Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática Realização Coordenador de Normatizações e Diretrizes da SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia Sociedade Brasileira de Pediatria Sociedade Brasileira de Reumatologia Jadelson Pinheiro de Andrade Coordenadores Paulo José Bastos Barbosa Regina Elizabeth Müller Participantes Adriana Lopes Latado Braga (SBC), Aloyzio Cechella Achutti (SBC), Auristela Isabel de Oliveira Ramos (SBC), Clara Weksler (SBC/INC), Cleonice de Carvalho Coelho Mota (SBP/SBC), Cleusa Cavalcanti Lapa dos Santos (SBC), Deuzeny Tenório Marques de Sá (SBC), Dilce Léa Magno da Silva (SBC), Edmundo José Nassri Câmara (SBC), Fátima Maria da Silva Borges (SBC), Helenice Alves Teixeira Gonçalves (SBR), Geodete Batista Costa (SBC), Joice Cunha Bertoletti (SBC), Jorge Yusef Afiune (SBP), Luiza Guilherme (INCOR), Lurildo Cleano Ribeiro Saraiva (SBC), Marcia de Melo Barbosa (SBC), Maria Cristina Caetano Kuschnir (SBP/INC), Maria Odete Esteves Hilário (SBR), Maria Helena Bittencourt Kiss (SBR), Marta Silva Menezes (SBC), Patrícia Guedes de Souza (SBP), Renato Pedro de Almeida Torres (SBC), Rui Fernando Ramos (SBC), Sheila Knupp Feitosa de Oliveira (SBP/SBR). 129 130 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática Introdução Diagnóstico A Febre Reumática (FR) e a Cardiopatia Reumática Crônica (CRC) são complicações não supurativas da faringoamigdalite causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A (EBGA) e decorrem de resposta imune tardia a esta infecção, em populações geneticamente predispostas. Para o 1º surto Para o diagnóstico das recorrências Critérios de Jones modificados pela American Heart Association (AHA) em 1992 (Tabela 1) e/ou critérios de Jones revistos pela OMS e publicados em 2004 (Tabela 2). Critérios de Jones revistos pela OMS e publicados em 2004 (Tabela 2). De acordo com os critérios de Jones a probabilidade é alta quando há evidência de infecção estreptocócica anterior (elevação dos títulos da ASLO), além de pelo menos 2 critérios maiores ou 1 critério maior e 2 menores. Tabela 1. Critérios de Jones modificados para o diagnóstico de febre reumática. Critérios maiores Critérios menores Cardite Febre Artrite Artralgia Coreia de Sydenham Elevação dos reagentes de fase aguda (VHS, PCR) Eritema marginado Intervalo PR prolongado no ECG Nódulos Subcutâneos Evidência de infecção pelo estreptococo do grupo A por meio de cultura de orofaringe, teste rápido para EBGA, elevação dos títulos de anticorpos (ASLO). Adaptado de Dajani et al, Jones criteria 1992 Update – AHA . 131 132 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática Tabela 2. Critérios da Organização Mundial da Saúde (2004) para o diagnóstico do 1º surto, recorrência e CRC (baseados nos critérios de Jones modificados). Categorias diagnósticas Critérios 1º episódio de FR* 2 critérios maiores ou 1 maior e 2 menores mais a evidência de infecção estreptocócica anterior. Recorrência de FR em paciente sem CRC estabelecida† 2 critérios maiores ou 1 maior e 2 menores mais a evidência de infecção estreptocócica anterior. Recorrência de FR em paciente com CRC estabelecida 2 critérios menores mais a evidência de infecção estreptocócica anterior.‡ Coréia de Sydenham CRC de início insidioso† Não é exigida a presença de outra manifestação maior ou evidência de infecção estreptocócica anterior. Lesões valvares crônicas da CRC: diagnóstico inicial de estenose mitral pura, ou dupla lesão de mitral e/ou doença na valva aórtica, com características de envolvimento reumático§ Não há necessidade de critérios adicionais para o diagnóstico de CRC. *Pacientes podem apresentar apenas poliartrite ou monoartrite + ≥3 sinais menores + evidência infecção estreptocócica prévia. Esses casos devem ser considerados como¨febre reumática “provável” e devem ser orientados a realizar profilaxia II, devendo ser submetidos a avaliações periódicas. † Endocardite infecciosa deve ser excluída. ‡Alguns pacientes com recidivas não preenchem esses critérios. §Cardiopatia congênita deve ser excluída. Fonte: OMS 2004 ou Adaptado de WHO Technical Report Series 923, Rheumatic Fever and Rheumatic Heart Disease, Geneva 2004 (2). Diagnóstico da faringoamigdalite Critérios clínicos validados pela OMS Mal estar geral, vômitos, febre elevada, hiperemia e edema de orofaringe, bem como petéquias e exsudato purulento, assim como gânglios cervicais palpáveis e dolorosos. Diante de quadro clínico sugestivo e teste rápido negativo, recomenda-se a realização de cultura de orofaringe. Recomenda-se a comprovação laboratorial da infecção pelo EBGA. A cultura de orofaringe é o “padrão ouro” com sensibilidade entre 90 e 95%. O teste rápido para a detecção de antígeno tem sensibilidade de 80% e especificidade de 95%. Exames sorológicos não têm valor para o diagnóstico do quadro agudo. Os mais utilizados são a ASLO e a antidesoxyribonuclease B (anti-DNase). A elevação dos títulos da ASLO se inicia no 7º dia após a infecção e atinge o pico entre a 4a e a 6a semana, mantendo-se elevada por meses até um ano após a infecção. Recomenda-se a realização de 2 dosagens de ASLO com intervalo de 15 dias (IB). 133 134 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática Critérios maiores 1 Artrite 2 •Manifestação mais comum da FR (em 75% dos casos). •Auto-limitada e não deixa seqüela, forma típica é assimétrica e migratória. •Definição: edema na articulação ou associação da dor articular com a limitação de movimentos. Eritema Marginatum •Ocorrência rara, em < 3% dos pacientes. •Definição: eritema com bordas nítidas, centro claro, contornos arredondados ou irregulares. Lesões múltiplas, indolores, não pruriginosas, podendo haver fusão, resultando em aspecto serpiginoso. 4 Coreia de Sydenham (CS) 3 Nódulos subcutâneos •Ocorrência rara, em 2 a 5% dos pacientes, muito associados à cardite grave. •Definição: nódulos múltiplos, arredondados, de tamanhos variados (0,5 a 2 cm), firmes, móveis, indolores e recobertos por pele normal, sem características inflamatórias. •Localização: sobre proeminências e tendões extensores. •Aparecimento tardio (1 a 2 semanas após as outras manifestações), regride rapidamente com o tratamento e raramente persiste por >1 mês. •Ocorre predominantemente em crianças e adolescentes do sexo feminino. •Prevalência de 5 a 36%, o aparecimento costuma ser tardio, meses após a infecção estreptocócica. •Definição: desordem neurológica com movimentos rápidos involuntários e incoordenados, que desaparecem durante o sono e aumentam com estresse e esforço. •O surto dura, em média, de 2 a 3 meses, e até 1 ano. 135 136 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática continuação Critérios maiores 5 Cardite •Manifestação mais grave, única que pode deixar seqüelas e acarretar óbito. •Aparece em fase precoce, nas 3 primeiras semanas da fase aguda. •Caracteriza-se por pancardite. Classificação Cardite subclínica Cardite leve Exame cardiovascular, Rx e ECG normais, (exceto intervalo PR), ecocardiograma com regurgitação mitral e/ou aórtica leves com características patológicas (Tabela 3). Taquicardia desproporcional à febre, abafamento da 1ª bulha, sopro sistólico mitral, área cardíaca normal, Rx e ECG normais (exceto intervalo PR), regurgitações leves ou leves a moderadas ao ecocardiograma, com ventrículo esquerdo de dimensões normais. Cardite grave Sinais e sintomas de IC; arritmias, pericardite e sopros mais importantes de regurgitação mitral e/ou aórtica podem ocorrer; no Rx, identificam-se cardiomegalia e sinais de congestão pulmonar significativos; o ECG demonstra sobrecarga ventricular esquerda e, às vezes, direita; ao ecocardiograma, regurgitação mitral e/ou aórtica de grau moderado a importante, e as câmaras esquerdas mostram, no mínimo, aumento moderado. Cardite moderada Taquicardia persistente e sopro de regurgitação mitral mais intenso, sem frêmito, associado ou não ao sopro aórtico diastólico; sopro de Carey Coombs pode estar presente; sinais incipientes de insuficiência cardíaca (IC), aumento leve da área cardíaca e congestão pulmonar discreta. Extrassístoles, alterações de ST-T, baixa voltagem, prolongamento dos intervalos do PR e QTc podem estar presentes; ao ecocardiograma, a regurgitação mitral é leve a moderada, isolada ou associada à regurgitação aórtica de grau leve a moderado e com aumento das câmaras esquerdas em grau leve a moderado. 137 138 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática Critérios menores 1 2 Artralgia Dor que afeta grandes articulações sem incapacidade funcional e sem sinais inflamatórios agudos. Não são específicas da FR, porém auxiliam no monitoramento do processo inflamatório e sua remissão. 4 Febre Intervalo PR Frequente no início do surto agudo e ocorre em quase todos os surtos de artrite. O intervalo PR pode estar aumentado mesmo na ausência de cardite. 3 Reagentes de fase aguda A velocidade de hemossedimentação (VHS) se eleva nas 1as semanas de doença. A proteína C reativa (PCR) se eleva no início da fase aguda e diminui no final da 2ª ou 3ª semana. Mais fidedigna que a VHS. A alfa 1 glicoproteína ácida apresenta títulos elevados na fase aguda, mantendo-se elevada por mais tempo. Deve ser utilizada para monitorar a atividade da FR. Na eletroforese de proteína, a alfa 2 globulina se eleva precocemente na fase aguda e pode ser utilizada também para o seguimento da atividade da doença. Exames complementares para avaliação do comprometimento cardíaco na FR Radiografia (Rx) de tórax e eletrocardiograma (ECG) •Recomenda-se Rx de tórax para investigação de cardiomegalia e sinais de congestão pulmonar. •Os achados do ECG são inespecíficos e transitórios. Os mais freqüentes são taquicardia sinusal, distúrbios de condução, alterações de ST-T e baixa voltagem do complexo QRS e da onda T. O ECG normal não exclui o envolvimento cardíaco, e o diagnóstico de cardite não deve ser baseado unicamente em anormalidade eletrocardiográficas. Outros exames diagnósticos Ecocardiograma •Biópsia endomiocárdica tem baixa sensibilidade para diagnóstico da cardite; •Cintilografia com Gálio-67 e cintilografia anti-miosina para se obter imagem da inflamação miocárdica são limitadas. •A OMS recomenda, nas áreas endêmicas, o ecocardiograma para diagnóstico de cardite subclínica (IB). 139 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática 140 Tabela 3. Critérios ecocardiográficos para diagnóstico de valvite subclínica. Tipo Critérios* Regurgitação mitral* Jato regurgitante holossistólico para o átrio esquerdo com velocidade de pico > 2,5 mm/s e com extensão > 1 cm; padrão em mosaico e identificado no mínimo em 2 planos. Regurgitação aórtica* Jato regurgitante holodiastólico para o ventrículo esquerdo com velocidade de pico > 2,5 mm/s e identificado no mínimo em 2 planos. Adaptado de Veasy LG (1995). *Espessamento dos folhetos valvares aumenta a especificidade dos achados. Tabela 4. Diagnóstico diferencial das principais manifestações da febre reumática. Artrite Cardite Coreia Nódulos subcutâneos Eritema marginado Infecciosas virais Rubéola, caxumba, hepatite Infecciosas virais Pericardites e perimiocardites Infecciosas Encefalites virais Infecciosas Septicemias Bacterianas Gonococos, meningococos, endocardite bacteriana Reativas Pós-entéricas ou pós infecções urinárias Doenças reumáticas Artrite idiopática juvenil, lúpus eritematoso sistêmico Outros Sopro inocente, sopro anêmico, aorta bicúspide, prolapso de valva mitral Doenças reumáticas Lúpus eritematoso sistêmico Outros Síndrome anti-fosfolípide, coreia familial benigna Doenças reumáticas Artrite idiopática juvenil, lúpus eritematoso sistêmico Outros nódulos subcutâneos benignos Doenças hematológicas Anemia falciforme Neoplasias Leucemia linfoblástica aguda Doenças reumáticas Lúpus eritematoso sistêmico, artrite idiopática juvenil, vasculites. Reações a drogas Doenças reumáticas Idiopático 141 142 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática Tratamento da febre reumática aguda Controle da temperatura Hospitalização (IIa-C) Indica-se internação hospitalar para os casos de cardite moderada ou grave, artrite incapacitante e coréia grave; Repouso (IIa–C) Não há recomendação de repouso absoluto para a maior parte dos pacientes com FR que deverão, entretanto, ficar em repouso relativo (domiciliar ou hospitalar) por um período inicial de 2 semanas. Nos casos de cardite moderada ou grave, recomenda-se repouso relativo por um período de 4 semanas. O retorno às atividades habituais deverá ser gradual, dependendo da melhora dos sintomas e da normalização ou redução acentuada do VHS e PCR. Erradicação do estreptococo Recomenda-se o paracetamol, como 1ª opção, ou dipirona, como 2ª opção. Não é recomendável o uso de anti-inflamatórios não esteróides (AINES), inclusive o AAS, até que se confirme o diagnóstico de FR. O tratamento da faringoamigdalite e a erradicação do estreptococo devem ser feitos na suspeita clínica da FR, independentemente do resultado da cultura de orofaringe. Nos casos de 1º surto, o tratamento instituído corresponde ao início da profilaxia secundária Tratamento da coreia Tratamento da artrite O uso dos AINES apresenta bons resultados no controle da artrite, com desaparecimento entre 24 e 48 horas. O AAS se mantém como a 1ª opção. O naproxeno é uma boa alternativa ao AAS, com a mesma eficácia, maior facilidade posológica e melhor tolerância (I-A). As artrites reativas pós-estreptocócicas podem não apresentar boa resposta clínica ao tratamento com AAS e naproxeno. Nesses casos, está indicado o uso da indometacina. Os corticóides (CE) não estão indicados nos casos de artrite isolada. Na coréia leve e moderada, estão indicados repouso e permanência em ambiente calmo, evitando-se estímulos externos. Os benzodiazepínicos e fenobarbital também podem ser utilizados. O tratamento específico está indicado apenas nas formas graves da coréia, sendo que a hospitalização poderá ser necessária: a) haloperidol 1mg/dia, aumentando 0,5 mg a cada 3 dias, até atingir 5mg ao dia (I-B); b) ácido valproico 10mg/ kg/dia, aumentando 10mg/kg a cada semana até 30mg/Kg/dia (I-B) e c) carbamazepina 7 a 20mg/ kg/dia (I-B). Alguns estudos mais recentes têm mostrado a eficácia do uso de CE no tratamento sintomático da coréia (IIb-B). Monitorização da resposta terapêutica •Observar o desaparecimento da febre e das principais manifestações clínicas. Atentar para a normalização das provas inflamatórias, PCR e/ou VHS que devem ser dosados a cada 15 dias. •Nos pacientes com cardite, recomenda-se ecocardiograma, Rx de tórax e ECG após 4 semanas do início do quadro. 143 144 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática continuação Tratamento da febre reumática aguda Tratamento da cardite Controle do processo inflamatório •Indica-se o uso de CE nos casos de cardite moderada e grave (I-B). •O esquema preconizado é com prednisona, 1 a 2 mg/Kg/ dia, via oral, sendo a dose máxima de 80mg/dia (pode-se usar via EV na impossibilidade de uso oral, em doses equivalentes). •Nos casos de cardite leve, não há consenso, podendose: a) não usar AINES; b) usar AINES ou c) usar CE em doses e duração menores. Cirurgia cardíaca na FR aguda Na cardite refratária ao tratamento clínico padrão, com lesão valvar grave, pode ser necessário tratamento cirúrgico na fase aguda, principalmente nas lesões de valva mitral com ruptura de cordas tendíneas ou perfuração das cúspides valvares. Embora o risco da cirurgia seja mais elevado, esta pode ser a única medida para o controle do processo (I-C). Controle da IC Nos casos de IC leve ou moderada, o tratamento deve ser feito com diuréticos e restrição hídrica. Indica-se furosemida na dose de 1 a 6 mg/kg/dia e espironolactona 1 a 3 mg/kg/dia. Estão indicados os inibidores de enzima conversora de angiotensina, a digoxina principalmente na presença de disfunção ventricular ou de fibrilação atrial. Nos casos de fibrilação atrial, a prescrição de anticoagulação deve ser considerada. Pulsoterapia A pulsoterapia com metilprednisolona EV (30mg/Kg/dia) em ciclos semanais intercalados pode ser utilizada em casos de cardite grave, refratária ao tratamento inicial, como 1ª opção nos pacientes com quadro clínico muito grave e IC de difícil controle ou naqueles pacientes que necessitam de cirurgia cardíaca em caráter emergencial (I-C). Ainda pode ser usada em pacientes que não possam receber corticóide por via oral (IIb-B). Tempo de uso do CE Dose plena por 2 a 3 semanas, com controle clínico e laboratorial (PCR e VHS), reduzindo-se 20 a 25% da dose a cada semana, com tempo total de tratamento de 12 semanas na cardite moderada e grave e de 4 a 8 semanas na cardite leve. 145 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática 146 Profilaxia Profilaxia primária Baseia-se no reconhecimento e tratamento das infecções estreptocócicas. Tabela 5. Recomendações para a profilaxia primária da febre reumática. Medicamento/Opção Esquema Duração Penicilina G Benzatina Peso < 20 kg 600.000 UI IM Penicilina V 25-50.000U /Kg/dia VO 8/8h ou 12/12h Amoxicilina 30-50 mg/Kg/dia VO 8/8h ou 12/12h Ampicilina 100 mg/kg/dia VO 8/8h Em caso de alergia à penicilina Estearato de Eritromicina 40 mg/kg/dia VO 8/8h ou 12/12h Clindamicina 15-25 mg/Kg/dia de 8/8h Azitromicina 20 mg/Kg/dia VO 1x/dia (80) Peso ≥ 20 kg 1.200.000 UI IM Adulto: 500.000U 8/8 h Adulto: 500 mg 8/8h Dose máxima: 1g/dia Dose máxima: 1800 mg/dia Dose máxima: 500 mg/dia Dose única 10 dias 10 dias 10 dias 10 dias 10 dias 3 dias Profilaxia secundária Após o diagnóstico de FR ser realizado, a profilaxia secundária deve ser prontamente instituída, permanecendo a penicilina benzatina como a droga de escolha (I-A). Tabela 6. Recomendações para a profilaxia secundária. Medicamento/Opção Dose / Via de administração Penicilina G Benzatina Peso < 20 kg 600.000 UI IM Penicilina V 250 mg VO Em caso de alergia à penicilina Sulfadiazina Peso < 30Kg – 500 mg VO Em caso de alergia à penicilina e à sulfa Eritromicina 250 mg VO Intervalo Peso ≥ 20 kg 1.200.000 UI IM 21/21 dias 12/12h Peso ≥ 30Kg – 1g VO 1x ao dia 12/12h 147 148 Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática Duração da profilaxia Tabela 7. Recomendações para a duração da profilaxia secundária. Categoria Duração FR sem cardite prévia Até 21 anos ou 5 anos após o último surto, valendo o que cobrir maior período Até 25 anos ou 10 anos após o último surto, valendo o que cobrir maior período Até os 40 anos ou por toda a vida Por toda a vida FR com cardite prévia; insuficiência mitral leve residual ou resolução da lesão valvar Lesão valvar residual moderada a severa Após cirurgia valvar Nível de evidência I-C I-C I-C I-C Situações especiais Cuidados na gestação •Não há restrição ao uso de CE, penicilina e eritromicina (estearato); •Está contra-indicado o uso de: AINEs, carbamazepina, haloperidol, ácido valproico, IECA e bloqueadores de receptores de angiotensina II e sulfadiazina (III-C). •Na coréia, benzodiazepínicos em doses baixas poderão ser utilizados. •A profilaxia secundária deve continuar durante toda agravidez para evitar a recorrência da FR. Profilaxia secundária e anticoagulação Uso de anticoagulantes não contra-indica a profilaxia com penicilina benzatina. Perspectivas futuras Estado da arte da vacina contra o S. pyogenes Atualmente existem 12 modelos de vacinas, a maioria em fase pré-clínica. Os antígenos candidatos têm como base a proteína M do estreptococo (regiões N e C-terminal) e outros antígenos conservados da bactéria. Referências bibliográficas: Consultar o texto original da diretriz – Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática http://publicacoes.cardiol.br 149