Assunto: __ (_/_/_) – Prof

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AFECÇÕES CIRÚRGICAS DO PERICÁRDIO
Anatomia do Pericárdio: membrana inelástica, que recobre o coração, omposta de dois folhetos, um parietal e um visceral,
entre os quais há líquido (de 30 a 50 mL), constantemente produzido pelo pericárdio, que tem como função lubrificar os folhetos,
para diminuir o atrito entre o coração e as estruturas vizinhas. O pericárdio serve como proteção para o coração, agindo como
uma barreira contra traumas e microorganismos infecciosos.
* De uma forma geral, todas as afecções do pericárdio são raras, principalmente os tumores e os defeitos congênitos, embora as
doenças infecciosas e inflamatórias sejam ligeiramente mais freqüentes.
AFECÇÕES CONGÊNITAS DO PERICÁRDIO *Afecções muito raras.
1) Agenesia (ausência de pericárdio). Pode ser parcial ou total. Geralmente, é assintomático.
Agenesias parciais podem cursar com herniação das estruturas do coração. Agenesias parciais localizadas na porção esquerda não
raramente permitem herniação, dor e arritmias.
2) Cistos pericárdicos.
Conceito Estruturas saculares, geralmente preenchidas pelo líquido pericárdico, não costumam causar sintomatologia (meros
achados durante investigações de rotina, após raio X ou ecocardiograma).
Diagnóstico Rx / ECO / TC / RNM: Tumoração parapericárdica, preenchida de líquido. Cistos pericárdicos aparecem ao Raio X
como lesões mediastinais expansivas, de densidade homogênea, geralmente contíguas ao coração, mas que não apagam o
contorno cardíaco.
Diagnóstico diferencial muitas vezes, não há condições de diferenciá-los de tumoração verdadeira.
TTO Ressecção do cisto
TUMORES DO PERICÁRDIO *Afecções muito raras.
Tumores benignos (+ freqüentes): lipomas, fibromas e hemangiomas.
Tumores malignos: mesoteliomas, sarcomas e teratomas.
*Todos esses tumores têm indicação cirúrgica (ressecção do pericárdio).
*Muito raramente, o pericárdio pode ser sede de tumores metastáticos, principalmente daqueles com origem na pele, como o
melanoma. Um melanoma pericárdico pode causas sintomas compressivos no coração.
PERICARDITE AGUDA COM DERRAME PERICÁRDICO *Afecções mais usuais na prática cirúrgica.
*Pericardite é uma doença inflamatória do pericárdico (de diversas etiologias), que desencadeia o acúmulo de líquido (derrame
pericárdico). Líquido pode ser: citrino, sanguinolento (comumente, quando há envolvimento neoplásico) ou purulento (quando há
envolvimento infeccioso).
Etiologia: Principalmente idiopática
(a) Tuberculose. Hoje é menos freqüente, antigamente era uma das principais. Outras infecções bacterianas também
cursam com essa afecção.
(b) AIDS – mais recente, ocorrendo sobretudo na fase aguda da doença / Coxsackie B
(c) Doenças sistêmicas: LES, escleroderma, artrite reumatóide, febre reumática.
(d) Doenças metabólicas: Uremia, hipotireoidismo, gota.
(e) Tumores /pós radioterapia.
(f) IAM
(g) pós-pericardiotomia
(h) Fármaco-induzida (hidralasina, procainamida)
Diagnóstico
Quadro clínico é muito característico: Dor torácica intensa (confundida com uma angina).
Febre (presente ou não).
Atrito pericárdico (na ausculta, é muito característico)
Sinais inespecíficos de inflamação: leucocitose, VSH elevado.
PVC alto / PA baixa / FC alta
Abafamento das bulhas / Pulso paradoxal
ECG apresenta característica peculiar: supradesnivelamento de ST e inversão de onda T, lembrando as síndromes isquêmicas
coronarianas. Só que, na pericardite, essa variação eletrocardiográfica ocorre em quase todas as derivações.
* erro diagnóstico mais comum é supor infarto em casos de pericardite, pelo quadro da dor torácica e pela alteração
eletrocardiográfica semelhante.
Raio X de tórax pode ser normal, ou apresentar alargamento do mediastino, com aumento do índice cardíaco.
Ecocardiograma é o exame que dá mais subsídios diagnósticos, porque revela a presença de líquido no pericárdio, e ainda
identifica se esse líquido está ou não causando sintomas de restrição diastólica.
Fisiopatologia
Como o pericárdio é uma membrana inelástica, o derrame pericárdico poderá desencadear um tamponamento cardíaco: Acúmulo
de líquido  durante a diástole, o coração não consegue relaxar completamente  pré-carga não será totalmente efetiva.
* Tríade de Beck (tríade clássica do tamponamento cardíaco = pressão intratorácica>15mmHg):
1)Turgência jugular  reflete a elevação da pressão venosa central.
2)Queda da pressão arterial  resulta da redução da pré-carga.
3)Abafamento de bulhas  resulta da presença do líquido no pericárdio.
*Existem dois outros sinais típicos do tamponamento cardíaco:
1)Taquicardia compensatória (para tentar compensar o débito cardíaco)
2)Pulso paradoxal (durante a inspiração, aumenta ainda mais a pressão intratorácica, diminuindo o retorno venoso, levando à
queda da pressão arterial).
Tratamento
1º Tratamento inicial é sobre a causa primária (infecciosa, secundário a doença sistêmica).
2º Tratamento de sintomas específicos do derrame.
- Derrames discretos: tto sintomático (CE, AINES, Diuréticos)
- Derrame suficiente para causar sintomatologia de restrição diastólica  Pericardiocentese (punção do pericárdio, com agulha
introduzida abaixo do apêndice xifóide (subxifóide), em 45º, voltada para a esquerda, aspirando); é um procedimento diagnóstico
e terapêutico.
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- Se o volume do derrame for muito grande  Drenagem pericárdica (janela pericárdica abaixo do apêndice xifóide, identifica o
pericárdio e então introduz um dreno).
- Quando essas duas manobras não são o suficientes para aliviar a compressão causada pelo derrame (raro)  Pericardiectomia
(ressecção de toda a membrana pericárdica).
PERICARDITE CONSTRICTIVA CRÔNICA
*Não obrigatoriamente uma pericardite aguda evoluirá a uma pericardite constrictiva crônica.
*Também é um processo inflamatório, que desencadeia um espessamento dos folhetos visceral e parietal do pericárdio, o que
desencadeia restrição de contração e relaxamento inadequado do coração, levando à constrição dos ventrículos.
Raio X em perfil membrana pericárdica calcificada (característico) restringe ainda mais a contratilidade cardíaca se for o
visceral.
Etiologia Na maioria dos casos, a origem da pericardite crônica é desconhecida.
10%: Pericardite aguda prévia.
5%: Tuberculose
<%: Irradiação (+ no tto de tu de mama) / doenças inflamatórias (reumatóides, sarcoidose) / Cirurgias cardíacas.
Diagnóstico
Quadro clínico Sintomatologia típica de tamponamento cardíaco (dispnéia, devido à restrição diastólica).
Sinais de falência cardíaca direita (hepatomegalia, ascite, edema periférico, estase jugular, pulso paradoxal)  Devido à pressão
venosa central elevada, aumentando a pressão no lado direito do coração, ocorre uma restrição do sangue que chega.
Ausculta terceira bulha, característica da insuficiência cardíaca.
Raio X de tórax revela, principalmente na incidência em perfil, a calcificação típica do folheto visceral.
ECG Alterações inespecíficas, como supradesnivelamento de ST e inversão de ondas T (como na pericardite aguda), ou ainda
redução da amplitude de voltagem.
Ecocardiografia, TC e RNM são métodos auxiliares no diagnóstico, mostrando a calcificação da membrana.
*A RNM é um método pouquíssimo usual, porque é mais demorado, não sendo indicado a pacientes instáveis.
Cateterismo cardíaco Revela dados indiretos da pericardite; na medida de pressão das câmeras direita e esquerda, permite
avaliar disfunção diastólica, aumento da pressão venosa, diminuição de pressão de enchimento ventricular direito, dando
subsídios que corroboram os achados clínicos.
Tratamento
Pericardiectomia: esternotomia mediana  superfície do coração é liberada de toda a camada de cálcio que a recobre
(decorticação). *Pode ser necessária a utilização da circulação extracorpórea, devido à manipulação do coração. *Há um risco de
lesionar as coronárias durante essa decorticação, sobretudo na ressecção do folheto visceral do peritôneo, porque elas se
localizam no epicárdio.
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS:
Pericardiocentese
Drenagem pericárdica
Pericardiectomia
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