Assistência de Enfermagem na Unidade de Emergência à Criança

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Assistência de Enfermagem na Unidade de Emergência à Criança Asmática
Nursing Care in the Emergency Unit Asthmatic Child
Valquíria Sousa Bahia
Especialista em Urgência e Emergência
Clairton Quintela Soares
Graduado em Pedagogia, Especialista em Administração Hospitalar. Professor de Metodologia da
Pesquisa do Centro Universitário Internacional UNINTER
.
RESUMO
Este artigo trata de um estudo de revisão bibliográfica, de natureza exploratória do material selecionado.
Objetivo geral consiste em compreender como deve ser a assistência de enfermagem à criança asmática
num ambiente emergencial, auxiliando na reabilitação do mesmo durante o processo de atendimento.
Como objetivos específicos: Descrever a epidemiologia e fisiopatogenia da asma em crianças e destacar a
importância da atuação do enfermeiro no acolhimento aos pacientes (crianças) durante o prognóstico.
Conclusão: Evidencia-se que a asma é uma das doenças de maior importância da infância e que altas taxas
de incidência e prevalência desta patologia incidem em crianças, por isso há necessidade de abordar
aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e a prática do acolhimento enfatizando a comunicação como
instrumento fundamental durante a assistência de enfermagem na unidade de emergência.
Palavras-chave: Asma, Asma brônquica, Crise de sibilância, Assistência de enfermagem, Emergência
pediátrica.
ABSTRACT
This article is a literature review, from an exploratory nature of the selected material. The Overall
goal is to understand how is the nursing care of asthmatic children in an emergency environment, assisting
in the their rehabilitation during the process of care. Specific objectives: To describe the asthma
epidemiology and pathophysiology in children and to highlight the importance of nurses role in the care of
patients (children) for the prognosis. Conclusion: It is evident that asthma is a disease of major importance
in childhood and high rates of incidence and prevalence of this disease relate to children. That’s why it’s
need to address epidemiological, pathophysiological and the practice of care, emphasizing communication
as an essential instrument for nursing care in the emergency department.
Key-words: Asthma, Asthma, wheezing Crisis, Nursing care, pediatric emergency.
Caderno Saúde e Desenvolvimento | ano 1 n.1 | jul- dez 2012
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7
INTRODUÇÃO
No Brasil, poucos estudos epidemiológicos sobre a asma foram realizados e, isto
tem contribuído para o desconhecimento sobre a realidade desta patologia em áreas
diferentes do país, tornado difícil planejar e executar programas de prevenção da mesma.
Mundialmente, a asma é a doença crônica mais comum na infância, afetando cerca de 4,8
milhões de crianças por ano. A taxa de prevalência da asma aumentou 72,3% entre o
período de 1979 e 1998 apontam (SOLÉ et al,. 2004, p. 186).
Estudos epidemiológicos são importantes na avaliação das condições de saúde e
na ocorrência de doenças em uma população, e por se tratar de crianças a magnitude do
problema é bastante relevante.
Todavia, as Unidades de emergência, por sua vez, são locais onde são praticados
procedimentos de maior complexidade, que podem oferecer risco de morte.
Diferentemente das Urgências, estas unidades devem operar com um nível elevado de
resolutividade, demandando uma retaguarda dotada de recursos de apoio ao diagnóstico
(imagenologia, traçados gráficos, laboratório de análises clínicas etc.), tratamento
(centro cirúrgico, centro obstétrico e UTIs), observação e internação compatíveis com a
complexidade dos procedimentos nelas praticados. Ou, seja um local onde há recursos
para que a assistência de enfermagem seja de qualidade aos pacientes com distúrbio
respiratório (BRASIL, 2011).
O apoio legal a assistência de enfermagem na unidade de emergência, no
contexto brasileiro, encontra-se principalmente na Lei n. 7.498, de 25 de julho de 1986, na
qual se definem as funções de cada elemento da equipe. Todavia, frente a diversas
funções, cabe o enfermeiro atuar de maneira ética e cumprir suas atribuições de acordo
com a complexidade que cada paciente apresenta como neste caso à criança asmática
(COREN, 2011).
De acordo com (CABRAL; ARAÚJO, 2008) a enfermagem emergencista, durante a
assistência na prestaçaõ de cuidados1, aceita diversas responsabilidades, incluindo a de
1
Prestação de cuidado envolve a utilização da metodologia do processo de enfermagem- utilização dos
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defensora dos direitos do paciente, do uso de julgamento clínico consistente, da
demonstração da práticas de cuidar, da colaboração com a equipe multidisciplinar, da
demonstração de compreesão com diversidade cultural e da orientação do paciente e da
familia.
Todavia, a comunicação da equipe de enfermagem com a família no processo de
assistencia é crucial, pois a premissa básica de que a criança faz parte de um 'todo' que o
enfermeiro deve reconhecer, se almeja oferecer o melhor cuidado. Parte-se dos
pressupostos de que a família é a primeira responsável pelos cuidados de saúde dos seus
membros e que o cuidado de enfermagem é mais eficaz quando se acredita que a família
é a unidade de cuidado, tornando imprescindível o elo entre a criança, família e a equipe
de saúde.
Diante o exposto, justifica-se a escolha deste tema devido à asma ser considerada
uma das doenças de maior importância da infância conforme indicam várias literaturas.
Considerando esse critério diagnóstico, no qual se verifica que a prevalência média de
asma pôde atingir níveis tão elevados como indica as estatísticas. Assim, demonstram
que, no Brasil, a asma é um problema de saúde pública entre crianças e que necessita
urgentemente de medidas efetivas para seu controle.
O objetivo geral desta pesquisa consiste em compreender como deve ser a
assistência de enfermagem à criança asmática num ambiente emergencial, auxiliando na
reabilitação do mesmo durante o processo de atendimento. Como objetivos específicos:
Descrever a epidemiologia e fisiopatogenia da asma em crianças e destacar a importância
da atuação do enfermeiro no acolhimento aos pacientes (crianças) durante o
prognóstico.
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, cuja trajetória metodológica a ser
percorrida apóia-se nas leituras exploratória e seletiva do material de pesquisa. O
levantamento bibliográfico propriamente dito foi realizado através do SCIELO (Revista
elementos do método científico de fazer o diagnóstico de enfermagem, elaborar a prescrição, a
evolução, avaliação e o prognóstico de enfermagem, sob o enfoque de atendimento holístico, na
prevenção, promoção e reabilitação da saúde (DANIEL, 1983, p. 03).
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Latino-Americana de Enfermagem), Portal da Saúde (Ministério da Saúde), LILACS
(Biblioteca Virtual em Saúde), e no acervo bibliográfico da IBPEX, utilizando os
descritores como: Asma, Asma brônquica, Crise de sibilância e Assistência de
Enfermagem.
Após o levantamento bibliográfico, realizou-se a leitura exploratória do material
encontrado. Com essa leitura, pôde-se obter uma visão global do material, considerandoo de interesse ou não à pesquisa. Em seguida, efetuou-se a leitura seletiva, a qual
permitiu determinar qual material bibliográfico realmente era de interesse desta
pesquisa. Finalmente, foram delimitados os textos a serem interpretados perfazendo um
total de 19 artigos, não sendo usados limites temporais na análise da base de dados, e 06
livros. Com base em Cruz; Ribeiro (2004, p.19), “uma pesquisa bibliográfica pode visar um
levantamento dos trabalhos realizados anteriormente sobre o mesmo tema estudado no
momento [...]”.
A forma de pesquisa se deu devido à admiração pelo assunto, que surgiu quando
desde a graduação surgiu o interesse à disciplina emergência associada à patologia,
fisiologia, anatomia, semiologia e epidemiologia conjuntamente com a vivência em
estágios que proporcionaram o contato direto com pacientes acometidas por
complicações respiratórias, onde se tornou possível através de livros e artigos
bibliográficos revisar e estudar as patologias, suas complicações e o cuidado humanizado
na atuação do enfermeiro frente à assistência ao enfermo especificamente a criança com
crise de sibilância.
EPIDEMIOLOGIA
A prevalência da asma vem crescendo nos últimos anos, considerada, na
contemporaneidade como uma das principais doenças crônicas mundialmente, a sua
frequência, gravidade e possibilidade de intervenção têm despertado o interesse por
estudos nesta área. Segundo autores (NUNES et al, 2001) “complementa descrevendo-a
como heterogênea, tem múltiplos agentes desencadeantes, é potencialmente fatal e sua
freqüência e gravidade vêm aumentando em várias partes do mundo”.
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Estudos epidemiológicos são importantes na avaliação das condições de saúde e
na ocorrência de doenças em uma população. Os principais indicadores de freqüência de
uma doença são as taxas de incidência e de prevalência. A Incidência é definida como o
número de casos novos que aparecem em uma população em período de tempo definido
e apesar de ser o melhor índice para avaliar a real dimensão de uma determinada doença
em uma população, é difícil de ser obtido, pois necessita do seguimento desta população
durante o período de tempo em estudo (FRANCO; GURGEL; SOLÉ, 2006).
Prevalência pode ser definida como a fração (proporção) de um grupo de pessoas
que apresenta uma condição clínica ou desfecho, em um determinado período de tempo.
É medida pelo levantamento de uma população definida, que contém pessoas com e sem
a condição de estudo, num único corte no tempo. Embora não seja o índice ideal, tem
sido o mais utilizado (FLETCHER et al,. 1996 apud FRANCO; GURGEL; SOLÉ, 2006).
A utilização do questionário do Estudo Internacional da Asma e Alergia na Infância
(ISAAC2), conduzido na década de noventa, em algumas cidades brasileiras entre elas,
mostrou que Salvador (BA) demonstrava uma das mais altas prevalências de chiado nos
últimos 12 meses (27,1%) entre as crianças de 13 a 14 anos de idade. Questionário aplicado
novamente no ano de 2002 encontrou prevalência de sintomas de asma, na capital baiana
de 17,2 e 24,6% nas faixas etárias de 6 a 7 e de 13 a 14 anos, respectivamente. Esses dados
estatísticos apontam que, em Salvador, a asma pode ser considerada um problema de
saúde pública. (SIMOES et al, 2010).
Os autores abaixo relatam sobre a situação epidemiológica na cidade
soteropolitana em relação a asma e crianças como:
A maioria das crianças com asma, em Salvador, tem asma persistente e requer
medicações para o controle da doença. A identificação da distribuição de
frequência dos vários padrões de gravidade da asma em amostra representativa
da população infantil dessa cidade oferece subsídios relevantes para a projeção
das necessidades de medicamentos essenciais para o tratamento da asma na
faixa etária avaliada. Embora não se possa assegurar validade externa das
2
É um programa de pesquisa único epidemiológico mundial criada em 1991 para investigar asma, rinite e
eczema em crianças devido à preocupação de que essas condições foram aumentando nos países
ocidentais e em desenvolvimento (ISAAC, 1991).
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nossas observações em Salvador, em situações de indisponibilidade de
informações, os nossos achados podem contribuir para que se façam
estimativas em outras cidades brasileiras comparáveis, até que sejam realizados
inquéritos de base populacional em cada uma delas (SIMÕES; CUNHA.
BARRETO; CRUZ, 2010).
Contudo os autores acima relatam a necessidade de que a população infantil em
serem priorizado na questão de destaque em receber fármacos para o controle da asma,
pois os dados epidemiológicos consideram que na capital baiana há uma prevalência da
crise de sibilância na população avaliada, sendo necessário avaliar e legitimidade dos
dados encontrados. Entretanto uma pesquisa realizada numa cidade interiorana (Feira de
Santana) do estado baiano demonstra os resultados sobre o Programa de Controle da
Asma e Rinite Alérgica em Feira de Santana (ProAR-FS) implantado em 2004 com o
objetivo de avaliar o impacto da implantação do ProAR-FS nas hospitalizações por asma
em pacientes acompanhados por um ano no centro de referência do programa na tabela
1.
Tabela 1- Impacto do programa de Controle da Asma e Rinite Alérgica em Feira de Santana (BA) na amostra
total, crianças, adolescentes e adultos em relação à frequência de hospitalização e de atendimentos de
emergência por asma, 2005.
Fonte: http://www.jornaldepneumologia.com.br/portugues/artigo_detalhes.asp?id=1423
A tabela acima indica que a redução nas hospitalizações por asma é a principal
meta dos programas para o controle da asma; difícil acesso às medicações adequadas e o
acompanhamento irregular do asmático no Sistema Único de Saúde têm sido apontados
como causas da super utilização dos serviços de emergência e do grande número de
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internações por asma; ainda neste estudo, a coexistência de rinite alérgica foi superior a
80% nas duas faixas etárias, o que está de acordo com estudos que indicam que a
presença de sintomas nasais com a asma varia entre 30% e 80% podendo alcançar 99% em
pacientes atópicos segundo os autores. (BRANDÃO et al,. 2009).
Apesar da existência de inúmeros trabalhos sobre dados estatísticos
epidemiológicos sobre a crise de sibilância, é muito difícil comparar os resultados das
pesquisas conduzidas em diferentes lugares e em momentos distintos, devido à falta de
um instrumento único de pesquisa, de uma definição epidemiológica da asma e de uma
medida objetiva com boa sensibilidade e especificidade, principalmente na infância
(FRANCO; GURGEL; SOLÉ, 2006).
A relevância em abordar aspectos epidemiológicos da doença pela enfermagem
contribui para que seja analisada a frequência da mesma em populações alvo, como no
caso desta pesquisa em crianças, no qual inferem em aplicações de métodos para o
controle da patologia em determinadas regiões, aonde a prevalência e incidência
apresentam em maior grau.
FISIOPATOLOGIA
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, que resulta em
obstrução variável ao fluxo aéreo e hiperresponsividade brônquica. Pode se apresentar
como bronquite recidivante desde os primeiros meses de vida. Para o crescimento
pulmonar da criança representa um fenômeno patológico precoce e a probabilidade de
fibrose brônquica no adulto jovem, secundária à inflamação crônica dos episódios
asmáticos torna ainda mais preocupante sua evolução quando se inicia desde a infância
(TABACHNICKE, 1981; THWELBECK, 1982; ROCHE, 1989 apud GAMA, 2003).
Várias células estão envolvidas nesse processo inflamatório, particularmente
linfócitos, neutrófilos, mastócitos, eosinófilos e células epiteliais. Os eosinófilos
produzem proteínas citotóxicas e leucotrienos, que têm a capacidade de lesar o epitélio
das vias aéreas e ainda constituem um fator de perpetuação do recrutamento celular. Os
neutrófilos parecem exercer um papel mais relevante nas exacerbações, na asma
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noturna, na asma de difícil controle e na asma grave não responsiva a corticosteróides, e
sugere-se a sua participação no remodelamento das vias aéreas (PALOMINO et al., 2005).
O termo responsividade de vias aéreas descreve a facilidade com a qual as vias
aéreas se estreitam quando expostas a estímulos provocativos. Já hiperresponsividade
brônquica (HRB) pode ser definida como:
[...] um aumento na facilidade e grau de estreitamento das vias aéreas em
resposta a estímulos broncoconstritores in vivo. Clinicamente, a HRB se
manifesta como sintomas de tosse, aperto no peito e chiado após exercício, ou
com exposição ao ar frio ou outros irritantes ambientais, ou ainda após
estimulação mecânica das vias aéreas tais como aquelas que ocorrem com
risadas ou com manobras expiratórias forçadas (RUBIN et al,. 2002, p. 101)
Conforme a citação supracitada, a figura 01 mostra a via aérea contraída, no qual a
parede epitelial e o lume se estreitam.
Figura 01
Fonte: http://jornaldepneumologia.com.br/PDF/2000_26_2_8_portugues.pdf
A resposta inflamatória alérgica é iniciada pela a interação de alérgenos
ambientais com algumas células que têm como função apresentá-los ao sistema
imunológico, mais especificamente os linfócitos Th2. Estes, por sua vez, produzem
citocinas responsáveis pelo início e manutenção do processo inflamatório. A IL-4 tem
papel importante no aumento da produção de anticorpos IgE específicos ao alérgeno.(1-89)
Vários mediadores inflamatórios são liberados pelos mastócitos (histamina,
leucotrienos, triptase e prostaglandinas), pelos macrófagos (fator de necrose tumoral –
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TNF-alfa, IL-6, óxido nítrico), pelos linfócitos T (IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, fator de crescimento de
colônia de granulócitos), pelos eosinófilos (proteína básica principal, ECP, EPO,
mediadores lipídicos e citocinas), pelos neutrófilos (elastase) e pelas células epiteliais
(endotelina-1, mediadores lipídicos, óxido nítrico). Esses mediadores podem ainda atingir
o epitélio ciliado, causando-lhe dano e ruptura. Como conseqüência, células epiteliais e
miofibroblastos, presentes abaixo do epitélio, proliferam e inicia-se o depósito intersticial
de colágeno na lâmina reticular da membrana basal, o que explica o aparente
espessamento da membrana basal e as lesões irreversíveis que podem ocorrer em alguns
pacientes com asma. Outras alterações, incluindo hipertrofia e hiperplasia do músculo
liso, elevação no número de células caliciformes, aumento das glândulas submucosas e
alteração no depósito e degradação dos componentes da matriz extracelular, são
constituintes do remodelamento que interfere na arquitetura da via aérea, levando à
irreversibilidade de obstrução que se observa em alguns pacientes apresentados na IV
Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma em São Paulo. (2006).
O termo asma é usado de forma genérica e engloba uma condição em que a
inflamação das vias aéreas provoca o aumento da sensibilidade a fatores específicos
(deflagradores ou gatilhos). O síntoma que melhor retrata a crise de asma é a 'falta de ar',
causada pelo estreitamento ou pela obstrução das vias aéreas (brônquios inflamados)
após a exposição a estímulos. Espontaneamente ou com tratamento, essa crise poderá
ser revertida.
Os autores Almeida; Sabatés (2008) descrevem como a asma pode apresentar:
A asma pode ser intermitente, quando a criança passa longos períodos sem
apresentar sintomas, ou pode ser crônica, quando o tratamento é frequente ou
contínuo. Podem-se exemplificar fatores deflagradores de exacerbações da
doença; alérgenos (pólen, árvores, sementes, mofos, gramas, poluição do ar),
irritantes (fumaça de cigarro, aromatizantes, sprays), exercício físico, alteração
de clima (no tempo e na temperatura), mudança de ambiente, resfriados e
infecções, animais, medicações, emoções fortes de alimentos (ALMEIDA;
SABATÉS, 2008, p. 265).
Martins; Souto (2004, p. 111) apontam que as manifestações clínicas mais comuns
na crise são; tose irritativa, não produtiva, falta de ar, sibilância, lábios roxos-escuro
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intenso, agitação, apreensão, fala ofegante com frases curtas, pausadas e sintomas de
desconforto respiratório, como frequência respiratória aumentada (em relação a
esperada para a idade da criança), cianose e retrações torácicas.
Por ser uma condição específica em cada pessoa para controle da doença, a
criança e sua família deverão dispor de suporte e educação permanentes, a fim de
reconhecer os fatores desencadeantes de crises, administrar os medicamentos de forma
correta e atuar nas situações de perigos e risco iminentes.
Já o conhecimento da fisiopatogenia da asma, associado a epidemiologia auxilia na
identificação do diagnóstico preciso da doença, para implementação dos cuidados
emergenciais pela enfermagem e outros profissionais de saúde que juntos fornecem uma
assistência integral.
ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO ACOLHIMENTO AOS PACIENTES (CRIANÇAS) DURANTE
A EVOLUÇÃO.
Segundo Figueiredo; Vieira (2009) a atuação enfermeiro na unidade de
emergência consiste em obter a história do paciente, fazer exame físico, executar
tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os
enfermos para uma continuidade do tratamento e medidas vitais. O enfermeiro desta
unidade é responsável pela coordenação da equipe de enfermagem e é uma parte vital e
integrante da equipe de emergência.
Frente às características específicas da unidade de emergência, o trabalho em
equipe se torna crucial. O enfermeiro "deve ser uma pessoa tranquila, ágil, de raciocínio
rápido, de forma a se adaptar, de imediato, a cada situação que se apresente à sua
frente". Este profissional deve estar preparado para o enfrentamento de intercorrências
emergentes necessitando para isso conhecimento científico e competência clínica.
(BRITO, 2012).
A criança com crise asmática ou de sibilância, durante o serviço de enfermagem
(SE), na realização da triagem, é classificada como nível II, ou seja, uma patologia de
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cuidados de emergência, necessitando de avaliação de enfermagem imediata e
tratamento rápido.
O tratamento da criança no pronto atendimento é apresentado em fases distintas,
porém dependendo do grau de risco em que a criança patologicamente precisa
ultrapassar uma dessas fases, na prática isto ocorre diariamente. Portanto a avaliação
inicial é realizada o exame físico rápido e relevante: frequência respiratória (FR),
frequência cardíaca (FC), uso da musculatura acessória, dispneia, estado de consciência,
cor, PFE e oximetria de pulso. Se a medida de PFE e a oximetria não for disponível, os
critérios clínicos são adequados para avaliação da gravidade da crise.
A sistematização da assistência de enfermagem à criança com crise asmática
consiste em realizar a história, tal como a anamnese do paciente por meio de perguntas
curtas e abertas, realizar a entrevista em várias sessões curtas se necessário, dependendo
da gravidade da condição do paciente. Solicitar as informações a família se o paciente não
puder informar e obtenção da história familiar de precedentes complicações
respiratórias. Já no exame físico: deve-se usar uma conduta sistemática para detectar
alterações respiratórias sutis e evidentes. As quatro etapas do exame físico do sistema
respiratório são: inspeção, palpação, percussão e ausculta.
Percutir o tórax- a hiper-ressonância durante a percussão indica uma área com
aumento de ar no pulmão ou espaço pleural encontrada em crianças com asma aguda.
“Durante a ausculta: os sibilos são ruídos agudos causados pelo bloqueio ao fluxo aéreo e
são ouvidos a expiração ou também a inspeção quando há aumento de bloqueio (p. 198).
Um paciente que chega ao serviço de emergência durante suspeita de crise de
asma apresentará:
Sibilos ausentes ou mínimos, incapacidade de falar mais de algumas palavras
antes de parar para respirar, fadiga, diminuição do nível de consciência,
incapacidade de permanecer em decúbito dorsal, pulso paradoxal maior que 20
mm Hg, fase expiratória longa, Spo2 menor que 90%, hipoxemia, hipercabia
(Paco2 elevada), acidose metabólica, aumento da frequência respiratória, uso de
músculos acessórios, e a cianose, porém é um sinal tardio e geralmente não
confiável (LIMPPICOTT, 2008, p. 240).
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O reconhecimento dos sinais e sintomas que demonstram gravidade nos pacientes
da faixa etária pediátrica é de suma importância no prognóstico. O atendimento precoce
pode evitar a evolução para complicações mais complexas como uma insuficiência
respiratória ou piora do quadro clínico vigente. Os gastos públicos com o tratamento
diminuem, assim como a possibilidade de complicações e de sequelas.
A compreensão dos ruídos pulmonares anormais pelos profissionais da área de
saúde é de extrema importância pelo seu íntimo e frequente contato na prática diária.
Com o método barato e seguro da ausculta, pode-se deduzir o que está acontecendo com
as estruturas pulmonares e guiar uma abordagem mais proveitosa e funcional com
menores riscos ao paciente. (CARVALHO; SOUZA, 2007).
[...] uma boa orientação é capaz de reduzir os custos, pois se o tratamento for
efetivo os custos diretos de hospitalização e admissão em serviços de
emergência se reduzirá, assim como os custos indiretos pelo absenteísmo e falta
de produtividade. O grupo de pacientes que tiver maior risco, deve ser
informado da natureza crônica da doença, deve ser capaz de identificar os
fatores que pioram a sua asma, ser instruído a tomar corretamente os
medicamentos prescritos, manuseando corretamente os dispositivos para
inalação de antiinflamatórios e broncodilatadores, compreendendo o porquê do
tratamento profilático antiinflamatório, e como e quando utilizar a medicação
sintomática de alívio. Deve evitar os agentes que desencadeiam suas crises e
saber monitorizar sua doença através dos sintomas ou utilizando medidores de
pico de fluxo, reconhecendo o agravamento do quadro, atuando precocemente
através de um plano (escrito) de autotratamento, previamente elaborado, e
buscando cuidados médicos quando houver real necessidade (FILHO, 2012, p.
07).
Por ser uma condição específica em cada pessoa para controle da doença, a
criança e sua família deverá dispor de suporte e educação permanentes, a fim de
reconhecer os fatores desencadeantes de crises, administrar os medicamentos de forma
correta e atuar nas situações de perigo e risco iminentes.
Define-se por emergência a constatação médica de condições de agravo à saúde
que impliquem risco iminente à vida ou sofrimento, exigindo, portanto, tratamento
médico e de enfermagem imediato. Define-se por urgência a ocorrência imprevista de
agravo à saúde, com ou sem risco potencial à vida, cujo portador necessita de assistência
da equipe interdisciplinar imediata. (FILHO; CARVALHO; JUNIOR, 2010).
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Todos aqueles que lidam no seu dia a dia com situações de urgência/emergência
estão, na prática, lidando significar literalmente a diferença entre vida e morte, pois é nas
situações de urgência/ emergência que a atuação da equipe tem grande impacto sobre a
vida do paciente, proporcionando ao enfermeiro emergencista a satisfação inigualável
por ter salvado uma vida, porém muitas vezes também a frustação por um desfecho fatal.
Por mais experiente que seja o emergencista, ele sempre estará sujeito a uma das mais
desafiadoras situações médicas: o paciente em estado asmático. O bom emergencista
não deve temer os casos graves, mas sim temer encontrar-se numa situação de
emergência em que ele não saiba o que fazer. (ALBUQUERQUE; TEIXEIRA, 2011). Na
prática todos os emergencista têm que lidar (e rapidamente) com probabilidade e, para
manejá-las corretamente, devem possuir muita experiência e um profundo conhecimento
dos cuidados de enfermagem acerca da mais sólida ciência baseada em evidência
disponível.
A capacitação no manuseio das disfunções respiratórias e o conhecimento dos
aspectos distintivos e indicadores de acometimento mais grave devem ser obtidos por
todos os pediatras que trabalham no setor de emergência juntamente com a equipe de
enfermagem.
Os pacientes com asma aguda, em geral, só são hospitalizados após um
tratamento inicial na sala de emergência. Consequentemente, um grande número de
pacientes permanece em atendimento, em uma emergência muitas vezes lotada, até que
a decisão de internação ou alta hospitalar seja tomada. A identificação precoce dos
pacientes que necessitam internação hospitalar ou que podem ser liberados para
tratamento domiciliar pode ser útil para melhorar a qualidade do atendimento da crise
asmática e otimizar os recursos de saúde. (LEATHERMAN, 1994; RODRIGO, 2000 apud
PIOVESAN, 2006).
A hospitalização da criança significa agressão ao seu mundo lúdico e mágico e, por
isso, requer do profissional que a assiste, a compreensão do mundo infantil. "Cuidar
significa incluir a atenção e o respeito aos aspectos emocionais e psicológicos durante
todo o processo terapêutico; nesse processo está inclusa a realização dos procedimentos
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técnicos. A presença humanizada de quem cuida poderá representar ao profissional de
saúde a certeza de ter promovido, dentro de suas possibilidades, uma melhor qualidade
de vida e de bem-estar àquele que estava temporariamente sob seus cuidados.
(GONZAGA; ARRUDA, 1998 apud SOARES; VIEIRA, 2004).
Entretanto, realizando um cuidado holístico com o objetivo de atender não apenas
as necessidades físicas da criança com asma, mas também suas necessidades sociais,
espirituais e emocionais, assim como encorajar a participação da família neste processo
no qual pode ser implementado desde o acolhimento no serviço de emergência e a
viabilização da interação com do profissional enfermeiro com a família através da
comunicação.
CONCLUSÃO
Contudo as Unidades de emergência, por apresentar um setor onde as práticas
assistenciais durante o serviço de enfermagem emergencista é de maior complexidade,
neste estudo percebeu-se que epidemiologicamente a prevalência da crise de sibilância
tem aumentado nos últimos anos como tem apontado às literaturas citadas configurando
a asma como uma das patologias crônicas mais comuns em todas as idades, sendo a mais
frequente doença crônica da infância.
Compreende-se que as emergências respiratórias agudas, se não forem
apropriadamente tratadas, podem resultar em significativa morbidade e mortalidade.
Chegando a conclusão de que a relevância em abordar aspectos epidemiológicos da
doença e fisiopatologia, já que esta doença pode agravar o quadro do paciente e causar
transtorno a família.
Portanto a melhoria da compreensão dos pacientes e familiares sobre os
mecanismos da doença e como evitar as crises, a otimização no cuidado de enfermagem
no setor de emergência durante ao atendimento apresenta como ponto fundamental
durante o acolhimento das crianças asmáticas e o apoio familiar a comunicação entre
ambos como meio de ferramenta crucial para o tratamento da crise de sibilância a
criança.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, F; SABATÉS, F. Enfermagem Pediátrica: a criança, o adolescente e sua família
no hospital. Ed Manole, Barueri, São Paulo, 2008.
ALBUQUERQUE, R; TEIXEIRA, J. Medicina de Urgência-Visão Geral In: TEIXEIRA, J.
Unidade de Emergência: condutas em medicina de urgência. 2. Ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2011.
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asma e rinite alérgica em Feira de Santana (BA). Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2009.
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