Discurso do Dep. Antônio Bulhões (PMDB) na Sessão da Câmara dos Deputados de / /2007. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, trago a este Plenário preocupação bastante grave com uma questão da saúde. Recentemente, ocorreu Audiência Pública na Comissão de Seguridade Social e Família, onde foi debatida a questão de doenças do coração em mulheres e crianças, com profissionais de atuação em instituição renomada em cardiologia. Naquela oportunidade, foram apresentadas informações tão surpreendentes, que nos motivaram a compartilhá-las com os que ali não estiveram. As doenças cardiovasculares, como já se sabe, são a principal causa de morte no mundo, e, segundo a Organização Mundial da Saúde, elas acometem mais da metade da população do planeta. Em 2004, segundo o Ministério da Saúde, mais de um quarto das mortes no Brasil foram devidas a esta causa. 2 Um dos primeiros dados alarmantes foi o de que elas são a principal causa de morte entre mulheres com mais de 35 anos, e matam seis vezes mais do que o câncer de mama. No entanto, o câncer de mama já mobiliza a população e o conhecimento de práticas como auto-exame ou a necessidade de se submeter à mamografia é bastante sedimentado entre a população feminina. No entanto, não há o cuidado de se chamar a atenção para os problemas cardiovasculares. Após a menopausa, a incidência aumenta substancialmente. Existem ainda outros problemas peculiares ao sexo feminino que comprometem o diagnóstico das doenças cardiovasculares. Podemos citar a indefinição dos sintomas que é comum às mulheres. Predominam manifestações atípicas, com falta de ar, náuseas, dor abdominal ou mal-estar vago que, por vezes, não sugerem quadros graves como infarto do miocárdio, nem à paciente, nem ao profissional que a atende. 3 Em dois terços dos casos no sexo feminino, o próprio infarto constitui a primeira manifestação da doença isquêmica do coração! Isto é realmente assustador... O diagnóstico tardio, evidentemente, leva à dificuldade no tratamento e no agravamento do quadro, que demora a ser identificado, o que se traduz em recuperação pior e taxas mais altas de letalidade. As mulheres têm muitas outras dificuldades para o tratamento cardiológico. Por exemplo, desenvolvem muito mais os quadros de insuficiência cardíaca pós-infarto. Propor tratamentos mais modernos, em mulheres, tem como obstáculo o risco aumentado de sangramento. Assim, a preocupação com esta característica feminina da doença cardiovascular me leva a convocar esta Casa para trabalhar em prol do estímulo ao trabalho de prevenção e tratamento precoce dos fatores de risco. No momento, vemos que a ênfase no que diz respeito à saúde da mulher abrange a saúde reprodutiva – gravidez, parto, puerpério e o câncer de mama. 4 Mas o controle do sedentarismo, dos índices elevados de colesterol, da hipertensão, diabetes ou obesidade ainda são incipientes em nossa cultura. É importante conhecer este viés na manifestação das doenças cardiovasculares entre as mulheres para melhor focalizar as estratégias de abordagem do problema. Assim, Senhor Presidente, convoco esta Casa, meus nobres Pares, a unirmos nossas forças para apoiar iniciativas que contribuam para alertar a mulher a mais este risco silencioso e mortal ao qual está sujeita. Não tenho dúvidas de que teremos como recompensa um menor número de mortes de mulheres em nosso país. Não tenho dúvidas de que elas terão tratamento mais digno e condições de sobreviver com mais segurança por muito mais tempo. Esta é uma luta que vale a pena. Muito obrigado.