SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE MEMBRANAS DE AMIDO E CELULOSE BACTERIANA COM SULFATO DE CONDROITINA E ESTUDOS DE LIBERAÇÃO CONTROLADA. Bárbara Fornaciari (Bolsista Fundação Araucária), Paula Faria-Tischer, Gizilene Maria de Carvalho, e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Química/CCE Área e sub-área do conhecimento: Ciências Exatas e da Terra/Físicoquímica. Palavras-chave: amido, sulfato de condroitina, cinética de liberação de fármaco. Resumo A liberação controlada de fármacos surge como uma alternativa aos meios de liberação convencionais, que visam à liberação imediata quando em contato com o organismo. Este controle tem como objetivo a dosagem destes fármacos, para que o benefício resultante de sua administração seja o mais eficiente possível. Em sistemas matriciais como o amido, o fármaco, sulfato de condroitina (SC), é disperso na matriz polimérica, sendo a taxa de liberação controlada através da desintegração da matriz. Foram produzidos dois tipos diferentes de membranas: cinco membranas pelo método casting, e três membranas pelo método dip-coating. Nas membranas de dip-coating, foi utilizada como base a celulose bacteriana nativa, que é um polissacarídeo, com estrutura nanofibrilar. As membranas produzidas foram caracterizadas por espectroscopia de infra vermelho (FTIR) e a cinética de liberação foi avaliada. Introdução e objetivo O amido é um polissacarídeo de reserva energética, presente na forma granular em tecidos de vegetais, sendo parte da dieta humana (LIMA, 2012), apresentando biodegradabilidade e não toxicidade. Os polímeros biodegradáveis são classificados de acordo com a sua origem. Podem ser provenientes de fontes agrícolas como o amido e celulose, sintetizados por bactérias como a celulose bacteriana ou derivados de fonte animal, como o sulfato de condroitina (DEBIAGI et al, 2013). O estudo da cinética de liberação pode ser realizado para uma matriz polimérica e o fármaco, através de curvas, obtidas experimentalmente, 1 ajustadas aos modelos matemáticos. O uso destes modelos mostra-se muito útil pois podemos prever e analisar o comportamente da liberação antes mesmo que seja realizado experimentalmente (DASH, 2010). Considerando a importância de meios de entrega de fármacos, o objetivo deste trabalho visa estudar o comportamento desta matriz polimérica de amido e celulose, em relação ao SC, ajustando esta liberação à um modelo de cinética já existente. Procedimentos metodológicos Foram utilizados o amido de mandioca catiônico Superion 150 cedido pelo Horizonte Amidos, sulfato de condroitina cedido pela Extrasul, Glicerina bidestilada U.S.P.,Synth. O amido catiônico foi, adicionado em água deionizada na proporção % m/v 1:20 e aquecido à temperatura de 70ºC com agitação magnética por 30 minutos. A solução de SC foi preparada na mesma proporção, com agitação manual, sem temperatura. Membranas preparadas pelo método casting foram obtidas adicionando-se a solução , de amido catiônico gelatinizado, 2 gotas de glicerina, e a solução de SC com agitação magnética por 30 minutos, nas composições 70/30, 75/25, 80/20, 85/15 e 90/10 (%v/v), de amido/SC. As membranas obtidas foram designadas de ASC7030, ASC7525, ASC8020, ASC8515 e ASC9010, respectivamente. As membranas obtidas pelo método dip-coating, foram produzidas imergindo a membrana de celulose bacteriana em amido catiônico gelatinizado em água na proporção 1:20 (m/v) e solução de SC 1:20 (m/v). Foram produzidas membranas de celulose/amido catiônico/SC pelo processo dip-coating com uma camada de amido gelatinizado, denominada de ACE, com uma camada de amido e uma camada de SC, chamada ASCCE-1, e com 5 camadas de amido e 5 camadas de SC, intercaladas, denominada de ASCCE-5. As membranas foram secas em estufa FANEM Ltda, à 50ºC por 24 horas. Para o estudo da cinética de liberação do SC as membranas foram imersas em água deionizada à 25ºC e alíquotas da solução foram removidas nos tempos de 0,25, 0,50, 1, 2, 4, 6, 8 e 24 horas, e a concentração de SC foi determinada pela absorbância no comprimento de onda 200 nm, no espectrômetro UV-VIS Spectrometer Lambda 25, Perkin Elmer. As amostras foram caracterizadas por espectroscopia de FTIR no Espectrômetro FT-IR Vertex 70, Brucker Corporation, sendo realizados 10 varreduras para cada amostra, no modo ATR. Resultados e discussão Espectroscopia de Infravermelho (FT-IR) Os espectros das membranas obtidas pelo método casting apresentam bandas características do amido catiônico e do SC. Observam-se as bandas em 3300 cm-1 (estiramento da ligação O-H), 1640 cm-1 (deformação angular no plano da ligação N-H de amida em sobreposição com o estiramento da ligação C=O), 2 1364 cm-1 (estiramento da vibração S=O do SC) e em 1000 cm -1 (estiramento da ligação C-N presente no amido catiônico). As bandas da celulose nas membranas obtidas por dip-coating estão sobrepostas às bandas de amido, não sendo possível detectar diferenças com relação as bandas presentes nas membranas casting. 1640 3300 celulose ASCCE-1 ASCCE-5 1000 ASC7030 ASC7525 3300 ASC8020 Absorbancia (U.A.) ASC8515 Absorbancia (U.A.) ASC9010 4000 a) 3000 número de onda (cm-1) 1000 1460 4000 1000 b) 3500 3000 1500 1000 500 número de onda (cm-1) Figura 1. Espectroscopia de infravermelho para os filmes: (a) casting e (b) dipcoating. Estudo da Cinética de Liberação do SC Pela curva de calibração foi obtida a equação A = 0,1914 + 7,465 [SC] com o valor de R = 0,994. Sendo A, a absorbância e [SC] a concentração de SC em gL-1. Segundo Korsmeyer et al.(1983), pode-se descrever um modelo de difusão segundo a equação linearizada: log (Mt/Meq) = log K + n log t (Equação 1) onde Mt = [SC] no tempo t , Meq = [SC] no equilíbrio, ou seja, em t = 24 horas. Com os valores de n e K para cada membrana foi montada a Tabela 1. Tabela 1 – Valores de n e K para os filmes casting e dip-coating Filme n K ASC7030 0,12013 0,12840 ASC7525 0,21791 0,02796 ASC8020 0,21977 0,02436 ASC8515 0,17064 0,06328 ASC9010 0,30159 5,532 x 10-3 ASCCE-1 0,08578 0,03281 ASCCE-5 0,07756 0,31332 Fonte: o autor. 3 O valor de n caracteriza o modelo de difusão do sistema fármaco/polímero. Todas as membranas apresentaram valores de n menores que 0,5, o que implica que a liberação de SC ocorre através de um mecanismo de difusão Fickiano, segundo Korsmeyer et al. indicando que a difusão foi o principal mecanismo de liberação. Conclusão Com os resultados obtidos das análises FT-IR, pode-se concluir a produção de filmes com propriedades de seus reagente iniciais. A cinética de liberação mostrou que o SC é liberado de forma constante entre 0 e e 5h, tanto para as membranas obtidas via casting como para as membranas produzidas por dipcoating. A quantidade de SC liberada pelas membranas casting é maior que a quantidade de SC liberada pelas membranas dip-coating. Para as duas membranas o principal mecanismo de transferência de massa se dá por difusão segundo a lei de Fick. Agradecimentos Agradecimentos às empresas Extrasul e Horizonte Amidos pelos respectivos reagentes cedidos e à Fundação Araucária. Referências DASH, S. et al. Kinetic modeling on drug release from controlled drug delivery systems. Acta Poloniae Pharmaceutica - Drug Research, v. 67, n.3, p. 217223, 2010. DEBIAGI, F. et al. Embalagens biodegradáveis de amido reforçadas com fibras lignocelulósicas provenientes de resíduos agroindustriais. BBR - Biochemistry and Biotechnology Reports, v. 1, n. 2, p. 57-67, 2013. KORSMEYER, R.W. et al. Mechanisms of solute release from porous hidrophilic polymers. International Journal of Pharmaceutics, v. 15, p. 2535, 1983. LIMA, B.N.B. et al. Estudo do amido de farinhas comerciais comestíveis. Polímeros, v. 22, n. 5, p. 486-490, 2012. 4