Diversidade e filogeografia de mamíferos aquáticos da Amazônia

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Diversidade
Amazônia
e
filogeografia
de
mamíferos
aquáticos
da
Fabrício R. Santos, Departamento de Biologia Geral, ICB, UFMG
A genética da conservação é um conjunto de ferramentas que se utiliza dos
princípios da genética de populações, da evolução e da filogenia para o
diagnóstico do status de conservação de uma dada espécie. Uma destas
ferramentas, a filogeografia, permite o diagnóstico de processos
históricos
afetando
a
estrutura
populacional
e
sua
distribuição
geográfica. Estas ferramentas foram aplicadas no estudo das espécies de
peixes-boi e de botos-rosa.
Estudamos as três espécies de peixes-boi: o marinho (Trichechus manatus),
o amazônico (T. inunguis) e o africano (T. senegalensis) através do
estudo do DNA mitocondrial (DNAmt) em 330 espécimes de Trichechus. Com a
espécie
marinha,
observamos
uma
marcada
estrutura
populacional,
identificando três grupos distintos de seqüências (haplótipos) de DNAmt.
Uma possível barreira geográfica ao fluxo gênico nesta espécie pode ser
identificada pela seqüência das Antilhas menores, na costa da Venezuela.
Entretanto, no peixe-boi amazônico foi observado um único grupo compacto
de haplótipos, indicando um evento de expansão populacional. O peixe-boi
africano apresenta provavelmente um padrão complexo de estruturação
populacional. O estudo de segmentos de DNAmt, autossômico e análise
citogenética revelou a presença de híbridos na foz do Amazonas.
O trabalho com os botos-rosa analisou 519 pb do DNA mitocondrial de duas
populações da Amazônia brasileira. Foram identificados 6 haplótipos, os
quais apresentaram uma marcada distribuição geográfica, apesar da pouca
distância separando estas populações. Além disto, a análise conjunta de
nossos dados com dados da Amazônia boliviana, colombiana, e do Orinoco da
Colômbia, revela uma marcante segregação dos haplótipos das várias
localidades.
Estes resultados devem ser observados em futuras elaborações de
estratégias de manejo, tais como reintrodução ou translocação de
indivíduos. Para minimização do impacto antrópico, estas estratégias
devem levar em consideração a manutenção do isolamento de populações que
funcionam como unidades evolutivas semi-independentes, além de barreiras
históricas ao fluxo gênico e o impacto da hibridização inter-específica.
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