Resumo Aula-tema 01: Desenvolvimento Econômico

Propaganda
 Resumo
Aula-tema 01: Desenvolvimento Econômico Conceitos Principais e Realidade Atual
O tema desta aula preocupa muitos pensadores desde o final do século XVIII.
Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus, John Stuart Mill, Karl Marx, entre
outros, preocupavam-se com a explicação das causas do desenvolvimento e da
riqueza das nações. Nessa época desenvolvimento econômico ainda era confundido
com crescimento econômico e riqueza (ouro, prata, dinheiro, indústria forte). Os
indicadores de crescimento eram o Produto Interno Bruto (PIB) e a renda per capta.
Mesmo após dois séculos de alto crescimento econômico no mundo, existem
profundas desigualdades sociais e de renda entre os países e não há perspectivas
de acabar com elas no curto prazo, embora existam iniciativas para isto, como os
programas governamentais de distribuição de renda, dos quais o programa brasileiro
Bolsa Família e o Fome Zero, iniciados no governo Lula, tornaram-se referências
internacionais. Outro programa importante foi o Minha Casa Minha Vida lançado por
Dilma Roussef em 2009.
Em 2011 a Food and Agriculture (FAO), órgão da Organização das Nações
Unidas, discutiu um programa de combate à fome, inspirado na iniciativa brasileira e
denominado “América Latina sem Fome”.
Um dos principais fatos da história econômica mundial foi a Revolução
Industrial que gerou um rápido crescimento econômico em alguns países, como
Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Rússia, Itália e Japão, entre outros.
Estas nações acumularam riquezas com a produção e comércio de bens industriais
e cresceram rápido.
Mas, alguns países permaneceram com uma economia baseada na
agricultura e na exploração de recursos naturais, como os países da América Latina
e da África. Acentuou-se a diferença entre os ricos (industrializados) e os pobres
(fornecedores de produtos agrícolas e recursos naturais). Isto pode ser visto a partir
das Figuras 1 e 2 abaixo, que mostram a evolução do Produto interno Bruto (PIB) e
da renda per capta de países selecionados e do Brasil desde 1870 até 2002,
deixando claro o crescimento contínuo do PIB e da renda per capta neste período.
Percebe-se também o aumento da diferença entre os paises selecionados. Os
industrializados cresceram mais do que o Brasil.
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.
Os pesquisadores do tema desenvolvimento econômico tratam das seguintes
questões: Por que algumas nações são tão ricas e outras tão pobres? Por que as
pobres permanecem pobres, como se pode ver nas Figuras 1 e 2?
Alguns autores, como Rostow, Singer e Rosenstein Rodan (Damasceno et al,
2010), escreveram suas obras no Século XX, após a industrialização dos primeiros
países. Com base nas mudanças ocorridas nestas nações, eles pensaram o
desenvolvimento como um processo evolutivo uniforme em que as sociedades
passariam por cinco estágios: 1 - sociedade tradicional; 2 - pré-requisitos para o
arranco; 3 – arranco; 4 - crescimento autossustentável e; 5 - idade do consumo de
massa.
Figura 1
Evolução do Produto Interno Bruto de paises Selecionados – Milhões de dólares
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.
Figura 2
Evolução da Renda Per Capta de Países Selecionados – Em Mil Dólares
Fonte: Idem à figura 1.
Na sociedade tradicional o país tem uma economia baseada na agricultura e
no comércio e tem baixa capacidade de crescimento. Em cada um dos demais
estágios ocorre um processo de industrialização e surgem os setores de serviços e o
financeiro. Na era do consumo de massa, a economia possui todos os setores
industriais, das siderúrgicas às fábricas de carros, computadores e alimentos e
também os setores de serviços e finanças. Neste estágio, a economia tem alta
capacidade de crescimento econômico e a população tem alto nível de bem-estar
material. É uma economia dita desenvolvida.
Durante várias décadas esta visão evolutiva foi predominante e muitos
governos implementaram políticas de industrialização e tentaram trilhar os estágios
descritos acima. Só que os resultados alcançados foram diferentes, muitos não
atingiram a fase de consumo de massa e alguns permaneceram na fase de arranco.
Assim, foram considerados subdesenvolvidos.
O Brasil e alguns de seus vizinhos latino-americanos, como a Argentina,
foram exemplos deste processo de industrialização e que continuaram sendo
subdesenvolvidos. Esses países estão em estágios de desenvolvimento diferentes
e, internamente, possuem regiões e setores econômicos em vários dos estágios de
desenvolvimento. Ainda é possível encontrar regiões com características de
sociedades tradicionais nestes países. No Brasil, isto é comum no Nordeste.
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.
Celso Furtado, importante economista brasileiro, foi um dos maiores críticos
da teoria das etapas de Rostow. Ele afirmou que esta forma de ver o
desenvolvimento é um “mito”, pois nem todos os países podem atingir este estágio.
Para Furtado, os países que se desenvolveram primeiro têm maior
capacidade de inovar e de difundir as inovações. Assim, estão sempre à frente dos
demais em termos de crescimento econômico. Os países subdesenvolvidos não têm
capacidade tecnológica para alcançar o mesmo estágio dos primeiros e ficam
sempre atrasados.
Atualmente, o conceito de desenvolvimento se ampliou para dar conta dos
aspectos sociais e ambientais que afetam o mundo de hoje. Assim, o
desenvolvimento passou a ser visto não apenas pela ótica do crescimento do PIB e
da renda per capta, mas também pelas condições de vida e educação da população
e pela distribuição de renda em cada país.
Por conta disto, é cada vez mais importante a análise da distribuição da renda
gerada na economia entre a população do país. Isto é feito através do cálculo de um
índice criado pelo estatístico italiano Corrado Gini em 1912. Ele desenvolveu um
método para calcular o percentual da renda total que cada parcela da população de
um país tem em determinado ano, ou seja, como ela é distribuída. Para isso, ele
criou um índice que vai de 0 a 1 (ou de 0 a 100). O índice zero mostra uma
sociedade em que todos teriam a mesma renda per capta. Quanto mais próximo de
1 (ou de 100), maior a desigualdade de renda da população. Vejamos um exemplo.
A Noruega e os Estados Unidos são paises desenvolvidos e possuem índices
de Gini abaixo de 0,4, ou seja, a renda gerada no país é relativamente bem
distribuída. Por sua vez, Serra Leoa tem uma renda muito mal distribuída e é um
país pouco desenvolvido. Pode-se perceber que em 10 anos, alguns países
reduziram a desigualdade e outros a mantiveram ou a acentuaram.
O Brasil manteve um índice estável neste período, com tendência de pequena
queda a partir de 2000 (Ver Figura 3).
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.
Tabela 1 – Índice de Gini em países selecionados
País
Noruega
Rússia
Índia
Estados Unidos
China
Chile
Paraguai
Colômbia
Brasil
Bolívia
Serra Leoa
1995
25,8
48,7
37,8
40,8
40,3
57,5
57,7
57,1
59,1
58,9
------
2000
25,8
31,0
32,5
40,8
44,7
57,1
57,8
58,6
59,3
60,1
62,9
Fonte: PNUD, Indicadores
do Desenvolvimento
Mundial (Disponível em:
http://www.pnud.org.br/rdh/)
.
Figura 3
Evolução do Índice de Gini no Brasil
Fonte: DAMASCENO et al., 2010. (PLT – Capitulo 2).
Outro índice muito usado nos dias de hoje para discutir desenvolvimento é o
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede as condições econômicas
(renda per capta), de educação (índice de analfabetismo e taxa de matrícula no
ensino) e de longevidade (Expectativa de vida) da população. Este índice mede o
bem-estar da população.
O IDH varia de 0 (nenhum desenvolvimento humano), até 1 (pleno
desenvolvimento humano). Países com IDH de até 0,499 são de baixo
desenvolvimento humano. De 0,5 até 0,799, de médio desenvolvimento, e acima de
0,8, de alto desenvolvimento.
A Figura 4 mostra as diferenças entre países da América Latina, Europa e
Ásia, e fica evidente que os países de maior crescimento econômico nos dias de
hoje têm ainda muito a fazer em termos de desenvolvimento humano .
Figura 4
Índice de Gini de países selecionados
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.
Fonte: DAMASCENO, et al., 2010. (PLT – Capitulo 2)
O Brasil está no patamar de médio desenvolvimento humano, mas em
algumas regiões o IDH é de alto desenvolvimento. Isto pode ser visto pelos dados
da tabela 2.
Tabela 2
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Brasil, regiões e estados
REGIÕES
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
2000
0,773
0,736
0,692
0,808
0,809
0,795
2002
0,787
0,751
0,706
0,813
0,816
0,805
IDH
2004
0,787
0,755
0,713
0,817
0,825
0,809
2005
0,794
0,764
0,720
0,824
0,829
0,815
Fonte: CEPAL/PNUD/OIT, 2008.
Concluindo, este tema podemos sumarizar o conteúdo discutido acima da
seguinte forma: Desenvolvimento é diferente de crescimento econômico, pois é um
fenômeno complexo, caracterizado por aspectos econômicos, políticos, sociais e
que
é
historicamente
datado.
No
mundo
de
hoje,
desenvolvimento
e
subdesenvolvimento convivem lado a lado em muitos países e não há perspectiva
para acabar com estas disparidades.
 Conceitos Fundamentais
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.
Crescimento Econômico - Aumento da capacidade produtiva da economia e,
portanto, da produção de bens e serviços de determinado país ou área econômica.
É definido basicamente pelo índice de crescimento anual do Produto Interno Bruto
(PIB) per capita ou renda per capta. O crescimento de uma economia é indicado
ainda pelo índice de crescimento da força de trabalho, pela proporção da receita
nacional poupada e investida e pelo grau de aperfeiçoamento tecnológico.
Desenvolvimento Econômico - Crescimento econômico (aumento do Produto
Interno Bruto per capita) acompanhado pela melhoria do padrão de vida da
população e por alterações fundamentais na estrutura de sua economia. O estudo
do desenvolvimento econômico e social partiu da constatação da profunda
desigualdade, de um lado, entre os países que se industrializaram e atingiram
elevados níveis de bem-estar material, compartilhados por amplas camadas da
população, e, de outro, aqueles que não se industrializaram e por isso
permaneceram em situação de pobreza e com acentuados desníveis sociais.
Durante o século XIX, a industrialização de muitos países da Europa e da América
do Norte reduziu os demais países à condição de colônias políticas e/ou econômicas
dos primeiros. A guinada para o desenvolvimento, ocorrida a partir da Segunda
Guerra Mundial, foi quase sempre precedida por mudanças políticas profundas
(especialmente a conquista da independência política e a formação de governos que
colocavam o desenvolvimento nacional como objetivo principal); a partir daí
fortaleceu-se a idéia de “desenvolvimento”, um processo de transformação estrutural
com o objetivo de superar o atraso histórico em que se encontravam esses países e
alcançar, no prazo mais curto possível, o nível de bem-estar dos países
considerados “desenvolvidos”. O desenvolvimento de cada país depende de suas
características próprias (situação geográfica, passado histórico, extensão territorial,
população, cultura e recursos naturais). De maneira geral, contudo, as mudanças
que caracterizam o desenvolvimento econômico consistem no aumento da atividade
industrial em comparação com a atividade agrícola, migração da mão-de-obra do
campo para as cidades, redução das importações de produtos industrializados e das
exportações de produtos primários e menor dependência de auxílio externo. A
Organização das Nações Unidas usa os seguintes indicadores para classificar os
países segundo o grau de desenvolvimento: índice de mortalidade infantil,
expectativa de vida média, grau de dependência econômica externa, nível de
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.
industrialização, potencial científico e tecnológico, grau de alfabetização, instrução e
condições sanitárias. Entre os muitos obstáculos ao desenvolvimento, o principal é a
dificuldade de toda a população integrar-se ao processo.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) - O Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) foi desenvolvido em 1990 pelo economista Mahbub ul Haq, com a
colaboração de Amartya Sen. Vem sendo atualizado e divulgado pelo Programa das
Nações Unidas no seu relatório anual e publicado em mais de cem países. Trata-se
de um índice que se contrapõe a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno
Bruto (PIB) per capita ou renda per capta, e que procura considerar não apenas a
dimensão econômica, mas outros aspectos que influenciam na qualidade de vida
humana. O IDH varia de 0 (zero) a 1 (um) e representa uma medida conjunta de três
dimensões do desenvolvimento humano:
I.
a renda, medida através do PIB per capita, corrigido pelo poder de compra
da moeda de cada país;
II.
a longevidade medida através dos números de expectativa de vida ao
nascer;
III.
a educação, avaliada pelo índice de analfabetismo e pela taxa de
matrícula em todos os níveis de ensino.
Deve-se mencionar, no entanto, que o índice não é uma medida abrangente do
desenvolvimento humano, pois deixa de incluir indicadores importantes, como o
respeito pelos direitos humanos, a democracia e a desigualdade.
Índice de Gini - medida de desigualdade utilizada em estudos sobre a distribuição
da renda. Índice criado pelo estatístico italiano Corrado Gini em 1912. Ele
desenvolveu um método para calcular o percentual da renda total que cada parcela
da população de um país tem em determinado ano, ou seja, como ela é distribuída.
Para isso ele criou um índice que vai de 0 a 1 (ou de 0 a 100). O índice zero mostra
uma sociedade em que todos teriam a mesma renda per capta. Quanto mais
próximo de 1 (ou de 100), maior a desigualdade de renda da população.
Produto Interno Bruto (PIB) - refere aos valores dos produtos e serviços finais
(excluso os bens intermediários) realizados por residentes no país, em um período
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.
de tempo determinado, independente da nacionalidade da unidade produtiva dos
bens e serviços.
Renda per capita - é a renda total da economia dividida pela população residente
(não importando a sua nacionalidade) do país.
Subdesenvolvimento - Situação inferior do sistema econômico-social de um país
em relação aos padrões econômicos das nações industrializadas. Evidencia-se por
indicadores como exportação baseada em produtos primários, forte participação de
produtos industrializados na pauta de importação, importação acentuada de
tecnologia e capitais estrangeiros, persistência de elevadas taxas de desemprego,
baixa produtividade, baixa renda per capita, mercado interno bastante limitado, baixo
nível de poupança e subconsumo acentuado. O termo “subdesenvolvimento” surgiu
na literatura econômica e política a partir da Segunda Guerra Mundial, com a
emergência política dos países colonizados da Ásia, África e América Latina,
abalados por vigorosos movimentos sociais, muitos deles de caráter revolucionário.
Atualmente, a problemática do desenvolvimento tende a ser situada além de seus
aspectos econômicos, numa abordagem mais geral do sistema de relações
internacionais e segundo critérios econômicos, sociais e políticos.
 Referências
DAMASCENO,
Aderbal
O.
D.
et
al.
<strong>Desenvolvimento
econômico</strong>. 1ª ed. Campinas: Alínea, 2010.
SOUSA, Nali de Jesus de. <strong>Desenvolvimento econômico</strong>. 5ª ed.
São Paulo: Atlas, 2007.
VIAN, Carlos E. F.; PELLEGRINO, A. C.; PAIVA, C. C. <strong>Economia:
fundamentos e práticas aplicados à realidade brasileira</strong>. 1ª ed.
Campinas: Alínea, 2005.
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.
Download