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SEGMENTAÇÃO E POSICIONAMENTO1
1 – Dividir para conquistar
O Ford T foi o primeiro automóvel produzido em série, tendo sido construído, durante 19 anos
(de 1908 a 1927), cerca de 15 milhões de unidades que permitiram motorizar os Estados Unidos. Na época,
as pessoas enfrentavam dificuldades com todos os meios de transporte disponíveis – manter um cavalo, o
custo de uma carroça, os altos preços dos trens, navios e, principalmente, aviões.
Por isso, a possibilidade de comprar um carro, que por cerca de US$ 3.000 abria as portas para
o deslocamento e transporte fácil e barato em um raio de algumas centenas de quilômetros, era
maravilhosa.
A única opção disponível e acessível ao bolso popular era o modelo que vimos, e somente na
cor preta. Quem quisesse outro modelo deveria encomendá-lo em uma oficina especializada, que o faria
sob medida e entregaria após alguns meses, desde que pagasse algo em torno de pelo menos US$
500.000. Mas as pessoas aprendem, acostumam-se às novidades, e a opinião sobre aquilo que elas
consideravam ótimo em um primeiro momento muda com o passar do tempo, a experiência do dia-a-dia e
as novas expectativas. E esses mesmos consumidores já estavam achando problemas e defeitos,
desejando mais opções que permitissem novos usos e que atendessem a novas necessidades que estavam
sendo estimuladas.
O Ford T já não era mais visto como a “solução de todos os problemas” e, então, outros
modelos foram surgindo no mundo para sanar os desejos e as necessidades dos consumidores.
Esse exemplo que citamos utilizando o segmento automobilístico também pode ser levado aos outros
segmentos comerciais.
Até o começo da década de 1990 essa realidade era sentida fortemente na economia brasileira,
centrada em uma oferta limitada de produtos e serviços. As grandes indústrias ofereciam opções
engessadas, baseadas nas suas próprias percepções de necessidades, e os consumidores não tinham o
poder de escolha.
Mas a abertura econômica ocorrida principalmente no início do governo Collor obrigou as
empresas aqui instaladas a começar a se preocupar com conceitos de segmentação, posicionamento e
manutenção de clientes. Quando o mercado aprende a consumir de forma mais sofisticada, ele tende a
fragmentar-se, surgindo oportunidades para os que souberem atender melhor às necessidades específicas
desses novos segmentos. A nova regra era: mudar ou morrer.
Conhecer o comportamento de seu público-alvo e traçar estratégias para saber quem são e
onde estão os seus potenciais clientes passam a ser preocupações constantes de toda e qualquer empresa
com o objetivo de sobreviver e crescer no mercado. Portanto, segmentar não é meramente uma questão de
escolha e, sim, condição básica para se manter vivo no mercado nesta configuração tão competitiva do
ambiente. Devemos seguir o novo mandamento estratégico – “Dividir para conquistar”. Ao focarmos em um
grupo específico de pessoas semelhantes, nos tornamos especialistas nelas e em suas necessidades,
focando nossos esforços e recursos com maior eficiência, e aos poucos nos tornamos aqueles que melhor
os conhecem.
O nível de competição acirrada obriga as empresas não somente a identificar seus possíveis
clientes, como também saber onde se encontram geograficamente, conhecer seus hábitos e costumes, já
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Texto de www.ricardoalmeida.adm.br
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que a questão mais desafiadora do momento atual passa a ser saber atrair aqueles que no futuro permitirão
uma freqüência de compra ideal dentro do seu estabelecimento.
Segmentar um mercado é identificar aquelas pessoas que mantêm a sua marca viva e o seu
negócio funcionando. E um dos maiores objetivos da segmentação de mercado é prover informações para
que o administrador de marketing possa administrar o marketing mix de seu negócio eficazmente.
Comprar um automóvel na década de 80 no Brasil significava escolher um modelo da GM,
FORD, VW ou da FIAT. Hoje os consumidores têm a sua disposição, automóveis da CHRYSLER, TOYOTA,
HONDA, NISSAN, MITSUBISHI, RENAULT, PEUGEOT, BMW, MERCEDES, HIUNDAI, KIA, VOLVO e
AUDI, entre várias outras marcas. Existiam cerca de 140 modelos de veículos motorizados no começo dos
anos 70, no mundo. Hoje encontramos mais de 260.
Verifica-se uma crescente concorrência, até mesmo em um mercado tão rarefeito quanto
àquele das Ferraris esportivas de 300 mil dólares. Você pode optar por uma LAMBORGHINI, pelo novo
BENTLEY, pelo ASTON MARTIN ou pela nova MERCEDES série E. Mas será que um determinado
consumidor considera equivalentes uma Ferrari e um Bentley, por exemplo?
E a variedade de pneus para esses carros aumentou ainda mais. Antigamente se escolhia entre
pneus GOODYEAR, FIRESTONE, GENERAL ou SEARS. Hoje, além desses, você também pode optar
pelos pneus BRIGESTONE, CORDEVAN, MICHELIN, COOPER, DAYTON, KELLY, BUNLOP, MULT-MILE,
PIRELLI, ARMSTRONG, SENTRY e UNIROYAL, entre outras marcas.
A grande diferença é que aquele que costumava ser um mercado nacional, com as empresas
locais concorrendo pelos negócios, converteu-se em um mercado global, onde todos competem, em toda
parte, pelos negócios de todo o mundo.
Ser diferente significa oferecer um pacote de alto valor percebido pelo seu público-alvo
específico. Os seus clientes só vão comprar de você e não dos seus concorrentes se você conseguir fazêlos enxergar esse valor nos seus produtos.
Essa diferença pode estar na embalagem do produto, na forma como ele é divulgado, nas
alternativas de consumo, no valor da sua marca ou na combinação destes e outros fatores. Segmentar o
mercado é identificar onde estão as pessoas que tenham hábitos e costumes similares que possam ser
atendidos pelos seus produtos e serviços. Segmentar o mercado não basta, é preciso posicionar o seu
produto, a sua marca, para que o seu público segmentado capte a mensagem e se identifique com o
propósito do seu negócio.
Posicionar é mostrar para o cliente o que é o produto, qual o seu benefício e quais suas
vantagens em comparação aos concorrentes para que ele seja convencido e crie uma imagem favorável.
Posicionar é criar a imagem comparativa desejada junto ao consumidor.
Segmentar e posicionar são duas atividades estratégicas de marketing que estabelecem a base
para o resto do processo. Selecionamos o segmento mais atrativo e o convencemos de que somos a
melhor opção para ele. Assim, sempre que ele precisar de um produto que satisfaça a uma necessidade
específica, ele vai se lembrar de nós como a melhor alternativa, o que torna mais provável que ele decida
comprar de nós.
1.2 - Por que segmentar o mercado
Uma das histórias mais antigas e comumente contadas sobre a necessidade de segmentação
de mercado envolve o início da indústria automobilística, já mencionada anteriormente. Focalizando as
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necessidades de produção em massa, Henry Ford desenvolveu o modelo T como um carro destinado a
satisfazer a todos. Ford disse: “Eles podem tê-lo em qualquer cor, desde que seja preto”. Mais tarde, ao
contrário dele, Sloan Jr., da General Motors, fez os engenheiros criarem vários modelos, cada um projetado
para satisfazer às necessidades e gostos de um grupo diferente de clientes. Essa estratégia ajudou a GM a
se tornar a maior empresa do mundo. Na década de 1920, a GM ultrapassou a Ford em participação de
mercado e esta nunca mais recuperou a liderança.
Como Sloan Jr, os administradores de marketing devem reconhecer que um único produto de
marketing raramente é adequado para atender às necessidades e desejos de todo o mercado. Servir
apenas uma parte do mercado é muito mais eficaz, já que permite à empresa especializar-se em atender a
essa determinada parcela da população com maior competência.
Diferentes percepções levarão a diferentes decisões na escolha e consumo, em conjunto com
outras variáveis como poder aquisitivo, cultura etc. É por isso, então, que existem diversas empresas no
mercado que vendem produtos para parcelas da população com gostos e poder de compra muito
diferentes, necessitando de diferentes estratégias para atingi-las.
Vamos ver as estratégias utilizadas por algumas empresas do ramo de móveis, que atendem
populações diferentes.
Casas Bahia: Lojas como essas são conhecidas por serem grandes varejistas de móveis populares. As
estratégias de marketing usadas são claramente direcionadas a atingir um público com uma alta
sensibilidade a preços e orçamento limitado. O composto de preço, dentro do marketing mix, é administrado
com o objetivo direto de facilitar o acesso deste segmento de mercado aos produtos vendidos. A
comunicação maciça em rede nacional de TV tem o objetivo de atingir o maior número de lares possíveis
para que seu diferencial seja conhecido e aceito. Site: http://www.casasbahia.com.br
Shopping D&D: Este shopping abriga um conjunto de lojas de móveis e outros produtos voltados para
segmentos bem opostos. A estratégia de marketing de comunicação massiva não faz sentido para esse
público, disposto a pagar muito mais por diferenciação e sofisticação. Sua comunicação, mensagens e
mídias são mais sofisticadas e focadas. Site: http://www.dedshopping.com.br
Artefacto: Lojas como essa comercializam móveis feitos por designers. Exclusividade, ao contrário de
preço, é o que mais pesa. A propaganda de massa em rede nacional de TV seria um desperdício, pois o
seu público é bastante específico e em quantidade bem menor. Uma estratégia de mala direta e a
participação em exposições de decoração, bem como o patrocínio de eventos com a participação de
famosos arquitetos, são estratégias que devem surtir mais efeito e podem ser mensuradas pela loja. Site:
http://www.artefacto.com.br
Estes são alguns exemplos de segmentação de mercado. Na verdade estamos falando do
segmento-alvo que a empresa deseja atingir, e para isso deve estudar os seus hábitos, gostos, classe
social etc. e desenvolver estratégias de marketing direcionadas para isso.
1.3 - Como segmentar o mercado
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Para segmentar o mercado, a primeira coisa é ter em mente, com precisão, o objetivo do seu
negócio, suas características e os benefícios do seu produto ou serviço para seus potenciais clientes.
Vamos partir de um exemplo prático para entender melhor este tópico. Imagine que você tenha
tido uma idéia inovadora e decidiu abrir o seu próprio negócio: montar um lava-rápido que atende em
domicílio. Para começar, você contrata duas pessoas, compra uma máquina wap, começa a oferecer os
seus serviços a quem possa interessar e também faz um anúncio nas páginas dos classificados dos
principais jornais da região.
Passado algum tempo, você percebe que os negócios não vão indo muito bem, apesar da idéia
ter sido bem aceita pelas pessoas que utilizaram o seu serviço. Avaliando melhor a situação, você percebe
que a concorrência é o seu maior problema. Postos de gasolina, lava-rápidos convencionais de bairro e até
pessoas que fazem um “bico” nos finais de semana, além da objeção dos condôminos que não utilizam
seus serviços e ficam descontentes em ver a sua empresa gastar água do seu edifício para lavar carros de
alguns poucos.
Qual seria então, a saída para o seu negócio seguir em frente com sucesso?
A saída estratégica para aumentar sua competitividade é a segmentação do mercado, identificando os de
maior potencial, e a especialização em um nicho ou segmento. Vamos ver a seguir como isso pode ser
feito.
Vamos imaginar, por exemplo, que o seu lava-rápido só irá funcionar em domicílio corporativo.
Isso mesmo: você oferecerá conveniência e praticidade a funcionários de empresas que não têm tempo de
sair do escritório para lavar seu carro e não gostariam de gastar tempo com isso nos finais de semana.
Agora você descobriu um segmento de mercado a ser explorado.
O próximo passo é selecionar quais empresas você vai prospectar. Parece simples responder a
essa pergunta, mas ela exige um conhecimento prévio dos seus recursos e da sua localização, entre outros
fatores. Se você está situado em uma cidade como São Paulo, é fundamental escolher um local para
instalar sua empresa que seja perto de médias e grandes empresas que possuam estacionamento.
Problemas como trânsito e custo de transferência de maquinário para as empresas clientes devem ser
levados em consideração. Uma idéia interessante é substituir a água por produtos químicos como ceras
especiais, que eliminam a necessidade de se usar água. Este sistema já está sendo utilizado em grandes
centros comerciais e shopping centers.
O importante na segmentação de mercado é que você avalie o tamanho de seu negócio e
prospecte empresas que você tenha capacidade de atender. Nesse estudo que fizemos sobre o lava-rápido
domiciliar, é pouco provável que vendedores sejam seus clientes nestas empresas, pois passam
pouquíssimo tempo na sede. O seu nicho deve ser funcionários internos que passam todo o tempo na
empresa.
Para segmentar o mercado de uma maneira eficaz, o ideal seria fazer um levantamento, por
exemplo, de quantas empresas com mais de 50 e menos de 200 funcionários existem num raio de cinco
quilômetros da sua sede. Depois, selecionar quantas dessas empresas possuem estacionamento para os
veículos dos funcionários. Estas seriam as primeiras empresas a serem prospectadas.
Passado algum tempo, você aprenderá mais sobre seus clientes e terá condições de mensurar
quais empresas trazem mais rentabilidade e até elaborar um plano de incentivos visando maximizar o seu
relacionamento com seus principais clientes.
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1.4 - Tipos de segmentação
Agora que já discutimos por que e como segmentar um mercado, vamos ver os tipos de
segmentação mais comumente utilizados pelas empresas.
Existem dois processos básicos para se escolher as variáveis de segmentação mais adequada
a cada mercado:
• Métodos estatísticos: agrupam clientes a partir de indicadores estatísticos, como variância e
correlação;
• Utilização da experiência e do conhecimento de profissionais da área: o administrador se
apóia em seu conhecimento de mercado, nas tendências atuais de compras, nas pesquisas de marketing e
no bom senso.
As inúmeras maneiras de segmentar mercados de consumo variam da idade dos consumidores
às suas atitudes e comportamento de compra. Para avaliar as possibilidades, é útil agrupar as bases de
segmentação em categorias amplas como as que veremos a seguir. Mas antes disso, conheça as ações de
segmentação que a empresa Bauducco implantou.
A Bauducco, tradicional fabricante de panetones de Natal e colombas de Páscoa, para driblar a
alta sazonalidade de seus produtos, passou a oferecer itens para o café da manhã e para o mercado
infantil, como bolos, biscoitos e torradas. Assim, ela usa o equipamento e as competências em panificação
que já possui para atender a esses novos segmentos.
No Nordeste, a empresa passou a explorar as festas regionais com comidas típicas, como péde-moleque, durante as festas juninas em cidades como Campina Grande, na Paraíba.
Vamos conhecer os tipos de segmentação a seguir.
Segmentação Demográfica
Trata-se da maneira mais comum de segmentar mercados e visa dividi-lo com base em
características da população como sexo, idade, raça ou etnia, nível de renda, ocupação, nível de instrução
e tamanho e composição de família.
Por exemplo: o sucesso de segmentação da revista Exame VIP, “o melhor para o homem”,
pode ser comprovado pelos dados a seguir: dos assinantes, 87% são homens, 70% têm mais de 31 anos,
73% têm curso superior, 64% pertencem à classe A e têm em média três cartões de crédito, gastando só
com eles, mais de 1.000 reais por mês. Sua proposta é, olhando o mundo do ponto de vista masculino,
gerar entretenimento de alto nível para homens que cultivam o verbo consumir. Assim, suas reportagens
cobrem temas como novidades relacionadas aos prazeres do homem (viagem, consumo cultural, carros,
charutos e bebidas), mulheres em ensaios bastante sensuais, saúde, moda e atitude.
Na segmentação demográfica existem subdivisões importantes e bastante utilizadas pelas
empresas. Vamos conhecê-las.

Segmentação por sexo: Esse tipo de segmentação é apropriada quando um produto pode agradar
mais a um sexo do que ao outro ou quando os membros de cada sexo podem responder de modo
diferente aos aspectos de um composto de marketing (diferentes produtos, preços, pontos de venda
ou promoções). Por exemplo: hotéis cinco estrelas de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro
reservam um andar inteiro para executivos em negócios na cidade. Dependendo do sexo,
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determinadas amenidades são encontradas nos quartos e nas dependências do andar. Você
poderia imaginar que hóspedes de hotéis como estes estariam preocupados com facilidades de
conexão via modem e forte segurança, mas se forem do sexo feminino, quartos com secadores de
cabelo sofisticados, artigos de perfumaria, um ferro de passar e um aparelho de step são
diferenciais.

Segmentação por idade: Esse tipo de segmentação é bastante utilizado pelas empresas, uma vez
que as necessidades e os gostos das pessoas mudam conforme elas envelhecem. Conforme a
pessoa passa por estágios de vida, como casamento, filhos pequenos, filhos grandes, casal idoso
sem filhos, separações, mortes etc., seu padrão de consumo se altera para atender a necessidades
específicas destes momentos. Por exemplo: a Semp Toshiba, líder em vendas de televisores, em
conjunto com sua agência de propaganda, Talent, mergulhou no mundo das tribos de adolescentes
e emergiu com a idéia de uma campanha publicitária centrada não exatamente nos atributos do
equipamento, mas na linguagem capaz de unir a juventude: a música. Sintonizados com essa
tendência, os comerciais de TV, inspirados em videoclipes, são coerentes com um dos
mandamentos da juventude no que diz respeito à propaganda: em vez de slogans vendedores ou
mensagens informativas, há música, uma sucessão de danças e imagens divertidas. O resultado:
em um ano (2003) em que as vendas no mercado de som caíram 4%, a Semp Toshiba cresceu
quase 15%.
Como acontece em outras formas de segmentação, os profissionais de marketing que se
dirigem a determinados segmentos de idade precisam ter cuidado para não ser vítimas de estereotipo. Por
exemplo: de acordo com um levantamento entre consumidores acima de 50 anos, a maioria deles está em
boa forma física, tem pontos de vista positivos e está aberta a novas experiências. A GM descobriu que o
chamado consumidor maduro não quer ser identificado estritamente por idade, mas aprecia carros com
certas características de conforto e segurança, como controles grandes e fáceis de ler e um sistema para
melhorar a visão noturna.

Segmentação por raça ou etnia: O administrador de marketing pode achar lucrativo segmentar o
mercado de acordo com a raça ou grupo étnico, dependendo do tipo de produto ou serviço que
trabalha. Esse tipo de segmentação evita o pressuposto – freqüentemente incorreto – de que os
gostos, valores e necessidades da etnia ou raça dominante definem todo o mercado. Porém, é
preciso ter o cuidado de assegurar-se de que seus esforços sejam autênticos e acurados. Um
exemplo de sucesso que podemos citar é o da revista Raça, que vem obtendo crescente aceitação
entre o público feminino negro.

Segmentação por renda, instrução e ocupação: A segmentação por nível de renda ajuda o
administrador de marketing a determinar quais consumidores mais provavelmente responderão a
uma determinada combinação de preços, estilo e qualidade. A renda é um fator importante de
segmentação, já que a pessoa tende a consumir de acordo com seu poder aquisitivo. Por exemplo:
a Credicard faz isso oferecendo seu cartão de crédito via mala direta a estudantes universitários.
Dessa forma, a empresa visa atingir um segmento que, teoricamente, alcançará ganhos maiores
durante a vida do que a população em geral. As segmentações por nível de instrução ou por
ocupação são outras maneiras de explorar os vários mercados. De modo geral, o grau de instrução
está associado ao nível de informação que a pessoa tem e sua propensão à leitura. A ocupação da
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pessoa direciona seu interesse para temas relevantes à sua área de atuação. É comum, por
exemplo, o profissional assinar uma revista da sua área.
Para a segmentação demográfica e suas ramificações, existem diversas empresas
especializadas no mercado que vendem os chamados mailings, que são bancos de dados com diversos
tipos de informações. Um exemplo delas é a DataListas, uma empresa do Grupo Abril que possui
atualmente um banco de dados com mais de 30 milhões de nomes, composto pelos assinantes de revistas,
compradores do Grupo Abril e consumidores de empresas parceiras. Os mailings estão disponíveis para
locação e podem ser usados para mala direta (etiquetas e arquivos digitais), telemarketing e e-mail
marketing.
A quantidade de informações existentes nesses bancos de dados é enorme. O administrador de
marketing pode cruzar informações sobre renda, local de moradia, faixa etária e assim por diante para suprir
suas necessidades específicas de segmentação. Porém, é essencial gerenciar tais informações de maneira
a agregar valor à sua estratégia e integrá-la ao plano e aos objetivos não só da área de marketing, mas da
empresa como um todo.
Segmentação Geográfica
Para usar a segmentação geográfica, o administrador de marketing deve dividir o mercado total
em grupos, de acordo com a localização ou com outros critérios geográficos, como densidade populacional
ou clima. Para quem atende a mercados globais, diferenças entre países podem tornar útil a segmentação
por país. Na China, por exemplo, condicionadores de ar simbolizam tanto luxo que os compradores
chineses querem os modelos mais sofisticados. Para servir o mercado chinês, a Fedders – fabricante de
condicionadores de ar – desenvolveu um novo modelo, elegante, leve e eficiente em termos de energia, e
ofereceu recursos mais sofisticados, como o controle remoto.
Tendo como foco o território nacional, os profissionais de marketing no Brasil podem usar nossa
divisão tradicional em regiões: sul, sudeste, centro-oeste, norte e nordeste; ou a divisão em um único
estado ou área metropolitana; ou ainda, para ser mais específico, pode-se segmentar o mercado com base
em bairros.
A segmentação geográfica pode ser baseada em estatísticas que reflitam mudanças na
população. Por exemplo, um administrador de marketing pode descobrir quais estados, regiões do país ou
nações do mundo têm o mais rápido crescimento populacional. Além disso, pode-se comparar os desejos e
necessidades de vários segmentos geográficos a fim de procurar diferenças e semelhanças que podem
ajudar no lançamento de um novo produto ou serviço.
Segmentação Psicográfica
Trata-se de um tipo de segmentação de mercado que envolve a medição do estilos de vida dos
consumidores, ou seja, a maneira como as pessoas conduzem sua vida, incluindo suas atividades,
interesses e opiniões.
Pesquisas de comportamento de consumo nos últimos 50 anos sugerem que a segmentação
com base em variáveis demográficas e geográficas representam de forma parcial o processo de escolha e
consumo. Quando usamos variáveis de segmentação diretamente ligadas ao processo em si, os segmentos
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resultantes tendem a apresentar maior associação com o comportamento final de compra. Por exemplo, a
Pepsico, dona das marcas de salgadinhos Elma Chips e Frito-Lay no Brasil, conduziu uma pesquisa que
identificou duas amplas categorias psicográficas de consumidores de petiscos, que ela chamou de
Conscientes e Indulgentes.
Os Conscientes eram com maior freqüência mulheres, com grande probabilidade de fazer
exercícios, ler revistas de saúde e boa forma, estar preocupadas com a nutrição e ler os rótulos dos
produtos. A batata frita de teor de gordura reduzido é orientada para esse grupo. A batata frita tradicional,
por sua vez, está voltada para os Indulgentes, que são, em sua maioria, homens no final da adolescência e
adultos jovens, que adoram comer petiscos, não se preocupam com o que comem e não querem sacrificar
o sabor por uma redução na gordura.
SEGMENTAÇÃO BASEADA EM PENSAMENTOS E SENTIMENTOS
Os profissionais de marketing podem segmentar um mercado de acordo com o que os
consumidores pensam e sentem sobre um produto, marca e seu valor. Para alguns produtos, as atitudes
dos compradores para com a categoria do produto ou compra são importantes.
Por exemplo: como alguns consumidores odeiam discutir sobre o preço de carros usados, os
revendedores podem responder a isso apresentando-se como confiáveis ou estabelecendo contatos em
que o preço do carro é definido previamente. Já outros consumidores gostam de negociar preços e acham
que podem conseguir mais vantagens, se puderem discutir diretamente, de forma até ardorosa, com o
vendedor.
Os consumidores também podem diferir quanto aos benefícios que estão procurando em uma
compra. Certas pessoas querem preço baixo acima de tudo, ao passo que outras podem enfatizar a
conveniência ou qualidade do produto. Alguns consumidores percebem maior valor em produtos
sofisticados, enquanto outros apenas querem saber se o produto funciona bem.
A segmentação com base em quais benefícios dos produtos os clientes desejam é chamada
segmentação por benefícios. Muitas variedades de pastas de dente são promovidas com base nos
benefícios que os consumidores querem, que incluem preço baixo, sabor agradável, dentes mais brancos,
prevenção de cáries, remoção do amarelado do cigarro, sensualidade ou hálito refrescante.
Para usar essa segmentação, os administradores de marketing precisam saber quais benefícios
diferentes segmentos procuram obter com a compra de determinados produtos, e a maneira primária de
coletar esses dados é por meio de pesquisa.
Segmentação Baseada No Comportamento De Compra
O mercado pode ser segmentado de acordo com os diversos comportamentos de compra dos
consumidores, como preferência por cores, modelos, marcas etc. Por exemplo: uma pesquisa encontrou
relações entre hábitos de compra de consumidores e preferências de cor. Eles categorizavam o
comportamento dos compradores como prudente, impulsivo, pessimista, tradicional e confiante. O grupo
impulsivo, por exemplo, tende a comprar sem nenhuma lista prévia e a fazer algumas “compras-surpresa”.
Os membros desse grupo, que geralmente têm instrução universitária, gostam de preto, cinza e azul
marinho. Alguém que vende um produto destinado a ser comprado por impulso pode agradar aos
consumidores impulsivos descritos acima usando uma embalagem impressa em tons pretos e acinzentados.
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Ainda falando sobre a segmentação baseada no comportamento de compra dos consumidores, é
importante comentar que ela geralmente centra-se em alguma combinação de freqüência de uso, situação
de lealdade e situação de usuário.

Freqüência de uso: Em muitas situações, os consumidores com maior probabilidade de comprar um
produto são aqueles que compraram o mesmo produto ou outro semelhante no passado. Portanto,
o administrador de marketing pode segmentar os mercados com base na freqüência de uso do
produto. Como exemplo deste tipo de segmentação podemos citar as companhias aéreas que
dividem seus clientes em grupos, de acordo com a freqüência de vôos. Na TAM existem os grupos
branco, azul e vermelho. Os clientes de cor vermelho são os usuários mais freqüentes, e que por
isso possuem várias regalias como check-in antecipado, sala vip nos aeroportos, prioridade de
embarque etc. Denominamos de Heavy Users aqueles consumidores que utilizam o produto com
alta freqüência, enquanto que os consumidores eventuais recebem o nome de Light Users. Esse
padrão é conhecido como regra 80/20, ou seja, a idéia de que 80% das vendas de uma empresa
são feitas para 20% de seus clientes. Para cada um deles, teremos uma estratégia de marketing
mais adequada.

Situação de lealdade: Trata-se da coerência que os clientes mantêm ao comprar a mesma marca
de um determinado produto ou ao demonstrar comprometimento em relação a ela. Alguns
compradores sempre compram a mesma marca de sabão em pó, enquanto outros verificam os
preços e compram a mais barata. O primeiro grupo seria considerado altamente leal à marca,
enquanto os últimos podem não ter nenhuma lealdade à marca. Usuários leais são importantes e
valiosos para a empresa, já que eles conhecem melhor as características do produto, defendem
seus atributos e benefícios junto a outros consumidores, consomem com maior freqüência e em
volume médio maior o produto. Já os usuários não leais geralmente são muito sensíveis a preço e
são atraídos por descontos, promoções e cupons.

Situação de usuário: Os administradores de marketing podem categorizar os consumidores de
acordo com sua situação de usuário, ou seja, se eles usaram o produto no passado, se o utilizam
atualmente, se têm probabilidade de usá-lo no futuro ou se não usam o produto.
Em muitas situações, um composto de marketing diferente pode ser necessário para cada uma
dessas categorias. Pode ser mais lucrativo servir clientes existentes do que clientes potenciais, mas servir
apenas aos clientes existentes limita o potencial de crescimento. Se não for muito provável que os clientes
existentes venham a comprar mais do que já compram, uma estratégia de crescimento pode exigir o
desenvolvimento de compostos de marketing para agradar a usuários potenciais, conquistar clientes de
concorrentes ou reconquistar ex-usuários. Um slogan como “Você dirigiu um Ford recentemente?”, por
exemplo, tenta atrair ex-usuários.
1.5 - Posicionamento
Ao selecionar um produto no meio de tantos outros você deve usar algum critério para isso. De
onde veio esse critério? Provavelmente você já recebeu alguma informação sobre essas diferentes marcas,
pensou sobre como cada uma delas oferece um tipo de benefício diferente e chegou à conclusão de quais
são melhores ou não para as situações em que você deseja adquiri-lo. Isso resultou na criação de uma
percepção favorável do produto em relação aos concorrentes na sua mente. Esse processo de criação da
imagem favorável na mente do consumidor é o posicionamento.
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Trata-se de uma questão de preferência, de gosto, de valor percebido no produto, que se
consolidou por meio de uma imagem, uma predisposição, uma “boa-vontade” em relação à marca na sua
mente.
Os clientes, em geral, buscam informações e criam uma imagem sobre as diferentes opções
que encontrou. Cabe à empresa, portanto, atuar por meio de sua estratégia de posicionamento, utilizandose das ferramentas do composto de marketing para que sua imagem seja lembrada e desejada pelo
mercado.
Os clientes guardam traços de imagens de algumas das principais opções que ele encontrou.
As principais marcas são lembradas e atualizadas quando ele obtém alguma informação relevante. As
demais marcas são aos poucos esquecidas.
Portanto, se a sua marca não é a top-of-mind, ou seja, a primeira nem mesmo a segunda ou
terceira a ser lembrada, muito provavelmente ela não será lembrada na hora em que o cliente toma suas
decisões de compra, fazendo com que o seu produto permaneça na prateleira.
Toda empresa que deseja ter sucesso em seu mercado deve brigar para estar entre as
primeiras marcas que seus consumidores lembram ou então não terá um futuro muito bom. É preciso
associar na mente do consumidor a marca com algum benefício ou necessidade que ele tem, no momento
em que ele está considerando se compra ou não, para que a compra venha a se efetivar.
A Mercedes, por exemplo, posiciona os seus carros como objeto de desejo e não meramente
como um produto que irá sanar a necessidade de locomoção do usuário.
Uma propaganda veiculada na revista Exame Vip em 1994 deixava claras as intenções da
montadora a respeito do seu posicionamento. Um slogan de página dupla dizia: “Dentro deste carro você
não verá o mundo com outros olhos, mas com certeza o mundo o enxergará com outros olhos”.
Um outro exemplo que podemos citar são as canetas Montblanc. Elas não são compradas
simplesmente para satisfazer as necessidades de escrita dos clientes, mas vistas como pequenas jóias.
Portanto, a administração do seu composto de marketing, que engloba desde a distribuição,
venda, comunicação e precificação do produto, deve levar em conta o segmento de mercado-alvo bem
como a imagem do produto perante sua clientela.
Há vários tipos de posicionamento de marketing:

Posicionamento por concorrentes;

Posicionamento por atributos;

Posicionamento pelo uso ou aplicação ;

Posicionamento por usuários;

Posicionamento por classe de produto.
Concorrentes: A maioria das estratégias de posicionamento inclui o posicionamento de um
produto em comparação com marcas dos concorrentes. O SBT usou este tipo de posicionamento quando
se comparou à Rede Globo dizendo: “Liderança absoluta no segundo lugar”.
Atributos: O administrador de marketing pode posicionar um produto com base nos seus
atributos, como suas características. Uma farmácia 24 horas, por exemplo, poderia anunciar a conveniência
como seu principal atributo. A rede de supermercados Carrefour poderia se diferenciar na entrega de
compras em domicílio criando a entrega expressa para até 50 itens.
Uso ou aplicação: Um produto pode ser posicionado para uso específico. A Mastercard se
posicionou como a administradora de cartões de crédito mais útil para transações do dia-a-dia, ou seja, um
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modo de organizar as finanças e pagar despesas rotineiras. Foi desenvolvido um sistema de computador
que lida com pequenas compras rapidamente sem necessidade de assinatura e oferece aos supermercados
descontos nos terminais do cartão de crédito, ajuda com o marketing e um programa para ligar contas
Mastercard a um programa de compradores assíduos.
Usuários: Pode-se decidir posicionar produtos como destinados ao uso por um determinado
grupo. Foi o que ocorreu com os carros populares no Brasil. As montadoras perceberam, aos poucos, que
esses carros não serviam apenas aos que tinham pouco dinheiro, mas também aos que queriam comprar o
segundo ou terceiro carro da família e que, portanto, têm dinheiro e apreciam o conforto. Assim passaram a
oferecer uma série de opcionais que os aproximaram de automóveis de categorias superiores – hoje, cerca
de 70% dos populares saem de fábrica com algum opcional.
Classe de produto: Um produto pode ser posicionado em relação a outras classes de
produtos. O sabonete Dove, por exemplo, foi posicionado como uma mistura de sabonete e hidratante, em
vez de mero sabonete.
1.6 - Como selecionar uma estratégia de posicionamento
Para que o posicionamento tenha sucesso, os clientes potenciais precisam conhecer o produto
e as necessidades ou desejos que eles pretendem suprir. Isso será possível por meio de canais de
comunicação que dêem suporte à estratégia de posicionamento e pela definição de um preço que combine
com a posição do produto e com o valor atribuído pelo mercado-alvo.
Para selecionar uma estratégia de posicionamento, o administrador de marketing deve
considerar a participação de mercado do produto e como ele pode criar mais valor do que os concorrentes.
O produto é o líder de mercado ou vem atrás? Talvez o produto seja tão inovador (ou protegido por uma
patente) que haja pouca ou nenhuma concorrência. Essa informação influencia o tipo de estratégia de
posicionamento com maior probabilidade de sucesso.
Um produto que é líder de mercado geralmente não se posicionará diretamente contra
concorrentes menores. Já para produtos sem grandes participações no mercado pode ser útil usar o
marketing de nicho (estratégia de concentrar-se num único mercado e adaptar o composto de marketing a
ele). Ao procurar distinguir a sua empresa e seus produtos e serviços, os administradores de marketing
voltados para o valor devem preocupar-se além da imagem que criam. Os compradores de hoje, altamente
informados e com cada vez mais opções de compra, não são facilmente enganados por mensagens de
marketing que simplesmente alardeiam afirmações como fabricação personalizada ou preocupação com o
meio-ambiente.
Em vez disso, as empresas que obtêm sucesso posicionam-se com base em valor e
confiabilidade. Empresas como Toyota, Carrefour e Brastemp concentram-se em agregar valor aos seus
mercados-alvo priorizando os seus diferenciais em termos de produtos e serviços.
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