ELABORAÇÃO DE PREPARAÇÕES PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES FENILCETÓNÚRICOS AFIM DE PROMOVER UMA MELHOR INCLUSÃO SOCIAL EM SITUAÇÕES ESPECIAIS Aline C. Barral1, Marina Sampaio1, Raphaela Capela1, Roseani Andrade2 1 Acadêmicas de Nutrição; 2Profª Assistente II – Orientadora [email protected] Universidade Federal do Pará (UFPA) Introdução: A Fenilcetonúria é uma doença autossômica recessiva, causada pela deficiência da fenilalanina hidroxilase hepática (PAH), enzima que metaboliza a fenilalanina (Phe) em outro aminoácido, a tirosina (Tyr), é diagnosticada no Teste de Triagem Neonatal (Teste do Pezinho). Esse erro metabólico ocasiona acúmulo de Phe no sangue e em outros líquidos corporais, prejudicando o processo de mielinização e causando deficiência na síntese de proteínas e de neurotransmissores. Quando não tratada em tempo adequado a PKU resulta em alterações importantes no sistema nervoso central. (MANCINI et al., 2010). O tratamento da PKU é essencialmente dietético e baseia-se na restrição da ingestão de Phe, porém com níveis suficientes deste aminoácido para promover crescimento e desenvolvimento adequados, portanto o paciente deve evitar o consumo de alimentos ricos em proteínas. (BIZZOTTO et al., 2006; BRASIL, 2002). Os alimentos que têm alto teor de Phe são proibidos na PKU, dentre eles estão as carnes e derivados, o feijão, ervilha, soja, grão-de-bico, lentilha, amendoim, leite e derivados, achocolatado, ovos, nozes, gelatinas, bolos, farinha de trigo, pães em geral, biscoitos, e alimentos para fins especiais contendo aspartame. (MONTEIRO e CÂNDIDO, 2006). Alimentos com médio teor de Phe (10 - 200mg Phe/100g do alimento) são as massas feitas sem ovos e com farinha de trigo de baixo teor de proteína, arroz, batata-inglesa, batata-doce, batata-salsa, mandioca, cará, abóbora, abobrinha, berinjela, beterraba, brócolis, cenoura, chuchu, couve-flor, jiló, quiabo, repolho, vagem, tomate, pepino, pimentão, cebola, folhosos e frutas em geral. E, as quantidades a serem consumidas são determinadas de acordo com a idade, tolerância individual e níveis séricos apresentados periodicamente. (MONTEIRO e CÂNDIDO, 2006). Os alimentos permitidos na alimentação de fenilcetonúricos são os que contêm baixos teores de fenilalanina (0 a 20mg Phe/100g de alimento),estão incluídos: mel, balas de frutas e de gomas, pirulitos de frutas, picolés de frutas, algodão-doce, geleias de frutas, goiabada; farinha de tapioca, polvilho de mandioca, sagu. Entre as bebidas estão os sucos de frutas artificiais, refrigerantes isentos de aspartame, groselha, café, chá; e alguns cremes e pudins nos sabores baunilha, morango e caramelo e pós para milkshake isentos de fenilalanina (MONTEIRO e CÂNDIDO, 2006). Objetivos: Elaborar preparações para crianças e adolescentes fenilcetonúricos com baixo teor de Phe, utilizando alimentos de baixo custo, que sirvam como opções para festas infantis, promovendo assim uma melhor inclusão social destes pacientes. Metodologia: No laboratório de Técnica Dietética da Faculdade de Nutrição da UFPA foram elaboradas três preparações: uma receita de bolo de laranja, tendo como ingredientes 200ml de suco de laranja, 150g de açúcar, ½ copo de óleo de soja, 250g de fécula de batata,10g de fermento químico em pó, 3g de farinha de linhaça e sal a gosto. Os ingredientes foram batidos no liquidificador até obtenção de uma massa homogênea, que foi levada ao forno a 180◦C por 30 minutos, em forma untada. Para a calda usou-se 1 copo (200ml) de suco de laranja e a mesma quantidade de açúcar que foram levados ao fogo baixo em uma panela até engrossar durante 30 minutos, em seguida esta foi adicionada ao bolo com confeito colorido. A segunda receita é um brigadeiro de batata doce tendo como Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de novembro de 2014. ISSN 2359-084X. ingredientes 150g de açúcar, 15g de creme de leite diluído em água até formar uma xícara de chá, 10g de amido de milho diluído em água, 200g de batata doce cozida e amassada, 20g de margarina e 2,5g de alfarroba que cozinharam em fogo baixo por quinze minutos até chegar ao ponto de brigadeiro. A terceira receita elaborada foi empadinha de jambú com tucupí, tendo como ingredientes 90g de mandioca cozida, 15g de amido de milho e 5g de margarina. Para recheio batemos no liquidificador 1 maço de jambu em 300ml de tucupi, posteriormente foi adicionado 30g de amido de milho no tucupi e levado ao fogo até engrossar. A massa foi distribuída nas formas de empada e recheadas, foram levados ao forno por aproximadamente 30 minutos. Resultados: O bolo de laranja apresentou rendimento de 500g, este foi porcionado em 10 fatias, sendo 1 porção de 50g. A quantidade de Phe total foi 162,5mg, e 16,25 mg por fatia. O brigadeiro teve rendimento de 410g e um total de 42 unidades, sendo 1 porção três unidades. A quantidade total de Phe foi de 85,15mg e 8,31mg por brigadeiro. Já, a empada rendeu 300g , 10 unidades, 1 porção 1 unidade. A quantidade total de Phe foi de 63 mg e 6,30 mg por empada. Considerações Finais: Segundo Vieira (2010) a adesão ao tratamento da fenilcetonúria é geralmente estimada pela comparação dos níveis séricos de fenilalanina apresentados pelos pacientes em tratamento com os níveis alvos recomendados pela literatura. A qualidade desta adesão pode ser influenciada por fatores tais como educação, religiosidade, circunstâncias sociais, como acesso a produtos específicos para fenilcetonúria, renda familiar, condições de moradia e ainda o relacionamento e confiança na equipe de saúde. A interrupção do tratamento nutricional na infância associada ao abandono ou relaxamento da dieta ocorre na fase da idade escolar, no momento em que as crianças fenilcetonúricas interagem socialmente com outras crianças conhecendo novos hábitos alimentares e adotando por influencia um comportamento alimentar inadequado pondo em risco o seguimento do seu planejamento alimentar ocasionando o comprometimento das suas funções cognitivas e emocionais, incluindo a perda do coeficiente de inteligência, dificuldade de aprendizado, distúrbios de personalidade e anormalidade de raciocínio. Palavras-chave: Fenilcetonúria,inclusão social, preparações. Referências: BIZZOTTO, Carolina Schaper; CAPOBIANGO, Michely; BIASUTTI, Eliza Augusta Rolim; SILVA, Viviane Dias Medeiros; JUNQUEIRA, Roberto Gonçalves; SILVESTRE, Marialice Pinto Coelho. Hidrolisados Protéicos de Arroz com Baixo Teor de Fenilalanina, obtidos pela ação da corolase PP e uso do Carvão Ativado. Ciência e Agrotecnologia, v. 30, n. 2, p. 308-316, mar./abr. 2006. MANCINI, Patrícia Cotta; STARLING, Ana Lúcia Pimenta; PENNA, Letícia Macedo; RAMOS, Camila Alexandra Vilaça; FERREIRA, Michelle Imaculada Otaviani; IÓRIO, Maria Cecília Martinelli. Achados audiológicos em crianças com fenilcetonúria. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v.15, n.3, p.383 -389, 2010. MONTEIRO, Lenici Teresinha Bussolotto; CÂNDIDO, Lys Mary Bilesk. Fenilcetonúria no Brasil: evolução e casos. Revista de Nutrição. Campinas- SP, v.19, n.3, p. 381-387, maio./jun. 2006. VIEIRA, Tatiane Alves. Fatores associados à adesão ao tratamento dos pacientes com fenilcetonúria acompanhados pelo serviço de genética médica do hospital de clínicas de Porto Alegre. 2010 – Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de novembro de 2014. ISSN 2359-084X.