EFEITOS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES Effects of physical exercise in individuals with cardiovascular diseases Adriana Idelfonsa Pinheiro1, Giulliano Gardenghi 2 1 Fisioterapeuta pela Universidade Salgado de Oliveira, Goiânia/GO e Pós-graduanda em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva pelo CEAFI Pós-graduação, Goiânia/GO. 2 Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Coordenador científico do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada – CEAFI – Goiânia – GO; Coordenador científico do serviço de Fisioterapia do Hospital ENCORE – Aparecida de Goiânia – GO; Coordenador do Programa de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão – São Paulo – SP. Endereço: Rua S-6 Quadra S-29 Lote 19/21 Edifício Lake Havasu Apartamento 101, Setor Bela Vista, Goiânia-GO. E-mail: [email protected] Goiânia 2017 2 RESUMO Introdução: As doenças cardiovasculares representam uma das principais causas de morte no mundo e sua ocorrência tem aumentado de forma epidêmica. Estudos têm demonstrado benefícios do tratamento medicamentoso das doenças cardiovasculares associados a pratica dos exercícios físico. Objetivo: Verificar a aplicabilidade e os resultados do exercício físico em indivíduos com doenças cardiovasculares. Método: Revisão narrativa e foi realizado por meio de pesquisa nos sistemas Lilacs, Medlline, PubMed, PEDro e Google Acadêmico, foram selecionados artigos publicados entre 2006 e 2015, nos idiomas Português e Inglês, utilizando os seguintes termos: cardiopatia, exercício físico, doença coronariana e reabilitação cardíaca. Resultados: Os resultados obtidos mostram que houve melhora da composição da massa corporal magra, aumento da taxa metabólica basal e o gasto energético, redução do percentual de gordura e da circunferência abdominal e conseqüentemente melhora do condicionamento físico e aumento da qualidade de vida. Conclusão: O exercício físico prescrito corretamente e praticado regularmente, sob orientação, tem demonstrado importantes implicações clínicas. Portanto, deve ser recomendado como uma forma de tratamento não medicamentoso das doenças cardiovasculares. Palavras chave: Cardiopatia, Exercício físico, Doença coronariana e Reabilitação cardíaca. 3 INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares representam uma das principais causas de morte no mundo e sua ocorrência tem aumentado de forma epidêmica. No Brasil tem superado as doenças infecto-contagiosas e ocupam a maior causa de morte, correspondendo a mais de 32,6% dos óbitos de causa determinada1. Estima-se que, em 2020, as doenças cardiovasculares sejam responsáveis por mais de 20 milhões mortes/ ano2. Os indivíduos portadores de doenças cardiovasculares sofrem de vários sintomas, muitos deles não são específicos e freqüentemente levam a redução da capacidade funcional e em piora da qualidade de vida, ambos relacionados com dispnéia e fadiga durante suas atividades diárias3. Estudos têm mostrado benefícios do tratamento medicamentoso das doenças cardiovasculares associados a pratica dos exercícios físico4, 5,6. Dentre as diversas adaptações promovidas pela pratica de exercício físico pode-se citar a queda da perda de força referente a idade, o aumento da capacidade de realizar as atividades de vida diária, o incremento na tolerância ao exercício aeróbico submáximo e a melhora das respostas cardiovasculares ao esforço, alem de proporcionarem uma melhora da função cognitiva e da auto-estima. A ausência da prática de exercício físico é um habito recente que a população brasileira tem adquirido, o sedentarismo tem sido considerado um fator de risco independente para as doenças cardiovasculares6. Os programas de reabilitação cardiovascular (PRC) surgem no Brasil na década de 60, tendo como principal elemento a prática de exercício físico, o qual se caracteriza por uma condição onde retira o organismo de sua homeostase, pois implica no aumento instantâneo de demanda energética da musculatura exercida e, conseqüentemente do organismo como um todo7. Sendo assim, para suprir nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas ocorrem, dentre elas, as referentes ao sistema cardiovascular durante o exercício8. O estudo de Araújo ressalta que o exercício físico, tal como fármaco, demanda uma posologia correta que deverá incluir obrigatoriamente informações a respeito da sua intensidade, duração, freqüência semanal tipo e característica de cada exercício aplicado9. E para que isso ocorra faz se necessário que haja uma avaliação, com analise criteriosa do teste ergométrico e ergoespirométrico, os quais são essenciais para que tenha uma prescrição adequada do exercício físico, respeitando a individualidade biológica de cada paciente10. Recentemente, Petto et al, observaram que a falta de conhecimento médico da existência de um programa de reabilitação cardíaca supervisionada,vem sendo um dos 4 principais fatores de impedimento ao encaminhamento para reabilitação dos seus pacientes. Entretanto, o mesmo trabalho confirma que um PRC é seguro para pacientes com insuficiência cardíaca crônica classe funcional dois e três, promovendo efeitos positivos sobre a inflamação vascular e aumenta a sobrevida, com raras intercorrências, sendo classe de recomendação um e nível de evidência A11. A fisioterapia como parte integrante de uma equipe multidisciplinar dentro de um PRC pode interferir no processo de reabilitação do paciente portador de doença cardiovascular, através da avaliação, prescrição e supervisionamento do treinamento individualizado que cada um recebe, levando aos pacientes terem uma vida mais funcional e com maior qualidade de vida10,12. Com base no exposto acima, a realização desse levantamento bibliográfico torna-se importante para profissionais que tenha interesse pelo tema descrito, promovendo uma melhor assistência aos indivíduos portadores de doenças cardiovasculares. Este estudo tem como objetivo verificar a aplicabilidade e os resultados do exercício físico em pacientes com doenças cardiovasculares. METODOLOGIA O presente estudo trata se de uma revisão narrativa e foi realizado por meio de pesquisa nos sistemas Lilacs, Medlline, PubMed, PEDro e Google Acadêmico, foram selecionados artigos publicados entre 2006 e 2015, nos idiomas Português e Inglês, utilizando os seguintes termos: cardiopatia, exercício físico, doença coronariana e reabilitação cardíaca. Dos 28 artigos encontrados 10 foram selecionados preenchendo os critérios de inclusão, os quais consistiam em considerar artigos que versassem sobre indivíduos portadores de doenças cardiovasculares e que descreviam detalhadamente a intervenção realizada e foram excluídos os artigos anteriores ao período descrito acima e aqueles que não retratassem alguma doença cardiovascular e que não apresentassem o tipo de exercício realizado. RESULTADOS Os resultados encontrados e que abordaram os objetivos, amostras, intervenção realizadas e principais achados estão expressos na Tabela1. Foram incluídos 10 estudos que analisaram 464 pacientes no total, utilizando o exercício físico como forma de tratamento das doenças cardiovasculares. Dentre as intervenções realizadas, houve predomínio dos exercícios aeróbios, onde na maioria dos 5 estudos o tempo de cada sessão variou de 20 minutos à uma hora e 10 minutos. Em geral, os autores evidenciaram melhora da composição da massa corporal magra, aumento da taxa metabólica basal e o gasto energético, redução do percentual de gordura e da circunferência abdominal e conseqüentemente melhora do condicionamento físico e aumento da qualidade de vida. Estudo Krinski k. et al., 2006. Tabela1 - Objetivos, amostra, intervenção realizada e principais achados. Objetivos Amostra Intervenção realizada Analisar os efeitos do exercício aeróbico e resistido no perfil antropométrico e nas respostas cardiovasculares. Merelles Analisar os efeitos do exercício físico sobre L.R. et al., 2006. variáveis hemodinâmicas e metabólicas. Principais achados 53 Idosos sedentários, portadores de hipertensão arterial, com idade média 64,28+/-4,7 anos. Durante seis meses, três vezes na semana era realizado 60 minutos de exercício físico, onde 20 minutos era de exercício aeróbico em esteira, logo após 40 minutos exercício resistido dinâmico (supino, leg press, puxada frontal flexão e extensão de joelhos, desenvolvimento para ombro, agachamento e rosca tríceps) sendo três series de 10 repetições. Resultou em reduções significativas na PAM e FC de repouso, sendo acompanhados de uma redução linear no IMC e gordura corporal dos idosos hipertensos. 28 pacientes coronariopatas do sexo masculino, sendo quatro pacientes do GC (grupo controle) com idade média 55+/-3,5 anos e no GE (grupo exercício) 16 pacientes com idade média 58+/-8 anos. Durante seis meses, três vezes por semana, o GE realizou treinamento aeróbio (TA), treinamento contra-resistência muscular localizada (TCR) e flexibilidade (TF). O TA foi realizado em 40 minutos de exercícios dinâmicos contínuos, o TCR englobou exercício com pesos livres e máquinas com duração 30 minutos composto de seis a 10 exercícios entre duas a três séries. Já o TF foi realizado de forma passiva e/ou ativa. Já o GC permaneceu sedentário. Pacientes do grupo exercício apresentaram melhora dos parâmetros ergoespirométricos migrando de classe funcional, redução do colesterol total LDL, glicolise, frações de triglicerídeos e Proteína C-reativa. Verificou-se aumento do HDL, mudança da frequência cardíaca máxima, pulso de oxigênio e consumo de oxigênio máximo. 6 Estudo Objetivos Amostra Intervenção realizada Principais achados O GC não mostrou alterações significativas nas variáveis estudadas. Avaliar o efeito do Milani M. et al., treinamento físico aeróbico nas variáveis 2007. cardiovasculares em pacientes coronariopatas participantes do PRC. Rebelo F. P. V. et al., 2007. Avaliar o resultado clínico e econômico de um programa de reabilitação cardiopulmonar e metabólica (PRCM) criado por um plano de saúde. 63 pacientes coronariopatas com idade média de 57,4+/-9,6 anos. Durante 12 semanas participaram de um PRC com duração de 20 a 30 minutos composto por exercícios físicos, alem de aquecimento inicial e desaquecimento final, com cargas de menor intensidade e duração de cinco minutos. Eram duas sessões semanais de atividade supervisionada em esteira ou caminhada na pista de atletismo e foram orientados a realizarem mais duas sessões não supervisionadas. Foi realizado dois testes ergométricos, um no inicio do programa e um após ao PRC com intervalo médio de 20,2 +/- 5semanas. Observou um incremento significativo do consumo de oxigênio pico, não foram observadas diferença significativa na PAS e no duplo produto pico e uma diferença pequena magnitude na FC pico. O valor mais expressivo foi do limiar isquêmico do miocárdio. 96 pacientes, de ambos os sexos, com idade entre 54 a 79 anos, sendo 48 indivíduos participantes do grupo tratamento (GT) e 48 indivíduos participantes do grupo controle (GC). Durante 22 meses o GT participou de um PRCM onde realizaram exercícios físicos supervisionados com frequência de cinco vezes por semana com 60 minutos de duração. Três vezes na semana realizavam 45 minutos de exercício físico aeróbio mais 15 minutos de alongamento e relaxamento. Já nos outros dois dias realizavam 30 minutos de exercício físico aeróbio mais 30 minutos de exercícios resistidos (principais grupos No GT foram observadas modificações clínicas importantes em relação ao perfil lipoprotéico plasmático, pressão arterial sistêmica e tolerância ao esforço físico, sem relação com modificação de medicamentos. 7 Estudo Objetivos Amostra Intervenção realizada Principais achados musculares, duas séries de 20 repetições) seguido de alongamento e relaxamento. Muela H. C. S. et al., 2011. Avaliar os benefícios clínicos e funcionais do PRC em pacientes encaminhados ao Centro de Cardiologia do Exercício do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, em Rio de janeiro. Avaliar o Barros remodelamento cardíaco J. G. et al., 2011. e o papel da adenosina na distribuição do fluxo sanguíneo para o miocárdio após treinamento físico (TF) em SHR. 88 pacientes (60 homens e 28 mulheres), sendo a maioria portadores de doença coronariana estável, com idade entre 37 e 81 anos. Foram duas sessões por semana, com duração entre uma hora e 10 minutos, durante seis meses. O PRC englobou exercícios dinâmicos, exercícios de força, exercícios para musculatura respiratória, exercícios para equilíbrio e flexibilidade. Cada sessão era composta por 10 a 15 minutos de aquecimento, 20 a 30 minutos de atividade aeróbia, 10 a 15 minutos exercícios de força e 10 a 15 minutos de desaquecimento. Os pacientes foram orientados a realizarem caminhadas diárias com duração de 30 minutos excluindo as atividades realizadas no PRC. O PRC proporcionou melhora significativa dos parâmetros fisiológicos, hemodinâmicos, funcionais e autonômicos de pacientes portadores DAC e, consequentemente no seu desempenho cardiovascular e metabólico no exercício. Alem disso proporcionou aumento no tempo de aparecimento de isquemia ao exercício naqueles que apresentaram evento isquêmico em primeiro teste ergométrico feito antes do programa. 28 SHR machos babies e adultos. Foram submetidos ao TF aeróbio de natação durante 10 semanas, sendo cinco vezes por uma hora por dia. O TF por natação mostrou-se eficiente por atenuar os níveis pressóricos de SHR independentes da idade que se inicia o protocolo experimental, promove bradicardia de 8 Estudo Objetivos Amostra Intervenção realizada Principais achados repouso e leva a um remodelamento cardíaco pelo aumento da hipertrofia ventricular esquerda. Brand C. et al., 2013. Analisar o efeito do treinamento resistido (TR) sobre o diâmetro diastólico (DDVE) e sistólico (DSVE) e a massa do ventrículo esquerdo (MVE), fração de ejeção (FE) e parâmetros hemodinâmicos de indivíduos hipertensos controlados e normotensos. 15 indivíduos, com idade média de 53+/3,0 anos, foram divididos em dois grupos: grupo hipertenso (GH, n=8) e grupo normotenso (GN, n=7). Durante 48 semanas ambos grupos realizaram treinamento resistido três vezes na semana, com duração de 60 minutos. O TR era composto por cinco fases, passando pela adaptação, desenvolvimento da resistência aeróbia e muscular e força muscular. Os exercícios foram executados de forma aleatória e alternados por segmento, dos grandes para os pequenos grupos musculares, o intervalo entre as séries variou de 30 segundos a 90 segundos. A cada duas semanas as cargas eram revisadas com auxílio da escala de Borg. O DDVE e DSVE, assim como MVE e Fe de ambos os grupos, ficaram de acordo com os valores de referência. Na FE observou um aumento de 6% do GH e queda de 9% no GN, quando comparados pré e pós teste. Viana P. A. D. C. et al., 2014. Verificar o efeito da atividade física aeróbica sobre o processo inflamatório sistêmico em indivíduos com risco cardiovascular. 68 indivíduos sedentários com pelo menos dois fatores de risco para DAC ou doença cardiovascular estabelecida, com idade média 57,0 +/11,0. Foram divididos em dois grupos: grupo treino (GT) e grupo controle (GC). Durante três meses o GT realizou exercício físico aeróbico supervisionado em esteira ergométrica com duração de 50 minutos o qual era composto por um período de aquecimento e desaceleração com duração de 10 minutos cada, três vezes por semana. Já o GC recebeu apenas orientações sobre hábitos de vida saudáveis. No GT houve melhora da capacidade funcional, redução do IMC e circunferência abdominal. Quanto aos valores de PCR, quando comparados os grupos GT e GC houve maior incremento no GC. 9 Estudo Objetivos Amostra Intervenção realizada Principais achados Desenvolver e avaliar Braga H. O. et um protocolo de samba al., 2015. brasileiro visando o treinamento físico na reabilitação cardíaca. 15 indivíduos com doença coronariana estável, com idade média de 60,74 +/5,96 anos. Durante três semanas foram realizadas três sessões onde executaram 20 passos de samba, em três andamentos musicais, classificados por metrônomo em lento, médio ou rápido, de acordo com FC desejada. Os indivíduos foram divididos de forma aleatória, em três grupos, sendo G1 iniciou a sessão com a utilização do andamento lento, o G2 com médio e o G3 com rápido. Cada sessão era composta por cinco minutos de aquecimento, 30 minutos de dança e cinco minutos de volta a calma. Houve boa adaptação aos passos de samba, com percepção de esforço em nível leve a moderado e com FC situandose entre 62% e 72% da FC pico, de acordo com a recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (entre 60% a 90% da FC pico), considerada entre o primeiro e o segundo limiares ventilatórios. Barbosa Avaliar a qualidade de vida em pacientes com J. J. et al., 2011. DAC submetidos a um programa de reabilitação supervisionada fase dois. 10 pacientes coronariopatas com idade entre 50 a 70 anos. Durante dois meses os participantes foram orientados a realizarem o auto alongamento dos principais grupos musculares por cinco minutos, seguido de caminhada por 10 minutos e por fim desaquecimento por cinco minutos, a intensidade do exercício foi aumentada progressivamente, dependendo do feedback do paciente, podendo atingir de 30 a 40 minutos na fase final. O Programa de reabilitação cardiovascular influenciou na redução da circunferência abdominal (diminuição de quatro centímetros para mulheres e dois centímetros para homens) e melhorou a qualidade de vida em todas as dimensões do MOS SF-36: capacidade funcional, dor, limitação por aspectos físicos e estado geral de saúde. 10 DISCUSSÃO No presente estudo, a maioria dos artigos4,7,8,13,19,21., demonstraram que o exercício físico é uma importante conduta não farmacológica no tratamento de pacientes portadores de doenças cardiovasculares. Já, no estudo de Pinho et al.8 relataram sobre os efeitos benéficos da pratica de exercício regular sobre as doenças cardiovasculares, dentre eles a maior produção de agentes vasodilatadores derivados do endotélio, como consequente redução da resistência vascular periférica, diminuição do níveis de LDL colesterol e inibição da agregação plaquetária. O mesmo estudo destaca duas meta-análises que confirmaram uma redução significativa de 20% a 25% na mortalidade por doenças cardiovasculares em pacientes submetidos a reabilitação cardíaca. Reis et al.13, realizaram uma pesquisa onde oito indivíduos participantes de um treinamento físico durante 12 meses, apresentaram maior tolerância ao esforço, isso significa maior reserva para as atividades laborais e de lazer, o que melhora a qualidade de vida dos pacientes. Recentemente Viana et al14., relatam em seu estudo que indivíduos participantes de um programa de exercício físico apresentaram aumento do consumo maximo de oxigênio em base aeróbia e redução o significante nos valores da Proteína-C reativa, interferindo diretamente na diminuição da inflamação vascular. Alguns estudos12,15,23. relatam sobre a alta taxa de desistência em um programa de condicionamento físico e reabilitação cardíaca, dentro vários fatores, o que ganha destaque e a dificuldade em atingir e manter a intensidade indicada para o tratamento. Braga et al23., descreve uma alternativa de tratamento através da dança onde pacientes adaptam bem aos passos de samba e apresentam intensidade da frequência cardíaca entre 62% e 72% da FC pico respeitando a indicação do American Collegeof Sport Medicine e da Sociedade brasileira de Cardiologia. Forti et al15., confirma que o exercício realizado com intensidade inadequada pode ter seus benefícios limitados e até ser adverso, aumentando os riscos cardiovasculares e ortopédicos. Mendes et al6., mostraram em seu estudo que os fatores de risco para doenças cardiovasculares tem correlação direta com hábitos familiares e exalta a importância de ter uma prevenção primaria na infância e na adolescência. Dessa forma, o exercício físico pode ser utilizado tanto na prevenção das manifestações clínicas das doenças cardiovasculares 11 quanto na prevenção do aparecimento da mesma em indivíduos que têm um ou mais fatores de risco. Lima et al12., ao analisarem a percepção do paciente no pós-operatório de cirurgia cardíaca observou que ha uma carência de informação sobre as etapas a serem seguidas após a cirurgia e cerca de 100% dos pacientes questionados acreditavam que o tratamento fisioterapêutico poderia melhorar o seu estado de saúde, melhorando assim a autoconfiança para retomada de suas atividades da vida diária. Além dos benefícios físicos que os exercícios proporcionam, há também melhora do bem estar, da autoconfiança, da depressão, da hipocondria, da tensão, da fadiga, do sono e da libido4. Quanto ao risco, Benetti4 retrata em seu estudo o artigo de Van Camp e Perterson, que verificam em dados estatísticos de 167 programas de reabilitação cardíaca, somando um total de 51.303 pacientes que o índice de parada cardíaca era de um por 111.996 pacientes/hora, o índice do infarto do miocárdio não fatal era de um por 783.972 pacientes /hora. Isso ocorre mais freqüentemente em pacientes que excedem seus limites de freqüência cardíaca ou que apresentam alterações eletrocardiográficas consideradas importantes. Outro exercício com grande beneficio para pacientes coronariopatas é o treinamento da musculatura respiratória, pois tais pacientes tendem adotar uma postura antálgica em decorrência da dor, e a permanência prolongada dessa postura resulta em diminuição da capacidade vital e conseqüentemente diminui a expansibilidade pulmonar. Chacon et al. e Matheus et al., observaram resultados significantes no que diz a respeito da melhora na capacidade vital, no volume corrente, na pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima analisadas em seus estudos15,16. Brum et al7., relatam que uma das adaptações do sistema cardiovascular frente ao exercício aeróbio é a bradicardia em repouso, sendo o mecanismo associado a essa resposta e a diminuição na freqüência cardíaca intrínseca, podendo também estar associada ao tônus vagal cardíaco. No estudo de Nery et al17., descreveram benefícios do exercício físico no prognostico pós operatório em pacientes submetidos a revascularização miocárdica, onde observou diminuição significativa no tempo de permanência hospitalar e na incidência de eventos 12 cardíacos maiores, ressaltando que a qualidade de vida dos pacientes obteve melhora durante seis meses após a cirurgia. Por sua vez, Stein5 relata que quando o exercício resistido é prescrito e supervisionado de forma apropriada, apresenta efeitos favoráveis em diferentes aspectos da saúde (força muscular, capacidade funcional, bem estar psicossocial, além de impacto positivo sobre fatores de risco cardiovasculares), corroborando com a coorte do Health Professionals Follow-up Study, onde a prática semanal de 30 minutos ou mais de treinamento resistido esteve associado a diminuição de 23% no risco para ocorrência de infarto agudo do miocárdio não fatal e/ou doença cardiovascular fatal. Outros benefícios citados por Stein são a atenuação do enrijecimento arterial causado pela idade e a melhora da função endotelial dos vasos sanguíneos. Nogueira et al., concluíram que pacientes com insuficiência cardíaca possuem maior comprometimento no aspecto físico, o qual avalia como a saúde física interfere nas atividades do trabalho, mostrando dessa forma que a limitação funcional imposta pela doença esta associada a piora da qualidade de vida, o que interfere mortalidade desses pacientes3. CONCLUSÃO O exercício físico prescrito corretamente e praticado regularmente, sob uma orientação, tem demonstrado importantes implicações clínicas. Ele é seguro e indiscutivelmente beneficia o paciente com doença cardiovascular, podendo interferir na sobrevida dessa população. Portanto, deve ser recomendado como uma forma de tratamento não medicamentoso das doenças cardiovasculares. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. Rebelo FPV, Garcia AS, Andrade DF, Werner CR, Carvalho T. Resultado clinico e econômico de um programa de reabilitação cardiopulmonar e metabólica. Arq Bras Cardiol. 2007; 88 (3): 321-328. 2. 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