APERFEIÇOAMENTO E EVOLUÇÃO DO MARKETING Autor: Mitsuaki Shimaguchi A década de 90 iniciou-se com renovado interesse pela teoria do marketing. Seu impulso trata da revisão do marketing dos anos 60 e a adaptação dos conceitos, técnicas e pontos de vista do marketing ao presente, quando o marketing embora considerado a única função de criação de demanda da empresa não pode preencher este papel apropriadamente num mercado maduro. Por exemplo, o marketing de massa, que se desenvolveu em uma sociedade massaficada, pode ser revivido mesmo na sociedade segmentada de hoje, se uma demanda multifacetada e pequenos segmentos de mercado forem combinados de forma totalmente nova. Analisaremos como a moderna forma de marketing originou-se no Japão na década de 60 tornou-se mais refinada e então foi integrada para tornar-se o marketing estratégico de hoje. 01. O Marketing moderno e a criação da demanda Foi nos meados dos anos 60 que o marketing floresceu no Japão. O governo prometeu duplicar a renda do trabalhador, desenvolveu-se a sociedade massificada, e o conceito de marketing moderno foi formulado. “Marketing Moderno” era considerado como sendo o conjunto de técnicas gerenciais e os métodos que provocam o consumo de massa de bens, produzidos também em massa como resultado de inovações tecnológicas. Mais especificamente, os procedimentos do marketing moderno consistem no desenvolvimento de produtos padronizados, adequados às necessidades e comportamento de mercado (detectados via pesquisa de mercado) e análise do comportamento do consumidor:; em designar estes produtos com uma marca para torna-los distintos e estabelecer lealdade as marcas nos consumidores pelo uso da mídia publicitária e outros meios de comunicação de massa: e desenvolvendo ou aprimorando canais de distribuição com base na lealdade à marca pelos consumidores. Este procedimento tornou possível, em última análise, a distribuição e a venda em massa. Este tipo de marketing é essencialmente um meio de criar demanda de mercado da forma mais eficaz. Neste sentido, o marketing dos meados de 1960 possuía a conotação de estratégia de demanda. Uma característica básica desta abordagem é a administração do marketing mix, o qual consiste na integração dos vários elementos do marketing - produto, preço, promoção e distribuição - de modo a conquistar um mercado promissor, isto requer uma administração de marketing que objetiva refinar o sistema de criação de demanda através da incorporação de pontos de vista sistêmicos, e descobertas das ciências do comportamento. Com efeito, empresas orientadas para o marketing fabricantes de bens de consumo durável tais como automóveis, utilidades domésticas e câmeras, assim como outras no campos dos cosméticos, artigos de limpeza e alimentos empacotados juntaramse às fileiras das empresas de técnicas de marketing nesta época tinham abrangência larga e profunda, incluindo num enfoque no consumidor, miopia em marketing, segmentação de mercado, diferenciação de produtos, marketing mix, abordagens sistêmicas e interdisciplinares e modelos de comportamento de consumo. Foi a era dourada do marketing moderno. 2. Marketing e o envolvimento social Uma nova temática surgiu nos anos 70, a do envolvimento social das organizações. Antes desta época, as empresas adotavam uma política de marketing do tipo estimulou reação, a qual era um método de estimular o mercado por meio do marketing mix e provocar uma reação que levaria a criação de demanda. Quando o rápido crescimento do mercado atingiu seu ponto máximo, o valor deste tipo de marketing começou a ser questionado dos pontos de vista de valores sociais e justiça social. As empresas tentaram determinar as condições de uma boa organização em uma boa sociedade, estabeleceram alto valor para o marketing social, e buscaram o melhor caminho para se tornarem socialmente envolvidas. Uma evolução mais interessante neste período foi o estabelecimento de uma nova abordagem na qual o marketing contribui com a sociedade onde a tecnologia de marketing é aplicada a organizações e programas úteis socialmente e não-lucrativas, tais como museus, igrejas, instituições públicas, grupos de planejamento familiar e outras. Os principais temas e conceitos propostos neste período, relacionados ao envolvimento social das empresas incluem uma mudança de ênfase dos pontos de vista do consumidor para os do cidadão, definição e mensuração da qualidade de vida (amenidades), análise do mecanismo de satisfação do consumidor, código de ética empresarial, restrições legais e comportamento empresarial, medidas para lidar com o consumerismo, responsabilidades pelo produto, e política empresarial relativa a projetos públicos. 3. Marketing e Estratégia Competitiva Em seguida à crise do petróleo iniciada em 1973, a economia japonesa chegou a uma estagnação que se prolongou até a última parte dos anos 70 e começo da década de 1980, e adentrou um período de concorrência intensificada. A administração empresarial tornou-se difícil e a existência das organizações ficou precária. As discussões sobre o envolvimento social das empresas, que já era algo vagos e não muito bem definidas perderam ímpeto e o problema da concorrência em marketing tornou-se o tema dominante. Durante o período de alto crescimento dos anos 60 foi possível para cada empresa de determinado setor prosperar porque o mercado detinha potencial de crescimento e a concorrência estimulava o mercado como um todo. Porém, mais tarde o mercado assumiu a forma de “somatória zero”, situação na qual o crescimento de uma empresa ocasiona o declínio de outra, devido ao tamanho limitado do mercado, o que tornou necessária a formulação e implementação de planos de marketing orientados para a obtenção de superioridade competitiva. Como o próprio termo “Guerra de Marketing “ indica, um grande desafio para qualquer organização é armar-se com os princípios e técnicas competitivas, selecionar e alocar recursos gerenciais limitados de forma a se transformar em vencedor. Orientados por seus planos estratégicos claramente definidos, as empresas estabeleceram unidades estratégicas de negócios com o objetivo de se tornarem vencedoras, definir os negócios em questão, estruturar um negócio ou produto “estrela” com base no portfólio de produtos, cultivar árvores geradoras de dinheiro e colher os frutos, e tentar alijar a escória empresarial do campo de batalha. Os conceitos e abordagens que se originaram da estratégia de competição incluem o princípio da participação de mercado, isto é, a correlação entre a fatia de mercado e o lucro: o impacto da experiência, tais como o efeito da curva de experiência: os vários conceitos de portfólio: as fórmulas de competição baseadas na posição de recursos empresariais, tais como as estratégias de liderança, imitação, especialização por nichos, ou desafios ao líder: as estratégias genéricas de concorrência, como as de volume e liderança em custos, diferenciação, concentração; e grupos estratégicos. 4. Aperfeiçoamento do Marketing e Problemas Atuais Tendo transitado pelas ondas de mudanças do marketing moderno desde seu começo nos anos 60, agora as empresas estão desafiadas a atacar os novos problemas de marketing e buscar novos temas. A medida que o ambiente de marketing tornou-se mais e mais complexo, a questão fundamental é como direcionar a orientação geral e o método de marketing atual enquanto se mantém um equilíbrio entre os problemas relativos à demanda, sociedade e concorrência. Atualmente, quando a estratégia global de uma empresa não tem chance de sucesso a menos que seja adaptada ao ambiente de mercado, a sobreposição entre estratégia e marketing tornou-se mais ampla porque o marketing integra-se fortemente com a administração empresarial na tomada de decisões. Esta tendência vem sendo estudada sob a denominação de marketing estratégico. A estrutura principal do marketing estratégico é construída pela integração do ambiente de mercado da empresa e seus recursos gerenciais. Esta integração baseia-se na seleção de um “domínio estratégico”, isto é, uma área de sobrevivência orientada estrategicamente, para coordenar os elementos centrais do ambiente de mercado: recursos gerenciais abundantes, demanda e concorrência . Se a empresa tiver uma idéia clara do seu domínio estratégico -como coordenar suas vantagens em recursos gerenciais com a parte atrativa da demanda, na qual a superioridade competitiva em organização e recursos pode ser alocada de maneira ótima, então um portfólio apropriado baseado na estratégica de ação pode ser desenvolvido para assegurar a integridade e consistência da empresa, seu sistema interno e seu pessoal. Com relação a estratégia competitiva, esforços estão sendo feitos para gerar a forma ideal de concorrência e cooperação no mercado competitivo cada vez mais complexo, além dos princípios e fórmulas de concorrência desenvolvidos até agora. Quando as empresas procuram diversificar através da absorção, assunção, fusão e incorporação elas necessitam não apenas de uma estratégia competitiva unidimensional, mas também, uma gerencia mais sofisticada de relações baseadas no mecanismo da concorrência multiforme. A estratégia social é menos proeminente do que a estratégia competitiva, mas ela torna-se importante para avaliar todos os tipos de atividades do ponto de vista dos valores sociais, ética social e justiça social, à medida importante á, também, a maneira em que contribuem para melhoria dos padrões da qualidade de vida na sociedade. Nós adentramos uma era na qual as empresas que não tenham o know-how sofisticado de marketing que poderia capacitá-las a enfrentar a diversificação e a crescente complexidade do ambiente empresarial podem não sobreviver por muito tempo. N.T. Este artigo foi pub4icado originalmente na revista Sumitomo Quarterfv da empresa do mesmo nome, e traduzido pelo Prof.Dr.Romeu Teima, da UFPR. Do Curso se Especialização em Marketing Empresarial da UFPR da disciplina Marketing Estratégico do Prof. Dr. Romeu Telma