Chuvas causam pontos de alagamentos na Zona Norte Foto: Arquivo As chuvas ocorridas na quarta-feira (22/01) e na sexta-feira (24/01) causaram preocupação e trouxeram problemas aos moradores que residem em locais próximos a velhos e conhecidos pontos de alagamentos. Na região de Santana, bairro Carandiru, na esquina da Rua Urupiara com a Av. Zaki Narchi, a água chegou a um metro de altura, ocasionou congestionamento no trânsito e transtorno a alguns moradores. No bairro Água Fria, confluência da Av. Água Fria com a Rua Vaz Muniz, a água também chegou a aproximadamente um metro de altura e por muito pouco não invadiu o 20o Distrito Policial. No Jardim Tremembé, precisamente na Av. Cel. Sezefredo Fagundes, no trecho em frente ao Mercado Extra, na altura do no 2.000, já é uma situação normalíssima encher em época de chuva. Ali, onde o Córrego Tremembé passa em direção ao Jaçanã, ano após ano o mesmo transborda atingindo milhares de pessoas, inclusive as que dependem de transportes públicos que passam no local em direção a outros bairros, e em dia de enchente ficam parados por várias horas ao longo da Avenida. Quantas promessas mais serão necessárias para resolver esse problema? No Imirim, os moradores da Rua João Roque, Rua Rozo Lagoa e outras ruas nas imediações alegaram que a marca da água atingiu quase dois metros de altura nas residências que ficam próximas ao córrego. Outras ruas e avenidas da Zona Norte que ficaram intransitáveis com pontos de alagamentos foram as seguintes: Rua Professor Luciano Prata, na Casa Verde; Av. Antonio Munhoz Bonilha e Rua Bartolomeu do Canto, na Freguesia do Ó; Rua Marques Ribeiro, Av. Educador Paulo Freire, próximo à Ponte Aricanduva, Rua Coronel Marques Ribeiro e Marginal Tietê - Pista Expressa, próximo à ponte do Tatuapé, na região de Vila Maria/Vila Guilherme. Em parte, o problema das enchentes ocorre porque a população não colabora com o Poder Público quanto ao descarte de lixo, móveis e outros utensílios depositados de forma irregular em pontos proibidos, chamados de pontos viciados. Preocupado com a persistência do problema que se repete por anos a fio, o Ministério Público Estadual (MPE) recorreu à Justiça contra a Prefeitura de São Paulo para obrigá-la a dar solução às enchentes na Capital. Pede também que as vítimas de alagamentos sejam indenizadas. Conforme levantamento da Promotoria de Habitação e Urbanismo, foram identificados 422 pontos que sofreram ao menos quatro inundações anuais, entres os meses de novembro e abril, de 2005 a 2013. Segundo o Promotor Maurício Ribeiro Lopes, sua tese é a de que as inundações constantes nos mesmos locais dão direito a indenizações, por causa dos prejuízos causados a casas e veículos. Em ações individuais, a Justiça paulista já garantiu esse tipo de ressarcimento para moradores de áreas que sempre ficam submersas durante as chuvas. Em entrevista a uma emissora de rádio, o Prefeito Fernando Haddad disse que a ação do Ministério Público ´carece de embasamento técnico´. Haddad falou ainda sobre a perda da capacidade de investimentos com a proibição do aumento do IPTU e da tarifa de ônibus. ´Precisamos recuperar a capacidade de receita do Município.´ Inquérito civil público, iniciado em 2003, em que foram ouvidos diversos órgãos da Prefeitura responsáveis pelo planejamento urbano, serviu de base para a atual ação. Segundo a promotoria, o Poder Público foi chamado por todos esses anos, mas não houve avanço, afirma Ribeiro. ´Não estamos responsabilizando a Prefeitura por um ponto novo. A desculpa é sempre aquela: ´Foi um volume de água nunca visto´.´ A ação pede que se crie um planejamento de curto, médio e longo prazo contra as enchentes - considerando os próximos 15 anos. Além disso, a administração deverá prever no orçamento as verbas para realizar investimentos na área. O promotor não apresenta um número de pessoas afetadas pelas enchentes, mas, se a sentença for favorável, os prejudicados poderão receber a reparação dos danos sofridos desde 2009. Por meio de nota oficial à imprensa, a administração municipal destacou que já tem um plano integrado contra enchentes, envolvendo 14 secretarias municipais. No total, 79 pontos com recorrência de alagamento, distribuídos em 21 subprefeituras, passarão por intervenções. Desses pontos, a Prefeitura alega que 44 já estão com obras implementadas, que podem ser acompanhadas pela internet (www.capital.sp.gov.br/portal/mapa). Ainda conforme a nota, outras 35 ações estão em fase de detalhamento de obra. ´A Cidade nos dá tudo. Precisamos ter a compreensão de que tem muita coisa que precisa ser feita que não depende só da administração, mas da população como um todo. Acho que tem muita vontade de participação, gente querendo participar de discussões de políticas públicas. Compreender melhor que é uma comunidade, não é só lugar de conflito, mas de entendimento, para construir uma cultura de paz´, enfatizou Haddad.