| Açores magazine | | Açores magazine | CONSULTÓRIO CONSULTÓRIO Esparavão ósseo em cavalos Francisco Teves Médico veterinário De entre inúmeras patologias que se manifestam por claudicação (”manqueira” ou “coxeira”) nos cavalos e que afetam a sua vida desportiva, o esparavão ósseo (ou osteoartrite társica proliferativa) tem relevância no que concerne ao desempenho dos membros pélvicos (”pernas”) destes animais. Esta afeção surge nas articulações do jarrete (que compõem o osso tarso e a sua relação com o metatarso) como consequência da evolução da doença articular degenerativa (DAD). A este nível, as articulações mais envolvidas na patologia são a tarsometatársica e a intertársica distal e, ocasionalmente, a intertársica proximal. A degeneração articular que origina a evolução do processo parece ser devida a situações de compressão e rotação repetidas dos ossos társicos bem como a existência de tensão excessiva na inserção dos ligamentos dorsais principais. Também parece ser relevante a conformação do animal e em específico o ângulo formado pelo tarso, bem como a sua idade. Cavalos com jarretes estreitos e finos são mais afetados que os de estrutura mais bem desenvolvida. De um modo geral, o histórico clínico do animal envolve claudicação (coxear) gradual e intermitente, que tende a piorar após períodos de exercício intenso e que melhora apenas com períodos de repouso. Em cavalos montados, há evidencia da dificuldade em realizar círculos ou manobras que os obriguem a apoiar significativamente no(s) membro(s) afetado(s), demonstrando objeção a essas manobras pelo rodar as orelhas para trás e, eventualmente, dando “pinotes”. Nestes animais a claudicação (coxeio) tende a ser pior no início do exercício, melhorando depois de serem exercitados algum tempo (”aquecidos”). Uma exceção a este padrão são os casos já graves, nos quais o exercício dos animais piora significativamente a claudicação (mesmo depois de “aquecidos” pelo exercício). Também o andarem em piso duro piora a manifestação em relação ao exercício em piso mole (macio, como por exemplo a serradura). Para orientar o diagnóstico do esparavão podem ser realizadas flexões do membro pélvico as quais ao serem positivas podem dar indicação para a realização de bloqueios anestésicos regionais. Estes bloqueios permitem concluir nos casos positivos que, se quando determinadas regiões ou articulações são anestesiadas o animal melhora, a origem do problema poderá estar identificada. A realização de radiografias é obrigatória para identificar as eventuais lesões articulares. No entanto, existem casos clínicos que apresentam radiografias normais ou com poucas alterações mas têm uma claudicação significativa. Portanto, o diagnóstico terá de ser apoiado no conjunto dos meios de diagnóstico utilizados e nunca apenas num único resultado isoladamente (apenas nas flexões, ou nas anestesias ou nas radiografias). Quanto ao tratamento, naturalmente que dependerá da severidade dos sintomas/quadro clínico mas poderá incluir apenas repouso de duração variável, anti inflamatórios sistémicos que, não sendo suficientes, são associados a corticosteroides intra-articulares. Em qualquer situação clínica que exista, é sempre exigida a avaliação mecânica e angular dos membros pélvicos do cavalo para instituir a mais adequada ferração corretiva, por ferradores especializados e com o auxílio do médico veterinário assistente. A ferração tecnicamente estudada pode ter resultados muitos bons e ser bastante efetiva a ponto de ser o único suporte a manter, desde que a inflamação aguda do processo seja aliviada. 28 29 1 de dezembro de 1 1 de dezembro de 1