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RESENHA CRÍTICA
“Fermento: uma questão de hermenêutica”.
Por: Flábio M. M. Oliveira
Introdução:
A presente Resenha Crítica tem por objetivo refutar a interpretação d
o autor Davis W. Huckabee, no livro: Hermenêutica “Bíblica”, onde o me
smo comete um equívoco ao utilizar como exemplo a parábola bíblica: “Par
ábola do fermento” (Mt.13:33), para explicar um dos princípios da Hermen
êutica, a lei do uso comum (LEI IV).
Nela o autor interpreta como negativa a parábola do “fermento” à pa
rtir de uma análise da palavra que dá nome à mesma presente no texto bíbli
co supracitado. São 16 as leis da Hermenêutica Bíblica desenvolvidas por
Davis W. Huckabee. Porém, será dado destaque apenas as que são necessár
ias para o objetivo em questão. Eis os argumentos do Autor;
Nós nos aventuramos a dar outro exemplo da tolice de se afastar do uso c
omum de uma palavra " neste exemplo, o uso universal de uma palavra " e
de substituir o raciocínio humano no seu lugar. Em Mateus 13:33 Jesus dis
se: "Outra parábola lhes disse: O Reino dos céus é semelhante ao fermento
, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo
esteja levedado". Soltando as amarras do ancoradouro do uso comum, e d
ando liberdade para a imaginação, os homens têm concluído que aqui ferm
ento era um tipo do Evangelho, que, assim pensava-se, ao ser introduzido n
o mundo, logo se expandiria no mundo inteiro, e faria com que todas as pe
ssoas se tornassem cristãs. Essa interpretação foi dada como um meio de j
ustificar uma falsa doutrina " o erro do pós-milenialismo, que só se pode a
ceitar mediante uma interpretação incorreta dos ensinos simples da Palavr
a de Deus. Chegou-se a essa conclusão sobre o sentido do fermento aqui a
pesar do fato de que o fermento (grego zume) jamais é usado num bom se
ntido, mas sempre num sentido maligno nas Escrituras. O uso comum des
sa palavra é totalmente contra a interpretação de que o fermento aqui é um
tipo do Evangelho, mas alguns homens que, em outros aspectos são bons e
firmes, têm sido desencaminhados porque ignoraram essa Lei do Uso Com
um. "Fermento" aparece quinze vezes no Novo Testamento, mais um númer
o ainda maior de vezes no Antigo Testamento, e com a exceção da vez em q
ue aparece em Mateus 13:33 e na passagem paralela de Lucas 13:21, é se
mpre como algo que se deve evitar, e os crentes recebem ordens de removê
-lo. E esses dois textos não são exceções ao uso comum, pois ensinam a me
sma verdade, exceto que aqui "fermento" é usado como uma representação
ou metáfora. Referência a Mateus 16:12 revela com que intenção se tipific
a o fermento na parábola de Jesus. "Então compreenderam que não disser
a que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos fariseus".
A intenção da parábola de Jesus era mostrar, não os efeitos extensivos do
Evangelho no mundo inteiro, mas em vez disso os efeitos extensivos e corru
ptores da doutrina falsa. Nas Escrituras, muitas vezes a mulher é usada pa
ra tipificar um sistema moral ou religioso, bom ou mau. Veja o aspecto ma
u descrito em Apocalipse 17:1. Nessa parábola a mulher representa um fal
so sistema religioso que introduz falsa doutrina no mundo religioso com o
resultado de que o reino terreno do céu é pervertido. É exatamente isso o q
ue aconteceu, começando no segundo e terceiro séculos, e o resultado fora
m todas as falsas igrejas do catolicismo e protestantismo. Todas as parábo
las em Mateus 13 que antecedem à parábola do versículo 33 haviam predit
o somente um sucesso limitado na semeadura da semente porque o diabo m
andaria obreiros maus para introduzir ervas daninhas (religiosos não salv
os) no meio da boa semente, e essas seriam misturadas no reino do céu par
a seu grande prejuízo. Ter agora uma parábola que mostre expansão e suc
esso quase universal do Evangelho seria uma contradição gritante do tema
inteiro dessa série de parábolas, as quais estão todas inter-relacionadas, e
harmoniosas em seus ensinos. Mas interpretação contra as representações,
parece, não tem nada de errado para alguns intérpretes se a representação
confirmar seu falso sistema de doutrina que não se poderia confirmar de o
utro modo. Mas tal é contrário a toda interpretação correta da Bíblia.
"O princípio da fermentação que lhe é inerente o torna o símbolo de
corrupção, pois a fermentação é o resultado da maldição divina sobre o
Fonte:(www.palavraprudente.com.br/estudos/dw_huckabee/hermen
eutica/intro.html)
Os princípios e leis da hermenêutica têm como fim obter um entendi
mento e conseguinte conclusão sobre um texto, no nosso caso, o texto perte
nce às Escrituras Sagradas (Bíblia). A Lei do Uso Comum não é o único as
pecto a ser considerado na interpretação de um texto bíblico e isso se consti
tui num erro, o que concordam a maioria dos autores de livros sobre herme
nêutica, incluindo o próprio Huckabee D.W. Por isso, a análise específica d
e um termo ou uma expressão, como é o que se apresenta no objeto desta cr
ítica, não é suficiente para se chegar a um correto entendimento e possível
conclusão sobre qualquer assunto. Seria como dizer a um cirurgião plástico
que ele realizará uma cirurgia de reconstituição usando apenas uma tesoura.
Certamente seria impossível utilizar apenas esta ferramenta. Portanto, deve
-se considerar outros aspectos, ou ferramentas, como a “Lei da linguagem”,
ou, como sugere o próprio Davis W. Huckabee “A lei da Estrutura Gramati
cal”. É com base nesta lei que a presente crítica busca refutar a afirmação d
e que a parábola possui um sentido negativo. Considerar o aspecto negativo
é uma probabilidade. Afirmar que a parábola tem uma intenção de apresent
ar o Reino de Deus com sentido negativo é conjectura. Pelas seguintes razõ
es:
O que é o texto do ponto de vista gramatical?
Observa-se que se trata-se de uma parábola, ou seja uma comparação, q
ue geralmente utiliza-se de símbolos e figura de linguagem (metáfora).
Podendo permitir o improvável quando do ponto de vista literal. Por exe
mplo, a utilização do símbolo usualmente negativo com contexto positiv
o. Vale observar que Jesus costumava quebrar paradigmas culturais.
Quando posto como adjetivo a palavra “semelhante” pode ter dois signif
icados: (1) que contém elementos ou características iguais ou parecidas
com outra coisa; (2) parecido; quase igual; análogo.
A palavra "semelhante" aparece na primeira frase, adjetivando o foco da
parábola. Toda parábola possui um foco, isto é, um tema principal, neste
caso, o foco é o Reino dos Céus, e a semelhança é com "um pouco de fe
rmento posto na massa".
Por causa deste aspecto gramatical considera-se que a parábola do ferm
ento se destaca da aplicação da lei de uso comum.
É uma incoerência compreender que o Reino dos céus possua aspectos n
egativos. Coerência, afinal, é uma das conclusões que se busca ao interp
retar um texto (Curso de Exegése e Hermeneutica - Pr. Antonio P. da C. Júnior –
2006 / [email protected]).
O contexto imediato , pré-textual e pós-textual da "parábola do fermento
" traz consigo outras parábolas também sobre o Reino que, quando posta
s paralelamente, observa-se em cada uma peculiaridades distintas. Volta
ndo-nos para "parábola do fermento" que nos instiga a imaginarmos co
mo um pouco fermento influencia no volume da massa e a comparar co
m com o Reino dos céus, e desconsiderarmos a lei de uso comum, encon
traremos um sentido positivo: O Reino dos céus teve e ainda tem um gra
nde poder influência sobre o mundo.
Observa-se por esta conclusão interpretativa onde utilizou-se do princípi
o hermenêutico da Lei Gramatical que, se há perigo em conjecturas hum
anas na interpretação de um texto bíblico, que dirá do uso de apenas um
a ferramenta, como a que usou o Autor, para afirmar, dando interpretaçã
o absoluta sobre a "parábola do fermento".
CONCLUSÃO:
O que refutamos não é a possibilidade da parábola ter um sentido negati
vo, e, sim, a afirmação de se ter um sentido negativo. Questiona-se aqui
o método em que se fundamentou a afirmação do autor, pelo fato de ter
desconsiderado outros princípios que o mesmo estabelece para interpret
ação bíblica correta.
Flábio M.M. Oliveira - setembro/2014
(Discente da Faculdade Kúrios / Fortaleza-CE / Polo: Cuiabá-MT)
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