O comércio de cavalos em Cabo Verde ( 1460

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O comércio de cavalos em Cabo Verde ( 1460-1518):
Consequências económicas, sociais e institucionais.
Bertelina Brito
Mestranda em História Moderna e Descobrimentos portugueses
UNL-FCSH
Palavras-chaves: Cabo Verde, cavalos, economia e sociedade.
Situado a meio caminho entre os continentes Europeu, Africano e Americano, Cabo
Verde, a partir de 1460 (data oficial do seu descobrimento), desempenhou um papel
muito importante como ponto de escala e ligação da navegação transatlântica e do
comércio triangular que se desenvolvia na época do seu achamento, sobretudo no que
respeita ao tráfico de escravos e outras mercadorias na costa africana.
O desenvolvimento do povoamento e implementação de estruturas sociais,
económicas e religiosas no arquipélago, ao longo dos séculos XV e XVI, foi fortemente
condicionado por pela sua correlação com a costa africana, mais precisamente com os
designados “Rios da Guiné”.
Não dispondo de recursos naturais de importância significativa, estas ilhas foram
colonizadas pela criação de condições que permitissem a sua ocupação efectiva. Pela
carta régia de 12 de Junho de 1466 a Coroa concedeu como prerrogativa, a todos
quantos fossem vizinhos da ilha de Santiago, a possibilidade de comerciarem livremente
em toda a região da costa da Guiné, com excepção de Arguim.
A economia implementada e desenvolvida tinha que ser capaz de sustentar a
população residente e de dar resposta ao comércio que se desenvolvia na costa africana.
Assim vamos assistir nas ilhas de Santiago e no Fogo ao desenvolvimento prioritário da
produção de algodão e da criação de cavalos.
A abundância da produção de cavalos e a sua importância económica, como um dos
principais produtos internos do país no século XVI, nos é demonstrado pelos vários
autores que recorreremos para realização desta trabalho, nomeadamente Valentim
Fernandes, Duarte Pacheco Pereira e André Álvares de Almada.
Utilizado frequentemente como meio de pagamento nos contratos de arrendamento e
considerado pelas classes nobres africanas como animal de luxo, nobreza e guerra,
indicativo de ostentação e poder dos chefes políticos e religiosos, o cavalo tornou-se
numa mercadoria sobrevalorizada no mercado fronteiro dos rios da Guiné e num suporte
de um poderoso comercio à longa distância.
Toda a estrutura económica, social e institucional que se desenvolveu nas ilhas
visava essencialmente o mercado africano e nomeadamente esta florescente permuta de
equídeos por escravos. O sistema económico do arquipélago no século XV e XVI,
assente na agro-pecuária intensiva, foi condicionado tantas condições climáticas como
pelo mercado africano.
Pretendemos, com o nosso artigo, demonstrar como este interesse dos africanos
pelos cavalos condicionou a ocupação e administração dos solos das ilhas, o
povoamento e a criação de instituições sociais e económicas no dito arquipélago.
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