0 UCAM –UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES ROSENILDA ROCHA BUENO DIFERENTES ABORDAGENS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS E DESAFIOS NA ATUALIDADE NOVA MUTUM-MT 2016 1 UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES ROSENILDA ROCHA BUENO DIFERENTES ABORDAGENS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS E DESAFIOS NA ATUALIDADE Artigo Científico Apresentado à Universidade Candido Mendes - UCAM, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia e Educação Especial. NOVA MUTUM-MT 2016 2 DIFERENTES ABORDAGENS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS E DESAFIOS NA ATUALIDADE Rosenilda Rocha Bueno1 RESUMO A preocupação primordial deste estudo é evidenciar as diferentes abordagens da história da educação dos surdos e os seus desafios na atualidade. Portanto, pretende-se analisar e discutir sobre o processo educacional vivenciado pelos mesmos, diante do cenário de exclusão que esta parcela da população ainda se encontra. Neste sentido, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, ao considerar as contribuições de autores como: FERNANDES (2008), GÓES (1996), SACKS (1990), SKLIAR (2005), LACERDA (1998), entre outros. Finaliza-se dando ênfase à política de inclusão e possibilidades de organização do trabalho pedagógico como estratégia que proporcione elementos que favoreçam a aprendizagem do aluno surdo. Acreditamos ser de fundamental importância que os educadores, independentemente de atuarem com alunos surdos, conheçam a trajetória histórica vivenciada por eles, como possibilidade de reflexão e construção de práticas pedagógicas para superação de desafios relacionados ao processo educacional dos mesmos, pois, apesar dos avanços conquistados por esses cidadãos, através da política de inclusão, as pesquisas demonstram que no ambiente escolar, ainda prevalecem práticas de exclusão. Palavras-chave: Surdez. Inclusão. Política. Práticas Pedagógicas Introdução O presente trabalho tem como tema as diferentes abordagens da história da educação dos surdos e os seus desafios na atualidade, como possibilidade de análise e discussão sobre as mudanças ocorridas na área educacional vivenciada pelos mesmos. Neste aspecto, é relevante apresentar algumas questões que subsidiarão o desenvolvimento deste trabalho, que tem o objetivo de contribuir com os diálogos sobre as transformações históricas ocorridas no processo educacional do aluno surdo, com o reflexo da política de inclusão, e ainda sobre as possibilidades de organização do trabalho pedagógico como estratégia que proporcione elementos que favoreçam um ambiente de aprendizagem significativa para os mesmos. Quando se fala em processo educacional do aluno surdo, nos reportamos a seus limites e possibilidades, bem como, sobre os pré-conceitos e preconceitos 1 Pós graduada em Pedagogia Empresarial. Graduada em Pedagogia com Licenciatura para os anos Iniciais pela Universidade Federal do Estado de Mato Grosso-UFMT. Atualmente desempenha a função de professora Formadora na área de Alfabetização no Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica de Mato Grosso- Cefapro de Diamantino/MT. 3 presentes na sociedade relacionadas a essas pessoas. Neste sentido, a inclusão de alunos surdos no ambiente escolar, impõe novos desafios para o fazer pedagógico. O processo educacional para os alunos surdos, e seus desdobramentos políticos-pedagógicos, é enfatizado por Fernandes (2008, p.1) da seguinte forma: [...] é um fato no cenário educacional para os profissionais da educação. O tema passa a ser incorporado na agenda das políticas públicas brasileiras apenas na última década, decorrente da pressão dos movimentos sociais, das contribuições de pesquisas nas áreas de Linguística e Educação e da incorporação desses novos conhecimentos e tendências ás agendas governamentais. Desta forma, para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se como recurso metodológico, a pesquisa bibliográfica, realizada a partir das leituras de materiais já publicados sobre o tema e artigos divulgados no meio eletrônico. Entre os textos que fundamentarão as análises, citamos os seguintes autores: Dias (2006), Góes (1996), Lacerda (1998), Quadros (2005), Sacks (1990), Skliar (2005), Soares (1999), entre outros, com vistas a contribuir com os debates acerca das questões inerentes ao processo educacional dos cidadãos surdos, com destaque para o reconhecimento das suas singularidades enquanto pessoa não ouvinte e que os atenda na perspectiva da diversidade e efetivação da inclusão escolar. Desenvolvimento Os registros referentes às pessoas surdas se desenvolveram em função da concepção do homem, difundida no decorrer dos períodos históricos (Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Contemporânea). Deste modo, apresenta um passado marcado por práticas discriminatórias referentes àqueles considerados fora do padrão estabelecido como normal, pois, o conceito de diferença individual não era compreendido ou avaliado. Conforme Dias (2006), até meados do século XVI, as concepções que prevaleciam sobre esse grupo de pessoas (surdos), estavam atreladas as bases religiosas e atribuídas ao misticismo e ocultismo. As principais civilizações da época eliminavam os surdos de variadas formas, como por exemplo, os gauleses, sacrificavam crianças surdas ao deus Tutátis, os chineses os lançavam ao mar e os 4 gregos lançava-os do alto dos rochedos. Outras comunidades quando descobriam a deficiência tardiamente, mantinham os mesmos em lugares isolados da sociedade. A ideia central que prevalecia era a de Aristóteles, na qual, defendia que “a linguagem é que dá ao indivíduo a condição de humano”, então, como os surdos não falavam, não eram considerados humanos, foram privados dos direitos básicos legais, como possuir ou herdar bens e não podiam se casar. Alguns registros descrevem que os hebreus, citam no Torá referências aos surdos, e passam a reconhecê-los como cidadãos, porém, privados de direitos legais. Neste contexto, Sócrates, declara aceitável a comunicação dos surdos por gestos, que substituiria a fala e poderiam aprender os sacramentos cristãos e garantir a salvação de suas almas (LACERDA, 1998). Um marco para as pessoas surdas surgiu a partir do nascimento de Jesus, pois, a teologia ocidental mudou significativamente, a partir daí, os diferentes não eram mais considerados amaldiçoados por Deus. Esses conceitos passaram a mudar somente no final da Idade Média para a Idade Moderna, momento de transição da perspectiva religiosa para o reconhecimento da racionalidade científica, entretanto, os métodos utilizados para educação dos surdos eram divergentes, uns aplicavam o oralismo, alguns o gestualismo, e outros, apenas o ensino da escrita. Os primeiros registros de educadores de surdos no ocidente surgem no século XVI, principalmente na Espanha, Inglaterra, França e Alemanha. Segundo Lacerda (1998), o objetivo principal era ajudar os surdos a desenvolverem seus pensamentos, dando-lhes conhecimentos para interagir na sociedade. Para que essa interação se desse de fato satisfatoriamente, os surdos eram obrigados a aprender a falar e entender as línguas orais. Cabe destacar, que na Idade Média os monges viviam em conventos e faziam voto de silêncio, criando assim os códigos (sinais), para se comunicar. Neste período, estes monges foram convidados pela Igreja Católica para se tornarem responsáveis pela educação das crianças e jovens dos castelos, pois, os filhos dos Reis eram, em sua grande maioria, surdos. Isso ocorria devido aos casamentos entre membros da mesma família, com o intuito de preservar a herança entre os membros da família dos nobres. 5 No contexto educacional, Lacerda (1998) escreve que Pedro Ponce de Léon (1520-1584), espanhol e monge beneditino, fundador da Escola para Surdos em Madri, na Espanha, e tem o reconhecimento de seus trabalhos como o primeiro professor de surdos filhos dos nobres, que precisariam aprender a se comunicar para garantir o direito de herança. O seu método (gestualista), incluía a datilologia, a escrita e a fala, sendo utilizado como referência para o embasamento de outros educadores de surdos. Juan Pablo Bonet (1579-1633), outro educador de surdos, e defensor da Metodologia Oralista, desenvolveu seus estudos iniciando o ensino pela aprendizagem das letras do alfabeto manual e após o treino auditivo e pronúncia dos sons das letras e depois as sílabas sem sentido, dando sequência ensinava as palavras concretas e abstratas e finalizava com a gramática. Assim sendo, os “oralistas” exigiam que os surdos se adaptassem a cultura ouvinte e aprendessem a língua oral e agissem como se não fossem surdos. Já os “gestualistas” aceitavam o fato de os surdos terem dificuldades com a língua oral e acreditavam que poderiam desenvolver a linguagem utilizando outras formas de comunicação. Deste modo, percebe-se que a configuração da história educacional dos surdos, está fortemente marcada pela fundamentação de concepções da cultura dominante, ou seja, do grupo considerado “normal”. Sobre este aspecto, vale ressaltar que: [...] o sistema escolar cumpre uma função de legitimação cada vez mais necessária à perpetuação da “ordem social” uma vez que a evolução das relações de força entre as classes tende a excluir de modo mais completo a imposição de uma hierarquia fundada na afirmação bruta e brutal das relações de força. (BOURDIEU, 2001, p.311) Sacks (1990), escreve que um dos períodos mais prósperos da educação dos surdos ocorreu no século XVIII, nesta abordagem destaca-se o “método francês”, desenvolvido pelo abade Charles M. de L’Epée, francês nascido em 1712 e fundador da primeira escola de surdos de Paris (1760), foi o primeiro a estudar a língua de sinais e a reconhecer o seu valor linguístico. Para L’Epée, a língua de sinais é concebida como a língua natural dos surdos e como canal adequado para o desenvolvimento do pensamento e comunicação. Diferente de seus contemporâneos, L’Epée sempre divulgava seus trabalhos e produções, suas 6 técnicas de ensino e a evolução da aprendizagem de seus alunos surdos. (LANE e PHILIP, 1996). Em contrapartida, na Alemanha, Samuel Heinicke (1727-1790), educador alemão e professor de surdos, fundou a primeira instituição para surdos, em Leipzig, no ano de 1778. É considerado o fundador do oralismo e do “método alemão” embora utilizasse alguns sinais e o alfabeto digital, com o objetivo de desenvolver a fala. Thomas Hopkins Gallaudet acompanhou o processo de desenvolvimento da educação dos surdos nos Estados Unidos, na qual, baseava seu ensino na Língua Gestual Americana (sinais e oralidade), e que mais tarde estruturou-se como ASL (American Sign Language), assim em 1817, foi fundada a Escola de Hartford. Seus trabalhos deram seguimento por meio de seu filho Edward Miner Gaullaudet, que fundou várias instituições de educação de surdos e deu origem a Universidade Gaullaudet. Diante deste exposto, percebemos que a educação dos surdos foi marcada por abordagens que dificultaram o desenvolvimento do processo de aprendizagem, e que refletem atualmente nas concepções sobre a inclusão de alunos surdos na escola regular e promovem práticas pedagógicas excludentes e o fracasso escolar. Neste contexto, Skliar (1997, p.140) destaca: Faz-se necessário, assim, um modelo de educação no qual o déficit auditivo não cumpra nenhum papel relevante, um modelo que se origine e se justifiquem nas interações normais e habituais dos surdos entre si, no qual a língua de sinais seja o traço fundamental de identificação sociocultural e no qual o modelo pedagógico não seja uma obsessão para corrigir o déficit, mas a continuação de um mecanismo de compensação que os próprios surdos, historicamente, já demonstraram utilizar. Atualmente os estudos apontam para a importância do desenvolvimento e aquisição da Língua de Sinais pela comunidade surda como fator principal para sua inserção no espaço escolar e construção de conhecimento e reconhece-os como grupo que possui suas próprias características culturais e diferenças linguísticas. Neste aspecto, “[...] a existência da comunidade surda, da língua de sinais, das identidades surdas e das experiências visuais, que determinam o conjunto de diferenças dos surdos em relação a qualquer outro grupo de sujeitos.” (SKLIAR, 2005, p. 7). 7 Skliar (1998, p.17), destaca que como forma de resistência ao poder do “ouvintismo”, os surdos se fortaleceram através de suas organizações em forma de associações e utilização da língua de sinais e preservação de sua cultura em diversos espaços livres da cultura de dominação ouvinte. Prosseguindo, visualizamos que a história do processo educacional dos surdos passa por várias mudanças influenciadas pelas pesquisas que não se restringiram apenas aos educadores, mas também aos profissionais da área médica que buscavam defender seus métodos e conceitos sobre a surdez. [...] atribuído ao importante papel da medicina no período da revolução científica, em especial da anatomia, em que passaram a se dedicar ao estudo da fala dos surdos, assim como de suas possibilidades de aprendizagem. Desta forma, estabeleceu-se uma estreita relação entre educação especial e a medicina (SOARES, 1999, p.6). A história da educação dos surdos no Brasil, também perpassa pelas trajetórias e concepções decorrentes no cenário mundial. Registra-se que em 1855, chegou ao país o professor surdo francês Hernest Huet, convidado do imperador D. Pedro II para trabalhar com duas alunas surdas. Em 1857, é fundado o Instituto Nacional dos Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação do Surdo (INES). Visto que as divulgações sobre as práticas pedagógicas com surdos foram sendo disseminadas, em 1878, realiza-se em Paris o I Congresso Internacional sobre a Instrução de Surdos, no qual, foi importante para algumas conquistas para os surdos, porém, o debate sobre o método de ensino se dividia em “gestualista” e “oralistas”. Em seguida, em 1880, ocorreu um dos maiores marcos na história da educação dos surdos, no II Congresso Internacional, em Milão. É importante ressaltar que o congresso foi organizado pela maioria oralistas, e ficou decidida à proibição dos sinais como forma de comunicação com os surdos ou nos ambientes educacionais. Neste percurso, a figura do professor surdo e todo o método de ensino pelo canal gestual-visual foram extinto das escolas por praticamente um século, pois, essa comunicação ainda não tinha o status de língua na área da linguística (LACERDA, 1998). De acordo com o mesmo autor em 1960 os estudos de Willian Stokoe, demonstraram que a língua e sinais têm uma estrutura semelhante às línguas orais, 8 o mesmo desenvolveu o conceito de “querema”, isto é, a unidade mínima da língua é o equivalente gestual de um fonema da língua oral. Diante dessa realidade, verifica-se o fracasso da concepção oralista e avanços significativos das pesquisas relacionadas à educação dos surdos, na qual, originaram as novas propostas pedagógicas e surge nos anos 70, a filosofia da Comunicação Total. Nessa proposta, eram permitidas todas as formas de comunicação, na tentativa de fazer com que a criança surda se comunicasse. Aceitava-se os gestos, sinais, figuras e escrita, no entanto, essa proposta não permitia a definição de nenhuma das línguas envolvidas, ou seja, nem a língua oral e nem a língua de sinais (LACERDA, 1998). Apesar de essa filosofia ter possibilitado o contato da comunidade surda com os sinais e a sua aprendizagem, também não favoreceu o desenvolvimento linguístico do surdo, porém, contribuiu para a transição do oralismo para o bilinguismo. A filosofia bilíngue, segundo as análises de Dias (2006, p. 42), “não privilegia uma língua, mas quer dar direito e condições ao indivíduo surdo de poder utilizar duas línguas; portanto, não se trata de negação, mas de respeito; o indivíduo escolherá a língua que irá utilizar em cada situação linguística em que se encontrar”, pois considera as características e opiniões dos próprios surdos. Sobre o processo educacional dos surdos no Brasil, apresenta-se um histórico de luta, aliada as pesquisas sobre a surdez e a língua de sinais. Neste sentido, instituiu-se por meio da Lei 10.436/2002 o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais - Libras como a segunda língua oficial do país, e regulamentada pelo Decreto nº 5.626/2005. O referido decreto dispõe sobre a implantação da disciplina da língua brasileira de sinais nos cursos de graduação, configurando um avanço significativo no direito a uma educação bilíngue, formação de professores, intérprete de libras, instrutor surdo, e demais direitos das pessoas surdas na área educacional. A educação bilíngue é uma filosofia de ensino que recomenda o acesso a duas línguas no contexto escolar, sendo a Língua de Sinais considerada como língua natural e por meio dela será realizado o ensino da língua escrita. Essa filosofia resgata o direito da pessoa surda de ser ensinada na Língua de Sinais, respeitando-se seus aspectos sociais e culturais (BRASIL, 2004). 9 Fernandes, 2006, p. 05 ressalta que a língua escrita pode ser plenamente apropriada pelos surdos, se a metodologia empregada não enfatizar a relação letrasom como pré-requesito, mas recorrer, principalmente, a estratégias visuais, prioritariamente pautadas na língua de sinais, similares metodologicamente àquelas utilizadas no ensino de línguas estrangeiras para ouvintes. Quadros (1997), afirma ainda que considerar a língua de sinais como a primeira língua do surdo significa que os conteúdos escolares devem ser trabalhados por meio dela e que a língua portuguesa, na modalidade escrita, será ensinada com base nas habilidades interativas e cognitivas já adquiridas pelas crianças surdas nas suas experiências, com a língua de sinais. Desta forma, Slomski (2010, p.22) enfatiza: A proposta educacional bilíngue busca captar o direito que as pessoas surdas têm de serem ensinadas na língua de sinais. Trata-se essencialmente de uma proposta de educação que parte das capacidades e potencialidades do sujeito surdo (aptidão para adquirir a língua de sinais) e não daquilo que limita seu desenvolvimento. Conclusão Diante do exposto, conclui-se que historicamente o processo educacional dos surdos é marcado por representações sociais, históricas, culturais, linguísticas e políticas equivocadas, às quais priorizaram o modelo clínico (oralidade), caracterizando a surdez como deficiência, e, legitimou políticas públicas que delimitaram a escolarização como privilégio de um grupo, na qual, prevaleceram à cultura dominante e consequentemente práticas de exclusão. A partir das mudanças fundamentadas no campo da ciência e da área médica, bem como, da concepção dos direitos humanos e do conceito de cidadania, se propõe a participação dos sujeitos, independentemente de suas diferenças, com base em uma visão norteada pelo viés da inclusão. Neste contexto, a partir das conquistas sociais e democratização da escola como ambiente inclusivo, as políticas públicas visaram estabelecer a garantia dos direitos humanos, pois, entende que não se pode segregar a nenhuma pessoa como consequência de sua deficiência, de seus desafios de aprendizagem, do seu gênero ou mesmo de seu pertencimento a uma minoria étnica. É notável que o processo educacional dos surdos obteve avanços, principalmente com a inserção do bilinguismo como filosofia educacional no 10 ambiente escolar. Os estudos apontam que a própria população surda defende a educação bilíngue como a mais adequada ás suas características, porém, essa mesma população vivencia no ambiente educativo práticas pautadas no paradigma dominante, que os veem como deficientes e não os reconhece como grupo cultural. Cabe então repensar formas de superação dos desafios e de investimentos que proporcione condições para que de fato exerça-se um trabalho pedagógico que desenvolva a abordagem bilíngue de ensino, na qual, a surdez tenha um enfoque na perspectiva da diferença e não da deficiência. É necessário romper com padrões homogeneizadores que apenas integram os alunos no ambiente escolar e não possibilitam as condições necessárias para a construção do seu conhecimento nem tampouco de sua aprendizagem. REFERÊNCIAS BOURDIEU, P. A Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In: NOGUEIRA, M. A.; CATANI. Afrânio (orgs). Escritos de educação. Petrópolis, Vozes, 2001. BRASIL. 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