Síndrome de Marfan em uma paciente com translocação complexa

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56º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 56º Congresso Brasileiro de Genética • 14 a 17 de setembro de 2010
Casa Grande Hotel Resort • Guarujá • SP • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2
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Síndrome de Marfan em uma paciente com
translocação complexa com perda de um segmento
genômico incluindo o gene FBN1
Colovati, MES1; da Silva, LRJ1; Takeno, SS2; Mancini, TI2; Dutra, ARN2; Perez, ABA1; Melaragno, MI2
Centro de Genética Médica, Departamento de Morfologia e Genética;
Disciplina de Genética, Departamento de Morfologia e Genética, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP.
[email protected]
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Palavras-chave: síndrome de Marfan, translocação complexa, deleção 15q21.1, array,FISH
A síndrome de Marfan (SFM) é uma doença do tecido conjuntivo de herança autossômica dominante, com
expressividade variável e prevalência de 2 a 3/10.000 indivíduos. Aproximadamente 30% dos casos são esporádicos
e o restante é familial. Suas principais manifestações clínicas concentram-se em três sistemas: o esquelético, o
cardiovascular e o ocular. A doença é caracterizada por mutações no gene FBN1, localizado em 15q21, que codifica
a proteína fibrilina, principal componente estrutural das microfibras. Aberrações cromossômicas relacionadas
à SMF são raras, portanto o estudo cromossômico só é indicado em casos cujo diagnóstico clínico é duvidoso
e, acompanhados de outras características incomuns, como a deficiência intelectual. Apresentamos o caso de
uma menina de 13 anos de idade com fenótipo marfanóide e manifestações clínicas atípicas da SMF, como
deficiência intelectual e hipotiroidismo. A análise citogenética sob bandamento G, a partir de metáfases obtidas
da cultura de linfócitos do sangue periférico, mostrou uma translocação complexa, aparentemente balanceada,
envolvendo os cromossomos 6, 12 e 15. Os cariótipos dos pais são normais. O estudo molecular do DNA pela
técnica de array, utilizando a plataforma Cytogenetics Whole-Genome 2.7M Array (Affymetrix®), revelou o resultado
arr 15q21.1(45,466,733-47,335,104)1X dn. Desta forma, a paciente apresenta uma microdeleção de cerca de 2 Mb
em 15q21.1, em hemizigose. A técnica de hibridação in situ por fluorescência (FISH) permitiu a determinação
mais precisa dos pontos de quebra envolvidos na translocação e definiu um rearranjo ainda mais complexo.
Era esperado que o ponto de quebra do cromossomo 15 fosse em 15q21.1 e que a região proximal a esse ponto
estivesse no cromossomo derivado do 15. No entanto, as sondas de FISH proximal (RP11- 96N3) e distal (RP112O16) à região deletada mostraram sinais de hibridação tanto no cromossomo 15 normal quanto no cromossomo
derivado do 12, indicando que houve um outro ponto de quebra no cromossomo 15 mais proximal ao da deleção,
em 15q14 e não em 15q21.1. Assim a paciente apresenta o cariótipo 46,XX,t(6;12;15)(6pter→6q22::12q24→12qte
r;12pter→12q24::15q14→15q21.1::15q21.2::15qter;15pter→15q14::6q22→6qter) dn. Na paciente, a microdeleção,
identificada por meio da técnica de array, incluiu o gene FBN1, responsável pelo fenótipo marfanóide. Trata-se de
um achado inédito, pois não encontramos na literatura nenhum caso de uma deleção de novo ocasionando à SMF.
Apoio financeiro: FAPESP
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