MÓDULO 12 MODELO EXTRAÇÃO: (partículas esféricas) em regime não estacionário. A extração por difusão é uma prática muito comum em processos químicos. Muitas vezes deseja-se extrair de corpos sólidos um determinado soluto e isto pode ser feito através de uma extração sólido-líquido. Este módulo trata sobre este assunto. O problema consiste em se extrair um produto de química fina (Produto farmacêutico) de alto valor agregado de um meio sólido. O modelo real não possui uma solução analítica visto que, a forma do sólido contendo o soluto, não é fixa. Mesmo que fosse, a forma influencia na solução deste problema de contorno. A idéia é se aproximar a forma do mesmo por partícula esféricas sólidas. Este formato, que muitas vezes se aproxima do preenchimento de colunas de extração utilizadas na prática, traz associado uma maior facilidade na aplicação das condições de contorno inerentes ao problema. Com relação às hipóteses que serão formuladas posteriormente, este problema real tem uma vantagem para a sua modelagem. Como a relação (massa solvente/massa soluto) é muito grande, na prática, após a extração do soluto, pode se assumir que existe apenas traços do soluto no solvente, de forma que pode-se assumir que a concentração do soluto no solvente é sempre nula. Formula-se a seguir as hipóteses do problema, mostrado esquematicamente na figura abaixo. Hipóteses: - A extração do soluto dentro das esferas porosas se dá por difusão . - A concentração do solvente não se altera e sempre é nula: C = o (em termos práticos a quantidade de solvente é tão alta que o soluto extraído deixa apenas traços de concentração no solvente. C = 0 Equação Geral : - - C C (r, θ , , t) C C (θ , z) A difusão é do interior das esferas sólidas para o solvente. O coeficiente de transferência de massa entre sólido e fluido é muito elevado, o que equivale dizer que a concentração no exterior das esferas é igual à concentração do solvente; C (r = R) = C = 0 (condição de contorno do modelo) Na prática C é constante e uniforme para uma certa esfera (e não no trecho da coluna que contém as partículas). Existe simetria em e , => C =C (r,t). Propriedades físicas permanecem uniformes e constantes. Como a difusão ocorre dentro do interior das esferas sólidas, a equação geral para difusão sem reação química fica: D. 2 C C div(C. V) t (01) Como o material é sólido: V 0 , logo D. 2 C C t (02) Para coordenadas esféricas 1 2 C 1 C r r 2 r r D t (03) As condições de contorno são CC1 (condição inicial) t = 0 0 r R C ( r, t ) = C int r=R CC2 t > 0 C ( R, t ) = C = 0 CC3 C ( r, t ) possui valor finito para 0 r R (04) (05) (06) Utilizando o método de separação das variáveis: C ( r, t) = R (r ) . (t) (07) C R`( r ).(t ) r (08) 2C R``( r ).(t ) r 2 (09) C R(r ).`(t ) t (10) Substituindo nas Eq. Dif. Parcial (Eq(3)) 1 2 1 . r .R`(r). (t) .R(r ).`(t ) 2 D r r 1 1 . 2r.R`(r). (t) r 2 .R``(r). (t) .R(r ).`(t ) 2 D r (11) 1 1 . 2r.R`. r 2 .R``. .R.` 2 D r (12) Dividido por C R. 0 1 1 1 .` . 2r.R` r 2 .R`` (constante ) 2 D r R f (r ) (13) g ( ) Note que não é possível possuir soluções triviais, visto que, dividimos por R. para separar as equações. é uma constante e não pode assumir valores negativos ( 0 ) porque C ( t ) possui valores finitos no intervalo 0 r R e 0. Fica a cargo do leitor investigar valores negativos de ( < 0 ) e notar que não se pode chegar à soluções fisicamente possíveis. r 2 .R``2r.R` λ 2 .r 2 .R 0 (14) θ`λ.D.θ 0 (15) - Da equação (15): θ(t) A.exp( λ.Dt) (0 pela CC3 equação ( 6)) Quando = 0 => t = A constante - (16) (17) Da equação (14): dR d 2R + 2r . + r2 R = 0 r . 2 dr dr 2 Definir y = r . R => R (r) = y r r (18) (19) dR 1 1 = . y` - 2 . y dr r r (20) 2 2 d 2R 1 = . y`` - 2 y`+ 3 . y 2 r r r dr (21) Substituindo as equações (19), (20) e (21) na eq. (18) y 2 2 1 1 1 r2 . . y`` 2 y` 3 y + 2 . r . y` 2 y + r2 . = 0 r r r r r r (22) 2y 2y + 2y` + ry = 0 r r ry`` - 2y` + (23) y`` + y = 0 Para = 0 (24) y = Bo.r + Co ou R.r = Bo.r + Co => R = Bo + > 0 y = B . sen ( r) + C. cos ( . r) R= 1 . B . sen( .r) C . cos( r) r Co r ou (25) (26) (27) Pela condição de contorno CC3 => C(r,t) é finita. 1 r r0 lim Co = o e C = o .r lim sen e r r 0 portanto: (28) então: A o B o .A C (r,t) 1 A exp( Dt ). r .sin (29) 0 (solução no estado estacionár io) r ( Solução em regime transient e) ) (30) (31) Em um tempo infinito a concentração dento da esfera é nula, então Ao = 0 Pela C.C1, t = 0 r C (r,o) = Cint Pela C.C2 => t > 0 r = R C (R,t) = 0 , ou 1 A . exp (- . D . t) . . sen ( . R) = 0 R Para solução não trivial, isto somente é possível se: n. R (32) (33) (34) .R n n = 1, 2, 3... (35) 2 n = 1, 2, 3... n. 2 1 n..r C (r , t ) An. exp .D.t sen . R r R (36) n = 1, 2, 3... (37) Pela superposição das soluções: n 2 1 nr C (r , t ) An. exp .D.t sen R n 1 R r (38) 1 n r C(r,0) An. sen Cint r n 1 R Pela C.C1 (39) Multiplicando por r: n..r C int .r a An. sen n 1 o r a (40) A solução dessa equação é uma série de Fourier de senos, onde . An 2 R Cint.r .sen n.π.π.dr = 2.R.C int . 1 0 n. r a C(r, t ) (-1) n n 1 n n = 1,2,3... n. 2 1 n..r 2R Cint . exp .D.t sen n. R R r (41) (42) Rearranjando n..r sen 2 R n. n . C(r , t) 2C int (1) . exp .D.t . n1 R n..r R (43) A quantidade total do soluto difundido no solvente (considerando N particulas) é dado por: R C(t) N C(r, t).A.dr , onde A = 4r2 0 Note que a integral é sobre todo o volume da esfera para se obter a quantidade total de soluto dentro desta. Dθ sen n r R R 4π r 2 dr . n.π r R 1n exp n.π R 0 n 1 C(t) N 4 C(r, t).r 2 .dr = N 2Cint 2 (44) n.π 2 exp .D. R n.π .r N 8π Cint (1) n sen R .r.dr . n.π n 1 R n.π 2 exp .D.θ R . 8NC int (1) n n.π n 1 R n.π 2 exp .D.θ R 8C int (1) n n.π n 1 R 8π N Cint R 3 (1) 2 n n 1 8 π N Cint R 3 π2 1 n n 1 2 C (t ) 1 A * 2 exp n 2 π 2 .k.t C int n 1 n R n..r n..r cos sen R R r. 2 n . n. R R 0 R. cos .n n. R n.π 2 exp .D.t R 2 2 n π exp n 2 π 2 .k.t (45) (46) (47) (48) (49) (50) C (t ) 1 1 = A* 2 (51) C int n 1 n (corresponde a dizer que todo o solvente está dentro das N esferas.Logo C(t) = Cint) Quando t = 0 1 2 O somatório. 2 é conhecido e vale , portanto: 6 n 1 n 1 A* 6 2 , logo A* 2 6 C (t ) 6 2 C int 1 n n 1 2 (52) exp n 2 2 .k .t (53) C (t ) , que corresponde ao total de droga dentro C int das esferas , mas sim o que foi liberado de dentro das esferas, que corresponde à : Nos experimentos, o que se mede não é C * t C (t ) 1 , C int C int C * t 6 1 2 Cint π 1 n n 1 2 logo: exp n 2 π 2 .kθ (54) (55) Esta equação corresponde ao modelo da liberação de soluto de esferas sólidas, por difusão. O modelo foi testado em um trabalho de doutorado na FEQ/UNICAMP, sob orientação da professora Maria Helena Andrade Santana. O modelo se ajustou bem aos dados experimentais. O método utilizado no ajuste foi o método de máxima verossimilhança e levou em consideração os desvios padrão de todas as variáveis, a saber: concentração e tempo. O software foi desenvolvido no L-CFD (Laboratório de Fluido Dinâmica Computacional).