UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS PROGRAMA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO ENQUANTO FACILITADOR
DO PLANEJAMENTO DE ENSINO. ¹
Analia Vieira Neta Rodrigues
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¹ Artigo apresentado como exigência parcial para conclusão do curso sob a
orientação da professora Ana Carmen de Souza Santana.
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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo principal mostrar a importância da
intervenção do coordenador pedagógico na elaboração, execução e avaliação do
planejamento de ensino, como forma de garantir a dinamização das práticas de sala de
aula, através do uso dos diferentes ambientes pedagógicos como recursos viabilizadores do
processo de ensino e aprendizagem.
Para tal, efetivou-se uma pesquisa com docentes de uma escola da rede estadual do
estado do Tocantins, desenvolvida através da realização do projeto “Planejamento de
Ensino: interligando conhecimentos e superando fragmentações” que buscava investigar as
dificuldades enfrentadas pelos professores na elaboração, execução e avaliação do
planejamento de ensino.
Os objetivos norteadores do referido projeto foram a
conscientização dos professores acerca da importância de um planejamento flexível, a
efetivação do acompanhamento pela coordenação pedagógica do planejamento semanal e o
incentivo aos usos dos recursos tecnológicos e dos ambientes pedagógicos disponíveis na
Unidade de Ensino.
No âmbito metodológico, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, ao
passo que atividades do curso de especialização em coordenação pedagógica eram
realizadas, as quais visavam o aprofundamento do conhecimento da realidade escolar e o
embasamento teórico-prático acerca da função do coordenador pedagógico no ambiente
escolar. No campo empírico, elaboramos um cronograma de atendimento ao professor,
acompanhamos e orientamos o planejamento de ensino semanalmente e incentivamos o
uso dos recursos tecnológicos e dos ambientes pedagógicos como estratégia para melhorar
os resultados acadêmicos dos alunos.
Foram oito meses de pesquisa e trinta professores foram envolvidos no processo.
No primeiro quadrimestre, trabalhamos com vinte e um professores, destes seis eram
efetivos e quinze trabalhavam sob regime de contratação temporária. No segundo
quadrimestre houve uma mudança significativa no grupo de professores uma vez que os
contratados foram exonerados. Em julho, apenas quatro professores foram recontratados e
outros nove tomaram posse, pois tinham sido aprovados no concurso público. Assim,
trabalhamos com dezenove docentes.
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Os resultados obtidos através deste processo permitiram a organização deste
relatório de pesquisa ação em cinco etapas. Iniciamos com a fundamentação teórica e a
contextualização da temática “planejamento de ensino” e depois passamos a analisar a
relação entre o coordenador pedagógico e o professor no intuito de mostrar que essa
parceria é importante no ato do planejamento de ensino. Na sequência faremos a descrição
do âmbito metodológico e a contextualização do espaço e dos sujeitos da pesquisa e por
fim a apresentação dos resultados da pesquisa e as considerações finais que por sua vez
tangem para a percepção que o papel do coordenador pedagógico enquanto facilitador do
planejamento de ensino é de extrema relevância numa instituição de ensino que busca
oferecer um ensino de qualidade.
2. PLANEJAMENTO: CONCEITO E PRINCÍPIOS
O tema planejamento é discutido amplamente em nossos dias. Numa pesquisa
bibliográfica em torno do assunto encontramos algumas posições diferentes entre os
autores. No entanto, em dois aspectos há acordo unânime. Primeiro: o planejamento é
considerado como previsão metódica de uma ação a ser desencadeada. Segundo: para a
concretização do planejamento faz-se necessário a racionalização dos meios para atingir os
fins.
Planejar, no seu sentido mais amplo, abrange uma gama de idéias. Por si só não
constitui a fórmula mágica que soluciona ou muda a problemática a ser resolvida. Nunca
devemos pensar num planejamento pronto, imutável e definitivo. Devemos antes acreditar
que ele representa uma primeira aproximação de medidas adequadas a uma determinada
realidade, tornando-se, através de sucessivos replanejamentos, cada vez mais apropriado
para enfrentar a problemática desta realidade.
Tais medidas favorecem a passagem gradativa de uma situação existente para uma
situação desejada. Nessa perspectiva, vemos que planejamento pode ser um processo que
consiste em preparar um conjunto de decisões tendo em vista agir, posteriormente, para
atingir determinados objetivos ou uma tomada de decisões dentre possíveis alternativas,
visando atingir os resultados previstos de forma mais eficiente e eficaz. Dessa foram, o
planejamento é a base para a ação sistêmica. É utilizado na área administrativa, econômica,
social, política, cultural, educacional, enfim, é um mecanismo imprescindível que subsidia
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a tomada de decisões, a definição de metas, o alcance de objetivos, permitindo progressos
e avanços em todas as áreas do conhecimento.
Planejamento Educacional
A educação é hoje concebida como fator de mudança, renovação e progresso. Por
tais circunstâncias o planejamento se impõe, neste setor, como recurso de organização.
Portanto, é o fundamento de toda ação educacional.
O planejamento educacional pode ser concebido como um processo contínuo que se
preocupar com o “para onde ir” e “quais maneiras adequadas para chegar lá”, com base na
situação presente e nas possibilidades futuras, com vistas à melhoria da sociedade de forma
geral e atendendo as necessidades individuais de cada cidadão.
Para Menegola e Sant’Anna
Planejar o processo educativo é planejar o indefinido, porque educação não é o
processo, cujos resultados podem ser totalmente pré-definidos, determinados ou
pré-escolhidos, como se fossem produtos de correntes de uma ação puramente
mecânica e impensável. Devemos, pois, planejar a ação educativa para o homem
não impondo-lhe diretrizes que o alheiem. Permitindo, com isso, que a
educação, ajude o homem a ser criador de sua história (2001, p.25)
Nesta definição podemos perceber que os autores focam o desenvolvimento
humano. A educação deve possibilitar a formação se sujeitos críticos, conscientes do seu
papel enquanto sujeitos históricos capazes de mudar os rumos da sua história, tanto
individual quanto coletiva. Assim, deve se considerar que o planejamento educacional
tange o alcance de ações complexas uma vez que o desenvolvimento humano é o seu
principal objetivo.
Planejamento Escolar
Cada instituição de ensino vive uma realidade diferente. O contexto que se está
inserida, tanto político, como social e econômico, o perfil dos seus educandos, o perfil dos
seus educadores, determinam particularidades significativas. Faz-se necessário, então, um
planejamento apropriado para esta realidade. Sendo assim, o planejamento escolar o
planejamento macro da unidade escolar, que fundamenta as tomadas de decisões acerca da
sua estrutura de funcionamento, do seu currículo e das suas propostas pedagógicas.
Planejamento de Ensino
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Partindo do pressuposto de que
o hábito de planejar é uma realidade que
acompanha a trajetória histórica da humanidade e de que todo ser humano planeja suas
ações, sejam elas simples ou complexas, o planejamento está implícito em nosso dia a dia,
ganhando mais força ainda no contexto escolar onde o planejar pode ser obra de um
individuo, de um grupo ou mesmo de uma coletividade.
Segundo Vasconcellos
“planejar é antecipar mentalmente uma ação ou um conjunto de ações a serem
realizadas e agir de acordo com o previsto. Planejar, não é, pois, apenas algo que
se faz antes de agir, mas é também agir em função daquilo que se pensa”(2000,
p. 79).
Isso percorre a lógica do planejamento de ensino cabendo aos docentes e demais
membros da equipe pedagógica zelar pela aprendizagem dos alunos e reorganizar o seu
planejamento conforme as necessidades educacionais dos discentes desenvolvendo uma
boa gestão de sala de aula, atendendo os alunos em suas individualidades e fazendo uso
dos diferentes espaços da escola em prol de uma aprendizagem significativa.
Neste sentido, o bom planejamento de ensino é aquele que visa objetivos concretos
com a utilização de linhas ininterruptos de pensamento, mas flexíveis o bastante para tomar
caminhos diferenciados sem perder a direção.
3. O COORDENADOR
PEDAGÓGICO
E O
PROFESSOR: UMA
PARCERIA IMPORTANTE NO ATO DO PLANEJANENTO DE ENSINO.
O planejamento é de fundamental importância para nortear o trabalho diário do
professor, sendo por ele construído, numa determinada peridiocidade. A Lei de Diretrizes e
Bases 9394/96 em seu artigo 13 define como incumbência do docente:
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de
menor rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de
participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento,
à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
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VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com
as famílias e a comunidade.
Podemos observar pelo que está previsto na lei que o planejamento está explícito no
inciso V e implícito em todos os outros. Assim sendo, é um procedimento que merece a
atenção tanto do docente quanto do coordenador pedagógico já que no regimento escolar
padrão do estado do Tocantins em seu artigo 15, parágrafo IV, define-se como
responsabilidade do suporte pedagógico “assessorar o planejamento didático-pedagógico
do professor, propondo ações voltadas para o incentivo à leitura, com o objetivo de
fortalecer o processo de ensino e aprendizagem, bem como na correta escrituração do
planejamento nos diários de classe”;
O plano de ensino, por sua vez, é um instrumento do professor, mas que também
pode ter a participação do coordenador, através de discussões e sugestões. Dessa forma,
sua elaboração pode ser compartilhada com o coordenador pedagógico de maneira a zelar
por uma visão ampla dos conteúdos desenvolvidos e das habilidades a serem construídas
ou que necessitam de mais intervenções junto aos alunos, de maneira a atingir, ao final do
curso, os objetivos propostos.
Assim sendo, o planejamento de ensino constitui-se em espaço coletivo para
discussão, sistematização e apropriação dos instrumentos teórico-metodológicos, que
permitam a todos os envolvidos reafirmar suas posições e avaliar suas práticas,
ressignificando-as.
O ato de planejar o processo de ensino e de aprendizagem exige dos sujeitos
envolvidos a definição de valores, significados e concepção de educação. Os documentos
base desse processo de integralização das ações educativas são o Projeto Político
Pedagógico e Regimento Escolar. Nesta perspectiva, o planejamento deve ser concebido,
assumido e vivenciado no cotidiano da prática social docente como um ato político, de
resgate dos princípios que embasam a prática pedagógica num processo de ação-reflexãoação, como base para a estruturação pedagógica da escola. Através do planejamento, o
professor cria o contexto adequado para que ocorra realmente a aprendizagem, bem como
para intervir neste processo corrigindo possíveis desvios.
Todos esses instrumentos organizam o “fazer pedagógico” cotidiano do professor e
do coordenador. Essa composição estabelece conexões necessárias ao andamento do
trabalho na escola, ao se considerar o processo de ensino e de aprendizagem cooperativo
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e transformador. Assim, o coordenador pedagógico deverá despertar nos professores o
desejo de mudar posturas tradicionais, de aprofundar seus conhecimentos e de refletir
sobre novas alternativas para o encaminhamento de suas práticas.
4. DESCRIÇÃO DO ÂMBITO METODOLÓGICO: CONTEXTUALIZAÇÃO
DO ESPAÇO E DOS SUJEITOS DA PESQUISA;
A presente pesquisa foi realizada em uma escola da rede estadual do Tocantins.
Foram oito meses de observação e de implementação de ações em prol de analisar melhor
a questão problema, sendo ela, uma investigação acerca do pouco uso dos recursos
tecnológicos e dos diferentes ambientes pedagógicos como estratégia para aprimorar o
processo de ensino e aprendizagem e se isso era decorrente de um planejamento de ensino
feito apenas para cumprir as exigências da instituição.
Cinco ações de intervenção foram planejadas: apresentação do projeto para a
equipe pedagógica; elaboração de um cronograma de atendimento aos professores no
momento do planejamento; orientação do planejamento semanalmente; incentivo ao uso
dos recursos tecnológicos e dos ambientes pedagógicos disponíveis na escola e coleta
informações dos sujeitos envolvidos no processo através da aplicação de questionários.
Todas foram realizadas, mas com intervenção de fatores extraescolares que implicaram
mudanças no quadro de pessoal da escola.
Na função de coordenação pedagógica, inicialmente tínhamos três pessoas. Dessas
três, uma assumiu a direção da escola, outra assumiu a secretaria e outra foi demitida. A
escola passou a funcionar com uma coordenadora pedagógica e uma orientadora
educacional. No grupo de professores do primeiro quadrimestre tínhamos vinte e um
docentes. Seis eram efetivos e quinze trabalhavam sob regime de contratação temporária.
As características predominantes no grupo eram: experiência na gestão da sala de aula,
formação acadêmica e formação continuada, disponibilidade de horários e conhecimento
da realidade escolar e do contexto social, político e econômico que os alunos estão
inseridos.
No segundo quadrimestre, trabalhamos com dezenove docentes. Destes, quinze
eram efetivos e quatro foram recontratados. Neste grupo todos tinham formação acadêmica
para atuarem como professores, entretanto boa parte não tinha experiência na gestão de
sala de aula, não participaram de cursos de formação continuada, moravam nas cidades
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circunvizinhas e estavam em fase de adaptação no sentido de conhecer a realidade escolar
e local.
Devido essas interferências, as ações do projeto de intervenção precisaram reincidir
ao longo da pesquisa uma vez que os novatos precisam ser informados da dinâmica do
projeto. Enquanto pesquisadora, no início parecia uma situação lamentável, entretanto, ao
longo do processo tal situação permitiu reflexões valiosíssimas. Assim, descreveremos
algumas comparações acerca dos grupos pesquisados e chamaremos a equipe de
professores do primeiro quadrimestre de grupo A e os do segundo quadrimestre de Grupo
B.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA
O trabalho com o grupo A
Das ações de intervenção planejadas, as quatro primeiras foram realizadas com o
grupo A. Percebemos a aceitação do grupo perante a apresentação do Projeto de
Intervenção, conseguimos organizar o cronograma de atendimento ao professor, orientar o
planejamento semanal e auxiliar aqueles que tinham receio em ministrar aulas em
diferentes ambientes pedagógicos e em usar os recursos tecnológicos disponíveis na
Unidade de Ensino, principalmente o laboratório de informática.
Aconteceram várias aulas campo e metodologias diversificadas foram aplicadas em
sala de aula. Tudo isso foi decorrente de um trabalho feito em parceria com o professor,
que por sua vez tinha boa gestão de sala de aula e relacionava-se muito bem com seus
alunos. Assim, o momento do planejamento era pautado por discussões acerca das
competências e das habilidades a serem trabalhadas naquela semana.
Como dificuldade os professores pontuaram que o tempo destinado ao planejamento
em companhia do coordenador era insuficiente para levantar as competências, as
habilidades, as metodologias, escolher as atividades e proceder com a sistematização do
planejamento no formulário próprio. Diante disso, o cronograma foi reorganizado em duas
etapas: uma para definir a proposta de ensino da semana, isso em parceria com a
coordenação pedagógica e outra para realizar a sistematização do que foi discutido. No
segundo momento os professores trabalhavam com autonomia e trocavam idéias entre si.
O trabalho com o grupo B
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Após as exonerações, uma nova equipe de professores foi formada e com essa
equipe todas as ações foram realizadas. As quatro primeiras precisaram acontecer
novamente, pois o fato antes mencionado inviabilizou a continuidade do trabalho e exigiu
um recomeço.
A dinâmica das ações de intervenção aconteceu mais lentamente. O grupo observado
estava em fase de adaptação não só os docentes como também a coordenação pedagógica.
Além da proposta de ensino, assuntos como a importância de uma boa gestão de sala de
aula permeavam o momento do planejamento. A inexperiência de alguns professores
exigia da coordenação um acompanhamento mais de perto.
Momentos de estudos precisaram ser planejados, assim como debates acerca da
realidade social e econômica dos alunos. Tudo isso em prol da otimização do tempo
destinado ao planejamento. Assim, as considerações acerca da investigação proposta
inicialmente serão apresentadas a posteriori.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante o exposto e a guisa de conclusão, podemos enfatizar alguns apontamentos
percebidos ao longo do processo de pesquisa ação. A saber, para a efetivação do
planejamento de ensino é de extrema importância que professor e coordenador pedagógico
trabalhem em parceria; a experiência no exercício da função é bastante relevante para o
bom andamento do planejamento de ensino, mas isso não pode ser considerado uma regra.
Entretanto, é plausível que tanto a experiência do professor quanto a do coordenador
pedagógico contribuem qualitativamente para o sucesso do ato de planejar; o papel do
coordenador pedagógico como articulador do planejamento de ensino é de extrema
relevância uma vez que em virtude disso a qualidade do processo de ensino e
aprendizagem é melhorada, ao passo que a proposta do ensino é discutida com os
professores, o uso dos recursos tecnológicos e dos ambientes pedagógicos é incentivado e a
troca de experiências é garantida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MENEGOLLA e SANT’ANA, Maximiliano e Ilza Martins. Porque Planejar? Como
Planejar? Currículo e Área-Aula. 11º Ed. Editora Vozes. Petrópolis. 2001.
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VASCONCELLOS, Celso dos S: Planejamento Projeto de Ensino-Aprendizagem
e Projeto Político-Pedagógico Ladermos Libertad-1. 7º Ed. São Paulo, 2000.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo. Editora Cortez. 1994.
BRASIL, “LEI n.º 9394, de 20.12.96, Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional”. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm > Acesso
em 22/10/2011.
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