O TEATRO DE FANTOCHES NAS SÉRIES INICIAIS: OBSERVAÇÕES DOS EDUCANDOS COM BASE NO CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES Anna Cecília de Alencar Reis, Tatiana Pereira da Silva, Luís Paulo de Carvalho Piassi Universidade de São Paulo/ Escola de Artes, Ciências e Humanidades [email protected] , [email protected] , [email protected] Resumo Tendo como objeto de ensino o teatro de fantoche nas séries iniciais, o presente trabalho apresenta discussão sobre o tema em um curso de formação continuada de professores, projeto da Banca da Ciência, no qual o objetivo do trabalho são as observações das atividades desenvolvidas no curso e sua contribuição para o uso do teatro de fantoche em sala de aula. Palavras Chaves: Teatro de fantoches, Formação continuada de professores, séries iniciais. Abstract Aiming to teach the art of puppetry during the first school years, this work presents a debate on the topic in a course of continuing education for teachers, a project of Banca da Ciência, in which observations are made of activities suggested in the course and their contribution for the use of puppetry during their classes. Key Words: Puppetry, Continuing education for teachers, first school years. SIICUSP 2014 – 22º Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP Introdução Um método pedagógico bem visto ente os professores da educação infantil é o teatro de fantoches, que de maneira lúdica aborda conteúdos como de ciências naturais e sociais, no qual o professor é o papel principal para fazer esta mediação, para que o professor consiga elaborar esta atividade, deve ser pensada tanto na questão pedagógica, em como o assunto será abordado e trabalhado, quanto na questão das artes, que influenciam diretamente no lúdico apresentado. O teatro de fantoches é uma modalidade de apresentação em que o ator geralmente não é visível, bonecos são manipulados internamente por um ator, sendo este a essência do espetáculo, desta maneira, o professor deve usar desta modalidade, como forma de aprendizagem para o aluno e um artifício para abordar conhecimentos sociais e teóricos (SILVA,2011). O professor pode também adaptar um livro infantil para a peça de teatro de fantoches a partir da proposta pedagógica identificada no texto e então trabalhá-la mais cuidadosamente com seus alunos, por meio de mediação em conversas para identificação dos mesmos e recontação da história. A apropriação do conceito pelo aluno, é realizado por meio de mediação do professor- aluno, em que o papel que a professora exerce no desenvolvimento da criança é justamente o de forçar a ascendência dos conceitos cotidianos, de mediar o processo que vai abrindo caminho para a posse dos conceitos científicos (LIMA & MAUÉS, 2006), podendo então em uma visão pedagógica, criar um estímulo e interesse do próprio aluno em questão. Os professores dessa fase inicial tem a influência sobre os alunos, por uma grande parte, porque se colocam lado a lado com as crianças, entram nas disputas, negociam valores e atividades ou rotinas com eles, assim o professor faz a reprodução do mundo adulto (KISHIMOTO, 2011), podendo ser por meio de situações demonstradas no teatro de fantoche. Para que o professor realize seu papel, é indispensável que este participe de capacitações, para que estas influencie diretamente em sua formação, fazendo com que o professor aprenda e aplique questões que antes não eram trabalhadas devido a falta de conhecimento ou até mesmo, pela falta de estímulo próprio. A formação continuada de professores reflete o trabalho do docente como um processo de formação continua, nesse sentido, a teoria sócio-histórica de Vigotski (apud SANTOS, 2012) nos permite aproveitar a experiência profissional do professor como uma das bases para a elaboração de novas atividades didáticas, sem abrir mão das contribuições do conhecimento acadêmico. Posto isto, o Núcleo Temático de Estudos e Recursos da Fantasia nas Artes, Ciências, Educação e Sociedade- INTERFACES, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo -EACH – USP, desenvolveu um curso juntamente com a Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP- campus Guarulhos, com duração de uma semana, realizando atividades e oficinas com temática de astronomia, jogos de raciocínio e lógica, filmes infantis, livros infantis, bichos de equilíbrio e teatro de fantoches. Objetivos A partir das práticas educativas no ambiente escolar, a formação continuada do professor, auxilia no desenvolvimento de atividades com temas de ciências naturais, objetivando no pensamento do professor para novas ações dentro da sala de aula. Demonstrações realizadas no decorrer do curso, relatam novas aprendizagens do que era considerado anteriormente pelas próprias professoras como algo impossível de se realizar, desta forma, o objetivo geral do estudo é demonstrar a influência da formação continuada do professor através de cursos e oficinas, em novas práticas pedagógicas que serão aplicadas em sala de aula, como forma de atualização de conhecimento e de modalidades pedagógicas. Materiais e Métodos Na semana do curso de capacitação do teatro de fantoches, a primeira proposta realizada durante o dia foi a apresentação da peça denominada de “Enquanto a Mamãe Galinha não Estava”, uma adaptação do livro infantil de Yeong-So e Byeong-ho (2006), em que conta a história de uma galinha que ao sair de perto de seu ninho, ocorre situações diversas, tais quais o lobo tentando pegar os ovos, duas crianças protegendo os ovos e o galo desastrado na perca de um dos ovos, até o momento que a galinha regressa, com duração em média de 7 minutos de apresentação. SIICUSP 2014 – 22º Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP A segunda parte da proposta é a formação de uma roda de conversa, em que norteamos com algumas questões que direcionavam para o assunto a ser discutido., como quais temas poderiam ser abordados dentro da sala de aula após a apresentação da peça, como as professoras abordariam a peça em sala de aula, considerando quais atividades seriam desenvolvidas e de qual maneira seriam aplicadas com os alunos. A terceira e última proposta, foi o desenvolvimento da oficina de produção dos fantoches, nos quais as professoras confeccionaram dois fantoches de escolha própria, escolhendo entre os fantoches de galo, galinha, menino, menina, sapo e joaninha. Para a produção dos fantoches, foi utilizado materiais de fácil acesso e baixo custo, como o tecido feltro em várias cores, cola quente, tesoura e lápis; utilizaram de moldes feitos de e.v.a com as partes de cada fantoche e confeccionaram cada fantoche a partir de explicações e demonstrações. Durante todo o dia do curso, foram realizadas anotações e posteriormente observações sobre as afirmações e comentários que as professoras fizeram sobre as três propostas trabalhadas. Resultados A partir de observações feitas ao longo da formação continuada dos professores, notamos que a maioria dos professores usa o teatro como prática pedagógica, em que algumas escolas nas quais estes professores lecionam, conta com pouco subsídio para realização desta prática, muitas vezes o que fica disponível para a realização do teatro é apenas o suporte do cenário e os bonecos para os fantoches são em pouca quantidade, em que se o professor desejar elaborar uma peça de teatro com animais e outros personagens, estes devem ser levados pelo próprio professor. Após a peça ter sido apresentada, as questões norteadoras mediaram à roda de conversa, na qual buscamos identificar como normalmente os professores fazem a peça de teatro e como aplicam atividades após o mesmo. Todas as professoras mencionaram que utilizam o teatro de fantoches como forma de recontar uma história, que por muitas vezes são inventadas pelas próprias professoras e poucas vezes utilizam o livro infantil como forma de adaptação da história para a apresentação da peça e não baseiam de uma temática central como foco da atividade. Ao realizar a roda de conversa com as professoras, as próprias atribuem valores e levantam temas para a aplicação em sala de aula, como o fato da mamãe galinha ter saído por algum tempo de casa e deixar o papai galo para cuidar dos pintinhos, comentam o papel da mãe refletido na galinha e como a mesma deve cuidar dos filhos. fantoches. Imagem 1: Cenário da peça apresentada e fantoches …...................................diversos. Imagem 2: Professoras confeccionando os Apresentamos a nossa proposta para as professoras como atividades após a apresentação da peça, é uma roda de conversa com os alunos com perguntas direcionadas aos pontos da peça, sobre o que eles entenderam e o que acontecia na peça, desta forma, o professor consegue identificar por meio das falas dos alunos, o que foi apropriado por eles, o professor focaliza estas perguntas no referencial do que pretende trabalhar, como por exemplo, a pergunta de qual a diferença da galinha e do lobo, tendo em mente a abordagem da morfologia dos animais apresentados na peça. Após a conversa com os alunos, os mesmos (divididos em grupos) devem recontar a peça apresentada, de sua maneira (sendo mediada pelo SIICUSP 2014 – 22º Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP professor) para seus colegas, no qual eles confeccionam uma mascara com o personagem que será representado e por fim, escolhem acessórios em uma caixa e que deve ser observado pelo professor o motivo da escolha, sendo que esta caixa contêm acessórios considerados pela sociedade como masculino e feminino, como por exemplo, tiara de cabelo, chapéu e boné. Tivemos como intuito expor uma forma de atividade e como esta pode ser pensada e aplicada nas séries iniciais. Discutimos também sobre o cuidado que o professor deve ter ao atribuir valores para a situação demonstrada, onde mencionamos o cuidado paternal, que não são todas as espécies que a fêmea que cuida dos ovos e ou da sua prole, podendo então exemplificar esta questão comentando de algumas espécies. Quanto à oficina de confecção dos fantoches, usamos como modelo os animais apresentados na peça, sendo eles a galinha, galo, menino, menina, usamos os modelos de animais comuns em histórias de livros infantis e músicas infantis , como a joaninha e o sapo e expomos diversos fantoches de animais e o cenário da peça apresentada (Imagem 1). De primeiro momento, escutamos da maioria das professoras presentes no curso, que a confecção dos fantoches seriam sem dúvida a parte mais difícil e ao mesmo tempo estimulante para elas, muitas disseram que não eram capazes de realizar tal atividade, pois não tinham capacidades e não obtinham dotes artísticos para a confecção do mesmo, desta forma, a partir de explicações práticas, moldes dos fantoches prontos e confecção passo a passo do processo, as mesmas professoras que acreditaram não serem capazes de realizar tal atividade, conseguiram confeccionar seus fantoches (Imagem 2), finalizando com comentários de como poderia ser fácil e estimulante quando existe uma pessoa ao lado para auxiliar nas questões, para auxiliar nas dúvidas, nas confecções e nas novas ideias que poderão surgir. Conclusões A partir dos dados observados ao longo da capacitação do teatro de fantoche para professoras da rede municipal de Guarulhos, podemos concluir que o curso de formação continuada de professores foi de maneira geral uma forma de contribuir diretamente para as professoras das séries iniciais, dando novas ideias e práticas, na qual as mesmas aplicarão o que foi aprendido no decorrer de suas aulas. Foi possível perceber o quanto estimulou cada professora que acreditava não ser capaz, mudando concepções de si mesma, que logo influenciará em suas metodologias dentro da sala de aula, fazendo com que a aplicação da modalidade da peça de teatro não seja apenas uma recontação de história, mas que possam adaptar livros infantis para as peças, produzir os próprios fantoches de acordo com a peça a ser apresentada, criar atividades para os alunos se baseando em uma temática central, sendo focada tanto na ciência natural, quanto no papel social . Referências Bibliográficas LIMA, M.E.C.C.; MAUÉS, E. Uma releitura do papel da professora das séries iniciais no desenvolvimento e aprendizagem de Ciências das crianças. Belo Horizonte. vol. 8, nº 2, dez. 2006 SANTOS. E.I.; Ciências nos anos finais do ensino fundamental: produção de atividades em uma perspectiva sócio-histórica. Ed. Anzol. São Paulo, 2012 SILVA, T. P., PIASSI, L. P. C.; Ensino de Ciências nas Séries iniciais: Adaptações a Partir da Literatura Infantil. III Encontro Nacional de Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente, Niterói- RJ, 2012. Disponivel em < http://www.ensinosaudeambiente.com.br/eneciencias/anaisiiieneciencias/trabalhos/T199.pdf > Acessado em 04, Agost.2014 TIZUKO MORCHIDA KISHIMOTO, O Jogo e a educação infantil; cengage learning, 2011 YEONG-SO, Y.; BYEONG-HO, H. Enquanto a mamãe galinha não estava. São Paulo: Callis, 2006. SIICUSP 2014 – 22º Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP