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EFEITOS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Effects of physical exercise in individuals with cardiovascular diseases
Adriana Idelfonsa Pinheiro1, Giulliano Gardenghi 2
1
Fisioterapeuta pela Universidade Salgado de Oliveira, Goiânia/GO e Pós-graduanda em
Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva pelo CEAFI Pós-graduação, Goiânia/GO.
2
Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo. Coordenador científico do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada –
CEAFI – Goiânia – GO; Coordenador científico do serviço de Fisioterapia do Hospital
ENCORE – Aparecida de Goiânia – GO; Coordenador do Programa de Pós-graduação em
Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão – São Paulo – SP.
Endereço: Rua S-6 Quadra S-29 Lote 19/21 Edifício Lake Havasu Apartamento 101, Setor
Bela Vista, Goiânia-GO.
E-mail: [email protected]
Goiânia
2017
2
RESUMO
Introdução: As doenças cardiovasculares representam uma das principais causas de
morte no mundo e sua ocorrência tem aumentado de forma epidêmica. Estudos têm
demonstrado benefícios do tratamento medicamentoso das doenças cardiovasculares
associados a pratica dos exercícios físico. Objetivo: Verificar a aplicabilidade e os resultados
do exercício físico em indivíduos com doenças cardiovasculares. Método: Revisão narrativa
e foi realizado por meio de pesquisa nos sistemas Lilacs, Medlline, PubMed, PEDro e Google
Acadêmico, foram selecionados artigos publicados entre 2006 e 2015, nos idiomas Português
e Inglês, utilizando os seguintes termos: cardiopatia, exercício físico, doença coronariana e
reabilitação cardíaca. Resultados: Os resultados obtidos mostram que houve melhora da
composição da massa corporal magra, aumento da taxa metabólica basal e o gasto energético,
redução do percentual de gordura e da circunferência abdominal e conseqüentemente melhora
do condicionamento físico e aumento da qualidade de vida. Conclusão: O exercício físico
prescrito corretamente e praticado regularmente, sob orientação, tem demonstrado
importantes implicações clínicas. Portanto, deve ser recomendado como uma forma de
tratamento não medicamentoso das doenças cardiovasculares.
Palavras chave: Cardiopatia, Exercício físico, Doença coronariana e Reabilitação cardíaca.
3
INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares representam uma das principais causas de morte no
mundo e sua ocorrência tem aumentado de forma epidêmica. No Brasil tem superado as
doenças infecto-contagiosas e ocupam a maior causa de morte, correspondendo a mais de
32,6% dos óbitos de causa determinada1. Estima-se que, em 2020, as doenças
cardiovasculares sejam responsáveis por mais de 20 milhões mortes/ ano2.
Os indivíduos portadores de doenças cardiovasculares sofrem de vários sintomas,
muitos deles não são específicos e freqüentemente levam a redução da capacidade funcional e
em piora da qualidade de vida, ambos relacionados com dispnéia e fadiga durante suas
atividades diárias3.
Estudos têm mostrado benefícios do tratamento medicamentoso das doenças
cardiovasculares associados a pratica dos exercícios físico4, 5,6. Dentre as diversas adaptações
promovidas pela pratica de exercício físico pode-se citar a queda da perda de força referente a
idade, o aumento da capacidade de realizar as atividades de vida diária, o incremento na
tolerância ao exercício aeróbico submáximo e a melhora das respostas cardiovasculares ao
esforço, alem de proporcionarem uma melhora da função cognitiva e da auto-estima.
A ausência da prática de exercício físico é um habito recente que a população
brasileira tem adquirido, o sedentarismo tem sido considerado um fator de risco independente
para as doenças cardiovasculares6.
Os programas de reabilitação cardiovascular (PRC) surgem no Brasil na década de 60,
tendo como principal elemento a prática de exercício físico, o qual se caracteriza por uma
condição onde retira o organismo de sua homeostase, pois implica no aumento instantâneo de
demanda energética da musculatura exercida e, conseqüentemente do organismo como um
todo7. Sendo assim, para suprir nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas
ocorrem, dentre elas, as referentes ao sistema cardiovascular durante o exercício8.
O estudo de Araújo ressalta que o exercício físico, tal como fármaco, demanda uma
posologia correta que deverá incluir obrigatoriamente informações a respeito da sua
intensidade, duração, freqüência semanal tipo e característica de cada exercício aplicado9. E
para que isso ocorra faz se necessário que haja uma avaliação, com analise criteriosa do teste
ergométrico e ergoespirométrico, os quais são essenciais para que tenha uma prescrição
adequada do exercício físico, respeitando a individualidade biológica de cada paciente10.
Recentemente, Petto et al, observaram que a falta de conhecimento médico da
existência de um programa de reabilitação cardíaca supervisionada,vem sendo um dos
4
principais fatores de impedimento ao encaminhamento para reabilitação dos seus pacientes.
Entretanto, o mesmo trabalho confirma que um PRC é seguro para pacientes com
insuficiência cardíaca crônica classe funcional dois e três, promovendo efeitos positivos sobre
a inflamação vascular e aumenta a sobrevida, com raras intercorrências, sendo classe de
recomendação um e nível de evidência A11.
A fisioterapia como parte integrante de uma equipe multidisciplinar dentro de um PRC
pode interferir no processo de reabilitação do paciente portador de doença cardiovascular,
através da avaliação, prescrição e supervisionamento do treinamento individualizado que cada
um recebe, levando aos pacientes terem uma vida mais funcional e com maior qualidade de
vida10,12.
Com base no exposto acima, a realização desse levantamento bibliográfico torna-se
importante para profissionais que tenha interesse pelo tema descrito, promovendo uma melhor
assistência aos indivíduos portadores de doenças cardiovasculares. Este estudo tem como
objetivo verificar a aplicabilidade e os resultados do exercício físico em pacientes com
doenças cardiovasculares.
METODOLOGIA
O presente estudo trata se de uma revisão narrativa e foi realizado por meio de
pesquisa nos sistemas Lilacs, Medlline, PubMed, PEDro e Google Acadêmico, foram
selecionados artigos publicados entre 2006 e 2015, nos idiomas Português e Inglês, utilizando
os seguintes termos: cardiopatia, exercício físico, doença coronariana e reabilitação cardíaca.
Dos 28 artigos encontrados 10 foram selecionados preenchendo os critérios de inclusão, os
quais consistiam em considerar artigos que versassem sobre indivíduos portadores de doenças
cardiovasculares e que descreviam detalhadamente a intervenção realizada e foram excluídos
os artigos anteriores ao período descrito acima e aqueles que não retratassem alguma doença
cardiovascular e que não apresentassem o tipo de exercício realizado.
RESULTADOS
Os resultados encontrados e que abordaram os objetivos, amostras, intervenção
realizadas e principais achados estão expressos na Tabela1.
Foram incluídos 10 estudos que analisaram 464 pacientes no total, utilizando o
exercício físico como forma de tratamento das doenças cardiovasculares. Dentre as
intervenções realizadas, houve predomínio dos exercícios aeróbios, onde na maioria dos
5
estudos o tempo de cada sessão variou de 20 minutos à uma hora e 10 minutos. Em geral, os
autores evidenciaram melhora da composição da massa corporal magra, aumento da taxa
metabólica basal e o gasto energético, redução do percentual de gordura e da circunferência
abdominal e conseqüentemente melhora do condicionamento físico e aumento da qualidade
de vida.
Estudo
Krinski
k. et al.,
2006.
Tabela1 - Objetivos, amostra, intervenção realizada e principais achados.
Objetivos
Amostra
Intervenção realizada
Analisar os efeitos do
exercício aeróbico e
resistido no perfil
antropométrico e nas
respostas
cardiovasculares.
Merelles Analisar os efeitos do
exercício físico sobre
L.R. et
al., 2006. variáveis
hemodinâmicas e
metabólicas.
Principais
achados
53 Idosos
sedentários,
portadores de
hipertensão arterial,
com idade média
64,28+/-4,7 anos.
Durante seis meses, três
vezes na semana era
realizado 60 minutos de
exercício físico, onde 20
minutos era de exercício
aeróbico em esteira, logo
após 40 minutos exercício
resistido dinâmico (supino,
leg press, puxada frontal
flexão e extensão de
joelhos, desenvolvimento
para ombro, agachamento e
rosca tríceps) sendo três
series de 10 repetições.
Resultou em
reduções
significativas na
PAM e FC de
repouso, sendo
acompanhados de
uma redução linear
no IMC e gordura
corporal dos
idosos hipertensos.
28 pacientes
coronariopatas do
sexo masculino,
sendo quatro
pacientes do GC
(grupo controle) com
idade média 55+/-3,5
anos e no GE (grupo
exercício) 16
pacientes com idade
média 58+/-8 anos.
Durante seis meses, três
vezes por semana, o GE
realizou treinamento
aeróbio (TA), treinamento
contra-resistência muscular
localizada (TCR) e
flexibilidade (TF). O TA foi
realizado em 40 minutos de
exercícios dinâmicos
contínuos, o TCR englobou
exercício com pesos livres e
máquinas com duração 30
minutos composto de seis a
10 exercícios entre duas a
três séries. Já o TF foi
realizado de forma passiva
e/ou ativa. Já o GC
permaneceu sedentário.
Pacientes do grupo
exercício
apresentaram
melhora dos
parâmetros
ergoespirométricos
migrando de classe
funcional, redução
do colesterol total
LDL, glicolise,
frações de
triglicerídeos e
Proteína C-reativa.
Verificou-se
aumento do HDL,
mudança da
frequência
cardíaca máxima,
pulso de oxigênio
e consumo de
oxigênio máximo.
6
Estudo
Objetivos
Amostra
Intervenção realizada
Principais
achados
O GC não mostrou
alterações
significativas nas
variáveis
estudadas.
Avaliar o efeito do
Milani
M. et al., treinamento físico
aeróbico nas variáveis
2007.
cardiovasculares em
pacientes coronariopatas
participantes do PRC.
Rebelo
F. P. V.
et al.,
2007.
Avaliar o resultado
clínico e econômico de
um programa de
reabilitação
cardiopulmonar e
metabólica (PRCM)
criado por um plano de
saúde.
63 pacientes
coronariopatas com
idade média de
57,4+/-9,6 anos.
Durante 12 semanas
participaram de um PRC
com duração de 20 a 30
minutos composto por
exercícios físicos, alem de
aquecimento inicial e
desaquecimento final, com
cargas de menor intensidade
e duração de cinco minutos.
Eram duas sessões semanais
de atividade supervisionada
em esteira ou caminhada na
pista de atletismo e foram
orientados a realizarem
mais duas sessões não
supervisionadas. Foi
realizado dois testes
ergométricos, um no inicio
do programa e um após ao
PRC com intervalo médio
de 20,2 +/- 5semanas.
Observou um
incremento
significativo do
consumo de
oxigênio pico, não
foram observadas
diferença
significativa na
PAS e no duplo
produto pico e
uma diferença
pequena
magnitude na FC
pico. O valor mais
expressivo foi do
limiar isquêmico
do miocárdio.
96 pacientes, de
ambos os sexos, com
idade entre 54 a 79
anos, sendo 48
indivíduos
participantes do
grupo tratamento
(GT) e 48 indivíduos
participantes do
grupo controle (GC).
Durante 22 meses o GT
participou de um PRCM
onde realizaram exercícios
físicos supervisionados com
frequência de cinco vezes
por semana com 60 minutos
de duração. Três vezes na
semana realizavam 45
minutos de exercício físico
aeróbio mais 15 minutos de
alongamento e relaxamento.
Já nos outros dois dias
realizavam 30 minutos de
exercício físico aeróbio
mais 30 minutos de
exercícios resistidos
(principais grupos
No GT foram
observadas
modificações
clínicas
importantes em
relação ao perfil
lipoprotéico
plasmático,
pressão arterial
sistêmica e
tolerância ao
esforço físico, sem
relação com
modificação de
medicamentos.
7
Estudo
Objetivos
Amostra
Intervenção realizada
Principais
achados
musculares, duas séries de
20 repetições) seguido de
alongamento e relaxamento.
Muela
H. C. S.
et al.,
2011.
Avaliar os benefícios
clínicos e funcionais do
PRC em pacientes
encaminhados ao Centro
de Cardiologia do
Exercício do Instituto
Estadual de Cardiologia
Aloysio de Castro, em
Rio de janeiro.
Avaliar o
Barros
remodelamento cardíaco
J. G. et
al., 2011. e o papel da adenosina
na distribuição do fluxo
sanguíneo para o
miocárdio após
treinamento físico (TF)
em SHR.
88 pacientes (60
homens e 28
mulheres), sendo a
maioria portadores
de doença
coronariana estável,
com idade entre 37 e
81 anos.
Foram duas sessões por
semana, com duração entre
uma hora e 10 minutos,
durante seis meses. O PRC
englobou exercícios
dinâmicos, exercícios de
força, exercícios para
musculatura respiratória,
exercícios para equilíbrio e
flexibilidade. Cada sessão
era composta por 10 a 15
minutos de aquecimento, 20
a 30 minutos de atividade
aeróbia, 10 a 15 minutos
exercícios de força e 10 a
15 minutos de
desaquecimento. Os
pacientes foram orientados
a realizarem caminhadas
diárias com duração de 30
minutos excluindo as
atividades realizadas no
PRC.
O PRC
proporcionou
melhora
significativa dos
parâmetros
fisiológicos,
hemodinâmicos,
funcionais e
autonômicos de
pacientes
portadores DAC e,
consequentemente
no seu
desempenho
cardiovascular e
metabólico no
exercício. Alem
disso
proporcionou
aumento no tempo
de aparecimento
de isquemia ao
exercício naqueles
que apresentaram
evento isquêmico
em primeiro teste
ergométrico feito
antes do programa.
28 SHR machos
babies e adultos.
Foram submetidos ao TF
aeróbio de natação durante
10 semanas, sendo cinco
vezes por uma hora por dia.
O TF por natação
mostrou-se
eficiente por
atenuar os níveis
pressóricos de
SHR
independentes da
idade que se inicia
o protocolo
experimental,
promove
bradicardia de
8
Estudo
Objetivos
Amostra
Intervenção realizada
Principais
achados
repouso e leva a
um
remodelamento
cardíaco pelo
aumento da
hipertrofia
ventricular
esquerda.
Brand
C. et al.,
2013.
Analisar o efeito do
treinamento resistido
(TR) sobre o diâmetro
diastólico (DDVE) e
sistólico (DSVE) e a
massa do ventrículo
esquerdo (MVE), fração
de ejeção (FE) e
parâmetros
hemodinâmicos de
indivíduos hipertensos
controlados e
normotensos.
15 indivíduos, com
idade média de 53+/3,0 anos, foram
divididos em dois
grupos: grupo
hipertenso (GH, n=8)
e grupo normotenso
(GN, n=7).
Durante 48 semanas ambos
grupos realizaram
treinamento resistido três
vezes na semana, com
duração de 60 minutos. O
TR era composto por cinco
fases, passando pela
adaptação, desenvolvimento
da resistência aeróbia e
muscular e força muscular.
Os exercícios foram
executados de forma
aleatória e alternados por
segmento, dos grandes para
os pequenos grupos
musculares, o intervalo
entre as séries variou de 30
segundos a 90 segundos. A
cada duas semanas as
cargas eram revisadas com
auxílio da escala de Borg.
O DDVE e DSVE,
assim como MVE
e Fe de ambos os
grupos, ficaram de
acordo com os
valores de
referência. Na FE
observou um
aumento de 6% do
GH e queda de 9%
no GN, quando
comparados pré e
pós teste.
Viana P.
A. D. C.
et al.,
2014.
Verificar o efeito da
atividade física aeróbica
sobre o processo
inflamatório sistêmico
em indivíduos com risco
cardiovascular.
68 indivíduos
sedentários com pelo
menos dois fatores
de risco para DAC
ou doença
cardiovascular
estabelecida, com
idade média 57,0 +/11,0. Foram
divididos em dois
grupos: grupo treino
(GT) e grupo
controle (GC).
Durante três meses o GT
realizou exercício físico
aeróbico supervisionado em
esteira ergométrica com
duração de 50 minutos o
qual era composto por um
período de aquecimento e
desaceleração com duração
de 10 minutos cada, três
vezes por semana. Já o GC
recebeu apenas orientações
sobre hábitos de vida
saudáveis.
No GT houve
melhora da
capacidade
funcional, redução
do IMC e
circunferência
abdominal. Quanto
aos valores de
PCR, quando
comparados os
grupos GT e GC
houve maior
incremento no GC.
9
Estudo
Objetivos
Amostra
Intervenção realizada
Principais
achados
Desenvolver e avaliar
Braga
H. O. et um protocolo de samba
al., 2015. brasileiro visando o
treinamento físico na
reabilitação cardíaca.
15 indivíduos com
doença coronariana
estável, com idade
média de 60,74 +/5,96 anos.
Durante três semanas foram
realizadas três sessões onde
executaram 20 passos de
samba, em três andamentos
musicais, classificados por
metrônomo em lento, médio
ou rápido, de acordo com
FC desejada. Os indivíduos
foram divididos de forma
aleatória, em três grupos,
sendo G1 iniciou a sessão
com a utilização do
andamento lento, o G2 com
médio e o G3 com rápido.
Cada sessão era composta
por cinco minutos de
aquecimento, 30 minutos de
dança e cinco minutos de
volta a calma.
Houve boa
adaptação aos
passos de samba,
com percepção de
esforço em nível
leve a moderado e
com FC situandose entre 62% e
72% da FC pico,
de acordo com a
recomendação da
Sociedade
Brasileira de
Cardiologia (entre
60% a 90% da FC
pico), considerada
entre o primeiro e
o segundo limiares
ventilatórios.
Barbosa Avaliar a qualidade de
vida em pacientes com
J. J. et
al., 2011. DAC submetidos a um
programa de reabilitação
supervisionada fase dois.
10 pacientes
coronariopatas com
idade entre 50 a 70
anos.
Durante dois meses os
participantes foram
orientados a realizarem o
auto alongamento dos
principais grupos
musculares por cinco
minutos, seguido de
caminhada por 10 minutos e
por fim desaquecimento por
cinco minutos, a intensidade
do exercício foi aumentada
progressivamente,
dependendo do feedback do
paciente, podendo atingir de
30 a 40 minutos na fase
final.
O Programa de
reabilitação
cardiovascular
influenciou na
redução da
circunferência
abdominal
(diminuição de
quatro centímetros
para mulheres e
dois centímetros
para homens) e
melhorou a
qualidade de vida
em todas as
dimensões do
MOS SF-36:
capacidade
funcional, dor,
limitação por
aspectos físicos e
estado geral de
saúde.
10
DISCUSSÃO
No presente estudo, a maioria dos artigos4,7,8,13,19,21., demonstraram que o exercício
físico é uma importante conduta não farmacológica no tratamento de pacientes portadores de
doenças cardiovasculares. Já, no estudo de Pinho et al.8 relataram sobre os efeitos benéficos
da pratica de exercício regular sobre as doenças cardiovasculares, dentre eles a maior
produção de agentes vasodilatadores derivados do endotélio, como consequente redução da
resistência vascular periférica, diminuição do níveis de LDL colesterol e inibição da
agregação plaquetária. O mesmo estudo destaca duas meta-análises que confirmaram uma
redução significativa de 20% a 25% na mortalidade por doenças cardiovasculares em
pacientes submetidos a reabilitação cardíaca.
Reis et al.13, realizaram uma pesquisa onde oito indivíduos participantes de um
treinamento físico durante 12 meses, apresentaram maior tolerância ao esforço, isso significa
maior reserva para as atividades laborais e de lazer, o que melhora a qualidade de vida dos
pacientes.
Recentemente Viana et al14., relatam em seu estudo que indivíduos participantes de um
programa de exercício físico apresentaram aumento do consumo maximo de oxigênio em
base aeróbia e redução o significante nos valores da Proteína-C reativa, interferindo
diretamente na diminuição da inflamação vascular.
Alguns estudos12,15,23. relatam sobre a alta taxa de desistência em um programa de
condicionamento físico e reabilitação cardíaca, dentro vários fatores, o que ganha destaque e a
dificuldade em atingir e manter a intensidade indicada para o tratamento. Braga et al23.,
descreve uma alternativa de tratamento através da dança onde pacientes adaptam bem aos
passos de samba e apresentam intensidade da frequência cardíaca entre 62% e 72% da FC
pico respeitando a indicação do American Collegeof Sport Medicine e da Sociedade brasileira
de Cardiologia. Forti et al15., confirma que o exercício realizado com intensidade inadequada
pode ter seus benefícios limitados e até ser adverso, aumentando os riscos cardiovasculares e
ortopédicos.
Mendes et al6., mostraram em seu estudo que os fatores de risco para doenças
cardiovasculares tem correlação direta com hábitos familiares e exalta a importância de ter
uma prevenção primaria na infância e na adolescência. Dessa forma, o exercício físico pode
ser utilizado tanto na prevenção das manifestações clínicas das doenças cardiovasculares
11
quanto na prevenção do aparecimento da mesma em indivíduos que têm um ou mais fatores
de risco.
Lima et al12., ao analisarem a percepção do paciente no pós-operatório de cirurgia
cardíaca observou que ha uma carência de informação sobre as etapas a serem seguidas após a
cirurgia e cerca de 100% dos pacientes questionados acreditavam que o tratamento
fisioterapêutico poderia melhorar o seu estado de saúde, melhorando assim a autoconfiança
para retomada de suas atividades da vida diária.
Além dos benefícios físicos que os exercícios proporcionam, há também melhora do
bem estar, da autoconfiança, da depressão, da hipocondria, da tensão, da fadiga, do sono e da
libido4.
Quanto ao risco, Benetti4 retrata em seu estudo o artigo de Van Camp e Perterson, que
verificam em dados estatísticos de 167 programas de reabilitação cardíaca, somando um total
de 51.303 pacientes que o índice de parada cardíaca era de um por 111.996 pacientes/hora, o
índice do infarto do miocárdio não fatal era de um por 783.972 pacientes /hora. Isso ocorre
mais freqüentemente em pacientes que excedem seus limites de freqüência cardíaca ou que
apresentam alterações eletrocardiográficas consideradas importantes.
Outro exercício com grande beneficio para pacientes coronariopatas é o treinamento
da musculatura respiratória, pois tais pacientes tendem adotar uma postura antálgica em
decorrência da dor, e a permanência prolongada dessa postura resulta em diminuição da
capacidade vital e conseqüentemente diminui a expansibilidade pulmonar. Chacon et al. e
Matheus et al., observaram resultados significantes no que diz a respeito da melhora na
capacidade vital, no volume corrente, na pressão inspiratória máxima e pressão expiratória
máxima analisadas em seus estudos15,16.
Brum et al7., relatam que uma das adaptações do sistema cardiovascular frente ao
exercício aeróbio é a bradicardia em repouso, sendo o mecanismo associado a essa resposta e
a diminuição na freqüência cardíaca intrínseca, podendo também estar associada ao tônus
vagal cardíaco.
No estudo de Nery et al17., descreveram benefícios do exercício físico no prognostico
pós operatório em pacientes submetidos a revascularização miocárdica, onde observou
diminuição significativa no tempo de permanência hospitalar e na incidência de eventos
12
cardíacos maiores, ressaltando que a qualidade de vida dos pacientes obteve melhora durante
seis meses após a cirurgia.
Por sua vez, Stein5 relata que quando o exercício resistido é prescrito e supervisionado
de forma apropriada, apresenta efeitos favoráveis em diferentes aspectos da saúde (força
muscular, capacidade funcional, bem estar psicossocial, além de impacto positivo sobre
fatores de risco cardiovasculares), corroborando com a coorte do Health Professionals
Follow-up Study, onde a prática semanal de 30 minutos ou mais de treinamento resistido
esteve associado a diminuição de 23% no risco para ocorrência de infarto agudo do miocárdio
não fatal e/ou doença cardiovascular fatal. Outros benefícios citados por Stein são a atenuação
do enrijecimento arterial causado pela idade e a melhora da função endotelial dos vasos
sanguíneos.
Nogueira et al., concluíram que pacientes com insuficiência cardíaca possuem maior
comprometimento no aspecto físico, o qual avalia como a saúde física interfere nas atividades
do trabalho, mostrando dessa forma que a limitação funcional imposta pela doença esta
associada a piora da qualidade de vida, o que interfere mortalidade desses pacientes3.
CONCLUSÃO
O exercício físico prescrito corretamente e praticado regularmente, sob uma
orientação,
tem demonstrado importantes implicações
clínicas.
Ele é seguro
e
indiscutivelmente beneficia o paciente com doença cardiovascular, podendo interferir na
sobrevida dessa população. Portanto, deve ser recomendado como uma forma de tratamento
não medicamentoso das doenças cardiovasculares.
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