O CAVALO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO Geraldo Cezar de Vinháes Torres* Ana Elisa Fernandes de Souza Almeida* José Carlos de Andrade Moura* Tudo leva a crer que o povo hebreu passou a ter ciência da existência do cavalo quando esteve no Egito, vez que, somente existe a primeira referência a ele quando no “Livro do Êxodo” (15.1) foi dito: “Cantemos, louvemos ao Senhor por ter feito brilhar sua grandeza e a sua glória, e por ter precipitado no mar o cavalo e o seu cavaleiro”. No mesmo livro do Êxodo (15.4) nova referência agora a ele foi feita de modo indireto, é anotado: “Ele (Deus) precipitou no mar as carroças e o exército do faraó”. Sabe-se perfeitamente que tais carroças eram carros de guerra tracionados por cavalos. Ainda sobre este conhecido fato histórico, ocorrido com os egípcios no Mar Vermelho, o Deuteronômio (11.4) refere-se ao mesmo assunto: “...e sobretudo o exército dos egípcios e sobre seus cavalos e carroças; de modo que as águas do Mar Vermelho os cobriram quando nos perseguiam...” Anteriormente pela própria cronologia bíblica, no “Livro do Gêneses” no referente à presença de José no Egito é dito em 47.17 “Eles pois (os egípcios) lhes trouxeram os seus gados e José lhe deu trigo pelo preço dos seus cavalos, das suas ovelhas, dos bois e dos jumentos, o que lhes deu sustento naquele ano em troca daquele gado”. Ora, como José foi levado como escravo pelos medianitas para o Egito, cerca de 1500 aC, esta data marca aproximadamente a presença do cavalo no Egito, acertadamente como animal de tração em carros de guerra, já que em 1294 aC se defrontaram egípcios e hititas na batalha da Kadesh quando ocorreu o primeiro grande combate empregando cavalos em tração militar. Ademais por aquela época em 1400 aC, povos como os huritas, com cananeus e babilônios já utilizavam carroças tracionadas por cavalos, não existindo comprovação alguma do seu conhecimento pelos judeus. O uso do cavalo a partir do grande rei hebreu Davi (1000 a 960 aC), tornouse comum na prática militar, tanto que no Deuteronômio (8.4) é dito: “E tendo-lhe tomado Davi mil e setecentos cavalos (de guerra) e vinte mil (soldados), cortou os nervos das pernas a todos os cavalos das carroças” isto aludindo a guerra com os moabitas. Fato idêntico é narrado no “Livro de Samuel II em 8.4, tendo em vista a luta do lendário rei, travada com os filisteus e moabitas”. Ainda referente a Davi, neste mesmo Livro de Samuel II, é narrado o episódio em que o mesmo determina a seu filho Absalão “aprontar para si as carroças e os cavaleiros” (15.1). Salomão filho de Davi, que reinou entre 977e 937 aC, tornou-se o lendário rei cavaleiro dos judeus, pois a ele é atribuída a propriedade de vinte mil cavalariças, portanto no mínimo o mesmo número de cavalos. Pode-se afirmar que, muito embora o cavalo tenha sido domesticado em torno de 3.500 aC, só tardiamente foi disseminado o seu uso entre o povo hebreu, havendo anotação no que se refere a Jó, que provavelmente viveu à mesma época, de ser o mesmo proprietário de 500 jumentas, 7.000 ovelhas, 3.000 camelos e 500 juntas de bois, portanto o maior criador daquele povo, todavia não sendo relacionado o número de cavalos se é que chegou a possuí-los (Jó 1.3). (*) Acadêmicos Titulares da Academia Baiana de Medicina Veterinária.