Análise do marcador COI revela a ocorrência de duas introduções

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56º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 56º Congresso Brasileiro de Genética • 14 a 17 de setembro de 2010
Casa Grande Hotel Resort • Guarujá • SP • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2
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Análise do marcador COI revela a ocorrência de duas
introduções de Z. indianus no Brasil e que a invasão na
Flórida se deu a partir de população brasileira
Commar, LS1; Ceron, CR1; Carareto, CMA2
Laboratório de Genética-Bioquímica - UNESP, São José do Rio Preto, SP
Laboratório de Evolução Molecular de Insetos – UNESP, São José do Rio Preto, SP
[email protected]
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Palavras-chave: invasão biológica, Zaprionus indianus, COI, marcador mitocondrial, continente americano.
Zaprionus indianus é uma espécie de origem africana que se dispersou pelas regiões tropicais da Ásia e das Américas
do Sul e do Norte. Grande interesse tem sido despertado sobre essa espécie, principalmente pela recente expansão
da sua área de distribuição com a invasão do continente americano, possivelmente em 1998. Hoje, indivíduos
dessa espécie são encontrados em uma larga amplitude latitudinal (68°), do Uruguai a Belém (Brasil) e, em 2005,
na Flórida (Estados Unidos). Tem sido proposta que a introdução da espécie no Brasil se deu a partir do Estado
de São Paulo, no entanto, há dúvidas se a população da Flórida é originária da América do Sul, África ou Ásia.
Na tentativa de esclarecer essa questão, avaliamos a variabilidade genética de um fragmento do marcador COI
(citocromo oxidase I), de 612 pb, de vinte populações de Z. indianus, de diversas regiões geográficas, como África,
Ásia e Américas. O marcador utilizado, de origem mitocondrial, é especialmente favorável a estudos evolutivos
de populações ou espécies recentemente diferenciadas por apresentar altas taxas evolutivas, transmissão
exclusivamente materna e ausência de recombinação. Para tal análise, foi construída uma rede de haplótipos
por meio do método “median-joning network”. Os resultados obtidos demonstram o agrupamento das espécies
africanas, compartilhando sequências ancestrais ou não amostradas, como também apresentando o maior número
de mutações (todas elas sinônimas), indicando serem essas populações as mais divergentes e portanto ancestrais.
A rede mostra dois haplótipos ancestrais distintos relacionados diretamente aos haplótipos amostrados nas
populações brasileiras e a ocorrência de não apenas uma, mas de duas invasões no Brasil a partir da África. De uma
das invasões derivaram os haplótipos amostrados em populações localizadas preferencialmente ao sul da América
do Sul (sul do Brasil e Uruguai). A outra é proveniente da mesma população ancestral africana que colonizou
anteriormente a Ásia (1970) e, a esse haplótipo, associam-se diretamente os aqueles amostrados em populações
do norte, sudeste e sul do Brasil e o haplótipo amostrado na população da Flórida. Nossos resultados são inéditos,
pois indicam não apenas a ocorrência de duas invasões no Brasil, ao contrário de uma, previamente sugerida,
como também que a invasão da América do Norte se deu a partir de migrantes de populações brasileiras, e não
africanas ou asiáticas. Essa origem pode estar diretamente relacionada ao fato de o Brasil ser hoje o terceiro maior
produtor mundial de frutas e exportar 14 culturas para os Estados Unidos, dentre elas uva, banana, manga e melão.
Interessantemente, a Flórida é centro das atividades comerciais e financeiras na América do Norte, o que explicaria
a introdução de Zaprionus indianus partir de populações brasileiras, primeiramente neste estado norte-americano.
Apoio financeiro: CNPq
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