Aula de PERICARDITE E MIOCARDITE Esta aula é baseada pelo Robbins. Aqui abordaremos os aspectos morfológicos das patologias e seu mecanismo de patogênese. Em relação ao pericárdio temos que abordar dois assuntos: - Pericardites -Derrames Pericardicos Devemos fazer uma breve revisão do pericárdio. É uma membrana serosa constituída por dois folhetos. Uma camada externa ou fibrosa e uma camada interna ou celular. Ele tem função de envolver o coração diretamente, protegendo contra traumas e infecções, dentre outras diversas funções. Entre os dois folhetos existe um liquido rico em fosfolipideos chamado Liquido Pericardico, que permite o deslizamento dos dois folhetos, impedindo o atrito que seria lesivo. Logo, um DERRAME PERICÁRDICO é o acúmulo de uma quantidade anormal em uma velocidade anormal de liquido pericárdico no espaço pericárdico. Importante: Na grande maioria das vezes, a doença pericárdica vai representar uma lesão secundária, ou seja, já existe uma outra patologia que acabou levando a doença pericárdica. Derrame: Quando o aumento de volume pericárdico é LENTO e NÃO ULTRAPASSA OS 500ml, não se observa repercussão clínica na maioria das vezes, pois o coração tem tempo suficiente de se adaptar a essa condição. O máximo que normalmente se encontra é uma alteração radiológica, que é o aparecimento da forma globular na sombra cardíaca. É uma sombra cardíaca globular, redonda.Ex.: Derrame pericárdico devido insuficiência Cardiaca, DP devido insuficiência renal. Já um acúmulo RÁPIDO e até em MENOR QUANTIDADE (200-300ml) é muito pior e apresenta uma alta gravidade, pois o coração não tem tempo de se adaptar a esse processo. O que irá ocorrer será um aumento súbito de volume que não permite que o coração se expanda, levando a uma compressão do dos átrios e ventrículos, bem como das veias cavas.Assim, se o acúmulo persistir, ocorrerá um tamponamento cardíaco e posteriormente o coração vai parar. Ex.: trauma torácico, ruptura vascular, hemopericárdio, endocardite infecciosa, ruptura aórtica. Vale lembrar que o derrame pericárdico pode aparecer como uma patologia secundária a essas doenças citadas acima, mas também como um sintoma das pericardites. Pericardite: Secundária: dças. Cardíacas,distúrbios torácicos ou sistêmicos (insuf. Renal descompensada), metástases alojadas no pericárdio ( vindo de tumor primário de pulmão, entre outros), cirurgias cardíacas que lesão o pericárdio causando inflamação. Primária: viral. Causas de Pericardite: INFECCIOSAS: vírus, bactérias piogênicas, TB, fungos. ATIVAÇÃO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO (auto-imunes): Lupus eritematoso sistêmico, Febre reumática, pacientes com doença renal crônica que tem uremia, Esclerodermia, Hipersensibilidade a drogas. MISCELÂNEA (São causas diversas que não foram agrupadas nos outros 2 grupos): IAM, neoplasias, trauma torácicos, radiação pela terapêutica do câncer da região torácica. 1 No entanto, a principal classificação das pericardites e a que deve ser utilizada normalmente como forma de estudo, conversas universitárias e a mais utilizada nos livros é a que diz respeito a forma como ela se manifesta (classificação MORFOLÓGICA): Pericardite 1. Aguda 1.1 Pericardite Serosa 1.2 Pericardite Fibrinosa (ou SeroFibrinosa) 1.3 Pericardite Purulenta ou Supurativa 1.4 Pericardite Hemorragica 1.5 Pericardite Caseosa 2. Crônica 2.1 MediastinoPericardite Adesiva 2.2 Pericardite Constritiva 1) PERICARDITE SEROSA: Ex.: LES, FR, neoplasia, renal descompensado com uremia, vírus. Pericárdio não está vermelho, não está amarelado. Acúmulo líquido lento(50-200ml) densidade elevada, ↑proteína (HDL) dando uma Densidade ELEVADA,↓céls. Inflamatórias pois aumenta a permeabilidade capilar transudando líquido. 2) PERICARDITE FIBRINOSA E SEROFIBRINOSA(mais freqüente): Ex.: IAM, sd. de Dressler, uremia, radiação,FR, LES, traumas,cirurgia cardíaca.(Fig. 12-19D. Pg. 615). Líquido seroso + exsudato fibrinoso ( é a fibrina que dá a coloração amarelada). Pericárdio com superfície seca, áspera, granular, fina + líquido espesso amarelo turvo (leucócitos, eritrócitos e fibrina).Q.C.: atrito pericárdico, dor, febre, e sinais de Insuficiência Cardiaca. 3) PERICARDITE PURULENTA OU SUPURATIVA: Imunossupressão + microorganismos infectantes . (As bacterias podem vir por varias vias, como propagação direta de Empiema pleural [pus dentro da cavidadepleura], Pneumonia). Superfície avermelhada, granular recoberta por exsudato purulento aguadocremoso(400-500ml). Uma resposta inflamatória rica em neutrófilos e Fibrina.Fig. 12-37.Pg.644 4) PERICARDITE HEMORRÁGICA: neoplasia maligna no pericárdio (principal causa), infecções bacterianas, TB, diátese hemorrágica (algum distúrbio hematológico), póscirurgia cardíaca. 5) PERICARDITE CASEOSA: Sao aquelas que formam escavações no pericárdio. TB, fungos 2 OBS: As pericardites por vírus são as que tem menos complicações. O Máximo que se observa nas pericardites virais são placas fibrosas rudimentares sem repercussão clínica que se encontram no pericárdio. No entanto, todos os outros tipos apresentam complicações e repercussões clínicas. Pericardites crônicas: 1) MEDIASTINOPERICARDITE ADESIVA:saco pericárdico obliterado.Aderências fibrosas do folheto parietal ao gradil costal, diafragma e pleura, ou seja, formação de pontes fibrinosas entre o pericárdio e estruturas capsulares. Essas pontes fibrosas ocorrem por que a fibrose é o caminho de qualquer inflamação (a inflamação leva a cura ou fibrose, lembram-se?!?):↑tração do coração na sístole: hipertrofia miocárdica↔Cardiomiopatia Hipertrófica e, com o tempo, Dilatada. Com o tempo a musculatura não vai mais responder, pela saturação do coração, levando a essa cardiomiopatia dilatada. Ex.: pós-supurativa, caseosa, cirurgia cardíaca, irradiação mediastinal. 2) PERICARDITE CONSTRITIVA: Nessa pericardite a fibrose é tão forte que vai formar uma cápsula de fibrina sobre o coração que impede sua adequada expansão. Assim, se observa tecido cicatricial aderente ao coração, denso, e com o tempo fica fibrocalcificado→ limita expansão diastólica:↓débito cardíaco (Cardiomiopatia Restritiva). EX.: pós-TB. MIOCARDITES Coneito: Processos inflamatórios do miocárdio, onde as células inflamatórias provocam danos aos miócitos cardíacos. Observa-se, no entanto, aqui que por exemplo, o infarto do miocárdio não é uma miocardite, pois a causa do infarto é uma falta de vascularização por uma obstrução sanguínea. Posteriormente, as células inflamatórias vão chegar por La, pois as células inflamatórias vão ser induzidas devido a necrose. As principais causas de miocardite nos EUA (onde o Robbins é escrito) é causada pelos vírus. Já no Brasil a situação é diferente, ocorrendo principalmente por 3 outros fatores (os 3 ultimos daí debaixo). Vírus: Enterovírus (Coxsackie A e B), CMV (citomegalovirus),HIV. Pode-se fazer Sorologia e PCR para identificar tais vírus. OS vírus podem lesar as células do nosso organismo através: -Resposta imune mediada LT, onde o vírus se encontra no interior da célula, tornando a mesma um alvo para o sistema imune pois ele n consegue destruir o vírus sem destruir a célula, assim os linfócitos T acabam por destruir a célula junto com o vírus. - Efeito Citopático Direto, onde o vírus entra na célula e se desenvolve, causando destruição da mesma. No Brasil: 3 Protozoários: Trypanossoma cruzii: 80% dos infectados têm envolvimento cardíaco.10% morre em ataque agudo do coração .O resto dos pacientes vão a Cronicidade induzida pelo sistema imune↔Insuficiência Cardíaca lenta e progressiva 10 a 20 anos mais tarde. Alem do coração, esse parasita também ataque intestino e esôfago, levando a megacolon e megaesôfago. Hipersensibilidade a drogas: diuréticos, anti-hipertensivos, antibióticos. Essas drogas levam no coração uma resposta inflamatória mediado por eosinofilos. Rejeição ao coração transplantado, pois o sist.imune combate aquele órgão estranho como agente agressor. MORFOLOGIA FASE ATIVA Macroscopia:coração normal ou dilatado. Lesões focais ou difusas. Miocárdio flácido (pelo processo inflamatório) com focos pálidos e pontos hemorrágicos. Trombos murais. Microscopia: infiltrado inflamatório intersticial variável ( dependendo da causa. Viral = Infiltrado linfocítico,; Protozoário = Infiltado eosinofílico; Drogas= Infiltrado eosinofílico) + necrose de miócitos adjacentes Ex.:MIOCARDITE POR HIPERSENSIBILIDADE A DROGAS: linfócitos intersticiais perivasculares,macrófagos e EOSINÓFILOS. MIOCARDITE CHAGÁSICA: parasitação de fibras dispersas + neutrófilos, linfócitos, macrófagos e EOSINÓFILOS. (Fig. 12-36 pg. 641) CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Assintomáticos, sem seqüelas (como ocorre nas virais) Insuficiência Cardíaca,arritima de início súbito (em outras situações) Dilatação VE→regurgitação mitral→sopro sistólico (esse processo ocorre quando o coração se apresenta flácido) Fadiga,dispnéia, palpitação, desconforto precordial, febre (a febre aparece principalmente em causas infecciosas). OBS: Existe a possibilidade de morte súbita quando o paciente é de idade avançada ou quando o processo se instala de uma maneira abrupta. 4