Adaptação Curricular, por onde começar?!

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ESCOLA INCLUSIVA:
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Caderno de Estudos 6 – Deficiências Intelectuais
Adaptação Curricular, por onde começar?!
Conversando sobre o assunto.
"O fator isolado mais importante que influencia o
aprendizado é aquilo que o aprendiz já conhece".
David Ausubel
Gostaríamos nesse momento, de início dos nossos estudos do Módulo 06, convidá-lo a
estabelecer uma tríade entre a afirmação acima de Ausubel, a adaptação curricular e a
aprendizagem significativa.
Pense quais relações podemos estabelecer entre esses três elementos na abordagem de
inclusão até o momento trabalhada no programa da Escola Inclusiva e o tema do atual estudoDeficiências Intelectuais.
Primeiramente, coloque no retângulo abaixo, tudo o que vier a sua cabeça, uma verdadeira
chuva de ideias.
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No esquema a seguir, transcreva os apontamentos por você
realizados, buscando encontrar principalmente os pontos de
intersecção, os quais deverão estar no centro do esquema.
Saiba mais!
Intersecção: “Em teoria dos
conjuntos, a interseção ou intersecção, é
um conjunto de elementos que,
simultaneamente, pertencem a dois ou
mais conjuntos.
Os elementos por você colocados aplicam-se exclusivamente a alunos de inclusão?
Provavelmente não. Ainda citando Ausubel, aprender significativamente é para ele a
ampliação e reconfiguração de ideias já existentes na estrutura mental e com isso ter ou
desenvolver a capacidade de relacionar e acessar novos conteúdos. Temos aqui, não apenas
um princípio para aprendizagem significativa, como também, para a adaptação curricular.
Nenhuma adaptação terá sentido se não partir das ideias já existentes na estrutura mental do
seu aluno, em outras palavras: aquilo que ele já sabe.
Parece simples, mas na prática nem tanto. O motivo para isso pode estar na questão de um
modelo posto no universo educacional brasileiro – o de trabalharmos um mesmo conteúdo,
num único nível de ensino, ao mesmo tempo para todos, uma forma linear de acumulação de
conhecimentos. O ambiente onde isto ocorre? Uma sala de aula. Local no qual a palavra
estratégias pode fazer toda a diferença, tanto no individual, quanto no coletivo.
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Complementamos o pensamento de Ausubel com o seguinte trecho dos PCN´s de 1998: Para
que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessário investir em ações que
potencializem a disponibilidade do aluno para a aprendizagem, o que se traduz, por exemplo,
no empenho em estabelecer relações entre seus conhecimentos prévios sobre um assunto e o
que está aprendendo sobre ele.
Buscaremos elencar durante o nosso estudo alguns princípios para a adaptação curricular e
aprendizagem significativa.
1º - O conhecimento prévio do aluno sobre um determinado conteúdo é a base de sustentação
para a construção de um novo conhecimento.
Faz-se necessário neste ponto abrirmos um parênteses, este não é um princípio exclusivo para
alunos de inclusão e essencial a todos.
Com o processo de inclusão de alunos com DI (Deficiência Intelectual) na rede regular de
ensino, os professores devem reorganizar seus objetivos no processo ensino-aprendizagem e
readaptar seu planejamento de atividades e conteúdos.
Smith (2008) propõe sugestões para um currículo funcional que estimule efetivamente a
participação dos alunos com DI, o qual deve incentivar instruções diretas e intensivas e incluir
o desenvolvimento de habilidades da vida diária. O currículo funcional prepara o aluno para
depois de sua formação escolar, ensinando habilidades para a vida doméstica e comunitária. O
ensino da matemática, da leitura e da escrita deve enfocar, mais do que tudo, as Atividades de
Vida Diária (AVDs).
A) Sugestões para a condução e avaliação das atividades propostas incluem:
 Especifique os objetivos educacionais:



Liste os objetivos de forma clara para as pessoas.
Enfoque diretamente os objetivos que são metas da educação.
Planeje como os objetivos serão avaliados para auxiliar o progresso contínuo
do aluno.
 Determine uma sequência de habilidades a serem desenvolvidas:



Certifique-se de que os pré-requisitos para essas habilidades já foram
dominados.
Estabeleça uma sequência gradual de habilidades a serem desenvolvidas, das
mais fáceis às mais difíceis.
Planeje o ensino de conceitos mais complexos separadamente.
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 Promova mais oportunidades para a prática do aluno:
 Permita que os alunos apliquem suas aprendizagens em diferentes contextos.
 Certifique-se de que as habilidades trabalhadas foram, de fato, dominadas:
 Propicie ao aluno a chance de demonstrar domínio da habilidade. Para tanto,
promova vários contextos em que o aluno de fato possa exercê-la
independentemente.
Portanto, considerando-se os fatores até aqui apresentados e, focando exclusivamente em
alunos de inclusão, entendemos que há a necessidade da realização de um plano
individualizado de ensino para os mesmos. Este plano acompanha o aluno durante toda a sua
vida escolar, sendo modificável e/ou adaptável a qualquer momento.
Sob esse ponto de vista, surge então um novo princípio:
2º - Flexibilização do Currículo.
Consideremos a proposta de Smith, de focarmos no desenvolvimento das Atividades de Vida
Diária (AVDs) para os alunos com DI, como ficaria por exemplo a aprendizagem sobre
Classificados para um aluno ainda não alfabetizado inserido numa turma de 4º ano, com os
seguintes objetivos:
Gênero textual privilegiado: anúncio classificado






Reconhecimento da função e das características de anúncios classificados
Reconhecimento da estrutura textual do gênero
Identificação do assunto de um texto
Identificação da intenção de textos estudados
Identificação do destinatário do texto, tomando como referência o objeto anunciado
Uso de recursos gráficos.
Objetivos retirados do Livro Didático do SPE, 4º ano (2015)
De que forma flexibilizar o currículo? Importante: Não se trata de elaborar um programa
paralelo, mas de ajustar a programação regular adotada para os demais alunos.
Anote suas ideias a seguir.
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REFLEXÃO!
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A adaptação a ser feita em relação a esse conteúdo dependerá muito de cada caso, porém de
forma mais genérica e considerando-se as AVDs, poderíamos focar com o aluno com DI o
entendimento sobre a funcionalidade do jornal e, não especificamente o gênero literário. Mas,
caso o seu nível de desenvolvimento permita a possibilidade de entendimento do gênero,
poderíamos trabalhar com toda a turma a experiência da troca ou da venda, que seria
riquíssima a todos e contribuiria para o entendimento do aluno com DI sobre o primeiro
objetivo: Reconhecimento da função e das características de anúncios classificados. O que não
se pode esperar de um aluno com DI, não alfabetizado é a produção escrita de um anúncio
classificado.
B) Na Sala de Aula
Para a condução das atividades de alunos com Deficiência Intelectual em sala de aula, algumas
sugestões ao educador merecem destaque:
 Sente o aluno à frente da sala.
 Adeque a sua linguagem às possibilidades de compreensão do aluno, ajustando e
complementando as instruções sempre que necessário.
 Selecione metas e objetivos de aprendizagem que sejam de fato funcionais e
relevantes para o aluno.
 Tenha sempre a certeza de que o aluno está prestando atenção em sua orientação.
 Certifique-se de que o aluno esteja integralmente envolvido na atividade.
 Varie materiais, exemplos e instrutores.
 Certifique-se de que a habilidade necessária para a atividade seja dominada em pelo
menos um contexto.
 Promova oportunidades para que as atividades sejam aplicadas na prática.
 Diminua gradativamente os auxílios.
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 Esclareça o tanto quanto possível as expectativas a respeito do comportamento
adequado.
 Estimule os alunos, lembrando-os como devem se comportar.
 Comente com os colegas de classe os bons resultados do aluno.
C) Avaliação
O processo de avaliação é contínuo, valendo-se de todos os registros e observações das lições
de casa, pesquisas, redações, participação em sala de aula, seja individual ou em grupo,
autoavaliação, provas intermediárias, unificadas e adaptadas. Se necessário, esse aluno deve
realizar as avaliações em local separado, evitando, assim, o excesso de distratores que possam
comprometer o seu desempenho. O tempo para a realização das avaliações deve ser maior:
geralmente o dobro do tempo regular. Deve-se elaborar uma prova mais objetiva, com
questões elaboradas de forma mais curta e direta.
O processo de avaliação do aluno com DI deve contemplar também, e especialmente, sua
independência para as AVDs e sua funcionalidade. Ressalte-se que, conforme, o nível de
deficiência, há alunos com DI que deverão ser avaliados basicamente no tocante à sua
funcionalidade.
Um novo princípio:
3º - Nem sempre o instrumento prova será o adequado para a avaliação do aluno com DI. A
adaptação também deve ocorrer no instrumento avaliativo.
Teixeira, apresenta-nos alguns princípios que sustentam os instrumentos de uma avaliação
inclusiva, sendo:
 Envolvimento na definição dos procedimentos – todos os alunos devem estar
envolvidos e familiarizados com os procedimentos de avaliação que farão parte, de
forma que contribua para a promoção da aprendizagem de cada um.
 Legitimidade, validação e adaptação – um processo é legitimado quando tem a
participação de todos os envolvidos, dando validade às ações que promoverão a
aprendizagem. Neste sentido, deve ser adaptada a necessidade de cada um, para que
todos possam aprender e responder adequadamente a cada tipo de avaliação de
acordo com sua especificidade.
 Desenho universal – todas as técnicas de avaliação devem respeitar os princípios dos
desempenhos universalmente aceitos. Não se trata de pôr em risco a confiança e
credibilidade de uma avaliação formativa. Trata-se de conscientizar o educando sobre
as possibilidades e as limitações que enfrentará ao se deparar com as determinações
sociais. Uma educação formativa e inclusiva educa para a vida. Mais uma vez, não
podemos falsear uma realidade para fingirmos que estamos incluindo, temos de incluir
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diante da realidade que nos é imposta a ponto de modificá-la cotidianamente. Dessa
forma, permitiremos que todos tenham a oportunidade de demonstrar suas
competências, as habilidades e os conhecimentos obtidos ao longo do processo.
 Diversidade (valorizar os progressos e os resultados alcançados) – trabalhar com a
afetividade e a valorização da autoestima do aluno faz parte de um processo que
respeita as diferenças, identificando e incentivando os progressos que os alunos vêm
alcançando no decorrer do percurso.
 Coerência, orientação e apoio – a avaliação deve ser um processo coerente com o que
se ensina e com o que se espera que o aluno aprenda, tendo princípios e éticas com o
que se fala e com o que se faz. Outro fator importante de coerência de uma avaliação
é o fato de ela ser significativa e ter sentido na e para vida, ser contextualizada e
operativa. Cabe ao professor orientar o aluno de modo que ele se sinta confiante e
familiarizado ao realizar a avaliação, pois, dessa forma, ele saberá que tipo de desafio
ele tem pela frente e o que basicamente cada tipo de avaliação espera dele. Por
exemplo: prova objetiva espera que ele marque X e prova dissertativa espera que ele
responda de modo discursivo. A orientação deve servir para apoiar o processo ensinoaprendizagem.
 Prevenir a segregação (rótulos) – todo e qualquer tipo de avaliação inclusiva tem como
finalidade explícita prevenir qualquer ato ou forma de manifestação de exclusão,
evitando segregação, preferencias e rotulação. O aluno deve ser enxergado como a
pessoa que ele é e não rotulado por meio de sua patologia ou de sua necessidade
específica, nem mesmo rotulado como aquele que não sabe nada. Como dizia Paulo
Freire, ninguém é tão ruim a ponto de não saber nada, como ninguém é tão bom a
ponto de saber tudo.
 Programa educativo individual – o programa educativo individual deve ser entendido
como uma prática de aprendizagem que promova a inclusão, envolvendo todos os
alunos, de modo que faça com que todos participem e se organizem diante da sua
própria aprendizagem, descobrindo sua metacognição e sua melhor maneira de
consolidar o próprio aprendizado.
Esperamos até aqui ter apresentado alguns elementos chaves sobre inclusão de alunos com
Deficiência Intelectual. Perceba que costuramos junto com a temática desse estudo a questão
da Adaptação Curricular. Optamos por trazê-la nesse momento por dois motivos: primeiro
pela nossa caminhada de estudo, encontramo-nos no 6º tema do programa da Escola
Inclusiva, segundo por ser a Deficiência Intelectual, talvez a que mais nos leve a pensar sobre
o tema. Por isso o nosso último princípio não poderia ser outro senão:
4º - Plano de Adaptação Curricular Individual.
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Este plano deve ser num formato contínuo e processual, que demonstre o progresso do aluno
desde a sua entrada na escola até a sua saída, com informações relevantes. Que sirva de base
para o professor do ano seguinte, para (re)orientar o trabalho do professor, para fortalecer a
colaboração entre docentes e equipe multidisciplinar, para a compreensão da família sobre o
desenvolvimento educacional do aluno e sua participação nesse processo e de apoio à
aprendizagem do aluno. Sua importância é tamanha que optamos por transformá-lo na
atividade prática deste estudo.
PROPOSTA DE TRABALHO- Webquest.
Webquest é uma atividade em forma de pesquisa a ser realizada utilizando principalmente os
recursos disponíveis na Internet.
Tarefa 01
Pesquise na internet sobre Plano de Adaptação Curricular (PAC), identificando:
a) Objetivo principal de um PAC
b) Formas
c) Elementos principais
Disponibilizamos dois endereços eletrônicos que apresentam modelos interessantes, porém vá
além em sua pesquisa.
http://elaineaee.blogspot.com.br/2012/05/modelo-de-plano-de-adequacao-curricular.html
http://celmaguedes.blogspot.com.br/2011/04/modelo-de-adaptacao-curricular.html
Tarefa 02
Em grupo, construam um PAC para sua escola com elementos que julgarem importante,
utilizando ou um aluno fictício, ou um para um caso real de inclusão – um excelente estudo de
caso. Se sua escola já possuir um PAC, nossa proposta é a de realizarem uma leitura crítica
sobre o mesmo, retomando principalmente qual a importância deste no dia-a-dia para o
professor e o aluno.
Enviem sua construção para o email do tutor. O documento será postado no blog, portanto
utilizem nome de aluno fictício.
Mãos à obra!!!!
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Para fecharmos, algumas orientações aos Educadores, por Nascimento:





É necessário que os educadores conheçam
características, sinais e sintomas da DI em
geral e, em especial, das condições associadas
Professor nenhum é dono de sua
à DI, bem como a forma como interferem na
prática se não tem em mãos, a
aquisição de conhecimentos, de que modo
reflexão sobre a mesma. Não
que, no caso de observar sinais e sintomas
existe ato de reflexão, que não
dessas condições, possa alertar familiares ou
nos leve a constatações, dúvidas
e descobertas e, portanto, que
responsáveis e indicar serviços ou profissionais
não nos leve a transformar algo
que ofereçam orientação e tratamento.
em nós, nos outros e no
Proporcionar aprendizado e avaliar esse
mundo”Madalena Freire
aprendizado, levando em consideração as
particularidades do aluno com DI, sem
comprometer as necessidades dos demais
alunos.
Manter diálogos abertos e construtivos com
familiares, responsáveis e profissionais de saúde sobre as necessidades específicas do
aluno.
Solicitar apoio da instituição educacional, familiares, responsáveis e equipe de
profissionais responsáveis pelo aluno, com vistas a estabelecer planejamento
acadêmico adequado que inclua currículo funcional, estratégias e atividades
diferenciadas.
Incentivar e propiciar a construção de amizades, uma vez que podem não acontecer
naturalmente, despertando a consciência e o respeito às diferenças.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Boletim Academia Paulista de Psicologia – ano XXIV nº02/04 pp 42-45
Nascimento, Raquel T.N. Alunos com necessidades especiais na sala de aula, 2012.
SMITH, Corinne; STRICK, Lisa. Dificuldades de aprendizagem de A a Z: um guia para pais e
educadores. Porto Alegre: Artmed, 2008
Teixeira, J. Avaliação inclusiva: a diversidade reconhecida e valorizada, 2014
Parâmetros Curriculares Nacionais.
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Equipe Escola Inclusiva
Cristiani Morais
Ivane Castagnolli
Jussara Misael
Lúzia Alves
Valéria Teixeira
Vanessa Sálvaro
Autoria material:
Maristella Abdala
Valéria Lopes Teixeira
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