Trabalho Submetido para Avaliação - 14/05/2012 18:12:08 O PAPEL DESENVOLVIDO PELO ENFERMEIRO NA UNIDADE PSIQUIÁTRICA: UMA VISÃO SOB O OLHAR DO PACIENTE ADRIANA SUBELDIA DOS SANTOS MORO ([email protected]) / Enfermagem/ UNIFRA, Santa Maria - RS CAMILA BIAZUS DALCIN ([email protected]) / Enfermagem/ UNIFRA, Santa Maria - RS FERNANDA EMANUELE RAUBER BELINAZZO ([email protected]) / Enfermagem/ UNIFRA, Santa Maria - RS GIANE TONIASSO POZZEBON ([email protected]) / Enfermagem/ UNIFRA, Santa Maria - RS JÉSSICA INEU DOTTO ([email protected]) / Enfermagem/ UNIFRA, Santa Maria - RS ORIENTADOR: KARINE DE FREITAS CÁCERES ([email protected]) / Enfermagem/ UNIFRA, Santa Maria - RS Palavras-Chave: Enfermagem; Proteção; Saúde. INTRODUÇÃO: A partir do século XIX, surge a psiquiatria no Brasil e com isso algumas modificações a fim de transformar as enfermarias das Santas Casas e dos asilos em locais não mais de morte ou descaso, mas, no entanto, de reeducação e melhora². No século XX aconteceu o Movimento da Reforma Psiquiátrica, também com o intuito de mudanças, organizada pelos trabalhadores de saúde mental e um pouco mais tarde teve a adesão dos usuários de serviços psiquiátricos e seus familiares, evento este conhecido hoje como Movimento de Luta Anti-manicomial². Os profissionais da enfermagem tratavam os pacientes portadores de doenças mentais como “seres irracionais”, amarrando-os como animais, cometendo maus tratos entre outras atrocidades. Com as mudanças advindas da Reforma Psiquiátrica Brasileira a atuação da enfermagem tomou um novo rumo. Restabeleceu o cuidado humanizado, valorizando o ser humano que está sendo cuidado, enaltecendo a relação cuidador-paciente². Em decorrência de todas essas mudanças que ocorreram e que vem ocorrendo na saúde mental e psiquiatria, o profissional enfermeiro está inserido nesse contexto amplo, adequando-se as novas formas de identificação, manejo e cuidados com os usuários desse setor¹. Sendo assim, este estudo justifica-se através de uma inquietação que os acadêmicos do 5º semestre de Enfermagem tiveram ao observarem a importância da atuação do enfermeiro no contexto de uma unidade psiquiátrica. A partir daí surgiu a questão de pesquisa: na visão dos pacientes como é desenvolvido o cuidado pelo enfermeiro responsável pela unidade psiquiátrica? OBJETIVO: O objetivo do estudo revela-se em conhecer o papel desenvolvido pelo enfermeiro responsável pela unidade psiquiátrica segundo a visão do paciente. METODOLOGIA: O presente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória. A abordagem utilizada para análise dos dados foi qualitativa. A partir daí surgiu a questão de pesquisa: na visão dos pacientes como é desenvolvido o cuidado pelo enfermeiro responsável pela unidade psiquiátrica? O estudo foi aprovado pelo comitê de ética do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) sob o número 045.2010.2, garantindo o preconizado pela resolução 196/96 do Ministério da Saúde, o qual regulamenta a pesquisa com seres humanos. Para manter o anonimato dos sujeitos, estes foram identificados com nome de pedras preciosas. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Dessa pesquisa resultaram 3 categorias: Enfermagem: um cuidado necessário; Sentimentos em relação ao enfermeiro da unidade e Dificuldade de diferenciação dos profissionais da enfermagem. Por meio das entrevistas, observou-se que os pacientes entrevistados percebem uma relação positiva de cuidado. A atuação do enfermeiro junto ao paciente é vista como especial, atenciosa, prestativa, eficiente carinhosa, preocupada com a situação e transmite muita segurança no seu cuidado, sendo isso observado nas fala abaixo: Ametista “Como eu visualizo, olha, é atencioso, vejo o enfermeiro como um profissional assim muito especial, até certo ponto mais importante que médico porque ele está ali presente ao teu lado sempre ao lado e o médico faz o diagnóstico em cima da análise do enfermeiro, por esse ângulo o enfermeiro é mais importante tá sempre acompanhando o dia a dia, estado evolutivo, as quedas e as melhoras, vejo o profissional da enfermagem como 70% de importância... cuida para não machucar”. A reforma psiquiátrica trouxe uma mudança no papel dos profissionais de enfermagem que devem atuar em atividades que pressupõem a escuta, o acolhimento, a empatia, o estímulo a reconstrução da cidadania e da autonomia, tanto em atendimentos individuais como em grupos, em equipes multiprofissionais e interdisciplinares, o que exige uma construção continuada de trabalho em equipe, procurando-se preservar as particularidades de cada profissão3. Sentimentos em relação ao enfermeiro da unidade O sentimento do paciente em relação ao enfermeiro e o sentimento do enfermeiro em relação ao paciente são complexos e multifatoriais. Percebe-se pela fala que o sentimento pelo enfermeiro da unidade é de gratidão, cuidado, segurança, entre outros que é revelado pelas falas e condizem com o observado em outras pesquisas: “Ah, eu tenho sentimento de gratidão, os enfermeiros passam uma paz. Eles querem é cuidar de mim, eu tenho muita gratidão. Eles não só vem fazer o trabalho deles e vão embora eles tão preocupados com o pessoal”. Topázio O enfermeiro e os demais profissionais de saúde devem atentar para as necessidades específicas do ser cuidado, através da humanização, respeitando as relações dialógicas, o desenvolvimento de cada pessoa, a individualidade, crenças, características pessoais, linguagem, entre outros3. A maioria dos entrevistados relatou que sabe diferenciar o enfermeiro do técnico, mas no decorrer da argumentação da resposta verificou-se a dificuldade na diferenciação dos mesmos, tendo como exemplo os seguintes relatos. Jaspe “Eu acho que o enfermeiro é mais seguro nas decisões”. Ágata “Sei, o enfermeiro é aquele que anda todo de branco parece que é assim o técnico é aquele que usa um casaco azul marinho parece que é assim ó”. Com isso, a interação do enfermeiro com o paciente psiquiátrico é apontada como uma necessidade para a melhoria do cuidado integral, efetivo e terapêutico de enfermagem3. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir do exposto no estudo pode-se observar a importância da relação enfermeiro-paciente perante o tratamento e processo de cura dos mesmos, e que o cuidado realizado pela equipe de enfermagem, mais especificamente pelo enfermeiro, deve acontecer da forma mais eficaz, por estes estarem extremamente vulneráveis e fragilizados, longe de seus familiares, de suas casas e precisando se adaptar a uma nova rotina e a um novo estado de saúde. REFERÊNCIAS: FUREGATO, Antônia Regina Ferreira.; Avanços da saúde e seus reflexos na enfermagem; Revista da Escola de Enfermagem da USP; 41; 01-02; 2007. REINALDO, Amanda Márcia dos Santos. PILLON, Sandra Cristina; História da enfermagem Psiquiátrica e a dependência química no Brasil: atravessando a história para a reflexão; Revista da Escola de Enfermagem da USP; 41; 11; 2007. VEIGA, Kátia Conceição Guimarães. FERNANDES, Josicelia Dumêt. SADIGURSKY, Dora; Enfermeira/Paciente: Perpectivas terapêutica do cuidado; Revista de Enfermagem UERJ; 1; 322-325; 2010.