Filogeografia do Buriti (Mauritia flexuosa L.f, Arecaceae): uma

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56º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 56º Congresso Brasileiro de Genética • 14 a 17 de setembro de 2010
Casa Grande Hotel Resort • Guarujá • SP • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2
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Filogeografia do Buriti (Mauritia flexuosa L.f,
Arecaceae): uma palmeira restrita a regiões alagáveis
no Brasil Central
Rabelo, SG1; de Lima, NE1; Collevatti, RG1
Laboratorio de Genética & Biodiversidade, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás, CP 131. Goiânia, Goiás.
Brasil. 4001-970
[email protected]
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Palavras-chave: Mauritia flexuosa L.f, Buriti, Brasil Central, Veredas, Filogeografia
Mauritia flexuosa L.f, (Arecaceae), conhecida popularmente como buriti, é uma palmeira amplamente distribuída que
ocorre em áreas alagadas denominadas veredas, na região do Cerrado no Brasil Central, e ainda na região Amazônica
cis-Andeana na Colombia e Venezuela, em regiões alagadas conhecidas como morichales, e no Peru, nos aguajales.
O registro fóssil mostra que as flutuações climáticas do Terciário/Quaternário afetaram a distribuição geográfica
do buriti e, potencialmente, o padrão filogeográfico. O buriti tem importante valor econômico para as populações
locais, na elaboração de alimentos e de artesanatos, além de ser fonte de alimento e de local para nidificação para
a fauna do Cerrado. A destruição do seu habitat devido à expansão da fronteira agrícola pode representar uma
importante ameaça à persitência a longo prazo das populações. O estudo da filogeografia e da estrutura genética
do buriti nas veredas do Brasil Central pode contribuir para o melhor entendimento da sua evolução e dos efeitos
da fragmentação e destruição de habitat na espécie e nas veredas, gerando subsídios para a conservação e manejo
da espécie. Neste trabalho apresentamos resultados da filogeografia do buriti, baseada no sequenciamento das
regiões intergênicas cloroplastidiais, trnD-trnT, psbA-trnH e ycf6-trnC. Como a distribuição de M. flexuosa é restrita
a regiões associadas a cursos d’água, nós testamos a hipótese que as principais Bacias Hidrográficas representam
quebras filogeográficas à distribuição das linhagens maternas. Foram amostrados um total de 208 indivíduos em 13
populações de M. flexuosa, distribuídos em todo o Brasil Central e nas Bacias Hidrográficas Amazônica, Araguaia/
Tocantins, Paraná e São Francisco. O sequenciamento da região trnT-trnD gerou fragmentos de 404pb, a região
psbA-trnH 379pb e a região ycf6-trnC, 267pb. Para os 60 indivíduos já sequenciados, foram encontrados 5 diferentes
haplótipos para as regiões trnT-trnD, 5 haplótipos para psbA-trnH e 2 haplótipos para ycf6-trnC. A diversidade
genética, considerando todos os individuos amostrados, foi alta para todas as 3 regiões sequenciadas (trnT-trnD,
h = 1,000; π = 0.0141 +/- 0.0095; psbA-trnH, h = 0.861, π = 0.0043 +/- 0.0031; ycf6-trnC, h = 0,222, π = 0.0033 +/0.0029). Embora alguns agrupamentos distintos por localidade tenham sido identificados na análise filogenética
(programa Network), a relação filogenética entre os haplótipos não suporta nossa hipótese que as principais bacias
formam quebras filogeográficas importantes para a distribuição das linhagens maternas. Além disso, não há sinal
de retração recente no tamanho das subpopulações seguido por expansão (Tajima D e Mismatch Distribution).
Apesar da alta diversidade genética indicada neste trabalho, as populações de M. flexuosa são restritas devido
à distribuição do habitat favorável, o que representa um risco a persistência em longo prazo das populações.
Apoio financeiro: FAPEG/CNPq (Pronex), CNPq, FAP-DF
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