confortáveis e seguros, tanto na transação, como no relacionamento com os fornecedores. • Linha de produto, qualidade e imagem de marca; os varejistas tendem a preferir fornecedores de produtos com forte imagem de marca no mercado, bem como aqueles que possuem bom desempenho no mercado. A imagem de marca de qualidade confiável é transferida ao varejista. E a capacidade do fornecedor de colocar novos produtos no mercado também é apreciada pelo varejista. • Capacidade de abastecimento: esta capacidade junto com as práticas de preços e condições de pagamento são duas questões-chave na avaliação dos fornecedores pelos varejistas. Faltas de produtos decorrentes de falhas 126 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO de abastecimento significam prejuízos financeiros e de imagem e naturalmente desagradam de forma significativa os varejistas. A avaliação deste quesito pelo varejista passa pela rapidez entre pedido e entrega das mercadorias, cumprimento de prazos, exatidão nas quantidades e itens comprados. • Propaganda e promoção: as ações de comunicação no ponto de venda realizadas pelos fornecedores são de grande importância para o varejista porque estimulam as vendas e por isso são muito apreciadas. Os fornecedores podem trabalhar neste sentido realizando campanhas de propaganda cooperadas, demonstrando produtos no ponto de venda, desenvolvendo promoções junto aos consumidores por meio do oferecimento de brindes e amostras. • Serviços diversos: os fornecedores podem prestar serviços de apoio aos varejistas como treinamento de funcionários das organizações varejistas, fornecerem material promocional e de exposição, como displays para produtos, luminosos, equipamentos, uniformes, objetos de decoração com a marca dos produtos etc. Organização de compras A organização de compras pode estar baseada em diferentes tipos de estrutura, são pontos importantes de decisão para as redes varejistas que possuem muitas lojas. Essas estruturas se relacionam com o grau de centralização das decisões de compras das organizações varejistas. Organização de compras centralizada Caso em que as decisões de compras para todas as lojas são definidas em uma unidade central. Este tipo de estrutura traz as vantagens de maiores descontos em função do volume de 127 Unidade III compras, bem como maior controle sobre a gestão de produtos, estoques e compras. Porém, essa estrutura é menos flexível e, portanto, menos sensível às demandas de cada loja e também menos ágil. Estrutura mais comumente presente quando as lojas têm localização próxima e são de menor porte. • Organização de compras descentralizada. Neste tipo de organização as lojas ou a região detém a decisão sobre as compras. Por um lado, a organização de compras descentralizadas pode ter como vantagens mais flexibilidade e assim ser mais sensíveis às demandas de cada loja e também ser mais ágil, mas sofre com condições de compra menos competitivas devido aos volumes de compras que são menores e tem menor controle da gestão de produtos, estoques e compras. Apesar disso, esta estrutura se apresenta viável quando as lojas são distantes uma das outras, ou ainda quando estão em áreas que possuem consumidores de preferências distintas, ou ainda quando as lojas ou regiões apresentam desempenho expressivo no volume de vendas. • Organização de compras semidescentralizada. Esta estrutura integra ambos os modelos vistos, somando a negociação centralizada dos produtos mais importantes e descentralizando as compras dos produtos que complementam o mix. As redes que atuam em regiões ou estados diferentes costumam adora esta prática. Negociação de compras Negociar é um processo que visa atender de forma satisfatória os interesses de todas as partes envolvidas. Como esse é um assunto de alta importância na gestão do varejo, afetando diretamente o desempenho e os resultados, vamos estudá-lo de forma mais detalhada na unidade IV desta apostila. Neste tópico vamos tratar dos elementos mais importantes da negociação para os varejistas: custos, descontos, prazos de pagamento, custos de 128 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO logística, bonificações e serviços são elementos mais presentes nos processos de negociação entre varejistas e fornecedores. O primeiro ponto a ser discutido nas negociações entre varejistas e fornecedores é o custo, ou seja, o valor pago pelas mercadorias. Reajustes de preços costumam incomodar bastante os varejistas uma vez que precisam ser repassados ao consumidor o que pode afetar tanto a demanda como a própria imagem da empresa. Os descontos são outro ponto de destaque nas negociações. Os fornecedores podem praticar diversos tipos de desconto: • Descontos por quantidade: referem-se ao montante relacionado com o volume comprado. Assim, o fornecedor pode estabelecer um determinado desconto para compras acima de certo volume. Pode ainda ser aplicado de forma cumulativa, ou seja, o desconto aumenta à medida que as compras são efetuadas dentro de um período de tempo. • Descontos por negociação: estão relacionados a alguma ação realizada pelo varejista no lugar do fornecedor, como no caso de trocas de produtos com os consumidores. • Descontos sazonais: são oferecidos pelo fornecedor na compra de produtos na baixa estação, isto é, quando a demanda é menor. Uma loja de confecções pode requisitar um desconto na compra de roupas de banho em uma época em que há baixa procura pelo artigo. • Descontos por pagamento à vista: trata-se de uma forma de compensação para varejista antecipar o pagamento das mercadorias compradas. • Descontos por logística: são reduções obtidas por aqueles varejistas que passam a ter um depósito central. Como antes de ter este depósito os fornecedores precisavam 129 Unidade III fazer a entregas em cada loja do varejista, com a existência de um depósito central, as despesas com logística diminuem e assim o varejista que investiu no depósito central requisita um desconto no preço dos produtos. Uma rede de eletrodomésticos que recebe as mercadorias compradas em cada uma de suas lojas espalhadas por diversas cidades, pode obter um desconto ao construir um depósito central porque o abastecimento de cada loja passa a ser feito pelo próprio varejista. O prazo de pagamento é um requisito que tem origem no período de inflação de nosso país. Apesar dos índices de inflação serem hoje muito baixos no Brasil, o prazo de pagamento é uma espécie de fôlego para o fluxo de pagamentos, além de ser instrumento que auxilia na própria gestão do caixa da empresa. Os custos de transporte de mercadoria, chamados custos de logísticas, também são negociados. Os grandes varejistas normalmente conseguem que esses custos fiquem sob responsabilidade do fornecedor. Os varejistas também negociam bonificações em produtos ou até mesmo em dinheiro, em momentos especiais, como inauguração ou reformas de lojas e campanhas promocionais de aniversário da empresa. A colocação de equipamentos necessários para a venda de certos produtos, como moedores de grão de café, geladeiras para sorvetes, além de treinamento de funcionários, equipe para a realização de degustação de produtos são alguns serviços que podem ser negociados pelo varejista junto ao fornecedor. Etiqueta inteligente tem presença garantida na loja do futuro Sistemas utilizados em lojas futurísticas, apresentados na feira de tecnologia Cebit 2006 pelo Grupo Metro, 130 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO indicam que o processo das compras deve sofrer uma grande revolução nos próximos anos. Máquinas dão informações sobre o produto adquirido, assim como aconteceu com a introdução dos códigos de barras, a utilização das etiquetas inteligentes (também conhecidas como RFID) deve agilizar consideravelmente as compras em supermercados ou em lojas de roupas, por exemplo. Este tipo de tecnologia - já utilizado em diversos setores para gerenciar mercadorias - permite que um chip associe grande quantidade de informações a um determinado produto. Assim, antes de comprar um vinho o usuário passa a etiqueta colada na garrafa por um leitor e descobre qual o seu teor alcoólico, onde foi produzido, a temperatura ideal para ser servido e com que tipo de carne combina. Uma alternativa é fazer com que sensores instalados em carrinhos hi-tech de supermercado identifiquem todos os itens transportados devidamente etiquetados - e mostrem em sua tela a soma da compra. O cliente da loja do futuro também não vai precisar esperar que alguém calcule o preço de todos os produtos selecionados; basta atravessar uma espécie de portão com sensores e o valor da compra será determinado em segundos. Já nas lojas de roupas, os apressados ou indecisos contarão com a ajuda de um assistente virtual. O cliente escolhe uma roupa que, identificada pelo sistema via etiqueta inteligente, aparece em uma grande tela vestida em um/uma modelo. Para trocar as cores ou fazer diferentes combinações entre peças basta utilizar uma tela sensível ao toque. 131 Unidade III Um dos problemas destes provadores do futuro pode estar na diferença entre o corpo dos modelos e o dos clientes. Fazer uma compra com base no que eles mostram seria como adquirir roupas depois de um desfile, porque todos na passarela ficam muito bem com as peças exibidas (Carpanez, 2006) 4.5 Distribuição e reposição rápida de mercadorias O sistema de distribuição e de reposição de mercadorias é item importante na gestão do varejo e pode ter impacto direto na competitividade e consequentemente na lucratividade da empresa. As entregas podem ser feitas tanto diretamente nas lojas, como em depósitos do varejista caso existam. Las Casas, 2008, define distribuição como um “conjunto de organizações que atuam de forma sistemática e se interrelacionam com o objetivo de exercer determinadas funções de marketing, como transferir posse e, principalmente, distribuir produtos e serviços do produtor ao consumidor.” Distribuição Produtos perecíveis, que exigem condições especiais de transporte e precisam ser colocados à venda rapidamente, como pães, iogurte, leite fresco e produtos congelados, costumam ser entregues diretamente nas lojas. O sistema de entrega direta tem a vantagem de envolver mais o vendedor na operação devido as suas frequentes visitas, o que favorece atualização constante dos produtos na loja e garante a existência de produtos sempre frescos para venda. Porém, esse sistema gera menor controle da administração central, requerendo profissionais qualificados na loja para gerenciar e controlar os processos de compra. 132 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Produtos como artigos de bazar e enlatados geralmente são entregues em um depósito central do varejista, uma vez que não exigem condições especiais nem de transporte nem de armazenagem. As grandes redes trabalham com recursos da tecnologia da informação para gerenciar a distribuição das mercadorias em cada loja. Sistemas específicos auxiliam no controle de estoques e na tarefa de reposição de mercadorias com segurança e rapidez. As vantagens da utilização desses sistemas são a diminuição dos custos de distribuição, mecanização do processamento dos produtos, regularização dos fluxos de mercadorias, redução dos investimentos em estoques e redução nos índices de falta de produtos. As consequências dessas vantagens são a possibilidade de liberação de recursos antes voltados para estoques para outras áreas e o aumento de vendas pela manutenção dos níveis ótimos de produtos nas lojas. É importante atentar que os sistemas centralizados de distribuição apresentam desvantagens que devem ser administradas pelos gestores, como maior tempo para ajuste as demandas de cada região, manuseio extra de produtos perecíveis, a existência de mais um estágio no processo de distribuição e consequentemente aumento de custos operacionais. Tendências de distribuição no varejo Saiba como novos modelos de lojas estão mudando o perfil da cadeia de abastecimento, e como as empresas se preparam para distribuir seus produtos Foi-se o tempo em que havia apenas três modelos de varejo: pequenas, médias e grandes lojas. Hoje o consumidor pode comprar uma televisão pela internet, frutas e legumes na loja de vizinhança perto de sua casa, bebidas no atacarejo (mistura de atacado com varejo) e perecíveis congelados no supermercado, entre outros formatos. Com essa nova configuração, o varejo tem mudado a cadeia de abastecimento 133 Unidade III e forçado o surgimento de novas estruturas de distribuição. Um exemplo é o próprio atacarejo, em que cada unidade não depende totalmente de um centro de distribuição e permite que a indústria abasteça diretamente na loja, pois a área de vendas é também a área de estocagem dos produtos. Essa flexibilidade, aliada à simplicidade de exposição dos produtos e à opção de comprar tanto no atacado quanto no varejo, tornaram o canal sinônimo de preço baixo e tendência de mercado. Esse modelo logo atraiu grandes redes tradicionalmente varejistas, como os grupos Pão de Açúcar e Carrefour, que adquiriram respectivamente o Assai e o Atacadão, ambos atacarejos de grande participação no Estado de São Paulo. Para se medir o impacto dessa tendência dentro da cadeia de abastecimento, basta observar a estrutura de distribuição do Pão de Açúcar. Além dos atacarejos, a rede também tem apostado nos últimos dez anos em outros modelos de varejo para cercar distintos perfis de consumidores. Nessa aposta surgiram bandeiras como o Extra Perto, pequenas lojas de conveniência, com diversificado mix de produtos, poucos itens e sem área de estocagem; o Extra Eletro, especializado em eletrodomésticos e eletroeletrônicos; e os sites de compra Pão de Açúcar, focados apenas em alimentos e produtos de higiene e beleza, e Extra.com, voltado para a venda de produtos eletrônicos. Com essa estrutura, o modelo que consiste na estocagem dos produtos no centro de distribuição para em seguida abastecer os estoques dos pontos de venda ficou desatualizado. A rede precisou adaptar seus CDs para diferentes formas de abastecimentos. O Extra Perto, por exemplo, 134 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO exige reposição diária de itens fracionados e em poucas quantidades, ou seja, a separação tornou-se mais minuciosa e a distribuição agregou caminhões de pequeno porte, porque a maioria dessas lojas está localizada em grandes centros urbanos com restrições de acesso. Por outro lado, os atacarejos exigem o abastecimento de cargas com grandes quantidades de produtos, afinal um cliente pode comprar desde uma garrafa de refrigerante no varejo até 100 unidades no atacado, e sua área de vendas precisa estar preparada para essa realidade. Isso significa mais um modelo de separação e abastecimento. Inclusive totalmente diferente da distribuição do e-commerce (comércio eletrônico), no qual os produtos vendidos nos sites de compra são fracionados, embalados e entregues diretamente para os consumidores. Talvez essa tenha sido uma das razões para o Walmart ser uma das últimas redes de varejo a desenvolver um canal de e-commerce. E quando resolveu entrar nesse segmento, optou por terceirizar toda a gestão do armazém para um operador logístico, evitando misturar formatos de separação e distribuição diferentes. Vale lembrar que a rede tem know-how no abastecimento do estoque de lojas e não de entregas diretas para o consumidor, como ocorre agora com o site. Diferente das Casas Bahia, que neste ano estreou seu canal de e-commerce e não encontrou grandes dificuldades para a separação e distribuição dos produtos, pois como as lojas da rede não contam com estoques, as entregas sempre foram do CD para o cliente. Luiz Gustavo Ramos, gerente de logística da Coop, rede de supermercados na Grande São Paulo, acredita que a tendência para distribuição no varejo é justamente desenvolver CDs e modalidades de transporte cada 135 Unidade III vez mais flexíveis, que possam expedir desde grandes cargas até pequenas mercadorias. A rede, por exemplo, planeja flexibilizar seu centro de distribuição para atender a demanda do novo formato de loja, a Zapt Coop. Modelo de canal de distribuição Manufatura Manufatura Manufatura Manufatura Atacadista CD regional ou depósito local Franquia CD Atacadista (e/ou) Distribuidor Atacadista Revendedor Broker (agente) Representante Varejista Loja Cooperativas Varejista Loja Consumidor Consumidor Consumidor Consumidor Com 10 mil itens em seu mix (uma loja normal tem 23 mil itens), área de vendas reduzida e sem estoque, o modelo é similar ao Extra Perto e necessita de distribuição fracionada e praticamente diária. A intenção da Coop, que já conta com três unidades 136 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO nesse formato, é centralizar o abastecimento a partir de seu CD. Para isso, a empresa implementará até o final deste ano estruturas dinâmicas que agilizarão a separação, a movimentação e a expedição de produtos fracionados. Atualmente, as unidades Zapt Coop são alimentadas por lojas maiores ou pela própria indústria. Segundo Wagner Salzano, gerente de projetos da IMAM Consultoria, no futuro, a ausência de estoques na loja, como ocorre na Zapt Coop e no Extra Perto, será mais natural do que se imagina. De acordo com ele, é possível também que o número de centros de distribuição geridos pelo varejo seja reduzido a quase zero, pois a entrega direta da indústria para o cliente final ganhará maior proporção, principalmente com a automatização das informações e dos processos logísticos, que tornam a cadeia cada vez mais ágil. “As redes de varejo devem se transformar em grandes mostruários (físicos ou virtuais), operando praticamente sem estoques para itens de maior valor agregado”, explica Salzano. “Imagina-se que o pedido de uma geladeira, por exemplo, seja imediatamente transmitido ao fabricante, que providencia a manufatura (ou atendimento de seu estoque), aciona o operador responsável pelo transporte da rede varejista e faz a entrega direta e imediatamente na residência do cliente”. Algumas redes pequenas de supermercado já perceberam essa tendência, tanto que já não consideram interessante arcar sozinhas com a criação de um centro de distribuição. Por isso, têm aumentado o número de centrais de compras, que reúnem em uma administração conjunta diversas redes ou lojas independentes de supermercado para realizar a gestão de suprimentos, aumentando o 137 Unidade III poder de negociação com a indústria e reduzindo os custos com transporte. De olho nesse mercado, o grupo Pão de Açúcar decidiu aproveitar sua estrutura de suprimentos e distribuição para desenvolver uma central de negócios (modelo similar à central de compra) para negociar e distribuir produtos para pequenas redes do interior do País. “Toda operação do volume negociado pela central de negócios é realizada dentro dos nossos centros de distribuição, a central funciona como se fosse mais uma loja do grupo”, relata Marcelo Lopes, diretor de logística do grupo. “Optamos por esse modelo em razão do baixo investimento”. E o diretor está certo, a rede utiliza os mesmos veículos já dedicados para a operação em suas lojas e assim consegue capturar os ganhos gerados através da sinergia, como: composição de carga e otimização do veículo, utilização da tabela de frete já negociada pelo grupo e o mesmo nível de serviço oferecido às lojas do grupo. “Assim podemos contribuir para a redução do custo logístico total e oferecer preços mais competitivos”, conclui o diretor. Evolução da distribuição no varejo Para entender as tendências futuras da distribuição no varejo é necessário olhar para o passado e saber como esse processo evoluiu em suas práticas e conceitos aplicados. Até o início dos anos 1960, os sistemas de distribuição careciam de um planejamento adequado, decorrente da não existência de uma visão estratégica alinhada com o atual conceito de cadeia de abastecimento. Nessa época, cada empresa simplesmente focava a otimização de suas atividades, sem se preocupar com os impactos (positivos ou negativos) em seu cliente e consequentemente no cliente final da cadeia. Na 138 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO realidade, a distribuição física era um detalhe (ou um fardo para as empresas) e não merecia atenção maior. Nos anos 1970, as empresas passaram a dedicar maior atenção ao planejamento da distribuição, com foco na melhoria do relacionamento entre fornecedor e cliente, com a perspectiva de reduzir custos e melhorar os níveis de serviços para ambos. Muitas empresas criaram nessa época uma estrutura funcional para a distribuição física, independente das áreas industrial ou comercial (prática comum nos anos 1960), permitindo melhor planejamento das atividades de movimentação, armazenagem, embalagem e transporte. Com a chegada dos anos 1980, por conta do aumento da competição entre as empresas e da importância do cliente (no contexto geral), tornou-se necessário atribuir uma visão mais ampla em relação ao negócio. Foram criadas ou profissionalizadas as áreas de logística, que passaram a absorver, além das atividades de distribuição física, as atividades de suprimentos, gestão de materiais e manufatura. Com isso, as empresas passaram a trabalhar de forma integrada e planejada. Varejistas desenvolveram estruturas de distribuição, implementando centros de distribuição para atendimento de suas lojas. Para entender as tendências futuras da distribuição no varejo é necessário olhar para o passado e saber como esse processo evoluiu em suas práticas e conceitos aplicados. Os anos 1990 se caracterizaram pela consolidação da mudança iniciada na década anterior. O desenvolvimento dos sistemas de informação possibilitaram o contato direto e em tempo real entre fornecedor e cliente, e a gestão muito mais precisa e rápida dos custos logísticos (transporte, 139 Unidade III estoques, custos financeiros). A flexibilidade ampliouse permitindo implementar a distribuição de práticas como “just-in-time” e “estoque enxuto”, antes aplicadas apenas na manufatura, possibilitando reduzir custos e ao mesmo tempo melhorar os níveis de serviços. Com o surgimento do conceito de SCM (supply chaim management, gestão da cadeia de abastecimento), difundiram-se as parcerias entre fabricantes e varejistas, que passaram a incluir outros parceiros da cadeia, como contratados e empresas terceirizadas. A 1ª década de 2000 apresenta forte evolução dos sistemas de informação, permitindo o envolvimento do cliente final no processo, podendo em sua casa comprar (através da internet e sistemas e-commerce) e acompanhar o andamento de seus pedidos. Com as exigências crescentes dos clientes, fabricantes e varejistas precisaram se unir para oferecer produtos nas quantidades (cada vez mais fracionadas) solicitadas pelos clientes, bem como entregar em prazos inimaginavelmente curtos. Essa necessidade de flexibilidade fez crescer as empresas de logística terceirizadas ou 3PL (third party logistics, operadores logísticos), que passaram a se responsabilizar pelas atividades operacionais, incluindo, estocagem, tratamento de produtos, como montagem de kits, embalagem, distribuição para as lojas, etc (Imam, 2009). Reposição rápida de mercadorias O sistema tradicional de reposição de mercadorias pode levar um muito tempo (entre a realização do pedido e a entrega dos itens), afetando diretamente as necessidades de atendimento das demandas dos consumidores no ponto de venda e resultando em perdas financeiras e de imagem para os pontos de vendas. 140 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Baixo custo e alta eficiência no canal de marketing são objetivos almejados na tarefa de reposição de mercadorias. Por essa razão, varejistas e fornecedores criaram um sistema de resposta rápida que requer, acima de tudo, parceria e cooperação. Os sistemas de resposta rápida consistem em um processo de reabastecimento de ciclo curto que envolve a reposição automática do estoque do varejista em alguns dias (Parente, 2000). A previsão do que será vendido, definindo desde o tipo de produto até quantidades e modelos, pode ser feita por meio da tecnologia da informação (ECR, Quick response) com flexibilidade e eficiência. As principais características dos sistema de resposta rápida são: • Parceria ganha-ganha: o sistema exige alto volume de troca de informações entre varejista e fornecedor implicando a cooperação e transparência. O objetivo é obter maior lucratividade para ambas as partes por meio da melhoria do atendimento dos clientes. • Integração dos sistemas de frente de loja e de retaguarda: códigos de barras, leitoras óticas e demais sistema de informação resultam em uma gestão mais eficiente do mix de produtos, níveis de estoque e volume de compras. • Sistemas de entrega Just in time: os sistemas Just in time, que podem ser utilizados tanto nos sistemas de entrega direta como nos sistemas de distribuição centralizada, visam sincronizar os pontos de vendas com o nível mínimo de estoque e, para isso, ampliam as frequências das entregas e diminuem os volumes de estoque resultando em giro mais rápido das mercadorias. 141 Unidade III • Troca eletrônica de dados: os componentes da cadeia de suprimentos (fornecedores, intermediários e varejistas) podem tocar dados eletronicamente por meio do intercâmbio eletrônico de dados (o EDI-Eletronic Data Interchange). Essa troca de dados, que se refere ao compartilhamento da tabela de preços e de produtos, dos pedidos de compras, dos avisos de recebimento de mercadorias e de nota fiscal, permite a melhoria da gestão de compras. O sistema de resposta rápida abrange os seguintes objetivos: • rapidez no giro de estoques; • níveis de estoque mais rápidos, o que se traduz em menos espaço e em menos investimentos de capital em estoque; • índices de faltas de itens reduzidos; • mais variedade e, consequentemente, melhoria no nível de satisfação dos consumidores e melhoria nos volumes de vendas; • redução da necessidade de demarcações; • custos logísticos e administrativos reduzidos devido ao processamento eletrônico das informações. Varejo sem rupturas Pensar em falta de produtos nas gôndolas dos supermercados não é mais viável aos olhos dos varejistas brasileiros, que não podem mais se conformar com a perda de vendas, que reduz sua lucratividade. Hoje, os mecanismos de reabastecimento — compra 142 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO e entrega — são tão eficientes, que sequer pode-se cogitar falhas dessa natureza. Como impedir tal situação? Podemos começar com a gestão eficiente do processo de compras. É preciso, a princípio, garantir que a gestão do estoque esteja adequada e com informações precisas para permitir acuracidade da compra para reabastecimento. A partir daí, é possível utilizar ferramentas de integração de processos com os fornecedores, para uma operação ágil e eficiente, como é o EDI (Electronic Data Interchange / Intercâmbio Eletrônico de Dados). A ideia transmitida pelo EDI é relativamente simples. Muitas empresas utilizam computadores para organizar os processos comerciais e administrativos ou, ainda, para editar textos e documentos. A maioria das informações é introduzida no computador manualmente, por meio de digitação. Quando as empresas se comunicam, por exemplo, para encomendar mercadorias (comprar), por que, ao invés de datilografar um formulário em papel e o enviar por fax ao parceiro comercial, não transferir eletronicamente essas informações diretamente do computador da empresa para o de seus fornecedores? Da aplicação do EDI surge uma nova dinâmica no relacionamento entre a empresa e seus parceiros de negócios, simplificando toda a rotina de papéis, integrando processos, reduzindo custos e aumentando produtividade. No EDI, o varejo envia eletronicamente o seu pedido à indústria e/ou atacadista. Este atende e envia uma cópia da nota fiscal antes da entrega física. Desta maneira, são eliminados os erros e a entrega é agilizada. Em um mercado cada vez mais dinâmico e 143 Unidade III competitivo, a automação dos processos ultrapassou as fronteiras da empresa para avançar nas relações entre indústria e varejo. Neste contexto, a troca rápida de informações é fundamental para ganhar eficiência. O EDI foi desenvolvido exatamente para eliminar as barreiras na comunicação entre empresas (pilhas de papéis, digitação, relatórios etc.). Trata-se de tecnologia baseada em comunicação eletrônica, na qual as informações vão e voltam sem qualquer interferência. Os principais resultados com a implantação do EDI são: redução de estoques, à medida que o gerenciamento dos produtos permite a reposição calculada sobre o consumo, firmando-se alianças estratégicas entre fornecedores e clientes; aumento de vendas devido ao monitoramento constante do consumo e planejamento pré-acordado para a rápida reposição por parte do fornecedor; valorização dos profissionais de compras e vendas, quando estes assumem a função de estrategistas de negócios; agilidade no processo, porque grandes volumes de dados comerciais podem ser comunicados de um computador a outro em questão de minutos, permitindo, por exemplo, reduzir prazos de entrega e garantindo maior satisfação por parte do cliente; e aumento da produtividade no varejo, pois o EDI permite que haja controle melhor das necessidades de compras e entregas. Com a habilidade de venda acrescida à correta utilização da tecnologia, o varejo cresce e leva satisfação ao consumidor. Este é o caminho! (Ringer, 2009). 5 COMUNICAÇÃO DE MARKETING NO VAREJO A comunicação no varejo visa, sobretudo, atrair os clientes para o ponto de venda e também motivar os consumidores 144 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO a comprarem. Os esforços de comunicação envolvem uma avaliação ampla de todo o negócio, pois precisam estar integrados a todas as variáveis do composto mercadológico, também chamado de mix de marketing: produtos vendidos, preços praticados e localização dos pontos de venda (praça). Esses esforços de comunicação devem também levar em consideração as variáveis não controláveis do ambiente de marketing, como o perfil do cliente, o momento econômico, a movimentação da concorrência, as disponibilidades dos fornecedores, as tecnologias disponíveis para comunicação, a legislação, caso exista, que incide na comercialização dos produtos e na divulgação dos mesmos. Daud e Rabello (2007) alertam que “no minuto crucial da compra, se seu produto não for visto, será esquecido pelo consumidor eventual ou considerado em falta pelo consumidor habitual”. Todas as ferramentas de comunicação (figura 13) – propaganda, relações públicas/publicidade, marketing direto, vendas pessoas e promoção de vendas - podem ser utilizadas pelos varejistas para atrair os clientes regulares e potenciais para o ponto de venda, aumentar o tráfego da loja e motivar compras. As ferramentas mais utilizadas pelo varejo são a propaganda e a promoção de vendas. Porém o varejo especializado se utiliza bastante do marketing direto, principalmente para manter contato com os clientes e levar informação sobre novos produtos ou temporadas promocionais. As grandes empresas também são fortes usuários das ações de relações públicas e publicidade por desenvolver ações no sentido de construção e manutenção de marca, como é o caso do Grupo Pão de Açúcar que desenvolve diversos eventos culturais e esportivos com a sua marca e do Hiper e Supermercado Bompreço, pertencente ao Walmart, que apoia eventos populares em diversas cidade 145 Unidade III do Nordeste, como carnaval e festival de cinema. Neste tópico vamos estudar cada uma dessas ferramentas. Propaganda Relações públicas/ publicidade Promoção de vendas Vendas pessoais Marketing direto Figura 13: Comunicação integrada de marketing Fonte: criado pela autora Segundo Kotler e Keller (2006) o marketing moderno implica proposição ideal do mix de marketing que é a combinação estratégica de todas as suas variáveis e, por isso, o elemento promoção deve ser integrado adequadamente. A comunicação de marketing é o esforço voltado para a formação e manutenção da imagem de um determinado produto, serviço ou empresa. Sua função é manter o público-alvo consciente e interessado e ainda provocar uma resposta comportamental que é realização da compra. Portanto, as empresas de forma geral precisam se preocupar em manter uma comunicação constante e interativa com seus atuais clientes e clientes potenciais. 5.1 Objetivos dos esforços promocionais Já foi dito anteriormente que os objetivos dos esforços promocionais, ou esforços de comunicação, devem responder aos objetivos gerais da empresa varejista. A definição dos objetivos promocionais abrange três perspectivas: o modelo de 146 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO hierarquia dos efeitos, propósitos básicos e objetivos de curto e longo prazo. Modelo de hierarquia de efeitos O modelo de hierarquia de efeitos descreve os vários estágios percorridos pelo consumidor antes da compra e por isso colabora com o varejista na definição correta dos objetivos promocionais que devem responder a esses estágios. Esses estágios abrangem desde a fase de total desconhecimento sobre os produtos ou marcas até a concretização da compra. Ou seja, em termos gerais, o consumidor passa pelo 1º estágio, que é de desconhecimento, segue para o 2º estágio, quando ouve falar sobre o produto ou marca, entra no 3º estágio, quando toma conhecimento, avança para o 4º estágio, sente simpatia, pode chegar ao 5º estágio, que é o de dar preferência, para depois ter convicção, que é o 6º estágio e só então realizar a compra, 7º estágio. Para cada um desses estágios deve ser desenvolvido um esforço promocional específico que altere o seu estado e faça o consumidor passar para a fase seguinte. Objetivos básicos atendidos pelo modelo de hierarquia de efeitos Existem três objetivos básicos que atendem os estágios descritos pelo modelo de hierarquia de efeitos: • Composto promocional informativo: visa transmitir ao consumidor dados sobre o produto (características, finalidades) ou sobre a empresa (localização, horário de funcionamento, meios de pagamento); a propaganda é normalmente a ferramenta mais usada para esta situação. • Composto promocional persuasivo: a comunicação deve valorizar atributos do produto ou da empresa varejista fazendo o consumidor se convencer de que o produto ou 147 Unidade III empresa em questão é a melhor opção para a satisfação de suas necessidades; tanto a propaganda como a promoção de vendas são as ferramentas mais adequadas para esse caso. • Composto promocional de reforço: são as ações continuas de comunicação para manter a marca ou empresa sempre presente lembrança do consumidor. A propaganda e á ferramenta mais utilizada para atender a esse objetivo. Objetivos de curto e longo prazo Para a definição dos objetivos promocionais o tempo é um ingrediente fundamental e interfere diretamente na elaboração da mensagem. Os objetivos de longo prazo em varejo estão voltados para construir uma imagem positiva e sólida da empresa varejista, estabelecendo oportunidades de relacionamento. Normalmente usa-se a propaganda institucional da qual faremos mais adiante. Como exemplos podemos citar a campanha do dos supermercados Pão de Açúcar “Lugar de gente feliz” que traz a mensagem de bom atendimento e loja bem abastecida. Já o slogan das Casas Bahia, “Dedicação total a você”, remete à qualidade do relacionamento e do foco no atendimento das necessidades do consumidor. Os objetivos de curto prazo se referem aos objetivos de vendas e trabalham com as variáveis preço e disponibilidade de produtos. Essas variáveis visam normalmente ao aumento do tíquete médio, ou seja gerar mais vendas por visita de cada cliente e atrair novos consumidores para o ponto de venda. Observe como fica a integração dessas três perspectivas na figura 14: 148 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Modelo de Hierarquia dos Efeitos Objetivos promocionais Composto promocional Desconhecimento Ouviu falar Nível cognitivo: passagem de informação Publicidade Propaganda Promoção de vendas Conhecimento Simpatia Preferência Nível afetivo: provocar mudança de atitudes e sentimentos Convicção Compra Propaganda institucional Propaganda persuasiva Promoção de vendas Propaganda de reforço Nível de ação: estimular desejos Eventos promocionais Vendas diretas Programas de fidelização Figura 14: Integração do Modelo de Hierarquia dos Efeitos aos objetivos e composto promocionais Fonte: PARENTE, Juracy. Varejo no Brasil: Gestão e Estratégia. São Paulo: Atlas, 2000. 5.2 As ferramentas de comunicação de marketing 5.2.1 Propaganda A propaganda é uma ferramenta de comunicação indireta e impessoal, ou seja, não existe um contato direto ou pessoal entre emissor (anunciante) e receptor (público-alvo). Sua 149 Unidade III transmissão se dá no meio externo, ou seja, fora da empresa, através das mídias (TV, rádio, mídia impressa (jornais e revistas), mídia externa (outdoors, painéis e empenas) e internet). A mídia deve ser escolhida de acordo com as características do públicoalvo e a as suas possibilidades acesso. “Propaganda é qualquer forma paga de apresentação não pessoal de ideias, produtos ou serviços, realizada por um patrocinador identificado”. Kotler e Armstrong (2003). A propaganda é uma das ferramentas mais utilizadas para a divulgação de produtos, serviços, marcas e ideias e pode se classificada em: • propaganda promocional: tipo de propaganda que tem por objetivo levar ao público as características de produtos ou serviços, apresentando suas finalidades e atributos; • propaganda institucional: é a propaganda elaborada com o intuito de divulgar a marca e a imagem da empresa. Portanto, o ponto focal do seu conteúdo será além da marca, a história da empresa e informações institucionais. A determinação dos objetivos de propaganda é o primeiro passo para a elaboração de uma campanha publicitária e diz respeito aos objetivos gerais de comunicação e atendem aos objetivos determinados no plano estratégico de marketing. No varejo, esses objetivos estão relacionados aos objetivos do composto do mix de produtos, além da participação de mercado, da imagem que se pretende estabelecer no perfil do público-alvo e no posicionamento da empresa anunciante no mercado. O posicionamento da empresa anunciante no mercado e o mix de marketing são responsáveis pela definição do papel da propaganda no plano de marketing da empresa. 150 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO A propaganda pode ter três funções básicas de acordo com seu papel no mix de marketing da empresa anunciante. A propaganda poderá ser informativa, quando o objetivo de comunicação for o de introduzir o produto ou serviço no mercado, visando estimular a demanda nos consumidores. O conteúdo da propaganda informativa é voltado para a apresentação de características e benefícios do produto, preço, forma de pagamento, pontos de venda e outras informações de ordem prática. Quando existem muitos concorrentes, faz-se então necessário desenvolver uma demanda seletiva, a propaganda deverá ser persuasiva. O conteúdo deverá ser baseado em argumentações, utilizando-se de componentes de comparação. Outra função da propaganda é a de funcionar como um lembrete. Esse modelo é adequado para produtos ou varejistas que se encontram no estágio de maturidade do seu ciclo de vida. Nesse caso o objetivo é fazer com que os consumidores sempre se lembrem de determinado produto ou loja. Marcas como Nestlé, Omo e Coca-Cola, só para citar algumas, não requerem apresentações nem argumentações, pois encontram-se em estágio de maturidade, porém não descartam esforços de comunicação para que a lembrança de suas marcas esteja sempre na mente de seus consumidores. O varejo comumente se utiliza de conteúdos informativos para divulgar as suas ofertas da semana, mesmo que mencionando produtos consolidados. O objetivo aqui é informar o preço que está sendo praticado. Mídias - tipos, vantagens e desvantagens Veja no quadro 8 as vantagens de cada tipo de mídia, relacionadas por Churchill e Peter (2005): 151 Unidade III Quadro 8: Comparativo das vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de mídias Mídias Televisão Vantagens Desvantagens Ampla audiência por ter cobertura massificada. Por ser uma mídia de massa, a possibilidade de seleção de público é pequena. Recursos de áudio e vídeo combinados causam maior impacto. Controle remoto para troca de canais e outros recursos tecnológicos podem impossibilitar o alcance da audiência. Alta capacidade de reter a atenção do espectador. Curto tempo de exposição . Custo por exposição relativamente baixo pelo fato de ser uma mídia de massa. Preços altos de veiculação (espaço nos veículos) e altos custos de produção (filmes, fotografias, gravações de vinhetas etc.). Disponibilidade restrita. Rádio Custos melhores que TV. Mensagens curtas Razoável seletividade (razoável possibilidade de direcionamento das mensagens a um determinado público). Não apresenta estrutura de audiência padrão. Fácil acesso (carro, aparelhos portáteis) e amplamente usado em diversas partes do mundo. Imprensa escrita A audiência, na maioria das vezes, está desempenhando outras atividades enquanto escuta. Menor atenção dedicada por parte do ouvinte se comparado à televisão. Exposição ampla ou direcionada. Frequência limitada pela periodicidade da publicação. Pode ser de ser baixo custo, dependendo do veículo selecionado. Preços relativamente altos em veículos de ampla circulação Possibilidade de leitura cuidadosa e de revisão das informações. Se a posição do anúncio não for determinada não há garantia de qualidade da exposição Alta qualidade gráfica, no caso de revistas. A reprodução das imagens pode sofrer prejuízos de qualidade, principalmente em jornais. Requer produção dos materiais com muita antecedência. Mídia exterior internet Barato no caso de outdoors simples. Seleção de público apenas pela localização geográfica. Grande repetição da exposição. A mensagem é vista por um tempo muito breve. Pouca concorrência. Possibilidade da existência de obstáculos à visão e de outros eventos que desviem a atenção do público. O anúncio pode ser veiculado próximo ao ponto de venda. Tem imagem negativa entre grupos contra a poluição visual. Possibilidade de personalização das mensagens e interação com o público. O idioma pode ser um impedimento para alcances maiores. Nenhum custo adicional para alcance de público mundial. A qualidade das imagens é variável. Recursos de áudio e vídeo podem ser utilizados, enriquecendo a comunicação. A audiência é limitada aos usuários de internet. Fonte: CHURCHILL JR., Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2005 Adaptado pela autora 152 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Orçamento de propaganda A definição dos objetivos de propaganda orienta a definição do seu orçamento. Os varejistas almejam que os investimentos em propaganda gerem vendas e, consequentemente lucros para financiar outras ações. Aspectos importantes devem ser considerados durante a definição do orçamento da propaganda, como: • o estágio do ciclo de vida em que se encontra o produto: novos produtos demandam maior volume de investimentos; • participação da empresa no mercado: o volume de vendas desejado, que é normalmente proporcional à participação da marca no mercado, implicará investimentos também mais significativos; • concorrência: quanto maior a concorrência, mais frequentes deverão ser as campanhas de propagandas; • grau de substituição do produto: quanto menor a diferenciação entre o produto e seu substituto, maior apoio de comunicação será necessário para criar uma imagem atrativa na mente do consumidor. Na definição do orçamento de propaganda também é determinado quem irá pagar pelas despesas. Em varejo, existe a possibilidade não só do varejista de fazer todo o investimento necessário, como também, de dividir as despesas com o fabricante ou fornecedor do produto que será anunciado. Essa forma de ação chama-se campanha cooperada ou propaganda cooperada. Os varejistas se utilizam de cinco métodos para a definição do orçamento de propaganda: 153 Unidade III Método do que sobrar Método inadequado, pois não leva em consideração os objetivos de comunicação. Muito usado pelos varejistas de pequeno porte, que trabalham com fluxos de caixa mais restritos, Este método consiste em investir em propaganda apenas quando houver excedente. Método do ajuste calibrado Os investimentos em propaganda e os volumes de vendas realizados nos anos anteriores e mais os objetivos de volume de vendas para o próximo período norteiam a definição do orçamento do próximo ano. Este método é adotado pelos varejistas de pequeno porte e é baseado na experiência e na intuição. Método de percentual de vendas Para a aplicação deste método, o varejista determina um percentual sobre as vendas para investir em propaganda e ainda pode se orientar com base em dados do setor, ou em suas experiências anteriores. A problemática trazida por este método é que se as vendas caírem, os investimentos também serão reduzidos (o que deveria ser o contrário). Porém, trata-se de um método prático e que traz bom nível de controle sobre os gastos em propaganda. Método de paridade competitiva Este método se baseia nos investimentos dos concorrentes. O varejista estima seu orçamento de acordo com suas expectativas sobre o que os concorrentes farão. Ao longo do tempo o varejista poderá aumentar ou reduzir o orçamento com base nas ações da concorrência. A vantagem deste método é que o varejista consegue se adaptar à posição competitiva dos concorrentes. Porém, a ideia de paridade é frágil uma vez que gera suposições 154 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO equivocadas sobre a possibilidade de todos os varejistas estarem adotando a mesma estratégia e que a decisão sobre investimento em propaganda feita pelo concorrente é a mais acertada. Método de objetivo e paridade Este é sem dúvida o melhor método, pois considera os objetivos da propaganda que por sua vez estão atrelados aos objetivos estratégicos (relacionados às variáveis do composto mercadológico varejista, como política de preços, determinação das linhas de produtos etc.). E ainda, está relacionado às atividades necessárias para o alcance dos objetivos da propaganda. A definição dessas atividades possibilita o orçamento detalhado das despesas. 5.2.2 Promoção de vendas e merchandising A larga utilização da promoção de vendas, bem como do merchandising, é uma resposta à forte concorrência que ocorre no varejo nas mais modernas economias de mercado. Tanto é que as verbas destinadas a essas ferramentas superam as somas dedicadas ás outras ferramentas ou estratégias de comunicação. A razão para a preferência dos varejistas por implementar estratégias de promoção de vendas se dá pela busca de ações com efeitos e resultados mais rápidos. Costa e Crescitelli (2007) explicam que no Brasil, essa necessidade de resultados imediatos, por sua vez, leva um grande número de empresas a fazer uso exagerado e, às vezes até indiscriminado da promoção e do merchandising, considerando os como soluções fáceis para tosos os problemas. Os autores explicam que essa decisão pode nem sempre ser a mais acertada porque o baixo desempenho de vendas pode estar muitas vezes relacionado a outros fatores, como a permanência na composição do mix de produtos de itens já obsoletos, ou mal 155 Unidade III posicionados, ou com falhas de distribuição. E ainda alertam que a promoção de vendas deve ser vista como uma estratégia que só deve ser utilizada após um estudo criterioso do posicionamento mercadológico do produto. A promoção de vendas é a ferramenta de comunicação que colabora com a aproximação entre marca e consumidor e facilita a realização da compra por proporcionar a experimentação do produto. As promoções orientadas para o consumidor algumas vezes são incrivelmente bem-sucedidas e geram aumentos imensos nas vendas em curto prazo. No entanto, atingir o sucesso requer um planejamento cuidadoso e grande coordenação com outros aspectos de um programa de marketing. Previsões inadequadas podem levar a desastres promocionais. (SHIMP, 2002) Um exemplo de promoção de vendas é quando duas unidades de determinado produto são vendidas pelo preço de apenas uma unidade. Essa ação pode ser bastante interessante para estimular demanda em consumidores regulares por meio do benefício de custo. Já o cliente potencial poderá ficar motivado a experimentar o produto também motivado pelo benefício do custo. A promoção de vendas é uma ferramenta de curta duração e visa ao aumento do volume de vendas por meio da experimentação ou aquisição de produtos em condições especiais, como a preço mais baixo, adicionado outro produto ou a outra unidade igual, ou ainda, por meio da oferta de brindes, prêmios e amostras grátis. Enquanto a propaganda oferece razões para a compra de um produto ou serviço, a promoção de vendas oferece razões para a compra ou venda ser feita imediatamente (Kotler e Keller, 2006). 156 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Finalidades da promoção de vendas Além da utilização das promoções de vendas para o aumento das vendas em curto prazo, sua aplicação mais comum, esta ferramenta é também aplicada para o alcance de outros fins, como proporcionar ao consumidor a possibilidade da experimentação do produto, a penetração da empresa varejista em outros segmentos de mercado, o balanceamento do estoque, eliminando os seus excessos e ainda responder às ações da concorrência. Portanto, a promoção de vendas pode ser classificada em: • promoções de persuasão: promoção relacionada a venda em si, sendo a mais tradicional; • promoções institucionais: têm por objetivo promover a imagem da empresa ou do produto. A promoção de vendas deve obedecer a três fundamentos básicos para sua eficácia que são: • A possibilidade de oferecimento de um benefício adicional: isso quer dizer que se o consumidor adquirir determinado produto, ele receberá algo em troca, além dos benefícios inerentes ao produto. Este algo mais não deve fazer parte do produto em si, algo que o consumidor já teria com a simples aquisição do item; um exemplo pode ser um uma unidade do mesmo produto a mais, ou outro produto, que pode ser complementar, ou um brinde, ou até mesmo um cupom de desconto para a próxima compras. • tempo determinado de duração: o tempo delimita a validade da promoção, caso beneficio adicional tende a fazer parte invalidando a ação. A determinação do determinado contrário, o do produto, tempo pode 157 Unidade III ser feita com a fixação de uma data para término da promoção ou então com o fim do estoque do produto; • atendimento de um objetivo específico: esta definição é fundamental, pois orienta o varejista a determinar o tempo de duração. Portanto, o término da promoção se dá assim que o problema em questão foi resolvido, ou o objetivo alcançado, como por exemplo, balanceamento do estoque ou experimentação do produto, respectivamente. Ogden e Crescitelli (2007) alertam que “é importante respeitar estes três fundamentos, pois um produto deve ser vendido por seus atributos, e não às custas de benefícios extras”. Ou seja, nas palavras dos autores, a promoção serve como um “anabolizante” para o produto. Se as vendas de determinado item apenas são conseguidas por meio da implementação de ações de promoção de vendas, é necessário que o varejista revise os elementos do mix de marketing, como a competitividade do preço e do produto (características e atributos), além de falhas de distribuição e outros aspetos da gestão. Alvos das promoções de vendas As promoções de vendas podem ser dirigidas, tanto para os intermediários (distribuidores, atacadistas e varejistas), como para os consumidores. Os objetivos, tanto para um público, como para outro, sempre estarão direcionados para um melhor desempenho de vendas. Promoção de vendas dirigida aos intermediários Este tipo de ação também é chamada de promoção de incentivos e tem como alvo os próprios membros do canal de distribuição, ou seja, tanto os atacadistas e distribuidores, como os varejistas. A promoção de vendas dirigida aos varejistas é de grande valia em lojas que possuem vendedores balconistas e que 158 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO comercializam produtos concorrentes (de diversas marcas), como as lojas de eletrônicos, as lojas de material de construção e farmácias. As ações voltadas para incentivar as vendas podem potencializar os efeitos das estratégias “pull and push”, muito usadas para estimular as demandas. • Estratégia Pulling (ou Pull): esta estratégia estabelece um estímulo junto ao cliente. Segundo Las Casas (2008), esta estratégia caracteriza-se por estimular o consumidor final para solicitar determinado produto nas empresas varejistas. É a estratégia mais comum para produtos de consumo como alimentos, higiene e limpeza, eletroeletrônicos e outros, que estabelecem esforços mercadológicos diretamente junto ao público consumidor, procurando criar uma demanda que o varejista deve atender. • Estratégia Pushing (ou Push): esta estratégia estabelece um estímulo junto ao varejista, motivando-o a dar maior destaque para determinado produto, expondo-o de forma mais atrativa para seus clientes. Segundo Lambin (2000), esta estratégia consiste em: orientar, por prioridade, os esforços de comunicação e promoção junto aos intermediários, de modo a incitálos a referenciar a marca, armazenar o produto em quantidade conveniente, concedendo-lhe o espaço de venda adequado e estimular os consumidores a comprá-lo. As ações de incentivo servem ainda de escudo para evitar que os concorrentes incentivem os vendedores dos varejistas com prêmios ou pagamentos em dinheiro (os chamados gueltas) por produto vendido. Essas ações de incentivo direto aos vendedores balconistas podem interferir de forma significativa os esforços de comunicação feitos 159 Unidade III pelo varejista, pois o consumidor pode ser influenciado pelo vendedor a preferir determinada marca que não esteja nas prioridades do varejista. Tipos de promoção de vendas voltadas para o publico intermediário Descontos ao intermediário O objetivo é aumentar o volume de compras pelo varejista junto ao fabricante e consequentemente, gerar o aumento das vendas junto aos consumidores finais. É importante lembrar que esse desconto não é integralmente repassado ao consumidor. Segundo Ogden e Crescitelli (2007), cerca de 30% ficam com os próprios varejistas. Os descontos podem ser dados de várias maneiras: • Desconto na fatura: acordo entre varejista e fabricante para dedução de uma quantia fixa na fatura de pagamento das compras das mercadorias. • Cheque de reembolso: o varejista recebe uma quantia pela inserção dos produtos dos fabricantes em seus anúncios ou pela possibilidade de colocação de displays no ponto de venda. • Descontos de abertura de espaço: abertura de espaço é a ação de disponibilizar um espaço em gôndola para novos produtos ou um espaço da loja para a colocação de display para os novos produtos. O fabricante paga um valor referente aos custos associados ao abastecimento do produto. • Taxa de retirada: também chamada de tarifa de manipulação, consiste na cobrança pelo varejista ao fabricante para a remoção de um produto que não tenha atingido o nível mínimo de giro estabelecido. 160 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO • Compras antecipadas: são compras feitas antes do momento real de abastecimento e que podem ainda ser em volume maior que o necessário. O desconto obtido nas compras antecipadas pelo varejista pode ser repassado para o consumidor, ou o varejista pode vender estas mercadorias pelo normal, obtendo assim margens melhores. • Políticas de preço mínimo: é a cobrança de um preço fixo por determinado produto. Esta política, criada pela Procter & Gamble em 1990, teve por objetivo evitar a dependência das compras antecipadas e visa à obtenção do lucro na venda ao consumidor e não na compra junto ao fornecedor. É o conceito do preço baixo todo dia. • Pagamento por desempenho: é o pagamento feito pelo fornecedor ao varejista pela venda de mercadorias especificas e não pelo fato de comprá-las. As mercadorias, bem como os descontos e o período de validade da promoção, são definidos em conjunto, entre varejista e fornecedores. As quantidades vendidas são conferidas nos registros dos varejistas feitos em scanners e o fabricante paga o desconto negociado por meio de uma compensação sob a forma de desconto adicional para a quantidade vendida. Propaganda cooperada É considerada uma promoção junto ao intermediário por ser um apoio dado pelo fornecedor ao varejista para a realização de campanhas publicitárias que mencionam não só a loja como a marca do produto vendido com o intuito de estabelecer na mente do consumidor uma relação entre o produto e quem o vende. 161 Unidade III Concursos e incentivos aos intermediários São ações realizadas para motivar gerentes de vendas e vendedores a obterem um melhor desempenho de vendas. Têm como base uma meta de vendas a ser alcançada que estabelecida pelo fabricante. Os concursos são diretamente relacionados às metas de vendas, já os incentivos são relacionados a tarefas especificas, como vender produtos específicos. Materiais de ponto de venda São itens criados pelas equipes de comunicação do fabricante e têm a função de chamar a atenção dos consumidores por meio da melhoria da atratividade da exposição da mercadoria. Esta ação também ajuda o varejista a otimizar a utilização do espaço da loja. Os materiais de ponto de venda mais tradicionais são os cartazes, displays e bandeirolas, entre outros, porém novos modelos de comunicação mais sofisticados já integram este conjunto, englobando a utilização de som e recursos digitais. Programas de treinamento Essenciais, principalmente no varejo multimarcas, devido ao enorme número de produtos oriundos de diferentes fabricantes, os programas de treinamento têm o objetivo de levar mais informações sobre os produtos aos vendedores, deixando-os mais seguros no momento da venda. As constantes evoluções tecnológicas e a presença de produtos novos exigem uma atualização constante dos vendedores do varejo e representam uma importante parcela dos investimentos dos fornecedores, junto com a colocação de promotores de vendas nas lojas varejistas para ajudar no atendimento dos consumidores no que diz respeito ao esclarecimento sobre os produtos. Peças promocionais As peças promocionais complementam as outras formas e ferramentas de comunicação utilizadas pelo varejista. 162 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Têm a função de manter a lembrança da marca na mente dos consumidores ao fazer referência ao produto por meio da exposição da logomarca, slogans e outras referências. Peças promocionais podem ser artigos úteis ou itens para a decoração da loja e sua distribuição pode ser aleatória, quando não há uma orientação específica sobre quem deve receber a peça. A promoção de vendas estruturada é baseada em objetivos que envolvem a determinação do público-alvo, criação de tema, orçamento e métodos de distribuição das peças. Essas peças podem ser usadas para apoiar as ações de abertura de novas lojas, lançamento de novos produtos, desenvolvimento e estímulo de tráfego nas lojas e durante eventos etc. Promoção de vendas ao consumidor Como já vimos, a promoção de vendas visa ao aumento no volume de vendas, porém clientes em situações peculiares requerem a definição objetivos específicos: • conquista de novos clientes: o varejista pode utilizar a promoção de venda para trazer novos clientes para as lojas; • manutenção de clientes fiéis: as promoções de vendas podem ser instrumentos de recompensa pela lealdade dos clientes. Os clientes ocasionais são muito afetados pelas promoções de vendas, mas é importante lembrar que esta ferramenta aplicada de forma isolada não tem a função nem a capacidade de fidelizá-los. Para isso é necessário o desenvolvimento de um plano que envolva todo o mix de marketing visando ao atendimento às necessidades e desejos desses clientes. 163 Unidade III Instrumentos da promoção de vendas junto aos consumidores Existem várias formas de desenvolvimento de promoção de vendas junto ao consumidor, e a escolha dessa forma, bem como dos instrumentos que irão tangibilizar a promoção, depende do perfil do público e dos objetivos que se pretende alcançar. Vamos analisar alguns dos tipos mais comuns: • Amostras: são produtos em embalagens especiais, normalmente em tamanhos menores, usados para permitir que o consumidor experimente o produto. Ação adequada para lançamento de produtos ou para a conquista de novos consumidores. • Acúmulo de pontos: cada vez que o consumidor faz compras, o valor gasto é pontuado. Os pontos acumulados podem ser trocados por mercadorias ou serviços, tendo como referência uma tabela predeterminada. • Pacotes promocionais: consistem em combinações de produtos, geralmente produzidas pelo fabricante, que proporcionam ao consumidor economia na sua aquisição. Podem ser representados pela oferta duas ou mais unidades do mesmo produto, por um preço unitário menor que o praticado normalmente. • Prêmios: são bens oferecidos gratuitamente aos consumidores com o objetivo de estimulá-los a comprar determinado produto e podem ser oferecidos tanto pelo varejista, como pelos fabricantes. Esses prêmios podem ser oferecidos por meio de trocas de embalagens, rótulos, códigos de barras. Quando os prêmios são de valor mais elevado, como casas, carros, viagens etc., o varejista ou fabricante pode promover sorteios. • Brindes: trata-se de uma opção de baixo custo, que tem por objetivo chamar a atenção para o produto, induzir 164 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO a compra e gerar simpatia. Existem 3 tipos bastantes comuns de brindes: — brindes não vinculados a compras: consiste em peças de baixo custo, cuja distribuição não requer que o consumidor realize alguma compra. O objetivo aqui é gerar goodwill (simpatia, reputação); — brindes vinculados a compras: o brinde é oferecido ao consumidor que adquire o produto. O brinde neste caso pode ser relacionado ao produto e pode também ser colecionável. A distribuição pode ser do tipo in-pack ou near-pack, ou seja, o brinde é embalado junto com o produto; — brinde de compra subsidiada: esta modalidade, chamada de self-liquidate, também é atrelada à compra, porém neste caso, o consumidor paga parte do valor do brinde. • Material para ponto de venda: é todo material promocional que as empresas enviam para as lojas de varejo complementarem sua decoração. São cartazes, displays, réplicas gigantes dos produtos, embalagens infláveis, ou seja, tudo que possa ajudar a chamar a atenção dos consumidores e leve a marca dos produtos. • Concursos, sorteios e vale-brindes: também são modalidades de oferta de brindes geralmente atreladas às compras, porém de distribuição seletiva. Na modalidade concurso, o fator desempenho dos participantes direciona a distribuição. Já nos sorteios e vales-brindes, a distribuição acontece aleatoriamente entre os participantes; esta modalidade requer um regulamento para que haja transparência do processo o que também ajuda no direcionamento ao público-alvo. 165 Unidade III • Member get member: promoção voltada para a indicação de novos consumidores pelos clientes atuais, que recebem uma recompensa pela indicação, que pode ou não ser estendida a pessoa indicada. • Demonstração: consiste na apresentação do produto em detalhes, envolvendo formas de experimentação do produto, como degustação, test-drive etc. Muito comum no setor de alimentos, porém utilizável em vários setores. • Cupons: estimular vendas por meio de reduções de preço de curto prazo; fazem com que produtos novos sejam experimentados. Merchandising O merchandising, chamado por alguns autores de ferramenta de marketing e por outros de ação de marketing, é um conjunto de técnicas que facilitam a comunicação dos produtos e a sua apresentação no ponto de venda. O objetivo do merchandising é acelerar o giro do produto por meio de seu destaque na loja. Costa e Crescitelli (2007) explicam que merchandising é uma atividade realizada no ponto de venda que tem como objetivo destacar e valorizar o produto, de forma que o consumidor decida pela sua aquisição fomentado pelo impulso. A ação de merchandising pode ser de iniciativa tanto do varejista como dos fornecedores e visa colaborar com a rentabilidade tanto do produto ou categoria, como também da área de exposição, por meio da criação de um ambiente de forte apelo promocional que atue como instrumento de sedução junto aos consumidores. Os objetivos específicos do merchandising, sob o ponto de vista do fornecedor, são maximizar o volume das vendas das suas mercadorias, criando uma forte barreira junto aos seus 166 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO concorrentes no espaço de venda, além de visar à valorização da imagem da marca e estabelecer relacionamento com o canal distribuidor (varejista). Já dentre os objetivos do varejista no desenvolvimento do merchandising destacam-se a maximização da rentabilidade dos investimentos no estoque do produto e o favorecimento da apresentação do produto aos consumidores. O varejista tem forte papel nas decisões de merchandising uma vez que a realização da ação toma parte de sua área de vendas e, portanto, essa atividade deverá ter objetivos de vendas e de imagem coerentes com os objetivos traçados para o produto ou categoria que será objetivo da ação. A participação do fornecedor geralmente se dá no planejamento, concepção e implementação do merchandising no ponto de venda. 5.2.3 Vendas pessoais “A venda pessoal é a ferramenta mais eficaz em estágios avançados do processo de compra, especialmente para aumentar a preferência e a convicção do comprador e levá-lo à ação”. Kotler e Keller (2006) Podemos afirmar então que as vendas pessoais se caracterizam pela interação pessoal, aprofundamento e resposta. A interação pessoal é a possibilidade de duas ou mais pessoas se relacionarem e poderem observar reações entre si; o aprofundamento se refere à possibilidade que os vendedores têm de conhecer as necessidades, desejos e interesses de seus clientes e, além disso, estabelecer vários níveis de relacionamento, de um contato apenas profissional até uma amizade mais próxima. E, por fim, resposta é o resultado obtido pela interação pessoal, somada ao aprofundamento que pode gerar no consumidor a motivação, ou até mesmo a obrigação de comprar depois das argumentações do vendedor. 167 Unidade III Atendimento e serviços ao cliente O atendimento e os serviços ao consumidor, que são todas as atividade que envolvem a interação entre o varejista e os seus clientes, podem estabelecer relacionamentos de longo prazo entre empresas consumidores. Ao mesmo tempo em que a concorrência se fortalece, as empresas varejistas do mesmo segmento se tornam muito parecidas. Por essa razão os varejistas procuram desenvolver meios que tragam a fidelização dos consumidores. É importante lembrar que bom padrão em serviços é um trabalho de longo prazo e que exige grandes e contínuos esforços, estrutura adequada além de políticas e filosofia de recursos humanos. Parente (2000) afirma que “os serviços ao consumidor podem ser definidos como todas as características, atividades e informações que aumentam a habilidade do consumidor em reconhecer o valor potencial do produto ou serviço principal do varejista.” Os serviços no varejo estão relacionados a ações que facilitem as buscas de produtos na loja pelo cliente e a concretização das compras. Níveis de serviços Diferentes níveis de serviço são oferecidos pelo setor varejista, de acordo com os tipos e formatos de varejo que você estudou na unidade I desta apostila. De acordo então com o tipo de varejo, o gestor escolhe a opção mais adequada de serviço entre as alternativas que se seguem: • Autosserviço: em troca de preços baixos (altos níveis de descontos), o varejista oferece níveis básicos de serviço, ou seja, o próprio cliente localiza os produtos e os compara. Este nível de serviço requer sinalizações que ajudem o cliente a encontrar as mercadorias desejadas. O autosserviço é um modelo típico dos clubes de compras. 168 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO • Autosseleção: semelhante ao autosserviço, uma vez que o cliente se encarrega de procurar pelos produtos nas lojas, porém diferente nas instalações, que são mais agradáveis e confortáveis, e na possibilidade de algum suporte por parte dos funcionários, que devem ser contatados pelo consumidor. Encontram-se neste nível de serviço os supermercados e hipermercados. • Serviços limitados: nível de serviço encontrado em lojas que comercializam produtos de compra comparada. Por essa razão os consumidores requerem mais informação e ajuda por parte dos funcionários, que por usa vez são mais bem preparados. Outros serviços comuns neste tipo varejo são as entregas em domicílio e vendas a crédito. As lojas de eletrodoméstico são os varejistas que representam este nível de serviço. • Serviço completo: representa os varejistas orientados a serviços. Neste caso os vendedores são especializados e devem estar disponíveis para atender os consumidores para apoiá-los em todas as etapas da compra, da seleção dos produtos ao fechamento das vendas. Lojas de roupas, de móveis e joalherias são alguns exemplos. Os serviços oferecidos no atendimento aos clientes são ainda classificados em três categorias de acordo com estágio da compra – pré-transação, transação e pós-transação – e são estabelecidos com o intuíto de oferecer mais facilidades ao consumidor. Os serviços oferecidos no estágio de pré-transação referem-se à disponibilidade de estacionamento, horários de funcionamento mais convenientes para público-alvo, meios de acesso a informações por telefone, websites das empresas, ou por mecanismos de busca da internet, merchandising no ponto de venda, que engloba ações que facilitem a procura e a obtenção de informações sobre o produto e contato com o produto, 169 Unidade III que pode incluir a experimentação, como a disponibilidade de provadores de perfumes e ou de test-drive de carros. Os serviços relacionados ao estágio de transação, que é o momento em que o os consumidores estão concretizando as compras, referem-se a: • Disponibilidade de crediário, que pode ser oferecido por meio de: — sistema próprio de crediário: que pode ser operado e administrado pelo próprio varejista; — sistema próprio de cartão de crédito: quando varejista opera com cartão de crédito com o seu próprio nome, porém administrado por terceiros; — sistema de crédito de terceiros: quando o varejista aceita diversos cartões de crédito de outras instituições financeiras; — cheques pré-datados: quando o varejista aceita que o cliente deixe, no momento da compra, cheques referentes às parcelas a serem pagas para depósito em datas posteriores, porém previamente combinadas. • Empacotamento: o ato de empacotar protege o produto no seu transporte e as embalagens (papel ou sacolas como logomarca do varejista) identificam a loja. Alguns estabelecimentos oferecem ainda os serviços de embalagens especiais para presentes. • Operação rápida de caixa: grandes filas e lentidão nos caixas são uma das maiores razões para insatisfação dos consumidores e podem gerar perdas de vendas decorrentes da desistência da compra por parte cliente. O varejista deve procurar por soluções tecnológicas e de gestão que 170 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO facilitem operações diversas, como autorização de crédito, identificação de preços e produtos no PDV, falta de troco etc. Por fim, os serviços “pós-transação” são aqueles que dão suporte ao cliente depois das compras, como a realização de entregas, suporte para ajustes e consertos, infraestrutura para instalações e montagens, processos de devolução e gerenciamento de possíveis reclamações. A importância dos serviços em varejo Cada vez mais os produtos se tornam commodities, ou seja, as indústrias em geral têm o mesmo nível de acesso a tecnologias e matérias-primas e implementam processos muito parecidos. O resultado disso é a pouca diferenciação entre os produtos de mesma categoria. Soma-se a esse quadro o excesso de oferta. Praticamente não existem produtos difíceis de serem encontrados. Em economias mais estáveis, o consumidor não precisa brigar por um item, nem fazer filas para comprar produtos básicos ou estoques em casa para se proteger de escassez ou de aumentos repentinos e excessivos de preços. O excesso de oferta fez com que a experiência de compra passasse a ser o principal elemento de diferenciação de um varejista diante de seus concorrentes. Tornála efetiva, positiva, confortável, perceptível é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada por nenhum lojista interessado em melhorar sua relação com a clientela. (Daud e Rabello, 2007). Para obter diferenciação, tanto o varejo como a indústria enxergam a prestação de serviços como fonte de lucros. A Brastemp, tradicional fabricante de eletrodomésticos, inclui em seu portfólio o aluguel de purificadores de água. Essa forma de 171 Unidade III atendimento não apenas oferece ao consumidor a possibilidade de usufruir de um produto sem comprá-lo, como principalmente de receber no “pacote” uma série de serviços inclusos que trazem maior comodidade, como a manutenção contínua do equipamento. Portanto, podemos levar em consideração a definição de serviços transcrita por Daud e Rabello, 2007 (apud Lovelock, 1995): “Todas as ações e reações que os clientes percebem que compararam”. O aluguel de purificadores de água traduz a intenção dos consumidores de procurar evidencias de qualidade, reduzindo suas incertezas na aquisição de determinado bem. É por isso que as empresas, varejistas ou não, procuram evidenciar os sinais de qualidade e diferenciação por meio de diferentes recursos: pelo atendimento exercido por seus funcionários, por sua localização, por seus materiais de comunicação, por seus preços etc. Esses recursos são usados para tangibilizar o que é intangível. Daud e Rabello (2007) explicam que “não basta haver excelência no serviço. É necessário que a excelência seja percebida pelo cliente.” E propõem a sua definição de serviços: “o conjunto dos esforços feitos pelos varejistas para proporcionar comodidade ao comprador”. Para isso, o varejista desenvolve a sua estratégia com base em uma plataforma de serviços e por meio dela se posiciona no mercado. O posicionamento, como você viu na unidade I, coloca a empresa em um ponto singular do mercado. O desafio então é desenvolver um conjunto de experiências inovadoras que por sua vez irá trazer vantagem competitiva para o varejista que deverá empreender alguns esforços, como: 172 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO • compreender o que se passa na mente dos consumidores quando estes buscam por produtos e serviços; • identificar necessidades e desejos latentes, ou seja, aquelas necessidades e desejos que ainda não estão conscientes e, portanto, não foram explicitadas; • planejar e implementar um conjunto de serviços inovadores, ou seja, serviços melhores, com mais resultados para os clientes; • comunicar aos consumidores o conjunto de serviços implementados; • prestar o serviços de forma a encantar o consumidor, o que significa superar as suas expectativas. O empreendimento desses esforços deve produzir nos clientes experiências de compras altamente satisfatórias e uma imagem clara do posicionamento da loja (objetivos de imagem), resultando no alcance de objetivos como lealdade, propaganda boca a boca, reputação, vantagem competitiva, margens e lucros melhores e duradouros. Naturalmente você deve estar se perguntando quanto custam esses esforços e como esses custos serão cobertos. Dissemos há pouco que um dos resultados pretendidos é que as margens e lucros melhorem. Portanto, os investimentos em serviços deverão estar cobertos por meio das táticas de preços. Porém é importante lembrar que custos devem ser sempre minimizados,ainda que a concorrência provavelmente implemente os mesmos esforços, transformando esses diferenciais em commodities também. Portanto esses custos devem ser mínimos, gerar lucros e ainda serem passíveis de cortes quando necessário, sem prejudicar a imagem. 173 Unidade III 5.2.4 Marketing direto O marketing direto possibilita a comunicação entre empresa e clientes potenciais e regulares, através do envio de mensagens direcionadas para um público-alvo previamente selecionado. O envio das mensagens pode ser feito por meio de diversos canais, como correio, telemarketing, internet (e-mail marketing), telefone, SMS etc. A Direct Marketing Association (DMA) define marketing direto como: “um sistema interativo de marketing que usa um ou mais meios de propaganda para obter uma resposta e ou transação mensurável em qualquer localidade”. O marketing direto possui vantagens que facilitam o contato com o consumidor, tais como: • privacidade: envio direcionado das mensagens para uma pessoa específica; • personalidade: a mensagem é elaborada para atrair a pessoa a quem se destina; • atualidade: essa comunicação pode ser elaborada com rapidez; • interatividade: de acordo com a resposta do receptor, a mensagem pode ser readequada. O desenvolvimento das estratégias voltadas para o uso do marketing direto envolvem: • a avaliação do produto que será comercializado; objetivos de vendas, posicionamento, papel no mix de produtos; • a análise dos produtos concorrentes: esta análise visa identificar atributos diferenciais do produto objeto da estratégia; 174 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO • mercado-alvo: avaliação e identificação da natureza do público-alvo para definição do estilo de mensagens; identificação dos meios possíveis para contato; • definição do meio de contato: avaliação dos meios que o público alvo tem acesso; • objetivos de comunicação: que deverão responder aos objetivos de vendas e aos objetivos gerais da empresa; • a implementação: que envolve o pensamento criativo sobre a elaboração da peça de forma a chamar a atenção do público-alvo, manter seu interesse, despertar o desejo e gerar um movimento em direção à compra. Meios utilizados no marketing direto Para a implementação do marketing direto, diversos meios podem ser utilizados para alcançar os consumidores. Propaganda de resposta direta, telemarketing e venda direta são as principais categorias do marketing direto. A propaganda de resposta direta utiliza basicamente o envio de mala direta, mídia eletrônica e mídia impressa. O telemarketing tem como recurso principal o contato por telefone para prospecção de clientes e fechamento de vendas. A venda direta é o contato direto entre empresa e consumidor para a comercialização dos produtos. • Mala direta: é o meio mais popular e consiste no envio de catálogos, folhetos de produtos e pacotes de amostras múltiplas. Suas vantagens são a possibilidade de seletividade dos consumidores, a personalização das peças, pouca ou nenhuma concorrência de outras ações de comunicação pela atenção do consumidor no momento de contato e facilidade de avaliação. • Meios eletrônicos: os meios eletrônicos abrangem a televisão, o rádio e a internet e sua utilização consiste na elaboração de formas de comunicação que provoquem 175 Unidade III uma resposta direta do consumidor. No que tange à internet, vamos tratá-la no item a seguir – marketing digital. Para a efetivação dos demais meios eletrônicos , é necessário que a comunicação contenha um número de telefone para contato, preferencialmente exclusivo para esse fim, ou ainda endereço para solicitação do produto, além de informações como preço, meios de pagamento e formas de entrega ou retirada do produto. • Marketing digital: o marketing digital em marketing direto pode se apresentar na forma de e-mail marketing, que também consiste em um tipo de campanha rápida e de baixo custo. O e-mail marketing tem a vantagem de poder ser enriquecido com recursos de áudio, vídeo e computação gráfica. É importante verificar se o público alvo tem acesso à internet e se tem infraestrutura adequada para receber mensagens elaboradas com maior sofisticação técnica. Além disso, o e-mail marketing requer que empresa adote políticas de privacidade e ética e ainda oferecer a ferramenta opt-in/opt-out no website para permitir ao cliente aceitar ou não o envio das mensagens. Essa possibilidade de escolha por receber ou não a mensagem é chamada de marketing de permissão e é fundamentada na autorização expressa do cliente para o envio e recebimento das mensagens. O marketing de permissão visa limitar a carga de mensagens publicitárias. Essa autorização pode ser conseguida durante visitas do cliente à loja física ou ao website, quando o varejista deve perguntar claramente sobre a possibilidade desse tipo de contato. • Mídia impressa: é a distribuição de peças impressas por meio de encartes em veículos como jornais e revistas. Esses materiais devem incluir, assim como nos meios eletrônicos, um número de telefone para contato e/ou endereço para solicitação do produto, informações sobre preço, meios de pagamento e entrega ou retirada do produto. 176 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO • Telemarketing ativo: ação similar à mala direta, requer a seleção prévia de clientes atuais ou potencias a serem alcançados. O telemarketing apresenta como vantagem a facilidade e rapidez da avaliação dos resultados, porém tem como desvantagem a sua natureza considerada invasiva por algumas pessoas, uma vez que as ligações podem ser feitas em horários de pouca ou nenhuma conveniência do consumidor. 5.2.5 Relações públicas Relações públicas ou publicidade são os esforços de comunicação dirigidos para a propagação da marca por meio da divulgação de informações positivas ou criação de oportunidades de relacionamento. Esses esforços visam estabelecer uma relação de simpatia e confiança entre a empresa e seus públicos diretos ou indiretos. Ogden e Crescitelli (2007) dizem: “No seu sentido mais amplo, as relações públicas (RP) têm a função de gerar no público geral, ou na opinião pública, boa vontade (goodwill) em relação à organização ou seus produtos”. As ações de relações públicas estão relacionadas a diferentes esforços. Um deles é a obtenção de mídia espontânea positiva (publicação na mídia de notícias favoráveis ao produto ou empresa), o que ajuda a construir a marca e sua reputação, como também colabora na manutenção da imagem já estabelecida. Outro esforço comum em relações públicas é o desenvolvimento de eventos direcionados ao público-alvo. Os eventos, de forma geral, são oportunidades de troca de informações, construção de relacionamento e de imagem, aumento da consciência de marca, além de serem bons instrumentos de geração de mídia espontânea. Os eventos promovidos pelo grupo Pão de Açúcar, como a Maratona Pão de Açúcar de revezamento e a Corrida Pão de 177 Unidade III Açúcar Kids e as aulas de ginástica oferecidas nas lojas são bons exemplos de ações de relações públicas e publicidade. Bompreço Comunidade - Cultura O Bompreço Comunidade apoia iniciativas de resgate histórico-cultural do Nordeste que envolvem a produção de filmes, vídeos e CDs, a edição de livros, a realização de espetáculos e suporte a grupos artísticos, entre outras ações. Edição de livros Patrocínio financeiro para a edição de livros de caráter histórico-cultural Bahia - cidade de Salvador - Coletânea de fotografias sobre a capital baiana. Rua Alagoinhas, 33 – História da Fundação Jorge Amado. Velhas Fotografias Pernambucanas – Imagens históricas de Pernambuco. Caminhos de Pedra – Ensaio fotográfico e textos sobre o Bairro do Recife. Coleção Índios na Visão de Índios – Coletânea de volumes sobre as tribos indígenas da Bahia, de autoria dos próprios índios. Maracatu Leão Coroado – Ensaio fotográfico sobre o tradicional grupo de maracatu de Pernambuco. Carnaval Apoio para a realização do Baile Municipal do Recife e do Carnaval de Rua de Salvador, contribuindo para a preservação das tradições carnavalescas da região. Cinema Apoio, com o HiperCard, ao CineEscola - projeto de exibição profissional de filmes a crianças e jovens de escolas da periferia do Recife. 178 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Patrocínio à produção de filmes e vídeos, entre os quais: - No sertão eu vi – vídeo da cineasta Kátia Maciel, retratando o sertão nordestino; - Recife de dentro pra fora – curta-metragem da cineasta Kátia Mezel, ambos premiados em festivais nacionais e internacionais de cinema. Música e Dança Produção de CDs culturais e educacionais Apoio à produção de peças teatrais, filmes, vídeos, apresentações de grupos de música erudita e popular, dança, exposições de arte e artesanato, fotografia, entre outros. Patrocínio, através das leis de incentivo à cultura, a diversas iniciativas artísticas e culturais nos Estados onde o Bompreço opera, a exemplo do grupo de dança afro Majê Molê, formado por meninas carentes da periferia do Recife; Movimento Pró-Criança, Maracatu Várzea do Capibaribe (foto), Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Festival Internacional de Música Erudita – Virtuosi, Festival Multicultural de Belo Jardim – Jardim Cultural, Coração de Mel – peça teatral infantil, Exposição Multimeios, Cantares do Meu Povo – A arte que vem do Alto José do Pinho, Projeto GenVerde, entre outros. História O Bompreço apoia iniciativas de proteção e resgate do patrimônio histórico do Nordeste, através de projetos como: - Restauração da Trilha dos Holandeses em Itamaracá, Pernambuco. - Vídeo Salvador: 450 anos de História, com 51 VTs para exibição na TV Bahia e em escolas do Estado. - Vídeo sobre o Mosteiro de São Bento, em Olinda/PE. - Vídeo Bahia: 500 anos de Brasil. 179 Unidade III - Projeto Brasil Portugal 500 anos – O reencontro entre dois povos, exibido na TV Jornal, em Pernambuco. (BOMPREÇO, Bompreço comunidade – cultura) 6 APRESENTAÇÃO E EXPOSIÇÃO DE PRODUTOS E LAYOUT DE LOJA Como você pôde perceber estudando os tópicos anteriores, todas as decisões tomadas pelos varejistas acabam convergindo para o ponto de venda. Essa convergência se dá pela razão que é no ponto de venda, ou ao tomar contato com o produto, que o consumidor fará a sua escolha final e realizará a compra, concretizando a sua satisfação com o lojista. A loja então, seja ela física ou virtual, é o ponto de contato entre varejista e consumidor e, portanto, decisões relacionadas à atmosfera, apresentação externa e interna, aproveitamento do espaço (layout), exposição dos produtos e formas de comunicação são decisões que devem estar integradas e interrelacionadas com as demais decisões relacionadas ao mix de produtos, preços, tipo de varejo etc. 6.1 Atmosfera A atmosfera da loja é o instrumento que identifica e diferencia o varejista junto ao consumidor. Ou seja, a imagem que o cliente faz da loja está diretamente ligada à atmosfera, que é criada com a utilização de recursos de apresentação, tanto externa, como interna, e ainda com a forma como os produtos são apresentados. Além disso, os preços praticados, a forma de atendimento (qualidade e nível de serviço), linhas que compõem o mix de produtos e serviços oferecidos são ingredientes que também formam a atmosfera. Os varejistas então procuram utilizar elementos que possam influenciar os sentidos do consumidor. 180 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO A visão do consumidor é trabalhada por meio da aplicação harmoniosa e eficiente das cores, bem como da utilização dos espaços, decoração, tamanho da área de vendas, sinalização, comunicação visual e displays. Já o paladar e olfato são estimulados pelos aromas. Os sons procuram trazer ao ambiente uma atmosfera agradável. A possibilidade de tocar os produtos favorece o tato. A atmosfera é então um estímulo psicológico, além de ser a própria identidade do varejista. Como conquistar o consumidor Saiba quais são as últimas tendências do varejo para você fazer do ato de compra um momento inesquecível e para seduzir os clientes a voltar várias vezes à sua loja Kátia Simões As grifes são as mais badaladas da moda internacional - Armani, Versace, Prada, Louis Vuitton, Tiffany & Co. A arquitetura das lojas é suntuosa e os bancos ao longo das ruas, por onde circula muita gente que não tem o que reclamar da vida, convidam os pedestres a uma parada estratégica e a um bom papo. E, embora o trânsito na região esteja quase sempre engarrafado, geralmente há um manobrista à sua disposição para livrá-lo da tarefa de encontrar uma vaga para estacionar o carro. “Se não fosse o idioma e o colorido das vitrines, eu juraria que estou em Paris, Milão ou Nova York, e não em São Paulo”, afirmou Steve Kaufman, diretor da Visual Merchandising and Store Design, uma das mais importantes publicações do varejo americano, ao visitar as lojas da região dos Jardins, na zona sul paulistana, durante uma viagem recente ao Brasil. 181 Unidade III Nas alamedas do Shopping Iguatemi, também localizado na zona sul de São Paulo, não é diferente. Com o aluguel comercial mais caro do país, na faixa de 350 reais por metro quadrado, e o ponto mais rentável, o Iguatemi tornou-se um case internacional. As filiais brasileiras das grandes grifes estrangeiras que se instalaram lá, como Zara, Dolce & Gabanna, Ermenegildo Zegna e Diesel, figuram entre as cinco campeãs de vendas de cada marca em todo o planeta, mesmo diante de uma economia oscilante como a nossa. É um resultado realmente impressionante. Mas o que será que esses pontos têm de tão diferente, além de oferecer produtos a peso de ouro? Por que conseguem atrair milhares de consumidores enquanto outros varejistas sucumbem à falta de clientes? Qual é a fórmula para conquistar a clientela e fazê-la voltar várias vezes? Antes de qualquer outra coisa, eles conseguiram transformar a experiência de compra num momento de prazer. Mais do que dinheiro, precisaram gastar muita saliva para conhecer profundamente o perfil de seus clientes, suas necessidades e suas aspirações. Depois, passaram a classificá-los não apenas pela faixa etária ou social, mas também pelo comportamento e pelo estilo de vida. E, então, com um verdadeiro dossiê em mãos, começaram a oferecer serviços personalizados e um atendimento classe A. Fizeram de suas lojas, a cada dia, um local diferente e sedutor. “Eles colocaram em prática a cartilha do varejo moderno”, afirma Beth Furtado, publicitária, psicóloga e estudiosa do varejo, hoje à frente de uma divisão da Talent, uma das maiores agências do país. Segundo o papa do varejo mundial, Paco Underhill, o lojista, atualmente, tem que disputar a atenção e o 182 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO bolso do consumidor com tudo o que possa garantir o seu bem-estar e não apenas com a loja ao lado. “O concorrente não é mais o vizinho, é a internet, a televisão a cabo, o celular, o lazer e a falta de tempo, entre outras coisas”, diz ele (leia entrevista na pág. 60). “É preciso ser um mestre do varejo para conseguir fisgar o consumidor hoje em dia.” Além do Shopping Iguatemi e dos Jardins, particularmente a rua Oscar Freire, a mais badalada da região, outro exemplo que ilustra as ideias de Underhill, pelo modelo criativo de suas lojas e pela rapidez com que assimila as tendências internacionais, é a rede de moda feminina Le Lis Blanc, com 26 endereços espalhados pelo país. No Shopping Iguatemi, é a campeã de vendas, com um movimento acima de 1 milhão de reais por mês. Embora a Zara, pioneira na mudança semanal do visual de suas vitrines, ocupe o primeiro lugar no ranking de vendas do shopping paulista, com um faturamento em torno de 4 milhões de reais por mês, é a Le Lis Blanc quem tem a maior receita por metro quadrado. É também a primeira colocada em vendas entre as marcas nacionais. Atualmente, a arte de seduzir o consumidor não é mais um atributo exclusivo de quem trabalha com moda. Já chegou aos endereços de decoração, utilidades domésticas e até aos supermercados. A rede Pão de Açúcar, por exemplo, investiu no visual merchandising de suas lojas e inaugurou, no bairro do Morumbi, em São Paulo, uma filial que procura reproduzir ambientes ligados ao dia a dia da clientela. A rede criou ilhas em que agrega produtos de famílias diferentes. Há um ambiente, por exemplo, em que as bebidas ficam ao lado de 183 Unidade III copos, apetrechos para coquetéis e outros objetos afins. Ao contrário do que se poderia imaginar, as armas que existem hoje para o varejo conquistar a clientela também não se restringem ao mercado de alto luxo. Mesmo quem atua no chamado varejo popular procura seguir a mesma receita. É o caso da rede Riachuelo, que tem 76 lojas espalhadas pelo país e um faturamento que deve alcançar 1,3 bilhão de reais em 2004. Para redesenhar suas lojas e modernizar o conceito de venda de moda popular no país, a rede seguiu ao pé da letra o novo manual do varejo: distribuiu suas linhas de maneira coordenada (por cor, por estilo, por tipo de produto), investiu em imagens conceituais nas lojas, por meio de banners, posters e das chamadas gigantografias (grandes painéis fotográficos). Incrementou também o volume de informações no ponto de venda, com dados sobre o tipo de tecido das roupas e com dicas de moda, além do preço. As armas da sedução Conheça algumas ideias essenciais para transformar sua loja num ponto vendedor e conquistar a clientela. Planejamento Antes de mais nada, saiba o que você quer vender e para quem quer vender. Parece óbvio, mas é o primeiro passo para alcançar o sucesso no varejo. Insistir em generalidades pode custar a longevidade do negócio. 184 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Antes de sair atrás de um ponto, decida o que você está disposto a oferecer: produtos exclusivos para um público seleto ou variedade para o consumidor mais popular? Produtos isolados ou estilo de vida? Da combinação adequada dos diferentes fatores é que resultará o local mais indicado. Lembre-se de que a igualdade no varejo privilegia sempre o estabelecimento mais antigo, com mais tradição. Assim, procure não investir em produtos ou serviços que o mercado já tem de sobra. Ser diferente no projeto, no atendimento, no serviço e/ou na ambientação da loja poderá ajudá-lo a chamar a atenção da clientela. Ponto Na rua ou no shopping center? Tudo depende, mais uma vez, do que você espera vender e com quem deseja falar. O importante é saber que o ponto ideal é aquele que fica mais próximo do seu público e mais se ajusta à proposta do negócio. Consultorias especializadas ajudam a traçar a geografia do mercado, indicam regiões mais receptivas ao novo negócio e mensuram o fluxo de público. Mas na hora de bater o martelo não dispense seu feeling de empreendedor. Projeto Para projetar uma loja, você deve conhecer a área total, o volume de mercadorias e sua apresentação, o público-alvo, os tipos de expositores, a iluminação e os espaços para circulação, acesso e vitrines. Pode parecer óbvio, mas muita gente escorrega nessa questão. 185 Unidade III Nada que seja perene faz mais sentido. Vivemos em uma época de alta voltagem. Assim, o tempo de vida das lojas está mais curto e o das vitrines mais ainda. A cada quatro anos é aconselhável mudar completamente o visual do ponto de venda. Já as vitrines com mais de uma quinzena de uso se tornam obsoletas. “Insistir na tese de que há espaço para projetos eternos, erguidos empiricamente e com uma postura tímida, é jogar dinheiro fora”, afirma Solange Renault, sócia da A6 Design e Arquitetura. É preciso promover as vendas visualmente. Você não deve perder a oportunidade de interagir com o seu público. Não existe mais loja com balcão e prateleira. A função do layout é mexer com o consumidor e a da loja, como um todo, acolher quem nela entra. Atendimento O bom atendimento começa pelo conhecimento profundo de seus clientes. Dividi-los apenas pela idade ou classe social não é suficiente. Você precisa saber quais são as necessidades, os sonhos e o estilo de vida de sua clientela. Não adianta achar que todo mundo é igual. Procure contratar vendedores de verdade e não quem “está” vendedor por falta de coisa melhor para fazer. A arte de vender exige conhecimento do produto, do conceito da loja e das necessidades do consumidor. Procure abrir as portas de sua loja, ampliar a área de circulação, deixar os produtos à mão e transformála numa grande vitrine. É a tendência do varejo 186 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO moderno. Afinal, não compramos com os olhos, mas com as pontas dos dedos. Experiência de compra Qualquer que seja o seu ramo de atividade, a ideia é vender um sonho e não promover uma simples troca de produtos por dinheiro. Aposte no uso das cores, na adoção de aromas personalizados e na música ambiente. Isso deixa o cliente à vontade e o faz querer ficar mais tempo no ponto de venda. A personalização de produtos, serviços e atendimento hoje é regra e não mais a exceção. Muitos consumidores costumam fugir da massificação. Tatuam até a própria pele para se diferenciar. Tecnologia O papel da tecnologia é tornar as operações mais rápidas, baratas e eficientes. Economizar nesse quesito significa, em geral, perder clientes. Sem modernização não há negócio. Os recursos da informática podem ajudá-lo não apenas a agilizar a consulta dos cheques e os pagamentos com cartões, mas também a montar um histórico de compras de sua clientela. Isso facilitará a composição do estoque e a oferta de produtos e serviços que interessam de fato ao consumidor. É importante ter em mente que os softwares, hoje, estão bem mais baratos e podem ser personalizados de acordo com as necessidades de cada tipo de loja. Investir em tecnologia não é mais uma opção - é uma necessidade (Simões, 2009). 187 Unidade III 6.2 Apresentação externa e interna da loja A apresentação externa da loja é de forte impacto e junto ao consumidor e transmite impressões sobre o varejista. Já a apresentação interna da loja deve criar um ambiente agradável e que estimule as compras. Assim, as partes externa e interna da loja devem ser elaboradas de forma harmônica para transmitir de forma combinada a ideia que o varejista pretende passar de seu negócio. As decisões relacionadas à parte externa do ponto de venda devem, então, estar atreladas aos objetivos do negócio e são relacionadas a três perspectivas: • Posição da loja: — visibilidade da loja, seja a sua localização em uma rua ou avenida, ou dentro de um centro de compras, a ideia é facilitar a memorização da localização da loja; — compatibilidade com o ponto: a compatibilidade deve ser de tamanho necessário ao tipo do negócio e também com as demais edificações no entorno; — conveniência do consumidor: diferentes aspectos devem ser considerados como facilidade de acesso e de estacionamento, segurança etc. • Arquitetura da loja: — estilo arquitetônico: o estilo de arquitetura usado deve representar o modelo de negócio e transmitir a sua identidade; este item abrange os tipos de fachada, como construção de vitrines de acordo com o espaço interno e visibilidade externa; 188 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO — espaço promocional: a fachada deve poder receber matérias de divulgação que auxiliem na comunicação junto ao cliente; — entrada da loja: a entrada deve estimular o consumidor a entrar no ponto de venda, como, ainda, transmitir segurança. Detalhes como rampas, degraus, tipos de piso devem ser planejados cuidadosamente, tendo em mente facilitar o acesso de pessoas com necessidades especiais ou não. • Comunicação: — placa de identificação: é o principal instrumento de identificação do varejista. Deve obedecer às regras identidade visual e comunicação estabelecidas; — totens: ajudam na localização e identificação do ponto de venda, principalmente em ambientes de forte concorrência; — vitrines: são recursos que estimulam o consumidor, convidando-os a entrar. As decisões relacionadas à construção de vitrines estão relacionadas aos tipos de produtos vendidos e a frequência de renovação. A apresentação interna da loja deve criar um ambiente agradável e que estimule as compras. Para isso o varejista recorre a estímulos diversos. Cores, iluminação, aromas, serviços, apelo ao tato, são alguns destes recursos que devem ser pensados de forma a atrair a atenção e manter o interesse dos consumidores. Existem ainda outros elementos que contribuem com a ambientação e interferem diretamente no comportamento do consumidor dentro da loja, como a altura das paredes, a largura dos corredores e temperatura ambiente e, ainda, as formas de comunicação. Esses recursos podem ser agrupados em elementos relacionados aos cinco sentidos dos indivíduos, em elementos de comunicação e processo de compras e elementos de conforto. 189 Unidade III Elementos de estímulos aos sentidos Iluminação A iluminação exerce forte influência na ambientação, contribuindo com o conforto da loja e ainda como instrumento de destaque e de valorização do produto. O projeto de iluminação, que pode ser direta ou indireta e ainda utilizar luz branca ou colorida, deve estar de acordo com o layout da loja e com as cores aplicadas na ambientação, proporcionando harmonia. A claridade tem efeito psicológico e influencia positivamente as pessoas. Tanto é que os varejistas tendem a deixar as lojas mais iluminadas, alegando que os consumidores preferem ambientes claros e que isso contribui para o aumento das vendas. Cores As cores exercem forte papel de influência sobre os indivíduos, pois trazem consigo significados que podem ser conscientes ou não. A intensidade das cores (fortes ou suaves) transmite sensações diferentes. As cores são classificadas em quentes (vermelho, amarelo e alaranjado) e em frias (azul, ver, violeta). Veja no quadro 9 a relação entre as cores a as sensações que podem ser despertadas nos indivíduos. Quadro 9: Sensações transmitidas pelas cores Cores quentes Cores frias Vermelho Amor, sexo, coragem, perigo, fogo, pecado, calor, vigor, meiguice, entusiasmo, pare. Amarelo Luz do sol, calor, franqueza, amizade, alegria, glória, brilho, atenção. Alaranjado Luz do sol, calor, abertura, amizade, alegria. Azul Calma, fidelidade, piedade, masculino, segurança, tristeza. Verde Calma, descanso, paz, frescor, crescimento, leveza, riqueza, avante. Violeta Calma, sossego, dignidade, riqueza. Fonte: LEWISON, Dale M. Retailing. 6. ed. Englewood Cliffs : Prentice Hall, 1997. P 270 (Apud DAUD, M.; RABELLO, W. Marketing de varejo: como incrementar resultados com a prestação de serviço. São Paulo: Bookman, 2007) 190 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO De acordo com o quadro, podemos então dizer que as cores quentes são bastante adequadas para a parte externa da loja, pois contribuem para chamar a atenção do cliente e atraí-lo para o estabelecimento por transmitirem sensações de conforto, calor e informalidade. Para os ambientes internos, e principalmente em operações de alto envolvimento, as cores frias ajudam a transmitir uma ideia de tranquilidade, formalidade e racionalidade. As cores também podem receber outras formas de classificação e podem ser utilizadas para direcionar decisões, não só relacionadas à decoração da loja, mas também à disposição e destaque dos produtos. Cores claras aumentam o ambiente e dão a impressão de que objetos são maiores do que realmente são. As cores neutras têm pouca presença e podem ser utilizadas nos equipamentos de exposição, deixando o destaque para o produto. Crianças gostam de cores chamativas e brilhantes, já os adultos tendem a preferir cores mais opacas. Aromas A percepção da atmosfera da loja também é influenciada pelos aromas. Aromas agradáveis como o de um pão saindo do forno em uma padaria ou supermercado, ou o aroma de um perfume em lojas de cosméticos reforçam a percepção da atmosfera, assim como odores desagradáveis, muitas vezes decorrentes de processos de limpeza inadequados, podem comprometer a imagem da loja e afastar os clientes. O varejista deve observar a congruência dos aromas, ou seja, os aromas podem proporcionar informações adicionais sobre o ponto de venda e os produtos. Assim como o aroma de carro novo em um carro seminovo traz a percepção de qualidade e cuidado, aromas de produtos de higiene e limpeza próximos das áreas de alimentos provocam uma reação negativa nos consumidores que podem entender que estes produtos foram impregnados com o aroma. 191 Unidade III Paredes O acabamento das paredes, bem como as cores e texturas aplicadas, transmitem a imagem da loja. Assim, o nível sofisticação ou de simplicidade devem estar relacionados ao modelo de negócio e tipos de produtos vendidos. Lojas de roupas mais caras, por exemplo, podem investir em paredes decoradas com elementos mais luxuosos, ao contrário das lojas populares que costumam ter uma decoração mais simples e alinhada às categorias de produtos vendidas. Som Os sons são elementos que traduzem o estilo da loja e por isso definem sua atmosfera. Lojistas procuram manter um som ambiente que reflita o perfil do produto e da categoria de produtos e por isso optam por uma trilha musical de fundo que seja do gosto do segmento atendido. Diversos estudos ainda afirmam que o ritmo da música interfere no processo de compras. Assim como músicas de ritmo lento fazem o consumidor ficar mais tempo dentro da loja, músicas de ritmo mais acelerado também aceleram o processo de compras. Apelos ao paladar e ao tato Parente (2000) explica que o consumidor brasileiro aprecia a possibilidade de experimentação de produtos no ponto de venda por isso transformar o processo de compra em um momento agradável. Assim, as ações de experimentação de produtos discutidas no tópico promoção de vendas são também elementos importantes para a construção da atmosfera da loja. Da mesma forma, o consumidor aprecia a possibilidade de tocar no produto. Ao tocar no produto, para tomar mais conhecimento sobre o mesmo, o consumidor passa pela 192 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO experiência de antecipar a posse da mercadoria o que favorece o processo de compra. Estímulos relacionados à comunicação e processo de compras Comunicação visual A comunicação visual no interior do ponto de venda orienta o consumidor durante o processo de compras e assim reforça a atmosfera. Clareza nas informações sobre a localização dos produtos facilita o processo de compras, trazendo mais conforto na busca pelas mercadorias. As grandes lojas instalam placas contendo o primeiro nível de hierarquia da classificação de produtos com letras maiores (confecção masculina) as categorias em letras menores (camisas). Etiqueta de produtos O processo de compras pode ser facilitado e encorajado pela presença de etiquetas que informam preço bem como características do produto. Porém o grau de destaque dado à etiqueta de preço é variável de acordo com o tipo de loja. Quanto mais sofisticada for a loja, mais discreto é esse destaque, o que combina com o tipo de ambientação (atmosfera) que se pretende criar. Já as lojas dirigidas a segmentos mais sensíveis a preço, procuram dar mais destaque essa informação. Equipamentos de exposição Gôndolas, araras, displays, prateleiras, balcões são usados como equipamentos de exposição de mercadorias. A forma de utilização desses equipamentos deve estar atrelada ao tipo de negócio e à imagem que se pretende passar. Os varejistas de preço baixo reforçam essa mensagem com a utilização de equipamentos sem nenhuma decoração. Já as lojas mais sofisticadas possuem displays de acabamento mais elaborado, criando uma atmosfera coerente com a imagem pretendida. 193 Unidade III Aplicação de tecnologia A tecnologia para automação comercial, incluindo a utilização de etiquetas eletrônicas, smart cards, PDVs, confere mais agilidade aos processos de compra ao trazer mais conforto e segurança ao cliente. Os consumidores apreciam a agilidade conferida aos processos de compra, bem como a possibilidade de receberem tíquetes que contenham a discriminação de toda a compra realizada. A aplicação de tecnologia então colabora não só com a atmosfera da loja, como também aumenta a vantagem competitiva do lojista. Funcionários e serviços A qualificação dos funcionários e o tamanho da equipe também influenciam a elaboração da atmosfera da loja. Os clientes esperam por determinado padrão de funcionários, bem como por certa disponibilidade, de acordo com o tipo de loja. A apresentação dos funcionários (vestuário comum ou uniformes) também é um recurso de imagem e deve ser de acordo a atmosfera criada. Elementos de conforto Largura dos corredores A largura dos corredores interfere na sensação de conforto e deve ser pensada em função do tráfego da loja, de forma a se evitar apertos e congestionamento de pessoas e carrinhos de compras. Pisos Pisos devem trazer segurança, além de conforto e compatibilidade com a decoração e a imagem da loja. Além disso, varejistas de alimentos devem se preocupar de forma ainda mais significativa com a escolha de pisos que tragam imagem de higiene que facilitem os processos de limpeza. 194 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Climatização do ambiente É importante que os estabelecimentos tenham recursos que mantenham uma temperatura agradável durante todo o ano, seja no verão ou inverno. O varejista deve então considerar as características climáticas de usa região para manter o conforto dos consumidores dentro da loja. Transporte vertical Estabelecimentos com mais de um andar precisam prever instrumentos de comunicação entre os seus pisos, facilitando o acesso de todos os tipos de pessoas. Elevadores, escadas rolantes e rampas são alternativas que podem ser combinadas com escadas fixas de acordo com o espaço disponível e o número de andares. As escadas rolantes e os elevadores panorâmicos são boas opções para dar visibilidade geral da loja. Provadores Provadores são itens funcionais necessários nas lojas de confecções. O tamanho e a decoração desses espaços podem variar de acordo com a imagem da loja e do grau de sofisticação ou simplicidade que se pretende imprimir. Localização do caixa A localização do caixa também transmite o modelo de negócio. Lojas de preços mais baixo, hiper e supermercados têm caixas visíveis e localizados na frente da loja. Lojas menores e de maior grau de sofisticação têm caixas posicionados mais para o interior loja e também são mais discretos. Manutenção e limpeza Qualquer tipo de loja requer processos contínuos de manutenção e limpeza. A ambientação da loja e, 195 Unidade III consequentemente, sua imagem, ficarão comprometidas se não houver uma preocupação com a higiene e com a adequada manutenção dos itens funcionais e decorativos da loja. O varejista precisa, então, ter infraestrutura para constantes revisões de iluminação, piso, meios de transporte vertical, equipamentos de exposição de produtos, peças de comunicação etc. 6.3 Layout de loja A elaboração do layout implica a consideração de diversos pontos. Um deles é que os consumidores costumam visitar áreas especificas da loja. Outro ponto se refere ao fato de que produtos que estão mais visíveis vendem mais. A elaboração do layout da loja passa, então, pela avaliação de diversos aspectos, como quais produtos geram maior volume de vendas com poucos esforços, quais produtos apresentam margens de lucros maiores e quais as necessidades de giro de cada categoria. Essas avaliações trazem respostas que vão orientar os varejistas na distribuição das mercadorias considerando a relação entre as categorias, quais são as áreas de menor ou maior circulação, quais produtos devem receber maior destaque e assim por diante. “Um leiaute que estimule o cliente a circular faz com que a atividade de selecionar os produtos se torne mais fácil, confortável e prazerosa. Consequentemente, o cliente permanece mais tempo na loja e adquire itens não planejados.” (DAUD, RABELO, 2007) Portanto reter o cliente dentro loja colabora com o aumento do volume de vendas. Normalmente são nas áreas com maior fluxo de tráfego que o varejista expõe os produtos que possuem maiores margens, as categorias de produtos que são comprados por impulso. O layout então visa atender tanto aos objetivos de volume de vendas, como os de margens de lucro. Uma das tarefas, portanto, é manter os níveis de circulação com tráfego ideal e estimular os consumidores a visitarem as áreas de menor fluxo. 196 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Tipos de layout A configuração do layout visa estimular as vendas e proporcionar conforto ao consumidor durante o processo de compra. Existem vários tipos de layout que são apoiados em conceitos de distribuição do espaço interno. Veja no quadro 10 a seguir, os principais conceitos usados: grade, fluxo livre, butique e pista e ainda suas vantagens e desvantagens. Quadro 10: Descrição e comparativo dos tipos de layout mais utilizados pelos varejistas Conceito Grade Características Desvantagens Tipos de lojas Menor custo Visual pouco atrativo. Supermercados Dispostos de forma retangular, em linhas paralelas, formam ângulos retos com a frente e o fundo da loja. Maior eficiência no uso do espaço. Inibe o consumidor de passear pela loja. Hipermercados Facilita a compra rotineira e o autosserviço. Restringe a movimentação do cliente. Iguais em tamanho por toda a loja. Corredores: também iguais em todas a lojas. Circulação: tende a ser maior nos corredores principais e menor nas demais áreas. Tática: colocação de produtos com maior procura nas áreas de baixa circulação. Fluxo livre Vantagens Equipamentos de exposição: Equipamentos de exposição: Diferentes tamanhos e formatos. De baixa altura, permitindo a visibilidade de outras áreas e estimulando a compra em diversos departamentos. Disposição informal. Requer processos de segurança mais simples. Lojas de desconto Limita a criatividade do varejista. Maior eficiência operacional. Mais flexibilidade e criatividade na exposição de produtos. Atmosfera mais prazerosa para o cliente. Circulação: Facilita as compras por impulso. Não direcionada. Visualmente atrativo. Facilita o fluxo em qualquer direção. Estimula o consumidor a passear pela loja. Estimula o consumidor a passear pela loja. Farmácias Custos maiores. Lojas de departamento. Baixa eficiência no uso dos espaços. Lojas de presentes. Menor nível de segurança (favorece furtos). Lojas de confecções. É confuso para o consumidor. Dificulta a limpeza. Atmosfera: mais descontraída. Tendência: geração de fluxo. 197 Unidade III Butique Ocupação do espaço: É bem definida. Pode ser feita por categoria de produtos, marcas ou departamento. Cada espaço tem sua própria identidade: cores, estilos e atmosfera. Maior flexibilidade na utilização dos espaços. Facilita a segmentação por estilos. Pouca eficiência na ocupação dos espaços. Custos maiores de montagem e de procedimentos de segurança. Lojas de móveis. Lojas de departamentos sofisticadas. Visual muito atrativo. São semelhantes ao fluxo livre. Pista Ocupação do espaço: Parte de corredor principal que vai da entrada até os perímetros da loja. Possibilita a circulação por toda a loja. Semelhante ao fluxo livre e butique. Maior flexibilidade na utilização dos espaços. Facilita as compras por impulso por toda a loja. Pouca eficiência na ocupação dos espaços; Altos custos operacionais e de segurança. Lojas de departamento. Lojas especializadas. Permite a identificação clara de departamentos individuais. Fonte: adaptado de PARENTE, Juracy. Varejo no brasil: gestão e estratégia. São Paulo: Atlas, 2000. Existem ainda outras opções de layout, como o formato em “espinha de peixe” e em “Y”, este último uma derivação do formato em grade. O varejista desenvolve o layout da loja de acordo com o seu modelo de negócios e objetivos de venda e de imagem e lança mão da criativa para elaborar modelos que venham atender com mais eficiência as suas metas. Expositores refrigerados. Eles beneficiam o negócio e o meio ambiente Os equipamentos de nova geração apontam até o fluxo de pessoas na seção, além de serem econômicos e não agredirem o meio ambiente Imprescindíveis em qualquer loja, ainda mais com o crescimento nas vendas dos perecíveis, os expositores refrigerados fazem mais do que manter, resfriar ou 198 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO congelar. Podem contribuir com dados para a gestão do negócio, economizar energia e ainda emitir menos resíduos que agridem a natureza. O que mais se destaca é a mudança no conceito dos expositores. “A tendência é ter melhor qualidade de iluminação, gastando menos energia, e diminuir a emissão de HCFC, gás nocivo ao meio ambiente”, resume Roberto Weidner, diretor comercial da Eletrofrio. Neste ano, a empresa registrou acréscimo de 400% nas vendas de equipamentos com essa engenharia. O salto se deve à conscientização do varejo de que a proteção ao ambiente é uma exigência do cliente. Esses expositores são cerca de 10% mais caros. Embora as instalações custem R$ 2 milhões, em média, eles duram 15 anos. Já estão, portanto, alinhados às movimentações no mercado iniciadas neste ano (gomes, 2009). 7 VAREJO ELETRÔNICO A gestão de uma loja eletrônica se assemelha em muito à gestão de uma loja física. A loja eletrônica é o ponto de contato entre varejista e consumidor onde a homepage é a sua apresentação externa e, portanto, é o primeiro elemento que irá chamar a atenção do cliente e que irá permitir a ele navegar pela loja, ou seja, circular pela área de vendas. Segundo Parente (2000), da mesma forma que facilidades nas vias de acesso favorecem uma loja, quanto mais links ela tiver em outros endereços da internet, tanto maior será o número de consumidores que navegarão em seu site. A gestão da retaguarda do varejo eletrônico – objetivos de vendas e margens, composição do mix de produtos, serviços, 199 Unidade III abastecimento, compras – é semelhante ao varejo físico. Porém, as grandes diferenças que se estabelecem entre varejo físico e eletrônico são a formatação da homepage, o incremento dos meios de contato virtuais e a logística para entrega dos produtos comprados aos clientes. Existem ainda outros aspectos a serem considerados na gestão e formatação de uma loja virtual. Vamos a seguir analisar cada um deles. Domínio Um aspecto que pode parecer um detalhe é o domínio. Domínio é o nome da loja e sua forma de localização na internet. O nome da loja na URL (Uniform Resource Locator) é um aspecto de forte importância, pois não deve ser fator que dificulte de atração e o acesso dos contendores à loja. O domínio, portanto, deve ser de fácil escrita e memorização. O varejista que ainda tiver como alvo públicos além das suas fronteiras nacionais, deve pensar no grau de facilidade que o domínio adotado pode ter junto a consumidores de outros idiomas. Identidade visual A identidade visual, a combinação de elementos gráficos e conteúdo, deve fazer o papel da atmosfera da loja física junto ao cliente. Os elementos gráficos (design, fotografias e ilustrações) associadas a títulos claros devem chamar a atenção do consumidor. O conteúdo junto com o mix de produtos deve gerar o interesse do público-alvo e despertar o desejo. O mix de produtos, preços e demais serviços terão o papel então de levar o consumidor à compra. Informações claras e de credibilidade são, então, pontos fundamentais para um website eficiente. É importante lembrar que os recursos de multimídia (áudio e o vídeo) são, nesse caso, os recursos psicológicos que devem ser utilizados pelo varejista para incrementar a experiência da visita dos consumidores na loja. Porém é importante conhecer o nível 200 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO de adoção e de familiaridade das tecnologias multimídia por parte dos consumidores, para que a eficácia da comunicação seja garantida. Navegação Navegação é como o cliente circula em uma loja virtual. A navegação deve ser pensada de forma a facilitar a localização e o acesso às informações, aos produtos e aos serviços. Os clientes devem ser capazes de encontrar facilmente tanto as mercadorias que são vendidas, como também as informações referentes a preços e formas de pagamento. O varejista virtual precisa ter em mente que o consumidor tem enorme facilidade de se “locomover” de uma loja para outra, sem maiores esforços, o que faz da competição na internet ser altamente feroz. A construção das lojas virtuais deve levar em consideração o perfil e preferências do consumidor e ainda a sua capacidade de buscar informações no site. A navegabilidade eficiente depende da clareza de informações do site. Dúvidas mais frequentes devem estar relacionadas e acessíveis por links que levam as páginas dos FAQs (frequently asked questions). Outra informação importante nas lojas virtuais refere-se à empresa (dados sobre a organização, sua localização física, telefones e emails para contato, notícias etc.). Contato on-line A disponibilidade de contato entre cliente e empresa varejista, por meio de e-mails, pode contribuir na melhoria dos serviços prestados e da composição do mix de produtos. O cliente poderá usar esse meio para tirar dúvidas, fazer sugestões e reclamações. Porém, é importante que o varejista tenha capacidade de responder os contatos e também de mensurá-los. 201 Unidade III É importante lembrar que a internet traz a ideia de agilidade e rapidez. Ferramentas de resposta automática para confirmação do recebimento do e-mail pela empresa devem ser implementadas. A resposta automática transmite a certeza ao cliente de que o conato foi realizado. Privacidade A privacidade é um aspecto importante pelo fato de estar intimamente relacionada às resistências ainda existentes ao uso da internet para compras, assim como para outras tantas atividades, pelos consumidores. Privacidade se refere à política da empresa em tratar as informações pessoais dos consumidores. Portanto, a política de privacidade deve estar claramente detalhada no site, assim como deve ser de fácil acesso. Esse cuidado exerce influência positiva no consumidor no momento de optar por uma outra loja virtual. O tema privacidade também abrange a utilização de cookies pelos websites. Como já mencionado anteriormente nesta apostila, os cookies reconhecem o visitante no site e propicia a personalização do atendimento. Customização Customização rápida de produtos é uma possibilidade real da internet que resulta em vantagem competitiva para os varejistas. A customização em massa foi adotada pioneiramente pela Dell Computadores e já é uma prática consolidada. O objetivo do varejista é oferecer uma gama variada de opções aos clientes que podem escolher formatações de produtos mais adequadas às suas necessidades. Para o varejista significa a otimização do estoque que deverá estar atrelada a ferramentas como a Efficcient Customer Response (ECR). 202 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Determinação de preços A determinação de preços deve ser pensada não só nos objetivos de margens e lucros, como também na facilidade de tomada de preços junto à concorrência pelos clientes. Além disso, a internet ainda é vista como uma possibilidade de compra de produtos a preços mais competitivos que no mercado físico. Também nas lojas virtuais, os critérios para a determinação de preços estão relacionados ao perfil do consumidor, ao posicionamento dos produtos oferecidos e à percepção de valor pelos clientes. Logística Logística é o gerenciamento da cadeia de abastecimento que abrange o planejamento, a implementação e o controle do fluxo e armazenamento com eficiência e economia de matériasprimas e produtos semiacabados e acabados, e ainda administra as informações relativas a esses bens, do ponto de origem ao ponto de consumo. A logística é então um dos maiores desafios do varejista eletrônico. A gestão da logística no varejo eletrônico inclui também a definição do local de armazenamento dos produtos antes da entrega aos consumidores, o estabelecimento de estoque, a definição dos meios de transporte e dos procedimentos de entrega das mercadorias compradas pelo cliente, dos tipos de embalagens, da apresentação das instruções de instalação e uso (quando necessário), dos procedimentos para emissão da nota fiscal e das políticas de devolução e garantia. Segurança A transferência segura de fundos por meio eletrônico é aspecto fundamental no comércio eletrônico, cujo crescimento fomentou o investimento do setor bancário em processos de 203 Unidade III viabilização e segurança das transações comerciais. Muitas das instituições financeiras já oferecem soluções que viabilizam com segurança as transações comerciais das lojas eletrônicas. A criptografia – conversão de forma cifrada, de uma mensagem ou arquivo – é o recurso utilizado para garantir a segurança das transações e o sigilo dos dados. Isso se dá porque uma das maiores preocupações dos consumidores é com o uso e o tratamento de seus dados bancários. Os processos de segurança passam então por quatro exigências fundamentais de garantia: • privacidade: garantia de que as informações bancárias e pessoais do cliente não serão capturadas ou enviadas a terceiros sem o conhecimento do emissor; • integridade: as informações enviadas e recebidas não serão alteradas; • autenticação: comprovação formal da identidade das partes envolvidas na transação; • aceitação: comprovação da realização do envio e o recebimento de mensagens. Monitoramento Softwares de monitoramento (tracking) são utilizados com eficiência para verificar a receptividade das campanhas promocionais pela internet. O Google Analytics (www.google. com/analytics/pt-BR) por exemplo, permite ao varejista eletrônico verificar e analisar o comportamento e interação de seus visitantes (como o é feita a navegação). Informações sobre praça de origem e número de visitantes e, ainda, pontos de interrupção da navegação também são possíveis de ser obtidos com a utilização destes softwares. 204 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO Outro software que pode ser usado é o Clicky web analytics (www.getclicky.com), que possui interface simples e que pode ser integrado ao Google Maps para localizar a origem dos visitantes. A função spy também mostra, em tempo real, o comportamento dos visitantes em páginas específicas apontando o que os visitantes estão acessando naquele exato momento ou quais os pontos que apresentam mais dificuldades de navegação. Reconhecimento automático de produtos substitutos e complementares Ao selecionar um produto, o consumidor pode ser apresentado a outro produto, que seja substituto ou complementar. Isso se dá com a utilização de scripts (pedaços de códigos) instalados no servidor em que a loja está hospedada. Esse script procura produtos do catálogo e os organiza por palavraschave predefinidas, criando links para produtos relacionados automaticamente. 7.1 Atratividade e retenção de clientes em lojas virtuais Schripsema e Vanti (2006) relacionaram diversas funcionalidades tendo como fonte resultados obtidos em estudos realizados por instituições que avaliam o desempenho de lojas virtuais. Essa lista de funcionalidades tem a intenção de definir atributos necessários para o alcance da eficiência do site e abrange pontos importantes a serem observados sobre a funcionalidade, design e conteúdo. Esses atributos foram agrupados nos seguintes módulos: loja virtual, administração da loja, processos internos da loja e gestão estratégica da loja. O módulo loja virtual se refere à navegação, produtos, gerenciamento de produtos, gerenciamento de dados pessoais, pagamento e outras funcionalidades complementares ao processo de compra: 205 Unidade III • Navegação: deve facilitar a busca pelos produtos e serviços desejados e deve também oferecer várias formas de buscas, como por meio de menu, palavra-chave, breadcrumps (que são links que apresentam a profundidade da página, ou seja, toda a extensão de suas informações), além do mapa do website, que favorece tanto os compradores perdidos em suas buscas, quanto os compradores que possuem avançado conhecimento em navegação. • Produtos: este módulo se refere à forma de apresentação dos produtos e abrange informações sobre preço, formato, peso, detalhes e inclui fotos para que o cliente visualize o que está comprando. • Gerenciamento de produtos: trata-se de um sistema em que se reúnem todos os dados do pedido: produto, quantidade, cálculo do custo do frete, impostos. Este sistema é apresentado pelo carrinho de compras. • Gerenciamento de dados pessoais: é o armazenamento e manutenção dos dados cadastrais do cliente e também de terceiros, caso a compra seja feita para ser dada de presente. • Pagamento: este módulo se refere ao processo de pagamento, que, como já explicado anteriormente, deve ser rápido e seguro e ainda deve permitir que o cliente altere a forma de pagamento antes do recebimento do pedido. • Funcionalidades complementares: este módulo abrange a capacidade oferecida pelo site ao cliente de entrar em contato com empresa, tanto on-line, como off-line; a existência de página com respostas para perguntas frequentes; ferramentas para rastreamento do pedido (tracking).; notificação automática de confirmação de pedido. 206 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO 7.2 Riscos percebidos em compras virtuais O varejista eletrônico precisa considerar que o meio virtual para compras é relativamente novo e gera percepções de riscos para os compradores. Estudos diversos têm sido realizados no sentido de entender as causas e trazer soluções que eliminem ou pelo menos atenuem esta percepção. Os riscos percebidos são analisados sob diferentes dimensões e compreendem: • riscos físicos: referem-se à embalagem e transporte inadequado das mercadorias; • riscos de satisfação: receio de insatisfação com o produto comprado; • riscos de futura oportunidade perdida: receio de encontrar posteriormente um produto mais adequado, ou com preço melhor em lojas físicas; • riscos psicológicos: dificuldade de escolha frente às varias opções, ou medo de arrependimento pela compra, receio de não conseguir efetuar a transação; • riscos funcionais: receio relacionado a uma possível complexidade do processo de compra; receio da não utilização correta das ferramentas para execução da compra; receio de ineficiência nas etapas do processo de compra por parte da empresa; • riscos financeiros: receio de captura dos dados pessoais e bancários por terceiros; receio de estar pagando mais caro; impossibilidade de negociar o preço dos produtos; • riscos de tempo: receio do não cumprimento dos prazos por parte da empresa e receio de que o processo de compra seja muito demorado; 207 Unidade III • riscos sociais: de divulgação dos dados pessoais do comprador; de julgamento negativo das outras pessoas por estar comprando por esse meio; e de perder a oportunidade de estabelecer contatos interpessoais. 10 tendências para o futuro do varejo O PSFK lançou há poucos dias um relatório com as 10 principais tendências que, segundo a consultoria, impactarão o varejo daqui a 3 a 5 anos. Em pouco mais de 80 páginas, o estudo explora um futuro na perspectiva das marcas, consumidores, varejistas e comunidades – destacando como a tecnologia e nossos sentidos exercem um papel na experiência de varejo dentro e fora das lojas. Essas tendências são: 1 - O mundo como experiência de varejo: É a possibilidade de comprar qualquer coisa, a qualquer hora, em qualquer lugar, diz o relatório. Tecnologias de pagamento mobile e identificação de produtos estão possibilitando aos usuários interagir e comprar virtualmente qualquer produto, de qualquer lugar do mundo, mesmo que não disponível em nenhum varejo tradicional. A capacidade de uma pessoal em comprar qualquer coisa que vê reduz o caminho da compra, transformando qualquer encontro em uma oportunidade de venda. 2 – Pré-visualização da compra: Com aparelhos mobile mais inteligentes e tecnologia GPS aprimorada, o consumidor terá acesso a detalhes sobre o ambiente de varejo, antes mesmo de visitar a loja. Essa informação poderá ter a forma de uma 208 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO visão do interior da loja ou de direções que ajudarão consumidores a navegar melhor pelos corredores e localizar produtos com mais facilidade. Além disso, para oferecer mais conveniência e eficiência, essa tecnologia também permite informações em tempo real sobre o tráfego nas lojas, o que afeta os hábitos como desperdício de tempo no dia de visita à loja. 3 – Serviços habilitados para tablets: A introdução de aparelhos mobile com acesso à internet, como iPhone e o iPad no ambiente de varejo está possibilitando aos varejistas oferecer um nível mais alto de serviço aos seus consumidores. A experiência dentro da loja já pode permitir acesso em tempo real a informações da web, assim como assistência pessoal da equipe de vendas, para criar uma experiência de compra personalizada que ajuda na fidelização. 4 – A venda do ideal: O consumidor busca por produtos e experiências com uma imagem ideal em mente de como eles vão se encaixar na sua vida. As empresas estão explorando maneiras de traduzir de uma melhor forma essa imagem para a realidade através de usos inovadores das plataformas de comunicação. Essas ferramentas que permitem que os consumidores tenham suas expectativas atendidas mais cedo no processo evitam desperdício de tempo mais adiante. 5 – Toda loja como principal: É o nível mais alto de experiência em todos os pontos de contato. Os varejistas estão repensando as maneiras como utilizam o espaço físico nas lojas, deixando de 209 Unidade III lado a ideia de simplesmente fazer a venda e focando, ao invés, no cultivo de uma experiência de imersão com a marca. Como resultado, todas as lojas estão sendo reimaginadas como lojas principais, incorporando elementos de storytelling e entretenimento junto à demonstrações de produtos e displays interativos. Esses detalhes trazem um nível de descobrimento e educação para a experiência de compra, fazendo com que cada visita tenha a sensação de um evento, ao invés de uma transação. 6 – Curadoria complementar: Os varejistas estão aumentando suas ofertas centrais ao trazer outras marcas e serviços relevantes para suas lojas. Esses alinhamentos estratégicos oferecem aos consumidores conveniência one-stop e recomendações com base no seu gosto, valorizando a experiência de compra e fortalecendo a fidelidade. 7 – Decoração mutável: Para manter as lojas sempre renovadas e relevantes, os varejistas estão construindo seus ambientes com a mudança em mente. Os displays e a decoração são feitos para ter mobilidade e flexibilidade o suficiente para serem modificados. Assim, a experiência no varejo pode ser facilmente adaptada e atualizada para se manter em dia com as novas tendências e atitudes. 8 – Levando as lojas até o consumidor: Em esforço para conectar de forma melhor com consumidores fora do ambiente tradicional de varejo, vários varejistas estão viajando até seu público. Seja pegando a estrada ou visitando residências, as marcas estão criando experiências únicas ao entregar 210 MARKETING DE VAREJO E NEGOCIAÇÃO produtos e serviços diretamente para as pessoas, geralmente em locais inesperados. 9 - Show & Tell instantâneo: As redes sociais mobile e tecnologias para conexão dentro das lojas estão possibilitando aos consumidores receber, em tempo real, feedback de amigos e estranhos com gostos parecidos. A disponibilidade de opiniões instantâneas e conselho de amigos está transformando até mesmo uma compra solitária em uma experiência mais social, além de ajudar as pessoas a fazer melhores escolhas sobre o que comprar. 10 - A força do grupo: Os consumidores estão usando as redes on-line para fazer compras colaborativas que ajudam a aumentar seu poder individual de consumo. Ao se conectar com compradores de gostos comuns, todos podem aproveitar os descontos e exercer influência sobre os produtos e serviços oferecidos pelo vendedor. Ao mesmo tempo, os varejistas estão dando boas-vindas às compras coletivas on-line, que permitem o acesso a um público mais amplo e a possibilidade de fazer vendas maiores, além de share of mind (Vilela, 2010). 211