Comportamento do Consumidor: um contraponto sobre as abordagens de Martin Lindstrom e Philip Kotler. Resumo: A compreensão do comportamento do consumidor proporciona à organização informações importantes para a tomada de decisão, pois, com esse subsídio, se faz possível dirimir custos e, consequentemente, gerar impactos positivos para a empresa. Há diversos teóricos que contribuem com diferentes abordagens para chegar o mais próximo possível da compreensão do que leva o individuo ao ato da compra. A presente pesquisa teve como objetivo trazer à tona as concepções teóricas dos estudiosos Philip Kotler e Martin Lindstrom e discutir o modo como estas teorias podem convergir ou divergir, além de analisar quais as contribuições que ambas oferecem. O estudo torna-se interessante, pois os autores supracitados são de diferentes gerações, o que possibilita analisar como o estudo do comportamento do consumidor vem evoluindo conforme as mudanças dos cenários externos. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa é de natureza básica, com abordagem qualitativa, e é também exploratória, uma vez que se utilizou de levantamentos bibliográficos. Como resultado, compreende-se que os autores possuem abordagens que se complementam, embora tenham sido identificadas algumas diferenças entre as duas concepções, especificamente quanto ao meio utilizado para compreender os possíveis estímulos para o consumo. Palavras Chave: Consumidor, Neuromarketing, Estímulos. Consumer Behavior: a counterpoint on Martin Lindstrom approaches and Philip Kotler Abstract The understanding of consumer behavior provides the organization important information for decision making because, with this subsidy, it is possible to settle costs and consequently generate positive impacts for the company. There are several theorists who bring different approaches to get as close as possible to the understanding of what leads the individual to the purchase. This research aimed to bring out the theoretical conceptions of scholars Philip Kotler and Martin Lindstrom and discuss how these theories may converge or diverge, and consider what contributions they both offer. The study becomes interesting because the above authors are from different generations, making it possible to analyze how the consumer behavior study is evolving as the changes of external scenarios. From a methodological point of view, the research is basic in nature, with a qualitative approach, and also exploratory, since was used literature surveys. As a result, it is understood that the authors have approaches that complement each other, although they were identified some differences between the two approaches, specifically the means used to understand the possible stimuli for consumption. Keywords: Consumer, Neuromarketing, Stimuli. 1 Introdução Com o aquecimento do mercado consumidor, as organizações se depararam com a necessidade de abranger este novo consumista em ascensão, originando a necessidade, até então pouco evidenciada, de abordagens mais técnicas e científicas para melhor compreensão sobre o assunto. Fruto dessas consideráveis mudanças, a busca pela compreensão do "por que as pessoas compram", bem como do marketing, deixou de ser um estudo apenas da ciência econômica, passando a ser também um objeto de estudo da psicologia, quando utilizou-se do embasamento teórico já existente na psicologia sobre o estudo comportamental e aplicou-se para compreensão do comportamento do consumidor, constituído e influenciado fortemente com os resquícios da psicologia freudiana. Deste modo, tais concepções e estudos influenciaram modelos de gestão para as organizações, bem como para as tomadas de decisão do Administrador. Empresas que antes eram consideradas como grandes potencias do mercado, tiveram que se adequar ao novo arranjo, onde a compreensão do comportamento do consumidor tornou-se imprescindível para potencializar os alcances financeiros da organização. Dois grandes autores de diferentes gerações da Ciência Administrativa despontam nos estudos relacionados ao comportamento do consumidor, sendo eles: Philip Kotler e Martin Lindstrom. A partir da compreensão da importância dos pressupostos teóricos desenvolvidos pelos autores mencionados, suas abordagens se tornaram objeto para análise na presente pesquisa. Nesse sentido, levanta-se a problemática para este estudo que decorre da busca pelo entendimento das seguintes questões: Quais são os pressupostos desenvolvidos pelos teóricos Kotler e Lindstrom relacionados ao comportamento do consumidor? Como tais pressupostos se relacionam em termos de convergências e divergências? Ponderar estes pressupostos e gerar um conhecimento a partir disto pode contribuir substancialmente para busca da solução para ambiguidades sobre um dos principais gargalos de toda organização, que é antecipar-se em satisfazer a necessidade do consumidor. O levantamento das teorias e análise das convergências e/ou divergências dos autores supracitados, os quais são de gerações diferentes, possibilita a construção de outras apreciações acerca do que pode vir a ser de fato eficaz ou não nas ações desenvolvidas pelo marketing, não pretendendo assim esgotar o tema, longe disso, busca-se lançar luzes sobre o assunto em debate. 2 Abordagem Introdutória: Entendendo o Processo de Consumo 2.1 Comportamento do Consumidor A fase inicial para a estruturação do marketing em uma organização é saber quem é o seu consumidor. Posteriormente faz-se necessário a busca por meios de compreensão sobre suas necessidades e interesses de consumo. A partir destas necessidades, inicia-se a busca para posicionar-se de maneira sempre atenta a conhecer quais fatores influenciam ou interessam seus consumidores durante as suas aquisições. Assim, o comportamento do consumidor permeia sobre a obtenção de respostas às indagações como: O que comprar? Porque comprar? Quando comprar? Onde comprar? Com que frequência comprar? Com que frequência usar o que comprar? Os clientes possuem tempo e dinheiro em quantidades finitas que devem alocálos de maneira sensata, gerando para eles um adiamento ou desistência da compra (SHETH, MITTAL e NEWMAN, 2008). Sobre o consumo, Blackwell (2005, p.6) afirma que "do momento em que aprendemos a andar e a falar, somos envolvidos em comportamento de consumo diariamente. Quer vamos a uma loja de varejo, compremos [...] pela internet, quer mesmo fiquemos em casa tomando café de manhã, funcionamos como consumidores." Em conformidade com a abordagem do autor supracitado, pode-se constatar que os consumidores são habituados a conviver com um bombardeiro de informações publicitárias desde o nascimento, sendo este detentor do poder de escolha, em meio ao um mundo de opções, o que o leva a ser também detentor de uma percepção para escolha do que acredita ser adequado para satisfazer suas necessidades, sendo elas prioritárias ou não. Karsaklian (2000) aborda que, ao longo de sua experiência de vida, o consumidor aprende a identificar e localizar os melhores produtos para atender às suas necessidades, aprendem a ter uma identificação com o produto ou marca como também qual o preço justo a ser pago por aquele produto ou serviço. Exatamente neste limiar mencionado por Karsaklian, entre a identificação e aquisição de bens pelos indivíduos, ressalta-se a relevância da compreensão do que leva o ser humano a optar por um produto em detrimento do outro, sob todas influencias atuantes para esta escolha, demonstrando o quão essencial se faz a análise do comportamento do consumidor para as ações de Marketing. Por consequência, “entender e adaptar-se à motivação e comportamento do consumidor não é uma opção – é a necessidade absoluta para a sobrevivência competitiva” (ENGEL e outros 2000, p.8). 2.2 Mercado de Consumo Antes do aprofundamento no contexto de mercado de consumo, faz-se necessário trazer para a compreensão o que se entende por mercado. De acordo com a definição de Samara e Morsch (2005), mercado é: O processo de troca entre o grupo de produtores/vendedores e os consumidores acontece no ambiente que denominamos de mercado. Esse local de troca, que no passado era geralmente um espaço físico específico e delimitado, como mercado público ou feira, por exemplo, hoje se expandiu e envolve até mesmo o virtual, como o ciberespaço e as compras pela internet. O mercado representa também o conjunto de compradores reais ou potenciais em posição de demandar produtos. Deste modo, faz-se importante salientar que há diferentes vertentes para o mercado, podendo ser de consumo, empresarial, global e governamental. Apresenta-se, a seguir, a definição de cada mercado, tendo como base a abordagem apresentada pelos autores Stecca e Ávila (2015): 1. Mercado de consumo: nesta conjuntura o conhecimento dos consumidores é primordial, essencialmente pelo motivo que neste patamar o consumo em massa é considerado algo prioritário, as empresas buscam ascensão no mercado de forma que as marcas concorrentes fiquem no patamar abaixo da sua; a) Mercado Empresarial: com uma abordagem mais simplificada, podemos compreender que neste mercado o processo de troca acontece entre empresas, o consumidor final não possui desempenho atuante. O gestor neste mercado preza pela realização de ações que transpareçam um papel de parceria onde há confiabilidade e qualidade; b) Mercado global: aqui as empresas possuem características diferentes de atuação e negociações. Para a tomada de decisão pelos gestores, vários fatores são levados em consideração, questões como: cultura, leis, políticas, além de ser necessário estar bem definido de qual maneira será sua atuação, se atuará no país como exportador, franquia, etc.; c) Mercados sem fins lucrativos e governamentais: A conjectura neste segmento é baseada em organizações sem fins lucrativos, como já mencionados no subtítulo, composto por igrejas, ONGs, instituições de caridade e órgãos públicos. O principal desafio para os gestores deste contexto, estar na determinação de seus preços de forma que atenda ao poder de compra limitado. Após definição dos tipos de mercado, pode-se assim dizer que nesta pesquisa, o mercado em estudo é o de consumo, pois aqui são levantados dados com o intuito de gerar mais conhecimentos acerca da busca pela compreensão do comportamento do consumidor. Deste modo, analisam-se no próximo tópico os estímulos para o consumidor tendo como base as abordagens dos autores Kotler e Lindstrom. Trazendo para a apreciação os estudos desenvolvidos pelos autores supracitados, que envolve toda a percepção de ações de marketing voltadas para atingir diretamente o estímulo do ato de compra, levando em consideração os fatores sociais e culturais dos indivíduos. 3 O consumidor sob as perspectivas de Kotler e Lindstrom 3.1 O consumidor segundo Kotler Segundo Kotler (2000), o ponto de partida para conhecer e satisfazer as necessidades dos clientes alvos é tentar compreender o comportamento do consumidor e estudar como as pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam. Ainda segundo Kotler (2000), uma observação simplificada do método de pesquisa de mercado para compreensão do comportamento do consumidor pode vir a transparecer algo de fácil acesso e compreensão, entretanto, o método para concepção do que seria o fator estimulador do consumidor, pode sofrer de interferências por elementos que fogem da capacidade de captação da aplicação de questionários na pesquisa de mercado, visto que, por vezes, possa vir a existir uma distância entre o que é falado e o que está no introspecto do indivíduo. Em sua abordagem teórica, Kotler, buscou driblar os possíveis impactos negativos para os resultados gerados na pesquisa de mercado - método mais popular e utilizado para a compreensão do comportamento do consumidor, principalmente para as MPE - Micro e Pequenas Empresas - diminuindo as possíveis divergências entre o que poderia ser considerado apenas falácia e realidade ao ser executada a pesquisa de mercado por meio da observação do comportamento social. Frente a isto Kotler (2000) apresenta o modelo de estimulo e resposta, o qual foi adaptado pela autora conforme apresenta a Quadro 1. Produto A busca pelo constante aperfeiçoamento do seu produto atende melhor as necessidades dos seus clientes; Preço Valor que o consumidor atribui ao produto; Praça As empresas devem estudar previamente seu público alvo para, assim, definir sua localidade; Promoção Promoção cobre todas aquelas ferramentas de comunicação que fazem chegar uma mensagem ao público alvo; Fatores Culturais Fatores Sociais Subdivide-se em três: 1)cultura: determinante mais fundamental dos desejos e do comportamento de uma pessoa; 2)subcultura: cada cultura consiste em subculturas menores, as quais fornecem identificação mais específica e socialização para seus membros; e 3) classe social: são divisões relativamente homogêneas e duradouras de uma sociedade, que são ordenadas hierarquicamente e cujos membros compartilham valores, interesses e comportamentos similares; Além dos fatores culturais, o comportamento do consumidor é influenciado por fatores sociais, como grupos de referencia, família, papéis, sociais e status; Fatores pessoais Leva-se em consideração as particularidades das pessoas, que corresponde a todas as fases percorridas. Cinco elementos que compõem os fatores pessoais: idade e estágio no ciclo de vida, ocupação, condições econômicas, estilo de vida e personalidade; Fatores psicológicos Se subdivide em quatro importantes fatores psicológicos: motivação, percepção, aprendizagem e crenças e atitudes. Quadro 1. Estímulos para compra, segundo abordagem de Kotler. Adaptado pela autora. 3.2 Comportamento do consumidor segundo Lindstrom Faz-se perceptível que, para todos os constantes dilemas enfrentados pela sociedade e consequentemente pelas empresas, diariamente são tomadas de diferentes decisões, sejam elas entre uma necessidade em detrimento de um desejo, até decisões menos complexas, como o que vestir em uma determinada ocasião. Com o intuito de entender as constantes escolhas a serem feitas, surge outro estudo do complexo comportamento do ser humano, mais especificamente no momento da compra. Essa nova ótica, denominada Neuromarketing, é uma ciência oriunda da neurociência, do marketing, e com influências da psicologia. Advinda do final dos anos 90, esta ciência é fruto dos estudos de Zaltman, realizados em Havard. O especialista resolveu atrelar os estudos científicos ao marketing após perceber “que 95% ou até mais da nossa atividade mental, desde o pensamento até as emoções e os instintos, se processam abaixo dos níveis conscientes” (CAMARGO, 2013). Assim sendo, percebeu-se, também, que a utilização das pesquisas convencionais não alcançava o máximo de informações sobre o comportamento do consumidor. Nesse contexto, Lindstrom (2009) apresenta a seguinte definição para o Neuromarketing: uma ciência capaz de identificar os centros de recompensa dos consumidores, revelando quais estratégias de marketing ou publicidade são mais estimulantes, atraentes ou memoráveis, e quais são sem graça, repulsivas, aflitivas ou esquecíveis. (LINDSTROM, 2009, p. 13). Conforme Lindstrom apresenta na mesma obra supracitada, há disparidades entre o que é dito e o que realmente motiva consumidor em sua decisão de compra. O autor afirma que ao "perguntar aos consumidores por que eles compram um produto, só se chega até uma parte minúscula dos processos cerebrais que estão por trás do processo de tomada de decisões." E apresenta ainda que: a opinião que expressamos sobre um produto nunca pode realmente servir de previsão para o nosso comportamento, as pesquisas de mercado são, em grande parte, pouco confiáveis e, às vezes podem iludir uma empresa ou até mesmo destruir completamente um produto (LINDSTROM, 2009, p. 146 ). Frente a estas informações, Lindstrom desenvolveu o estudo que levou 3 anos para a sua conclusão, onde utilizou-se de 200 pesquisadores e mais de 2 mil voluntários, tendo o custo de aproximadamente US$ 7 milhões. Uma grande parte dos voluntários eram nativos de países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Japão e China, conforme exposto no prefácio de seu livro, A Lógica do Consumo (2009). Foi então, com as respostas oriundas desta pesquisa, pioneira no campo da neurociência, que Lindstrom lançou sua obra A Lógica do Consumo – Verdades e mentiras sobre por que compramos (2009), onde são apresentadas as diferentes variáveis envolvidas no processo de compra, sob a perspectiva do neuromarketing, destrinchadas a seguir, no Quadro 2, adaptado pela autora do presente artigo. LINDSTROM Merchandising Deve ser inserido de forma estratégica, contribuindo para melhor compreensão e absorção do conteúdo pelos consumidores; Neurônios-espelho e ações de marketing Levar o consumidor a sentir-se igualado há algo que admira, torna o produto mais vendável e, consequentemente, as ações de marketing serão mais eficientes; Mensagens subliminares e poder de persuasão Ações de marketing que se utilizam mais sentidos dos seres humanos para estimulálo são compreendidas como mensagens subliminares; Rituais, supertições e as marcas Para o estimulo do consumidor é atrelado ao sentido de segurança, oferecendo a sensação de conforto e identificação com o produto; Religião e consumo A religião têm pilares que se assemelham as ações mercadológicas quando visam o fortalecimento da marca; Atalhos cerebrais Estes atalhos, possuem uma forte capacidade de estimular uma decisão rápida; Estimulo sensorial O autor indica o uso do branding sensorial, que inclui: visão, audição, paladar, tato e olfato; O apelo sexual, beleza e celebridades Apelos sexuais e belezas extremas não são um favorecimento para persuasão do comportamento do consumidor. Quadro 2. Estímulos para compra, segundo abordagem de Lindstrom, , adaptado pela autora. 3.3 Análise das abordagens de Kotler e Lindstrom As abordagens teóricas de Lindstrom e Kotler são complementares, sendo a primeira mais direcionada para as ações publicitárias e como o marketing deve se posicionar neste sentido, enquanto a segunda apresenta detalhadamente o comportamento do consumidor, levando em consideração as interferências externas e internas que o mesmo sofre. Nota-se que ambos consideram que os estímulos para o consumo passam por várias interferências e que o conhecimento do que de fato estimula o ato da compra é essencial para potencializar a demanda de uma organização. Deste modo, Kotler apresenta como principal ferramenta para esta compreensão a pesquisa de mercado, quando é feita a abordagem direta ao consumidor e os dados colhidos são interpretados levando em consideração as interferências externas citadas por Kotler, as quais foram detalhadas no subtópico 3.1. A pesquisa de mercado é frequentemente utilizada nas organizações e é também o método apresentado no ambiente acadêmico como o procedimento a ser adotado quando se necessita compreender o comportamento do consumidor. Os resultados gerados da pesquisa contribuem para diminuir as incertezas ou influenciar nas decisões. Todavia, Lindstrom em sua abordagem, apresenta que o método de pesquisa de mercado não é suficientemente eficaz para a compreensão do que de fato motiva o consumidor no ato da compra, visto que, o autor defende a tese em que os reais desejos do consumidor encontramse no seu subconsciente, de tal modo, que levou Lindstrom a utilizar-se do neuromarketing como principal meio para compreensão do consumidor. O neuromarketing corresponde basicamente como a junção das áreas de Psicologia, Neurociência e Marketing, onde utiliza-se tecnologias comuns na neurociência - “Topografias de estado estável” (SST), a “Imagiologia por ressonância magnética funcional” (IRMF), a “Electrocefalografia” (EEG), a “Descodificação facial”, análises de voz ou “Eye tracking” atreladas a psicologia e ao marketing para compreender como as ações de marketing devem se posicionar frente as reações do subconsciente do consumidor. Notou-se na pesquisa que os autores possuem também abordagens convergentes, quando ambos ponderam acreditar que os fatores culturais possuem forte impacto na decisão de consumo. Embora Lindstrom não cite de forma direta, observa-se que o autor utiliza-se dos pilares culturais existentes e da maneira como eles influenciam nos anseios do ser humano, traduzindo para informações a serem utilizadas nas ações mercadológicas de forma estratégica e eficaz. Outro ponto convergente se dá quando os dois afirmam veemente na importância dos fatores psicológicos para compreensão do consumidor, Lindstrom e Kotler relatam que os impulsos do consumidor encontram-se principalmente no subconsciente. Pode-se dizer, portanto, que Lindstrom com seu estudo inovador, levou as contribuições teóricas de Kotler a um outro patamar. Percebe-se que a abordagem de Lindstrom é moldada na perspectiva do processo de estímulo e resposta apresentado por Kolter (2000), todavia ele subestima o método utilizado para esta compreensão, a pesquisa de mercado, considerada por ele como algo que não se aprofunda no que de fato influencia o consumidor, o que não pode ser considerar irreal, visto que o estudo realizado pelo mesmo nos mostra isso. Mas, é na interpretação destas informações que se torna perceptível que Lindstrom utiliza-se de embasamentos encontrados na teoria abordada por Kotler, o que nos leva a concluir que Lindstrom apresenta uma comprovação cientifica das interferências abordadas por Kotler para a compreensão do que motiva o consumidor a comprar. Desse modo, este estudou contribui para uma reavaliação sobre as atuais ações adotadas para compreensão do consumidor, levando em consideração como a organização pode dirimir seus gastos com atuações que não iriam impactar e impulsionar nas vendas de forma significativa. Fatores Kotler Lindstrom Pesquisa de Mercado Indica o uso desta ferramenta para coleta de informações e busca para compreensão dos anseios do consumidor Defende que está ferramenta só chega até uma parte minúscula dos processos cerebrais que estão por trás do processo de tomada de decisões Determinante mais fundamental dos desejos e do comportamento de uma pessoa Cultura Psicológicos Define os fatores psicológicos como um dos fatores de influencia, que se subdivide em quatro: motivação, percepção, aprendizagem e crenças e atitudes Não cita de forma direta, entretanto percebe-se que o mesmo leva em consideração as interferências que ela possui frente as decisões de consumo Usa o fator psicológico do ser humano como a base para todo seu estudo de compreensão do consumidor Quadro 3. Quadro comparativo, abordagens de Kotler e Lindstrom 4 Considerações Finais A todo o momento o ser humano é exposto a uma ampla variedade de produtos e serviços, além das propagandas vinculadas em televisão, internet, outdoors, jornais e rádio, tudo em busca de estimular os anseios ao consumo. Entender como o consumidor toma as suas decisões não é uma tarefa tão simples. A quantidade de interferências externas e internas que são exercidas sobre o mesmo torna o estudo sobre o seu comportamento ainda mais complexo e, principalmente, essencial, pois as empresas que buscam conhecer seus consumidores de forma correta e com seriedade, tendendo a priorizar a sua satisfação, geram melhores resultados, consumidores mais satisfeitos e consequente aumento do lucro. Observada a relevância do estudo desse tema para a formação do administrador, a premissa essencial desta pesquisa foi analisar as bases para a compreensão sobre a forma como os consumidores tomam suas decisões de consumo, tendo como foco as abordagens apresentadas pelos autores Kotler e Lindstrom. A escolha dos referidos autores se deu, principalmente, por serem de diferentes gerações, e pelas suas significativas contribuições para o estudo do comportamento do consumidor e consequentemente para o mercado como um todo. Através da pesquisa, foi possível responder à problemática identificada, bem como alcançar aos objetivos previamente estabelecidos. Foram expostos os principais pressupostos teóricos dos autores Kotler e Lindstrom, bem como realizada a discussão de como suas abordagens convergem e divergem. Além disso, foram apresentadas as contribuições que os respectivos estudos oferecem para que o gestor de marketing tenha subsídios importantes para traçar suas estratégias de atuação. É importante salientar que nas abordagens aqui apresentadas, ambos os autores tiveram como objetivo oferecer meios que auxiliassem na compreensão do comportamento do consumidor. De modo que, no embasamento teórico de Kotler é apresentado como o consumidor pode ser observado pela organização para que, assim seja estabelecido o seu público alvo e consequentemente a estratégia mais eficaz para cada nicho. Já na análise exposta por Lindstrom, fica claro que o autor utiliza-se do neuromarketing para demonstrar como de fato o consumidor reage frente as ações mercadológicas, de forma que nos leva inferir que o neuromarketing vem para contribuir com as pesquisas tradicionais, levando-as a alcançar níveis inconscientes nunca antes estudados. Deste modo, em boa parte do estudo e contraponto dos dois autores percebe-se que há mais convergências do que divergências, entre suas abordagens, de modo que a diferença central encontra-se basicamente no método utilizado para compreensão dos anseios do consumidor, Lindstrom parte do pressuposto que a pesquisa de mercado não atinge 100% da realidade, visto que, por vezes, o consumidor nem ao menos sabe o que ele mesmo deseja. Todavia, Kotler apresenta como sendo a pesquisa de mercado o principal meio para o levantamento de dados acerca dos anseios dos consumidores. Em convergência, pode-se observar que os fatores psicológicos e culturais apresentaram-se nas duas abordagens de forma acentuada. Através da pesquisa torna-se possível compreender que a abordagem teórica de Phillip Kotler traz conceitos relevantes para o entendimento do comportamento do consumidor, que possui aplicabilidade acessível a qualquer organização que se dedique e busque entender seus consumidores. No que concerne ao método para a compreensão do consumidor apresentado por Lindstrom, salienta-se que este ainda passa por críticas, especialmente acerca do seu alto custo e tempo para aplicação. Desta forma, sugere-se que em trabalhos futuros seja analisado como esta nova perspectiva de observação do comportamento do consumidor, o neuromarketing, pode vir a ser utilizada nas organizações de pequeno e médio porte. Além disso, é recomendável a realização de uma pesquisa de campo junto ao consumidor, objeto de estudo das teorias analisadas, para medir a real utilidade das análises desenvolvidas pelos autores estudados, e identificar possíveis inconsistências ou incoerências. 5 Referências BLACKWELL, R.; MINIARD, P.; ENGEL, J. Comportamento do consumidor. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. CAMARGO, Pedro Celso Julião de. Neuromarketing: A Nova Pesquisa Comportamento do Consumidor. 1ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2013. de ENGEL, James F, BLACKWELL, Roger D., MINIARD, Paul. 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