OCUPAÇÃO ESPACIAL E AS ENCHENTES EM SÃO JOÃO DELREI TEREZA BEATRIZ OLIVEIRA SOARES1 e ANA CLÁUDIA SILVÉRIO2 [email protected], [email protected] 1 2 Bolsista de iniciação a docência do curso de Geografia – UFSJ-MG Bolsista de iniciação a docência do curso de Geografia – UFSJ-MG Palavras-chave: Geografia, Minas Gerais, Docência Introdução O presente trabalho trata dos impactos ambientais na micro-bacia hidrográfica do Rio das Mortes e sua relação com as enchentes em São João del- Rei - MG. Segundo LEAO (2009) “Por falta de informação ou por omissão, o processo de ocupação do entorno do Rio das Mortes e do Córrego do Lenheiro, que atravessa a cidade de São João del-Rei, ocorreu sem o planejamento necessário e em desrespeito ao caminho das águas no meio urbano.” Objetivo Pretendemos, através deste, demonstrar o problema das enchentes em São João del-Rei, considerando os impactos ambientais ocorridos em alguns pontos da microbacia hidrográfica do Rio das Mortes e como esses impactos contribuem para a elevação do nível do desse rio e do Córrego do Lenheiro. A abordagem deste tema justifica-se pela necessidade de entender o dinamismo fluvial e as relações estabelecidas pelo homem com a natureza ao longo dos sucessivos períodos de ocupação humana onde está hoje configurada a cidade. Figura 1: Micro-bacia do Rio das Mortes. 1 Figura 2: Área urbana onde ocorre o encontro do Rio das Mortes com o Córrego do Lenheiro. Nessa imagem nos atentamos para o risco dos moradores contraírem doenças, dentre elas a febre tifóide, a hepatite A, amebíase, giardíase, verminoses e a mais grave pela sua alta mortalidade, a leptospirose, uma zoonose que é contraída, principalmente, através do contato com águas de enchentes contaminadas por urina de ratos. E ainda há algo que torna a situação mais agravante, que é a falta de tratamento de esgoto residencial e industrial (muitas vezes contendo metais pesados), devido ao aporte maciço de matéria orgânica proveniente dos esgotos domésticos, industriais entre outros. Figura 3: Imagem aérea da cidade de São João del-Rei, retirada do Google Earth. 2 A partir dessa foto podemos refletir um pouco sobre a ocupação da planície de inundação na região da micro-bacia do Rio das Mortes. Planície de inundação na qual Christofoletti (1980) define como “várzeas toponímia popular do Brasil, constituem a forma mais comum de sedimentação fluvial, encontrada nos rios de todas as grandezas. A designação é apropriada porque nas enchentes toda essa área é inundada, tornando-se o leito do rio”. Assim essas planícies devem ser respeitadas quando se vai construir, pois quando vem a estação chuvosa essa planície é ocupada pelo rio. Porém não é isso que se vê no entorno da micro-bacia do Rio das Mortes, há uma ocupação irregular que não respeita esse limite, e por isso, há tantos casos de inundações de casas na cidade. Fazendo entender os impactos ambientais ocorridos no entorno do Rio das Mortes e do Córrego do Lenheiro e como o processo de ocupação desses espaços contribuem para a ocorrência das enchentes em São João del-Rei. Levando em conta que esse trabalho assim como o objeto da geografia e da paisagem deve ser visto como uma realidade integrada, onde os elementos abióticos, bióticos e antrópicos aparecem associados de tal maneira, que os conjuntos podem ser trabalhados como um sistema. Os moradores que ocupam as áreas que estão sob o processo natural de inundação do Rio, sofrem e nem sempre conseguem a estabilidade novamente, uma vez que esses moradores são em sua maioria de baixa renda. Esse é o motivo pelo qual as áreas de riscos são ocupadas, uma vez que os setores públicos, órgãos administrativos municipais, não dão outra alternativa a essas pessoas. Estas áreas são, normalmente, áreas com menor valor econômico e por isso atraem pessoas de condição econômica mais baixa. Segundo SOUZA (1995:78, 9), o território “é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder. A questão primordial, aqui, não é, na realidade, quais são as características geoecológicas e os recursos naturais de uma certa área, o que se produz ou que produz em um dado espaço, ou ainda quais a ligações afetivas e de identidade entre um grupo social e seu espaço.” O autor ainda afirma que ter conhecimento desses aspectos é importante para a compreensão da gênese de um território ou do interesse para mantê-lo ou torná-lo de determinada maneira. Acrescentamos ainda a culpabilidade desses órgãos a falta de um plano diretor e de uso e ocupação do solo. A contribuição do conhecimento sobre o espaço viria a diminuir os efeitos danosos ao meio ambiente como um todo. A falta de saneamento provoca o surgimento dos chamados “lixões” em quase todas as cidades brasileiras, responsáveis pela contaminação do lençol freático e também pelos assoreamentos dos rios e lagoas, em virtude de grande parte do lixo urbano ser transportado pelo Córrego do Lenheiro e a micro-bacia do Rio das Mortes, sendo parte desse material depositado no próprio rio e parte em lagoas, comprometendo não só a qualidade, mas também a quantidade de água nesses ambientes. Além da proliferação de doenças nas pessoas que vivem no entorno dessas áreas. O homem utiliza os rios de diversas formas: como fonte de água potável e industrial; como meio de transporte; como elemento para produzir energia; como área onde passam ser despejados esgotos domésticos e industriais, como dito acima. Para tal, os rios são retificados e canalizados a exemplo temos o córrego do Lenheiro. A maioria das intervenções que o homem faz nos rios produz uma série de impactos, que se constituem em riscos para o meio ambiente e para o próprio homem, 3 necessitando diferentes formas de intervenção para corrigir o que foi feito de maneira inadequada. Fundamentação Teórica Através de Press, Sielver, Grotzinger e Jordan (2006) pudemos entender melhor sobre a qualidade da água, quais os poluentes mais encontrados nesta e quais os malefícios que estes poluentes, como o chumbo, podem trazer à população que vive próxima ao rio. Com a obra de Christofoletti (2008) buscamos entender a geomorfologia fluvial, como se dá o trabalho dos rios, a dinâmica de uma planície de inundação, quais os tipos de canais fluviais, qual o perfil longitudinal de rios, como se da o equilíbrio fluvial realizando uma análise detalhada de uma bacia hidrográfica. Na obra de Cunha e Guerra (2006) pudemos ter um conhecimento melhor sobre obras de engenharia que são realizadas em rios dentro de cidades, tal como canalizações. Essas obras nem sempre são bem sucedidas, o que acarreta vários transtornos à população regional, tal como inundações. A partir de Leão (2009) tivemos um maior conhecimento da realidade da ocupação no entorno do Rio das Mortes, ocupação na qual aconteceu sem o planejamento necessário. Metodologia Foram colhidos dados sobre a formação da Vila Nossa Senhora de Fátima e, num segundo momento, foi realizada uma pesquisa de campo para verificar as causas das enchentes ocorridas durante anos e suas conseqüências para os moradores locais da cidade de Santa Cruz de Minas, e no bairro sanjoanense supramencionado, cuja falta de projeto é um dos destaques. Resultados A partir desse trabalho objetivamos resultados no sentido de conscientização da população que mora nas proximidades do Rio das Mortes, como por exemplo, não jogar lixo nas encostas e no próprio rio, onde ocorrem quase todos os anos, as inundações. Também buscamos com essa população, junto ao poder público, soluções para essa realidade em que eles vivem através da realização de obras, como muros de contenção, ou até mesmo a retirada dessas pessoas das áreas de risco. Referências Bibliográficas PRESS, F, SIEVER R.,GROTZINGER, J. & JORDAN, T. H., 2006. Para Entender a Terra. Tradução Rualdo Menegat, 4 ed. – Porto Alegre: bookman, 656 p.: il. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2.ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1980. 188p. CUNHA, Sandra B. da e GUERRA, Antonio J. T. Impactos ambientais urbanos no Brasil. 4ª edição. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2006. 4 LEÃO, Vicente de Paula. Impactos ambientais urbanos provocados pela ocupação da planície fluvial e do entorno do Rio das Mortes e seus afluentes. 2009. (Apresentação de Trabalho/Seminário). 5