PNEUMOTÓRAX EM UM CANINO-RELATO DE CASO (PDF

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PNEUMOTÓRAX EM UM CANINO - RELATO DE
CASO
Elisângela Nascimento Silva1, Telga Lucena Alves Craveiro de Almeida2, Elisa Paula de Oliveira Carieli3 , Giselle
Martinho Moraes e silva3, Simone Gutman Vaz3, Adriana Kátiada Rocha Neves3, Ana Katharyne Ferreira Fagundes 3,
Frrancine Maria França da Silva3, Maína de Souza Almeida1,Eneida Willcox Rêgo4

Introdução
O pneumotórax é o acúmulo de ar entre as pleuras
parietal e visceral, levando ao aumento da pressão
intratorácica, com colapso do tecido pulmonar
ipsilateral, resultando em grave anormalidade da
relação ventilação-perfusão, redução da capacidade
vital, do volume-minuto e do retorno venoso, levando à
hipóxia por aumento do shunt pulmonar [1,2].
Pode ser traumático, iatrogênico ou espontâneo [3]
e a forma traumática é a mais comum em cães [4, 5].
Um pneumotórax pode ser fechado ou aberto; no
primeiro caso (o tipo mais comum), o ar escapa do
pulmão ou da via aérea lesionados para o interior do
espaço pleural; no pneumotórax aberto, o ar entra no
espaço pleural através de um ferimento aberto na
parede torácica [6].
Animais com pneumotórax compensam-se adotando
o padrão respiratório rápido e superficial [8].
O diagnóstico é concluído com base nos achados
físicos e radiográficos característicos e na
toracocentese do ar do espaço pleural [8].
No exame físico devem ser avaliados inicialmente os
sinais vitais do paciente como frequências cardíaca e
respiratória, coloração da mucosa, tempo de
preenchimento capilar, temperatura e nível de
consciência [10]
Na avaliação do sistema respiratório deve-se
observar frequência, profundidade e esforço de cada
movimento respiratório. O desenvolvimento rápido de
um quadro de dispnéia geralmente é resultante de
pneumotórax, contusão pulmonar ou hipovolemia [10].
Na auscultação, a ausência de sons respiratórios é
um indício de deslocamento pulmonar por ar, fluido ou
órgãos abdominais. Na auscultação cardíaca
deslocamento ou arritmia dos sons cardíacos são fatos
sugestivos de deslocamento do coração por acúmulo de
ar, fluido ou vísceras [6]. O diagnóstico radiográfico de
pneumotórax requer diferenciação entre o ar pleural
livre e o ar intrapulmonar [8].
O tratamento clínico de pacientes com pneumotórax
consiste, inicialmente, no alívio da dispnéia por meio
de toracocentese [3].
O objetivo da drenagem é a remoção de fluidos ou
gases da cavidade pleural, aliviando os sintomas
provenientes de angústia respiratória [9].
O objetivo desse trabalho foi relatar um caso de
pneumotórax em um canino, cujo tratamento foi efetivo.
Material e métodos
Um canino SRD, 10 meses de idade e peso de 6,4 Kg foi
atendido no Hospital Veterinário da UFRPE.
À anamnese relatou-se que o animal havia sido
atropelado há dois dias e levado ao veterinário de uma
clínica particular, que ao exame clínico diagnosticou
pneumotórax. Foi então drenado 150 ml de ar e prescrito
tramal (2mg/Kg) e Ketofen 1% (0,2ml/Kg). Após tais
procedimentos, foi então encaminhado para o Hospital
Veterinário.O proprietário relatou também ter administrado
água de coco na seringa pela via oral.
Ao exame físico os sinais vitais do animal estavam
dentro da normalidade exceto pela frequência respiratória,
na qual se observou dispnéia. A parede torácica também
estava íntegra. Na parte interna da coxa observou-se
escoriação.
No exame radiográfico realizaram-se duas projeções:
látero-lateral e ventro-dorsal. O pulmão apresentou-se em
menor tamanho que o normal e o coração parecia elevado
acima do esterno, foi também observado ar pleural livre.
No procedimento clínico optou-se por fazer
toracocentese. O material utilizado para a drenagem foi
uma agulha de escalpe acoplada a uma válvula de três vias
e uma seringa de 20 ml. A toracocentese foi realizada no
oitavo espaço intercostal e foi drenado 100 ml de ar no
antímero esquerdo e 80ml de ar no antímero direito.
O animal foi enviado para casa com prescrição de tramal
(2mg/Kg) e maxicam (0,1mg/Kg). Também foiindicada a
lavagem da ferida com tintura de aroeira.
No retorno ao Hospital Veterinário, passados sete dias, o
animal já apresentava todos os parâmetros clínicos normais
e cicatrização da ferida.
Resultados e Discussão
O quadro de pneumotórax que o animal apresentou
________________
1. Primeiro Autor é Aluno graduando do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de
Medeiros s/n, Dois Irmãos, CEP 52171-900. E-mail: [email protected]
2. Segundo é medica veterinária residente do hospital veterinário do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, CEP 52171-900.
3. Terceiro, quarto, quinto, sexto, quinto e sexto autor é Aluno graduando do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, CEP 52171-900.
4. o décimo autor é professora adjunta do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de
Medeiros s/n, Dois Irmãos, CEP 52171-900.
devido ao atropelamento condiz com a causa mais
comum de pneumotórax traumático fechado em cães
[8]. Há relatos que esse tipo de pneumotórax é mais
comum nos cães jovens porque é mais provável que
eles sejam lesados por veículos motorizados [8],
afirmação compatível com a idade do canino (10 meses
de idade).
A dispnéia que o animal apresentou é característica
de resultado de traumatismo [4]. Também é importante
a diferenciação do pneumotórax traumático e
espontâneo, pois o primeiro tipo geralmente responde a
tratamento médico, enquanto o segundo exige cirurgia
[4].
A informação de atropelamento relatada pelo
proprietário foi decisiva para a escolha do
procedimento clínico. O pneumotórax relatado nesse
caso foi do tipo fechado simples, pois os sinais clínicos
característicos do pneumotórax hipertensivo são
cianose, dispnéia, distensão da jugular, agitação e
taquicardia [10]. Sinais esses, que não foram
observados no animal exceto pela dispnéia.
O achado no exame radiográfico onde o pulmão
apresentou-se em menor tamanho e o coração elevado
acima do esterno foi compatível com o diagnóstico de
pneumotórax [8]. Há relatos que à medida que o ar
preenche o espaço pleural, os pulmões retraem-se da
pleura parietal, tornando-se relativamente mais
radiopacos do que o ar pleural livre [8]. A presença de
ar pleural livre permite que o coração se desloque na
visão em decúbito lateral, dando ao coração a aparência
de estar sendo elevado ao esterno imagem esta,
encontrada na radiografia do canino.
A escolha do tratamento médico pela toracocentese
visou aliviar a dispnéia do animal. Procedimento este,
que corroborou com a literatura consultada [4], no qual
relata que a toracocentese deve ser realizada para evitar
dispnéia, enquanto a lesão pulmonar cicatriza dentro de
três a cinco dias. A drenagem poderia ter sido feita em
apenas um antímero, visto que a aspiração em qualquer
lado do tórax drenará adequadamente o hemitórax
contralateral, pois o mediastino de cães e gatos é fino e
permeável a fluidos [4].
A melhora do quadro do animal no retorno
demonstra que a recorrência nesse tipo de pneumotórax
é incomum e raramente se exige uma intervenção
cirúrgica [4].
Referências
[1] Morgan, G.E.; Mikhail, M.S.; Murray, M.J. - anesthesia for the
auma patient , em: Clinical Anesthesiology, 3 ed. Ed, Florida, ange
Mc Graw-Hill, 2002;798-799.
[2] HORLOCKER, T.T. - Pneumo-hemo-chylothorax, em: Faust RJ,
ucchiara RF, Rose SH et al - Anesthesiology Review, 3rd Ed,
hiladelphia, Churchill Livingstone, 2002;328-329.
[3] ARON, D.N.; ROBERTS, R.E. Pneumotórax. In: BOJRAB, M.J.
Mecanismos da moléstia na cirurgia dos pequenos animais. São
Paulo: Manole, 1998. Cap.68, p.468-475.
[4] FOSSUM, T.W. et al. Cirurgia do sistema respiratório inferior:
cavidade pleural e diafragma. In: Cirurgia de pequenos animais.
São Paulo: Roca, 2002. Cap.27, p.752785.
[5] BEAL, M.W. Thoracic trauma: what to anticipate and how to correct
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Front Page: Library: wvc 2004. Critical care: thoracic trauma. Acessado
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[6] BICHARD, S.J.; SHERDING, R.G. 2003. Manual Saunders:Clínica
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[7] Cangiani, L. - Doenças Pulmonares, em: Yamashita AM, Takaoka F,
Auler Jr JOC et al - Anestesiologia SAESP, 5ª Ed, São Paulo, Atheneu,
2001;275-279.
[8] SLATTER, D. Manual de Cirurgia de pequenos animais. 3ª Ed, São
Paulo,2007.Vol1,Cap 27,p.402-403.
[9] TAYLOR, N. S. Drenagem torácica. In: WINGFIELD, W. E.
Segredos em Medicina Veterinária. Porto Alegre: Artes Médicas Sul,
1998. Cap.110, p458-466.
[10] Miller, S.M, Caplan LM - Trauma and Burns, em: Barash PG, Cullen
BF, Stoelting RK - Clinical Anesthesia, 4th Ed, New York, LippincottRaven, 2001;1255-1272
Figura 1. Radiografia torácica lateral.
Figura 3. Toracocentse do antímero esquerdo
Figura 2. Radiografia torácica ventro-dorsal.
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