Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e

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Universidade do Vale do Paraíba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
Faculdade Integral Diferencial- FACID
Programa de Mestrado Interinstitucional em Bioengenharia
LUDMILLA KAREN BRANDÃO LIMA DE MATOS
ESTUDO ELETROMIOGRÁFICO DO MÚSCULO BÍCEPS FEMORAL APÓS
ALONGAMENTO GLOBAL E ALONGAMENTO SEGMENTAR
São José dos Campos, SP
2010
Ludmilla Karen Brandão Lima de Matos
ESTUDO ELETROMIOGRÁFICO DO MÚSCULO BÍCEPS FEMORAL APÓS
ALONGAMENTO GLOBAL E ALONGAMENTO SEGMENTAR
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
Interinstitucional em Bioengenharia como
complementação dos créditos necessários para
obtenção do título de Mestre em Engenharia
Biomédica.
Orientador: Prof. Dr. Alderico Rodrigues de Paula
Junior.
São José dos Campos, SP
2010
M3Ele
Malos, Ludúilla Kalen BrandãoLima dê
Estrdo €letÍoúiognÁfim do mrúscúobícepsfenomÌ aús âloÍgameúo global e
elongamentosegEentar/Ludmilla Ikreí BrandãoLima de Matos; Orientador:Prôf Dr'
Alderico Rodriguesde Paula Jünior. SãoJosédos ClmPos' 2010.
I disco lâser:coloÍ'
Diss€ÍtaçãoapÌ€s€tadaao ProgÍamade MestradoInterinstituoionalem Bioeoçnharia do
hstiürto de P€squisae IÈsenvolvilrento da UniveÍsidadedo Vale do Panlba/FACID' 2010
l Músculo bícqts femorEl 2. Alongametrto3. EldÍomiogEfia4. Fisioterãpia I Paula
Junior,Alderico Rodriguesde , oÌieút tr Título
CDU: ó15.t
Autorizo a ÍAÌodução total ou pacial desta disseÌtação,poÍ p(r€sso fotocopiadoÍ ou
trdnsmissãoeletônica, desdequecitadaà fonte e somcnteparafins acadêmicosç ciendficos.
daaluna:0'*A*!.UAssinatuÍa
04-08-2010
Datadadefesa:
K"^u' Sç'vnü;f 'Ì-L';"n'- cJo- lü'{c''
LUDMILLA KARENBRANDAOLIMA DE MATOS
"EsruDo ELETRoMTocRÁFrcoDo Múscul,o BÍcEPsFEMoRALAPÓs
ALONGAMENTO CLOBAL E O ALONGAMENTO SEGMENTAR''
DissertaçãoapÍovada como requisito parçial à obtençãodo grau de Mestre em Engenhada
em Bioengeúaria-do Institutode Pesqüsae
Biomedica,do Programade Pós-Graduação
Desenvolümentoda Universidadedo Vale do Paraiba,SãoJosédosCampos,SP,pelaseguinte
bancaexaminadora:
Prof.Dr. MARIO OLMIRA LIMA (UNIVAP)
Prof.Dr. ALDERICO RODRIGUESDE PAULA JUNIO
Prof.Dr. LUIS VICENTE FRANCO OLMIRA
daCosta
Prof. Dra.SandÍaMariaFonseca
Diretordo IP&D - Univap
de2010.
04deagosto
SãoJosédosCampos,
(UNINOVE)
IVAP)
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Maria do Livramento e José Lima de Matos, por todo amor dedicado a mim, e
por todo o empenho para me tornar um ser humano digno, uma pessoa feliz e uma
profissional competente. Obrigada pelas oportunidades e pelo incentivo incansável. A essa
mãe e esse pai tão especiais, que até hoje se preocupam em orientar meus passos. Mãe
obrigada pela tantas vezes que me ligou e me perguntou como estava meu mestrado e pelas
cobranças para que cumprisse todos os meus deveres. Dedico a vocês pelas palavras que me
deram de apoio para eu seguir em frente e por tudo que fizeram pelo meu bebê, para que ele
tivesse atenção, carinho e cuidados, quando eu precisei de tempo para estudar ou para viajar.
Gustavo, meu marido, obrigada pela compreensão, pela paciência e pela ajuda que você me
deu em diversos momentos e principalmente naqueles em que eu não pude dar a atenção
necessária ao nosso filho. Obrigada amor, por tudo que você fez neste período de muito
trabalho, obrigada pelas palavras de carinho e de incentivo que foram tão importantes para
chegar ao final deste desafio.
Ao meu filho, Gustavo Filho, que é hoje um dos grandes motivos que me faz querer, cada vez
mais, ser uma pessoa e uma profissional melhor. Saiba que não pude acompanhá-lo como
gostaria enquanto estava envolvida com a pesquisa, e que para isso foi preciso deixar de lado
a emoção e agir com a razão, mas foi com muita dificuldade que tive que me ausentar em
momentos tão lindos. Você é um presente que Deus me deu!
Amo muito vocês!
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por toda a minha vida, por tudo que já realizei e alcancei até hoje na minha
vida profissional e pessoal.
Aos meus irmãos, Leonardo José e Fabiano Márcio, por tanto carinho e amor que me dedicam
e que é tão importante para seguir em frente.
Aos meus alunos, Felipe Delmondes e João Paulo Oliveira, por tanta dedicação e ajuda
incansável, em toda a pesquisa. A contribuição de vocês foi essencial para que este estudo
fosse possível. Obrigada!
Às minhas amigas Olívia Mafra e Rauena Souto, por terem cedido o eletromiógrafo que
utilizei neste estudo, agradeço a confiança que tiveram em mim ao entregar o aparelho em
minhas mãos e me deixarem utilizá-lo por tanto tempo. Além disso, agradeço pela ajuda de
grande importância, prestada pela Olívia, tanto na orientação de como utilizar o equipamento
como no momento de analisar os dados. Suas explicações foram primordiais para os
resultados da pesquisa.
Ao meu orientador, Prof. Alderico, por toda a paciência, dedicação, generosidade e auxílio
valoroso a esta pesquisa.
À grande colaboração de todos os voluntários da pesquisa, que deixaram suas tarefas e
dedicaram um momento do dia para o procedimento experimental. Todos chegavam para os
atendimentos sem mostrar sinais de que queriam desistir, pelo contrário, sempre estavam de
bom humor.
Aos alunos José Weliton Silva e Ítalo Feitosa, que mesmo não sendo meus alunos se
dispuseram a me ajudar, acrescentaram um conhecimento importante para a utilização
adequada do eletromiografo.
À FACID, que se preocupa em qualificar seus professores e que tornou possível a realização
do Minter.
Aos meus amigos de turma, pelo companheirismo em cada disciplina que fizemos e até o final
do mestrado, sempre compartilhando informações que pudessem ajudar um ao outro.
A todos que de alguma maneira, me ajudaram a concluir esta etapa tão importante na minha
vida como professora e fisioterapeuta.
MATOS, L. K. B. L. Estudo eletromiográfico do músculo bíceps femoral após
alongamento global e alongamento segmentar. 2010. 90f. Dissertação (Mestrado em
Bioengenharia) Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba,
São José dos Campos, SP: 2010.
RESUMO
Flexibilidade é a qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de
amplitude angular total, irrestrita e livre de dor sem risco de provocar lesão, importante para
diversos aspectos da motricidade humana. As técnicas de alongamento são amplamente
empregadas no tratamento e prevenção de doenças musculoesqueléticas, com objetivo de
manter ou aumentar a extensibilidade da unidade musculotendínea e assim garantir uma
flexibilidade adequada dos tecidos moles. Apesar da existência de inúmeras publicações, que
avaliaram as adaptações musculares induzidas por diferentes protocolos de alongamento, não
há um consenso de como executá-lo de forma a garantir sua máxima eficiência. Este estudo
teve como objetivo comparar o efeito do alongamento global e do alongamento segmentar,
nas variáveis: atividade eletromiográfica do músculo bíceps femoral e amplitude de
movimento de flexão do quadril com joelho estendido. Trinta sujeitos, sedentários, com
encurtamento dos isquiostibiais, foram divididos aleatoriamente em três grupos (n=10 em
cada): um grupo submetido ao alongamento estático segmentar (GAES), o outro ao
alongamento global (GAG) e um grupo controle (GC) que não fez alongamento. A atividade
eletromiográfica foi avaliada através da eletromiografia de superfície e a amplitude de
movimento pela eletrogoniometria, antes e após os procedimentos. O programa de
alongamento foi realizado cinco vezes por semana, durante duas semanas. O nível de
significância estatística adotado foi p≤0,05. A análise inferencial intragrupo, do GAES e
GAG, revelou melhora significativa da amplitude de movimento e comparando-se GAES e
GC, como também GAG e GC, houve diferença significativa na relação do root mean square
correspondente e inicial. Não houve diferença significativa na comparação das variáveis entre
o GAES e GAG. Pode-se concluir que os programas de alongamento foram efetivos para
aumentar a amplitude de movimento e diminuir a atividade eletromiográfica, mas que entre
eles não houve diferença.
Palavras-chave: Alongamento Global, Alongamento Segmentar, Amplitude de Movimento,
Eletromiografia, Isquiostibiais.
MATOS, L. K. B. L. Electromyographic study of the biceps femoris muscle after
stretching and lengthening overall target. 2010. 90f. Dissertação (Mestrado em
Bioengenharia) Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba,
São José dos Campos, SP: 2010.
ABSTRACT
Flexibility is the physical quality responsable for the voluntary whole wide-angle movement,
unrestricted and free of pain with no risk of causing injury to several important aspects of
human movement. Stretching techniques are widely used in the treatment and prevention of
musculoskeletal diseases, in order to maintain or increase the extensibility of the
musculotendinous unit and thus ensure adequate soft tissues flexibility. Despite the numerous
publications that evaluated the muscle adaptations induced by different stretching protocols,
there is no consensus on how to run it to ensure its maximum efficiency. This study aimed to
compare the overall effect of stretching and stretching segment, the variables:
electromyographic activity of biceps femoris muscle and range of motion of hip flexion with
knee extended. Thirty men who were sedentary, with shortening of the hamstrings, were
divided randomly into three groups (n = 10 each): one group subjected to static stretch target,
the other to the lengthening global and a control group that did not stretch. The
electromyographic activity was assessed by electromyography and range of motion by
electrogoniometry before and after the treatments. The stretching program was performed five
times a week for two weeks. The level of statistical significance was p ≤ 0.05. The inferential
analysis intragroup showed significant improvement of the rage of motion and comparing to
static stretch target and control group, but also both, there was significant difference in the
ratio of root mean square (RMS) and the corresponding original. There was not significant
difference in the comparison of variables between the static stretch target and lengthening
global. It can be concluded that the programs were effective stretching to increase range of
motion and decrease the electromyographic activity, but there was no difference between
them.
Keywords: Global Stretch, Stretch Target, Range of Motion, Electromyography, Hamstrings.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Músculo esquelético................................................................................................17
Figura 2 - Fuso muscular.........................................................................................................21
Figura 3 - Cadeia mestra posterior..........................................................................................32
Figura 4 - Cadeia mestra anterior............................................................................................32
Figura 5 - Postura em pé inclinada para frente........................................................................34
Figura 6 - Eletrodo de superfície.............................................................................................42
Figura 7 - Eletromiógrafo EMG System..................................................................................42
Figura 8 - Local de colocação do eletrodo no bíceps femural.................................................44
Figura 9 - Eletrogoniômetro EMG System..............................................................................45
Figura 10 - Sinal da eletrogoniometria....................................................................................45
Figura 11 - Sinal eletromiográfico...........................................................................................46
Figura 12 - Sinal da botoeira na SDSD e na SDCD................................................................46
Figura 13 - Avaliação eletromiográfica...................................................................................47
Figura 14 - Alongamento estático segmentar..........................................................................48
Figura 15 - Alongamento global..............................................................................................49
Figura 16 - Amplitude de movimento da SDSD expressa em ângulos (graus) dos grupos
GAES, GAG e GC....................................................................................................................53
Figura 17 - Amplitude de movimento da SDCD expressa em ângulos (graus) dos grupos
GAES, GAG e GC....................................................................................................................54
Figura 18 - Amplitude de movimento expressa pela diferença dos ângulos (graus) da SDSD
antes e depois dos grupos GAES, GAG e GC..........................................................................55
Figura 19 - Atividade eletromiográfica representada pelo valor da relação do RMS
correspondente/RMS inicial, da SDCD, do GAES, GAG e GC...............................................56
LISTA DE TABELA
Tabela 1 - Dados antropométricos. IMC: índice de massa corporal........................................52
Tabela 2 - Valores dos dados antropométricos do GAES........................................................82
Tabela 3 - Valores dos dados antropométricos do GAG..........................................................82
Tabela 4 - Valores dos dados antropométricos do GC.............................................................83
Tabela 5 - Valores dos ângulos da SDSD antes e depois dos atendimentos............................83
Tabela 6 - Estatística descritiva dos valores dos ângulos da SDSD antes e depois dos
atendimentos.............................................................................................................................84
Tabela 7 - Teste de normalidade D’Agostino dos valores dos ângulos da SDSD antes e depois
dos atendimentos.......................................................................................................................84
Tabela 8 - Valores dos ângulos da SDCD antes e depois dos atendimentos...........................84
Tabela 9 - Estatística descritiva dos valores dos ângulos da SDCD antes e depois dos
atendimentos.............................................................................................................................85
Tabela 10 - Teste de normalidade D’Agostino dos valores dos ângulos da SDCD antes e
depois dos atendimentos...........................................................................................................85
Tabela 11 - Valores das diferenças dos ângulos da SDSD......................................................85
Tabela 12 - Estatística descritiva das diferenças dos ângulos da SDSD..................................86
Tabela 13 - Teste de normalidade D’Agostino da diferença da diferença dos ângulos da
SDSD........................................................................................................................................86
Tabela 14 - Valores do RMS inicial e correspondente da SDCD do GAES............................87
Tabela 15 - Valores do RMS inicial e correspondente da SDCD do GAG.............................87
Tabela 16 - Valores do RMS inicial e correspondente da SDCD do GC................................88
Tabela 17 - Valores da relação do RMSC /RMSI da SDCD...................................................88
Tabela 18 - Estatística descritiva do valor da relação RMSC/RMSI da SDCD.......................89
Tabela 19 - Teste de normalidade D’Agostino da relação RMSC/RMSI da SDCD...............89
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAGAES – Ângulo antes do atendimento do grupo de alongamento estático segmentar
AAGAG - Ângulo antes do atendimento do grupo de alongamento global
AAGC - Ângulo antes do atendimento do grupo controle
ADGAES - Ângulo depois do atendimento do grupo de alongamento estático segmentar
ADGAG – Ângulo depois do atendimento do grupo de alongamento global
ADGC - Ângulo depois do atendimento do grupo controle
ADM – Amplitude de movimento
AES – Alongamento estático segmentar
AG – Alongamento global
CEP – Comitê de ética em pesquisa
CL – Contração lenta
CR – Contração rápida
EMG – Eletromiografia
FACID – Faculdade integral diferencial
FNP – Facilitação neuromuscular proprioceptiva
GAES – Grupo de alongamento estático segmentar
GAG – Grupo de alongamento global
GC – Grupo controle
IMC – Índice de massa corporal
OTG – Orgão tendinoso de Golgi
PAUM – Potencial de ação da unidade motora
RMS - Root Mean Square
RPG – Reeducação postural global
SDSD – Sensação de desconforto sem dor
SDCD – Sensação de desconforto com dor
SENIAM - Surface Electromyography for the Non-Invasive Assessment of Muscles
SISNEP - Sistema nacional de informações sobre ética em pesquisas envolvendo seres
humanos
TCLE – Termo de consentimento livre e esclarecido
LISTA DE SÍMBOLOS
μV - Microvolts
Ag/AgCl – Prata/cloreto de prata
mm – Milímetros
% - Porcentagem
Hz – Hertz
m – Metros
° - Grau
p – nível de significância
≤ - menor ou igual
Kg – Kilograma
Kg/m2 - kilograma por metro quadrado
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................
13
2 OBJETIVOS DO ESTUDO...................................................................................
16
2.1 Objetivo Geral..............................................................................................
16
2.2 Objetivos Específicos...................................................................................
16
3 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................
17
3.1 Músculo Esquelético....................................................................................
17
3.1.1 Estrutura do músculo esquelético........................................................
17
3.1.2 Tipo de fibra muscular.........................................................................
19
3.1.3 Receptores musculares.........................................................................
20
3.1.4 O grupo muscular isquiotibial.............................................................
23
3.1.5 Músculos tônicos e músculos fásicos....................................................
24
3.2 Alongamento Muscular............................................................................
25
3.2.1 Alongamento estático segmentar..........................................................
30
3.2.2 Alongamento global...............................................................................
31
3.3 Eletromiografia............................................................................................
35
4 MATERIAL E MÉTODO.....................................................................................
40
4.1 Caracterização do Estudo...........................................................................
40
4.2 Caracterização dos Sujeitos........................................................................
40
4.2.1 Critérios de inclusão.............................................................................
40
4.2.2 Critérios de exclusão.............................................................................
40
4.3 Princípios Éticos e Legais............................................................................
41
4.4 Local da Pesquisa.........................................................................................
41
4.5 Instrumentos e Materiais............................................................................
41
4.6 Procedimentos Experimentais....................................................................
43
4.7 Tratamento dos Dados................................................................................
50
5 RESULTADOS .......................................................................................................
52
6 DISCUSSÃO............................................................................................................
57
7 CONCLUSÕES........................................................................................................
68
REFERÊNCIAS..........................................................................................................
69
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
78
APÊNDICE B – FICHA DE AVALIAÇÃO.............................................................
81
APÊNDICE C – DADOS ESTATÍSTICOS.............................................................
82
ANEXO - CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA...............
90
13
1 INTRODUÇÃO
Flexibilidade é a capacidade das estruturas que compõem os tecidos moles que
circundam uma articulação, como músculo e tecido conjuntivo, se alongarem (ANDREWS;
HARRELSON; WILK, 2000). É a qualidade física responsável pela execução voluntária de
um movimento de amplitude angular total, irrestrita e livre de dor sem risco de provocar
lesão, importante para diversos aspectos da motricidade humana (PRENTICE; VOIGHT,
2003; DANTAS, 2005).
Uma boa flexibilidade é essencial para o movimento normal e na prevenção de lesão
da unidade musculotendínea, permite a realização de arcos articulares mais amplos,
possibilitando a execução de movimentos e gestos desportivos e para o sedentário permite que
execute gestos cotidianos. A falta de flexibilidade pode resultar em padrões de movimentos
descoordenados e pode levar a limitações e incapacidades funcionais na vida de uma pessoa
(PRENTICE; VOIGHT, 2003; BONVICINE; GONÇALVES; BATIGÁLIA, 2005; KISNER;
COLBY, 2009).
A perda da flexibilidade muscular é revelada pela redução da capacidade de um
músculo deformar-se, resultando numa redução da amplitude de movimento (BANDY;
IRON; BRIGGLER, 1997). A amplitude de movimento (ADM) é o movimento completo
possível de uma articulação. Diversos fatores podem acarretar a diminuição da flexibilidade, e
assim afetar a ADM, dentre estes incluem: imobilização prolongada de um segmento do
corpo, estilo de vida sedentário, desalinhamento postural, desempenho muscular
comprometido, trauma dos tecidos e deformidades congênitas ou adquiridas (KISNER;
COLBY, 2009).
Dentre os diversos recursos empregados pelos fisioterapeutas no tratamento e
prevenção de doenças musculoesqueléticas, destaca-se o alongamento muscular, por ser
largamente utilizado (BRANCO et al., 2006). As técnicas de alongamento são usadas para
aumentar a extensibilidade da unidade musculotendínea e do tecido conjuntivo periarticular,
com redução da tensão e aumento da flexibilidade, permitindo o indivíduo realizar
movimentos mais coordenados e eficientes (MARQUES; MENDONÇA; COSSERMELLI,
1994; HALL; BRODY, 2001).
Segundo Tirloni et al. (2008), diversos tipos de alongamento foram desenvolvidos
com o objetivo de aumentar a flexibilidade, como o alongamento balístico, facilitação
neuromuscular proprioceptiva, alongamento estático e a reeducação postural global (RPG).
14
Estudo de Bandy, Iron e Briggler (1997), já relatava que muitas pesquisas com
humanos demonstraram a efetividade das técnicas de alongamento estático passivo, dinâmico
ou por Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP). E muitos estudos sobre diferentes
tipos de técnicas também analisaram as respostas musculares agudas pós-alongamentos
(CRAMER et al., 2004; POWER et al., 2004; MAREK et al., 2005). Apesar da existência de
publicações que avaliaram as adaptações musculares induzidas por diferentes protocolos de
alongamento aplicados em músculos normais e/ou encurtados, não há um consenso de como
executá-lo de forma a garantir sua máxima eficiência (BRANCO et al., 2006; SECCHI et al.,
2008).
As dúvidas são geradas a partir da escolha da técnica, do número de repetições,
freqüência, tempo de duração e sobre a intensidade de tensão que deve ser aplicada ao
músculo durante o alongamento. Há poucos estudos conclusivos, muitos autores discordam
entre si na tentativa de estabelecer parâmetros. O que torna difícil, em alguns casos, escolher
na prática clínica um protocolo de alongamento apropriado (ROSÁRIO; MARQUES;
MALUF, 2004; BRANCO et al., 2006).
As técnicas de alongamento são comumente utilizadas para alongar isoladamente um
músculo, considerado como um alongamento segmentar. Por outro lado existe o alongamento
global, que parte do pressuposto que os músculos organizam-se em cadeias musculares e que
um músculo encurtado cria compensações em músculos próximos ou distantes (ROSÁRIO;
MARQUES; MALUF, 2004).
Um exemplo de alongamento segmentar é o estático passivo manual, muito utilizado
clinicamente e considerado seguro. Neste alongamento uma força relativamente constante é
aplicada vagarosa e gradualmente, até um ponto tolerado pelo paciente, de forma a evitar o
reflexo de estiramento, e mantida por um curto período de tempo (BANDY; IRON;
BRIGGLER, 1997; WEIJER; GORNIAK; SHAMUS, 2003; ROSÁRIO; MARQUES;
MALUF, 2004). A técnica de alongamento global mais conhecida é a Reeducação Postural
Global (RPG), que preconiza a utilização de posturas específicas para o alongamento, sendo
considerada de longa duração. Um dos questionamentos que envolvem o tema alongamento é
se há diferença nos resultados de um alongamento segmentar e um alongamento global
(VIVOLO; ROSÁRIO; MARQUES, 2003; ROSÁRIO et al., 2008).
As discussões que envolvem o tema alongamento muscular despertaram nosso
interesse em investigar o alongamento global, através do método RPG, e o alongamento
segmentar estático passivo manual. Estas discussões giram em torno da ausência de consenso
sobre as técnicas mais eficientes, da escassez de publicações científicas que esclareçam os
15
efeitos da RPG e que comparem seus efeitos com os de técnicas já consideradas em muitas
pesquisas como eficientes, como por exemplo, a estática segmentar. Estes motivos, reforçados
pela necessidade de mais evidências científicas que auxiliem na prática clínica a escolha de
uma técnica que promova resultados satisfatórios, justificam a importância do presente
estudo.
Diversos estudos de interesse sobre alongamento utilizaram os músculos isquiostibiais
para avaliarem os efeitos de diferentes técnicas de alongamento (BOVICINE; GONÇALVES;
BATIGÁLIA, 2005; FOLPP et al., 2006; BRASILEIRO; FARIA; QUEIROZ, 2007;
TIRLONI et al., 2008; MILAZZOTTO; CORAZZINA; LIEBANO, 2009; YLINEN et al.,
2009), este fato motivou a escolha deste grupo muscular para a realização da presente
pesquisa. Como também, pela importância da flexibilidade destes músculos, particularmente
na área da reabilitação, para o equilíbrio postural, na manutenção completa da ADM do joelho
e do quadril, na prevenção de lesões e na otimização da função musculoesquelética
(SHUBACK; HOOPER; SALISBURY, 2004).
Pesquisas sobre alongamento têm demonstrado a eficiência das técnicas através de
efeitos como a melhora da flexibilidade e aumento da ADM, assim como pela prevenção de
lesões, prevenção ou redução da dor muscular pós-exercício e pela melhora do desempenho
físico (HERBERT; GABRIEL, 2002; WELDON; HILL, 2003; TIRLONI et al., 2008). E
alguns estudos como os de MAREK et al. (2005) e MARQUES et al. (2009), analisaram os
efeitos na atividade elétrica muscular após o alongamento, através da eletromiografia (EMG).
A eletromiografia vem sendo utilizada há vários anos, com o objetivo de registrar a
atividade elétrica muscular em diferentes estudos e condições clínicas. É um método de
avaliação que pode ser utilizado pelo fisioterapeuta por adicionar informações relevantes,
tanto qualitativa quanto quantitativamente, da análise da atividade muscular (SODERBERG;
KNUTSON, 2000; OCARINO et al., 2005).
Acredita-se que uma justificativa para utilização da eletromiografia em pesquisas
sobre alongamento muscular, é a possibilidade de relacionar os efeitos das técnicas com uma
mudança na atividade elétrica muscular. Portanto, com objetivo de comparar os efeitos das
técnicas de alongamento segmentar e global nos isquiostibiais, foi realizada no presente
estudo, além da avaliação da amplitude de movimento do quadril, a análise da atividade
elétrica muscular do bíceps femoral através da eletromiografia.
16
2 OBJETIVO DO ESTUDO
2.1 Objetivo Geral
Comparar o efeito do alongamento global e do alongamento segmentar, nas variáveis:
atividade eletromiográfica do músculo bíceps femoral e amplitude de flexão do quadril com
joelho estendido de indivíduos sedentários com encurtamento dos isquiostibiais.
2.2 Objetivos Específicos
- Avaliar a amplitude de movimento de flexão do quadril com joelho estendido antes e após
alongamento segmentar e alongamento global.
- Analisar a atividade eletromiográfica do músculo bíceps femoral antes e após a realização
do alongamento segmentar e o alongamento global.
- Verificar se existe diferença significativa na amplitude de movimento e na atividade
eletromiográfica após o alongamento segmentar comparado ao alongamento global.
17
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Músculo Esquelético
3.1.1 Estrutura do músculo esquelético
O músculo estriado esquelético (Figura 1) é o tecido mais abundante no corpo humano,
tem papel importante na manutenção e execução dos movimentos do corpo. O corpo humano
apresenta mais de 430 músculos esqueléticos, visto aos pares nos lados direito e esquerdo, no
entanto, os movimentos mais vigorosos são produzidos por 80 pares (NORDIN; FRANKEL,
2003).
Figura 1: Músculo esquelético
Fonte: POWERS; HOWLEY (2000, p. 127, adaptada).
Os músculos são formados por várias células musculares denominadas fibras
musculares, com diâmetro de 10 e 80 micrômetros. Na maioria dos músculos esqueléticos a
fibra se prolonga por todo comprimento do músculo. Exceto por 2% das fibras, cada uma, em
geral, é inervada por apenas uma terminação nervosa (GUYTON; HALL, 2006). As fibras
musculares estão organizadas em grupos de feixes, sendo o conjunto de feixes envolvidos por
uma camada de tecido conjuntivo, chamada epimísio, que recobre o músculo inteiro. Do
18
epimísio partem septos que envolvem e separam os feixes, constituem o perimísio. E cada
fibra muscular, é envolvida pelo endomísio (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).
O tecido conjuntivo é formado por colágeno, elastina, fibras reticulínicas e uma
substância fundamental. Este tecido possui propriedades viscoelásticas, definidas como dois
componentes do estiramento, que permitem o alongamento do tecido (ANDREWS;
HARRELSON; WILK, 2000).
A membrana celular especializada e excitável que envolve a célula muscular é
denominada de sarcolema. Cada fibra muscular é formada por miofibrilas e cada miofibrila é
composta por filamentos de miosina e filamentos de actina, que são longas moléculas de
proteínas, responsáveis pela contração muscular. Os filamentos de miosina possuem pequenas
projeções, que são as pontes cruzadas. As interações entre os filamentos de actina e as pontes
cruzadas causam as contrações. As extremidades dos filamentos de actina estão ligadas ao
chamado disco Z, que é composto por filamentos de proteína diferentes da actina e miosina. O
segmento da miofibrila situado entre dois discos Z sucessivos é referido como sarcômero. O
posicionamento dos filamentos de actina e miosina é mantido pelo grande número de
moléculas filamentares de uma proteína chamada titina. A molécula de titina é flexível, esta
flexibilidade atua como um arcabouço que mantém os filamentos de miosina e actina em seus
lugares, de modo que a maquinária contrátil possa agir (POWERS; HOWLEY, 2000;
ROBERGS; ROBERTS, 2002; GUYTON; HALL, 2006).
Cada célula muscular esquelética está conectada ao ramo de uma fibra nervosa
originária de uma célula nervosa. Essas células nervosas são chamadas motoneurônios. O
local onde o motoneurônio e a célula muscular se encontram é denominado junção
neuromuscular. A unidade funcional da contração muscular é a unidade motora, a qual é
formada pela fibra muscular e o motoneurônio. A contração do músculo esquelético resulta da
contração combinada de muitas unidades motoras. Cada neurônio motor que inerva o músculo
esquelético emerge do corno anterior da medula espinhal e é classificado como alfa. Os
comandos são transportados através das fibras nervosas periféricas e, em seguida, são
transmitidos através da junção neuromuscular, ás fibras musculares (POWERS; HOWLEY,
2000; ROBERGS; ROBERTS, 2002).
19
3.1.2 Tipo de fibra muscular
Minamoto (2005), em um estudo de revisão da literatura sobre a classificação e
adaptações das fibras musculares, observou que as diferentes terminologias usadas para a
classificação das fibras musculares são o resultado da grande variedade de procedimentos
existentes para sua classificação. A terminologia adotada deverá depender do método
empregado para sua análise. A utilização criteriosa da terminologia utilizada é importante,
uma vez que nem sempre há correlação entre as classificações das fibras musculares por
diferentes técnicas. Ou seja, fibras musculares que são agrupadas em uma mesma categoria
por determinada técnica podem ser colocadas em outra categoria quando utilizado um outro
procedimento de classificação.
Pela análise imunohistoquímica, a identificação das diferentes isoformas da cadeia
pesada da miosina (myosin heavy chain, MHC), utilizando anticorpos antiomiosina, também
permite uma classificação das fibras (STARON, 1997; PETTE; PEUKER; STARON, 1999).
A MHC é a porção da cabeça da molécula de miosina que determina a velocidade da reação
das pontes cruzadas da miosina com os filamentos de actina e, conseqüentemente, a
velocidade de contração muscular (WILLIAMS; HIGGINS; LEWEK, 2002).
O estudo de Minamoto (2005) destacou diferentes métodos de classificação das fibras
e a respectiva terminologia da classificação dos diferentes tipos de fibras musculares. Para o
método de coloração as fibras são classificadas em vermelhas e brancas. Na classificação pelo
metabolismo as fibras são classificadas em oxidativa e glicolítica. No método bioquímico são
classificadas em SO (slowoxidative – fibras de contração lenta e metabolismo oxidativo), FG
(fast glicolitic– fibras de contração rápida e metabolismo glicolítico) e FOG (fast-oxidative
glicolitic – fibras de contração rápida e metabolismo glicolítico e oxidativo). No método
histoquímico são classificadas em Tipo I e Tipo II. No método fisiológico são classificadas
em contração lenta e contração rápida. Pelo limiar de fadiga as fibras são classificadas em
fibras de alta resistência à fadiga e de baixa/moderada resistência à fadiga. E no método
imunohistoquímico são classificadas em MHCI e MHCII.
Existe uma correlação entre as Fibras do tipo I e as Fibras de contração lenta e
metabolismo oxidativo, e existem correlações mais variadas tanto entre as Fibras do tipo IIA e
Fibras de contração rápida e metabolismo glicolítico e oxidativo, como também entre as
Fibras do tipo IIB e Fibras de contração rápida e metabolismo glicolítico (HAMALAINEN;
PETTE, 1995).
20
Não existe um músculo composto exclusivamente de fibras dos tipos I ou II (com seus
vários subtipos), isto é, não existe somente um único tipo de fibra muscular compondo um
determinado músculo. Os músculos são compostos por diferentes tipos de fibras, mas com
predomínio de um tipo específico. Os músculos posturais ou tônicos, responsáveis pela
manutenção do corpo contra a gravidade, apresentam um predomínio de fibras de contração
lenta, e os músculos fásicos, responsáveis pela produção de força muscular, são compostos,
predominantemente, por fibras de contração rápida (MINAMOTO, 2005).
As fibras do Tipo I são mais adequadas ao desempenho de atividades de resistência
(aeróbica), ou seja, atividades de baixa intensidade e longa duração. E nelas parecem ser mais
freqüentes as contraturas, encurtamentos e dor por compressão. Já as fibras do Tipo II estão
preparadas para o desempenho de atividades de alta intensidade e curta duração (ACHOUR
JUNIOR, 2002; CARPENTER, 2005).
É importante ressaltar que não somente os músculos tônicos, por apresentarem
constante atividade muscular, são susceptíveis aos encurtamentos. Os músculos fásicos ou
dinâmicos também podem apresentar-se encurtados, pois o que determina o encurtamento
muscular é a posição predominante na qual o mesmo permanece. Desse modo, deve-se dar
maior ênfase ao alongamento de músculos posturais ou de músculos que permanecem em
posição predominante de encurtamento, devido à diminuição de sarcômeros em série e à
proliferação de tecido conjuntivo observadas nesses músculos (MINAMOTO, 2005).
3.1.3 Receptores musculares
O controle adequado da função muscular requer não apenas excitação do músculo
pelos neurônios motores, mas também informação sensorial de cada músculo, indicando o
estado funcional do músculo em cada instante. Para fornecer estas informações, os músculos e
os seus tendões são supridos com dois tipos especiais de receptores sensoriais. Os
mecanorreceptores mais importantes que atuam na função neuromuscular são o fuso muscular
(Figura 2) e o orgão tendinoso de Golgi (OTG). Os fusos musculares que estão distribuídos no
ventre do músculo enviam informação para o sistema nervoso sobre o comprimento do
músculo ou a velocidade de mudança do comprimento, e os órgãos tendinosos de Golgi, que
estão localizados nos tendões, transmitem informação sobre tensão do tendão ou a velocidade
de alteração na tensão do músculo (GUYTON; HALL, 2006).
21
Figura 2: Fuso muscular
Fonte: ROBERGS; ROBERTS (2002, p. 98, adaptada)
O fuso muscular contém fibras musculares especializadas, que em conjunto, são
chamadas de fibras intrafusais e são circundadas por uma bainha de tecido conjuntivo. Essas
fibras têm orientação paralela às fibras do músculo esquelético, que são chamadas de fibras
extrafusais, e a região central de cada fibra intrafusal tem poucos ou não possui filamentos de
actina e miosina, funcionam como receptor sensorial (POWERS; HOWLEY, 2000).
Existe dois tipos de fibras intrafusais, a saco nuclear e em cadeia nuclear, elas diferem
pela aparência anatômica e em relação às conexões nervosas aferentes e eferentes. A fibra em
saco e a em cadeia têm neurônio aferente Ia e, além disso, as fibras em cadeia têm conexões
aferentes do grupo II. O neurônio aferente Ia tem velocidade de condução maior do que as
aferências do grupo II (ROBERGS; ROBERTS, 2002).
A terminação nervosa sensorial primária (Ia) responde às alterações dinâmicas do
comprimento muscular, já a terminação secundária (II) fornece informação contínua ao
sistema nervoso central sobre comprimento estático do músculo. Além dos neurônios
sensoriais, os fusos são inervados por motoneurônios gama (fibras eferentes gama), que
inervam a porção proximal e distal de cada fibra onde estão localizadas as proteínas
contráteis, e estimulam as fibras intrafusais a se contrair simultaneamente com as fibras
extrafusais, inervadas pelas fibras eferentes alfa (POWERS; HOWLEY, 2000).
O fuso muscular é sensível ao alongamento estático e ao alongamento dinâmico.
Durante o alongamento estático, estiramento lento, a região central das fibras em saco ou em
cadeia é alongada e causa um potencial de receptor na terminação dos neurônios aferentes
22
tipo Ia e dos neurônios aferentes tipo II. Esses potenciais de ação se propagam para medula
espinhal e fazem sinapse com o motoneurônio do tipo alfa. Esse neurônio inerva o músculo
alongado, causando contração das fibras. Essa resposta ao alongamento é denominada, reflexo
de alongamento estático e é mantida pelo tempo em que o músculo estiver alongado
(ROBERGS; ROBERTS, 2002).
Quando o comprimento do fuso aumenta rapidamente estimula forte e seletivamente as
terminações tipo Ia das fibras em saco ou em cadeia. Este estímulo é chamado de resposta
dinâmica, o que significa que a terminação primária responde ativamente à rápida velocidade
de alteração no comprimento de um fuso. A resposta reflexa é rápida, causando contração
forçada das fibras alongadas e é completa em frações de segundo (GUYTON; HALL, 2006).
Os autores acima acrescentam que a manifestação mais simples da função do fuso
muscular é o reflexo de estiramento muscular, que pode ser dividido em dois componentes:
reflexo de estiramento dinâmico, que se opõe às alterações rápidas no comprimento do
músculo; e o reflexo de estiramento estático, que é importante por manter um grau de
contração muscular razoavelmente constante, exceto quando o sistema nervoso determina que
seja diferente.
O fuso também é sensível às mudanças no comprimento muscular. Durante a contração
e o relaxamento muscular, existem aumento e diminuição do comprimento das fibras
extrafusais. O fuso tem que mudar o comprimento de acordo com as fibras extrafusais.
Quando o neurônio alfa é estimulado, neurônios gama também são estimulados. Assim, a
mudança de comprimento das fibras intrafusais acompanha as fibras extrafusais. Esse
processo é chamado de co-ativação alfa-gama e permite que o fuso fique próximo da
sensibilidade ótima, apesar da mudança de comprimento das fibras extrafusais (ROBERGS;
ROBERTS, 2002).
Os orgãos tendinosos de Golgi residem dentro dos tendões dos músculos perto do
ponto de inserção da fibra muscular no tendão. Aproximadamente 10 a 15 fibras musculares
estão conectadas a cada OTG. O órgão é estimulado quando este pequeno feixe de fibras
musculares é tensionado pela contração ou pelo estiramento do músculo. Os sinais do OTG
são transmitidos para medula espinhal pelos neurônios aferentes do tipo Ib, onde fazem
sinapse com um interneurônio inibitório, que irá inibir o respectivo neurônio motor alfa,
assim limitando a força desenvolvida àquela que pode ser tolerada pelos tecidos que estão
sendo tensionados (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997).
Quando a tensão no músculo e, portanto no tendão, torna-se extrema, o efeito inibitório
do OTG pode ser tão grande que leva a uma reação rápida na medula espinhal que causa um
23
relaxamento instantâneo do músculo, o que é chamado de reação de alongamento. Este,
provavelmente, é um mecanismo de proteção para prevenir o rompimento do músculo ou a
separação do tendão de seus ligamentos ao osso (GUYTON; HALL, 2006).
3.1.4 O grupo muscular isquiotibial
Os músculos que fazem parte do grupo isquiotibial são: o bíceps femoral, o
semitendíneo e o semimenbranáceo. São coletivamente conhecidos como posteriores da coxa,
jarretes ou hamstrings. O bíceps femoral possui a cabeça longa, que tem inserção proximal na
tuberosidade isquiática, e a cabeça curta que se insere no lábio lateral da linha áspera do
fêmur, ambas têm inserção distal no côndilo lateral da tíbia, na cabeça da fíbula e na fáscia da
perna, é posterior lateral da coxa. O semimenbranáceo e o semitendíneo têm inserção
proximal na tuberosidade isquiática, já suas inserções distais diferem, o primeiro se insere no
côndilo medial da tíbia e o segundo se insere na face medial da tíbia, ambos são posteriores
mediais da coxa (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997).
Vários trabalhos constataram o aumento na flexibilidade dos músculos flexores do
joelho, os isquiostibiais, por meio da mensuração da amplitude de movimento (ADM), tanto
de extensão do joelho quanto de flexão do quadril, após aplicarem diferentes programas de
alongamento (SULLIVAN; DEJULIA; WORRELL, 1992; BANDY; IRON; BRIGGLER,
1997).
Polachini et al. (2005), realizaram estudo com três testes para medida de tensão da
musculatura posterior da coxa: o teste de elevação da perna (flexão do quadril com joelho
estendido), o teste sente alcance e medida do ângulo poplíteo (extensão do joelho com quadril
a 90°) e observaram que houve concordância entre os métodos de avaliação. Esta
concordância permite que possam ser feitas comparações entre os resultados de estudos que
avaliaram a flexibilidade dos isquiostibiais utilizando qualquer um dos três testes
mencionados.
Este grupo muscular é solicitado na maioria dos esportes, e sua força e flexibilidade
são importantes para a saúde neuromuscular e para evitar lesões frequentemente observadas
se houver desequilíbrio de força deste grupo muscular quando comparado ao quadríceps. É
comum verificar encurtamento dos isquiostibiais, o que limita a extensão do joelho ou a
flexão do quadril/tronco com joelho estendido. Este encurtamento pode ainda caracterizar a
24
postura com inclinação posterior da pelve e diminuir a curvatura lombar, aumentando a carga
na coluna, em pé ou sentado. Essa carga pode comprometer a função e a estrutura da coluna
lombar (ACHOUR JUNIOR, 2002; MARQUES, 2005).
Grau (2003), afirma que os isquiostibiais têm tendência a retrair-se e, desse modo,
criar problemas para o joelho, pois o equilíbrio entre quadríceps e isquiostibiais é alterado,
sendo preciso uma força maior no quadríceps para realizar o movimento desejado. Na prática
isso a acarreta uma diminuição da eficácia do movimento.
3.1.5 Músculos tônicos e músculos fásicos
Almeida (2006) afirma que existem dois tipos de musculatura, diferentes em seus
aspectos anatômicos, histológicos e neurofisiológicos: a musculatura tônica ou estática e a
fásica ou dinâmica. A autora descreve os músculos tônicos como resistentes à fadiga, capazes
de contração lenta, de longa duração e sem produzir movimento, necessária à manutenção da
postura. E a musculatura fásica como responsável por gestos voluntários conscientes.
Segundo Grau (2003) os músculos estáticos compreendem dois terços dos nossos
músculos, são muito tonificados e fibrosos, permitem-nos manter a posição ereta, nunca
cessam sua atividade, têm como função o reequilíbrio e a manutenção da linha de gravidade
entre nossos pés. Enquanto que os dinâmicos são pouco fibrosos e contêm pouco tônus,
realizam os movimentos de grande amplitude, voltando a relaxar logo após o término de sua
contração.
O autor acima afirma ainda que, a proporção significativa de tecido conjuntivo e a
grande presença de motoneurônios tipo alfa-tônico no músculo estático acarretam uma
aptidão a “resistir ao movimento”. A pequena presença de tecido conjuntivo e o aporte de
motoneurônios alfa-fásicos no músculo dinâmico permitem-lhe “executar o movimento”. Esta
quantidade de tecido conjuntivo influencia no comportamento de um músculo quando se
realiza um alongamento.
Segundo Souchard (2003), a atividade dos músculos estáticos é constante e um
músculo solicitado em permanência tende a aproximar suas extremidades, o que provoca
inevitavelmente encurtamento e rigidez. Enquanto que os músculos da dinâmica não são
indispensáveis à manutenção da posição ereta e podem relaxar por sedentarismo. Os músculos
25
estáticos são também chamados de antigravitários, e alguns exemplos são: o tríceps sural, o
reto femoral, os isquiostibiais, os pelvicotrocanterianos e os espinhais.
Por apresentarem características diferentes, a ação terapêutica, em fisioterapia, deve
ser diferenciada para estes tipos de músculos. Se os músculos da dinâmica podem ser
exercitados em contrações concêntricas com a finalidade de reforçá-los, os músculos da
estática devem ser exercitados em contrações isométricas em posições cada vez mais
excêntricas, combinando assim trabalho ativo e o alongamento (SOUCHARD, 2003).
3.2 Alongamento Muscular
O termo alongamento é usado para descrever os exercícios elaborados para aumentar a
mobilidade dos tecidos moles e subsequentemente melhorar a ADM de estruturas que tiveram
encurtamento adaptativo e tornaram-se hipomóveis com o tempo (KISNER; COLBY, 2009).
E amplitude de movimento é a quantidade disponível de movimento de uma articulação
(ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000).
Segundo Dantas (2005) a flexibilidade é uma qualidade física responsável pela
realização voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou
grupo de articulações, respeitando os limites morfológicos, sem o risco de provocar lesão.
Quando a flexibilidade está limitada, predispõe o indivíduo a diversas lesões
musculoesqueléticas. Por isso, é importante avaliar a flexibilidade dos músculos por meio da
mensuração da ADM e, em seguida, escolher um programa de alongamento, com freqüência,
número de repetições definidos e tempo adequado para obter ganhos significativos na
amplitude de movimento (BANDY; IRON, 1994; SPERNOGA et al., 2001; ACHOUR
JUNIOR, 2002; DAVIS et al., 2005; LIMA et al., 2006).
A amplitude de movimento de uma articulação pode ser medida pela goniometria,
através de um instrumento chamado goniômetro. A palavra grega gonia significa ângulo e
metron significa medida. Para medir a amplitude de movimento da flexão do quadril com o
joelho estendido, ou seja, a flexibilidade dos músculos isquiostibiais, o eixo do goniômetro
deve ser colocado no nível do trocânter maior do fêmur, o braço fixo deve ficar na linha
média axilar do tronco e o braço móvel paralelo e sobre a superfície lateral da coxa, em
direção ao côndilo lateral do fêmur (MARQUES, 2003).
26
Os exercícios de alongamento são utilizados em programas de aptidão física e na
reabilitação porque se acredita que influencie positivamente no desempenho e prevenção de
lesões, além do fato que encurtamentos e contraturas podem causar limitações da amplitude
de movimento restringindo a ação normal do músculo (KNIGHT et al., 2001; CHAN; HONG;
ROBINSON, 2001). Pensa-se que o alongamento reduz o risco de lesões, diminui a rigidez
muscular, aumenta a amplitude de movimento, alivia a dor e melhora o desempenho atlético
(MCHUGH; GLEIM, 1997; KOCH, 2003; UNICK et al., 2005). Para Marques et al. (2001), o
alongamento muscular permite que o músculo recupere seu comprimento, necessário para
manter um alinhamento postural correto e a estabilidade articular, garantindo principalmente a
integridade e a função muscular.
Os principais elementos restritivos para o alongamento são o comprimento do músculo
(tecido conjuntivo e tecido contrátil) e o nível de inervação neurológica do mesmo. O tecido
conjuntivo muscular, entretanto, é o foco físico mais importante de exercícios de ganho de
flexibilidade (ENOKA, 2000; ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000). Kisner e Colby
(2009) citam que os músculos, com seus elementos contráteis e não-contráteis, e tecidos
conjuntivos como a cápsula articular, o tendão, ligamento, fáscia e a pele, podem se tornar
restritos e comprometer a mobilidade. Complementam afirmando que na maioria das vezes, é
a diminuição da extensibilidade do tecido conjuntivo, e não dos elementos contráteis do
músculo a causa primária da ADM limitada.
Vários estudos avaliaram as adaptações musculares induzidas por diferentes protocolos
de alongamentos aplicados em músculos encurtados (BANDY; IRON; BRIGGLER, 1997;
GAJDOSIK, 2001; FELAND et al., 2001; CHAN; HONG; ROBINSON, 2001; DRAPER et
al., 2004; GAJDOSIK et al., 2005). Apesar de sua ampla utilização e a vasta literatura, o
mecanismo por trás dos efeitos do alongamento continua controverso (BJORKLUND;
HAMBERG; CRENSHAW, 2001).
Para entendermos as possíveis adaptações musculares ocorridas pelo alongamento é
importante conhecermos as propriedades mecânicas e neurofisiológicas dos tecidos contráteis
e não contráteis. O elemento contrátil seria o sarcômero com seus miofilamentos de actina e
miosina, e o elemento não contrátil seria o tecido conjuntivo.
Propriedades teciduais como a elasticidade e a plasticidade devem ser consideradas: a
elasticidade é definida como a tendência de um tecido a retornar ao seu comprimento original
após o alongamento; a plasticidade é definida como a tendência de um tecido a assumir um
comprimento maior após um alongamento (KISNER; COLBY, 2009).
27
O tecido conjuntivo possui propriedades viscoelásticas, o componente viscoso permite
um estiramento plástico que resulta em alongamento permanente do tecido depois que a carga
é removida. Inversamente o componente elástico torna possível o estiramento elástico, onde o
tecido retorna ao seu comprimento anterior depois que o estresse é removido (ANDREWS;
HARRELSON; WILK, 2000).
Exercícios de alongamento podem influenciar as propriedades viscoelásticas das
unidades musculotendíneas e provocar, como efeito agudo, aumento na amplitude de
movimento (MAGNUSSON et al., 1998; WEIJER; GORNIAK; SHAMUS, 2003) e
diminuição da tensão passiva (MAGNUSSON et al., 1998) e da rigidez dos tecidos
(MAGNUSSON et al., 1996; KUBO; KANEHISA; FUKUNAGA, 2002).
Dependendo da quantidade de força aplicada, duração da força realizada e temperatura,
a magnitude da deformação elástica e plástica pode variar consideravelmente (COSTA et al.,
2006). Andrews, Harrelson e Wilk (2000) afirmam que o alongamento elástico é exacerbado
pelo alongamento com muita força e pouca duração, enquanto que o alongamento plástico
resulta do alongamento de pouca força e longa duração.
Kisner e Colby (2009) citam a existência de adaptações crônicas ao alongamento,
como o aumento dos sarcômeros em série, a quebra de ligações de colágeno e o aumento
efetivo do comprimento muscular. Esta informação pode ser complementada pelos autores
Guyton e Hall (2006) que afirmam quando os músculos são alongados além do comprimento
superior ao normal, ocorre hipertrofia. Isso acarreta o acréscimo de novos sacômeros nas
extremidades das fibras musculares, onde se inserem nos tendões.
Segundo Chan, Hong e Robinson (2001) o número de sarcômeros não é fixo, o
alongamento produz tensão nos sarcômeros o que pode induzir a sobreposição dos filamentos
contráteis, através da adição de novos sarcômeros pode-se resultar em um comprimento ótimo
restaurado.
Coutinho et al. (2004), testaram o efeito do alongamento em músculo sóleo de rato,
com comprimento normal, isto é não encurtado, realizado três vezes por semana, durante 40
minutos, e constataram aumento da área de secção transversa, isto é crescimento radial, além
de aumento no número de sarcômeros em série, crescimento longitudinal. Russel, Motlagh e
Ashely (2000), sugeriram que a direção do crescimento muscular radial (em paralelo), que
ocorre nas regiões mais densas do músculo, se dá por meio da difusão de proteínas neosintetizadas, por intermédio dos microtúbulos. Já o crescimento longitudinal (em série), de
acordo com Dix e Eisenberg (1990), ocorre pelo aumento de síntese protéica, principalmente
nas extremidades distais da fibra muscular.
28
Para Kubo et al. (2001), o alongamento resulta no aumento do tamanho do músculo e
da porcentagem de proteínas contráteis. Porém, o mecanismo pelo qual eventos mecânicos
estimulam o aumento da síntese do ácido ribonucléico e subseqüente síntese protéica não está
ainda bem definido.
Pesquisadores afirmam que o ganho de ADM estimulado por algumas semanas de
treinamento de alongamento é explicado pelo aumento da tolerância ao alongamento e que
esse ganho não é necessariamente acompanhado de uma diminuição no encurtamento
muscular (ALTER, 1999; MARQUES, 2005).
Os princípios neurofisiológicos de algumas técnicas de alongamento baseiam-se na
inibição neural do músculo que está sendo alongado; uma diminuição na atividade reflexa
resulta em resistência diminuída ao alongamento, que resulta em ganhos na amplitude de
movimento (CRAMER et al., 2005).
Estes mecanismos neurofisiológicos são devido ao fato de que, o alongamento tem
um efeito sobre as vias que conectam o músculo ao sistema nervoso central. A aplicação do
alongamento muscular pode alterar a condução nervosa aferente (Ia e II) e a via eferente,
oriundas dos órgãos neurotendinosos (DE DEYNE, 2001).
Os mecanorreceptores envolvidos nas propriedades neurofisiológicas dos músculos
são o fuso muscular e o orgão tendinoso de Golgi. Estes dois receptores são sensíveis às
alterações do comprimento do músculo. Os órgãos tendíneos de Golgi também são afetados
por mudanças na tensão muscular. O fuso muscular responde ao alongamento rápido
desencadeando a contração reflexa do músculo que está sendo alongado, é o reflexo de
estiramento monossináptico ou reflexo miotático. Nesta ativação reflexa as fibras aferentes
primárias estimulam motoneurônio alfa da medula espinhal e facilitam a contração das fibras
extrafusais, aumentando a tensão do músculo. Se o estiramento é mantido por um período
suficientemente longo (de pelo menos 6 segundos), os impulsos do órgão tendinoso de Golgi
começam a sobrepujar os impulsos dos fusos musculares. Esses impulsos ocasionam um
relaxamento reflexo, chamado inibição autogênica, que serve como mecanismo protetor que
permite que o músculo se alongue pelo relaxamento antes que os limites de extensibilidade
sejam ultrapassados, causando dano às fibras musculares (HALL, 2000; PRENTICE;
VOIGHT, 2003; KISNER; COLBY, 2009).
A resposta do reflexo de estiramento pode ser chamada de estática, quando o músculo
é estirado gradualmente, estimulando principalmente, as fibras de cadeia nuclear, as quais
geram uma contração de pequena intensidade (BOMPA, 2004).
29
São recomendados muitos protocolos de alongamento para aumentar a ADM, prevenir
e tratar lesões musculoesqueléticas. Segundo Feland et al. (2001), não há consenso sobre o
método, a intensidade, a duração e a frequência do alongamento para prevenção do
encurtamento muscular ou melhora da flexibilidade. Embora vários estudos tenham
investigado os efeitos dos exercícios na amplitude de movimento e rigidez articular, a duração
ideal do alongamento ainda não foi determinada (BONVICE; GONÇALVES; BATIGÁLIA,
2005).
Em relação a frequência Gama, Dantas e De Sousa (2009) afirmam que o alongamento
aumenta a flexibilidade dos isquiotibiais, independente do tempo entre as sessões (24 ou 48
horas). No entanto, com cinco sessões semanais de alongamento, a flexibilidade aumenta mais
rapidamente do que com três, sugerindo que o ganho de flexibilidade é dependente da sessão.
Estudos de Bandy, Iron e Briggler (1997) e Feland et al. (2001) realizaram
alongamentos com freqüência de cinco vezes por semana e constataram ganhos de
flexibilidade, mas utilizaram tempos e populações diferentes, 30 segundos em adultos jovens
e 60 segundos em indivíduos idosos, repectivamente.
O autores Brasileiro, Faria e Queiroz (2007) utilizaram a técnica manter-relaxar cinco
vezes por semana, durante duas semanas e observaram aumento da ADM. Para Magnusson et
al. (1998) um indivíduo sedentário deveria alongar-se por pelo menos uma vez ao dia, três ou
cinco dias por semana, e mantendo-se alongado pelo maior tempo possível, a fim de obter
ganho ou de manter a flexibilidade.
A amplitude de movimento pode melhorar frente a alongamentos de baixa intensidade
ou alta intensidade. Abordagens de longa duração possuem uma duração acima de 30
segundos para cada repetição e alongamentos de baixa intensidade baseiam-se na percepção
individual de início de desconforto (FELAND et al., 2001).
Um estudo realizado por Branco et al. (2006) apontou que a informação de
desconforto sem dor ao alongamento, embora subjetiva, é um parâmetro individual confiável
e reprodutível para determinação de quantidade de tensão a ser aplicada pelo terapeuta
durante alongamento muscular, visando maximizar o ganho de flexibilidade.
Segundo Prentice e Voight (2003), o alongamento muscular é a melhor forma para
aumentar a flexibilidade. Entretanto, deve-se destacar que os resultados de um programa de
alongamento na flexibilidade sofrem a influência do tipo de alongamento, do número de
séries, da duração de cada alongamento no ponto de desconforto e do momento da avaliação
(VIVEIROS et al., 2004).
30
3.2.1 Alongamento estático segmentar
De acordo com Cohen e Abdalla (2002), o alongamento estático é mais seguro que o
alongamento dinâmico porque há menor chance de ocorrer lesões, ele produz menor atividade
nos fusos musculares, menor ocorrência de dor muscular e promove aumento de flexibilidade
sem exceder o limite de extensibilidade, requerendo menor gasto energético para sua
execução. Spernoga et al. (2001) relatam que o alongamento estático é o mais utilizado para
se obter aumento da flexibilidade e relaxamento muscular.
Rosário, Marques e Maluf (2004) afirmam que normalmente este tipo de alongamento
é utilizado para alongar isoladamente um músculo ou grupo muscular, daí ser considerado de
alongamento estático segmentar (AES).
O alongamento estático segmentar envolve o alongamento de um músculo até o ponto
de desconforto e na manutenção do alongamento por um período de tempo. Esta técnica tem
sido preferida, muitas vezes, por ser considerada a mais segura, fácil de ensinar e realizar
(ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000).
Para Lardner (2001) a manutenção durante o alongamento deve ser realizada por uma
força passiva, externa ao paciente (por exemplo, um fisioterapeuta). De acordo com Bandy e
Sandres (2003), o procedimento deve ser realizado de forma lenta e gradual para evitar a
resposta neurológica do reflexo de estiramento e estimular a atividade dos órgãos tendinosos
de Golgi. Para Weijer, Gorniak e Shamus (2003), o músculo escolhido é alongado lentamente,
para que seja inibida a deflagração do reflexo miotático e contido numa amplitude em que o
indivíduo relate apenas uma sensação de desconforto, sendo mantido por um curto período de
tempo.
O alongamento estático segmentar pode ser realizado de forma passiva manual, onde
uma força externa, como a do fisioterapeuta, move o segmento do corpo levemente além do
ponto de resistência do tecido e da amplitude disponível, controlando manualmente a
velocidade, intensidade e duração do alongamento. É empregado de maneira suave e realizado
de modo estático e progressivo. Este alongamento é também conhecido como alongamento
passivo manual (KISNER; COLBY, 2009).
Segundo Hall e Brody (2001), ao utilizar o alongamento estático segmentar em bases
clínicas, os alongamentos devem ser mantidos por 30 segundos nos pacientes mais jovens
para obter resultados ideais. ROSÁRIO, MARQUES e MALUF (2004) afirmam que para
31
alongamentos estáticos segmentares de curta duração em músculos saudáveis, o tempo ideal
de alongamento esta em torno de 30 segundos.
Para o aumento efetivo e manutenção da flexibilidade, o alongamento estático
segmentar deve ser repetido três a quatro vezes para cada músculo (PRENTICE; VOIGHT,
2003; KISNER; COLBY, 2009). Em relação ao intervalo entre as repetições Bandy e Iron
(1994) sugerem dez segundos entre cada alongamento.
Para Whatman, Knappstei e Hume (2006), os benefícios da utilização do alongamento
estático como protocolo terapêutico se respalda em estudos que descrevem aumento
macroscópico da ADM articular e alterações morfofuncionais, como adição de sarcômeros
longitudinalmente às miofibrilas. Herzog, Schachar, Leonard (2003), acrescentam ainda as
alterações estruturais envolvendo elementos passivos da fibra muscular, paralelos aos
elementos contráteis, como fibras de colágeno e titina.
3.2.2 Alongamento global
O alongamento estático além de ser realizado de forma segmentar passiva e de curta
duração, também pode ser realizado de maneira global, ativa e de longa duração (KISNER;
COLBY, 2009).
O alongamento global (AG) está apoiado no princípio de que os músculos estão
estruturados biomecanicamente em cadeias miofasciais, segundo a experiência clínica de
Françoise Mézièries (MARQUES, 2005). Segundo Souchard (2001) o alongamento global
utiliza o estiramento muscular ativo, procurando alongar em conjunto os músculos estáticos
antigravitacionais, os músculos rotadores internos e os inspiratórios.
Segundo Souchard (2001), existem duas cadeias musculares mestras, a cadeia mestra
posterior e a cadeia mestra anterior, além de seis cadeias musculares secundárias que são:
cadeia ântero interna do ombro; cadeia superior do ombro; cadeia lateral do quadril; cadeia
anterior do braço, cadeia inspiratória e cadeia ântero-interna do quadril.
A grande cadeia posterior (Figura 3) nos ergue contra a gravidade. Os principais
músculos que a compõem são: os pelvitrocanterianos, glúteo máximo, ísquios-tibiais,
poplíteo, tríceps sural, plantares e espinhais. Em caso de retração a aparência geral é tônica,
pois o encurtamento dos espinhais cria um dorso plano e projeta o tórax para frente e pode
ainda acarretar hiperlordose cervical e lombar, geno varo, pés cavos. Esta morfologia será
32
mais afetada por distorções da panturrilha e da região posterior da coxa, entorse de tornozelo,
dores lombares, dorsais e cervicais (SOUCHARD, 2001).
Figura 3: Cadeia mestra posterior
Fonte: Souchard (2003, p.10)
A grande cadeia anterior (Figura 4) assegura a suspensão. Os músculos que a
compõem são menos conhecidos. Os esternocleidomastóideos, longo no pescoço, escalenos e
intercostais, que mantêm o tórax, e o importante sistema fibroso profundo, que suspendem o
diafragma e a massa visceral. Esta cadeia é continua com o psoas, adutores e músculos
anteriores da perna. Seu encurtamento acarreta a projeção da cabeça para frente, hipercifose e
ombros protrusos. A retração dos adutores puxa os joelhos para dentro, a retração dos
músculos anteriores da perna roda internamente os joelhos, os pés parecem planos. Indivíduos
com esta morfologia apresentam fragilidade nos joelhos, adutores, ombros e nas articulações
vertebrais em todos os níveis (SOUCHARD, 2001).
Figura 4: Cadeia mestra anterior
Fonte: Souchard (2003, p.10)
33
Segundo Marques (2005), a Reeducação Postural Global (RPG) é um método de
alongamento global, que considera o sistema muscular de forma integrada, organizando os
músculos em cadeias musculares e baseando-se no alongamento de músculos encurtados.
O corpo não aceita uma mudança da estática utilizando um único grupo de músculos,
ele precisa de um alongamento global. Toda tentativa de alongamento da extremidade de uma
cadeia, provoca encurtamento em outra parte dessa cadeia. Então, para alongar um músculo é
preciso puxar pelas extremidades desta cadeia, impedindo qualquer compensação (GRAU,
2003).
O método RPG foi criado na França nos anos 70 por Philippe Emmanuel Souchard a
partir de observações feitas por Françoise Méziéres, que possibilitou a Souchard desenvolver
o seu próprio método de terapia física: o “Campo Fechado”. No método são realizadas
posturas essencialmente ativas, que realiza ao mesmo tempo exercício concêntrico dos
músculos da dinâmica enfraquecidos, exercício excêntrico dos músculos da estática retraídos
com conseqüente relaxamento, liberação expiratória e reequilíbrio do tônus postural. Essa
abordagem permite, no plano somático, melhorar os problemas músculo-articulares e
morfológicos e conseqüentemente retomar as causas das lesões (SOUCHARD, 2001).
A RPG possibilita a avaliação global do comprometimento do indivíduo, propondo um
método eficaz, tratando as causas e suas conseqüências (CASTRO; LOPES, 2003).
A técnica preconiza a utilização de posturas específicas para o alongamento de
músculos organizados em cadeias musculares, sendo considerado de longa duração,
aproximadamente 15 minutos em cada postura (FERNÁNDEZ-DE-LAS-PEÑAS et al.,
2006). Este tempo pode ser dividido em repetições e um intervalo entre as repetições que
pode ser adotado é o de 30 segundos, como demonstrado por Batista et al. (2008) em um
programa de alongamento para os músculos flexores do joelho através da postura em pé
inclinado para frente, realizado em sete repetições de um minuto com 30 segundos de
descanso entre elas, os resultado do estudo foram efetivos para aumentar a ADM de extensão
do joelho, indicando uma interessante ganho de ADM com esse procedimento.
As posturas específicas da RPG se enquadram em duas regras básicas, que dependem
da cadeia que se pretende alongar: posturas de fechamento do ângulo coxofemoral, indicada
para o alongamento da cadeia mestra posterior, e posturas de abertura do ângulo coxofemoral,
indicada para o alongamento da cadeia mestra anterior. Elas são selecionadas a partir do
exame de identificação do real comprometimento dos músculos anteriores e posteriores. As
posturas da RPG em abertura do ângulo do quadril são: em pé no meio, rã no chão e em pé
contra a parede, que proporcionam o alongamento da cadeia anterior e inspiratória; as
34
posturas em fechamento do ângulo do quadril são: rã no ar, sentado e em pé inclinado para
frente ou bailarina, que atuam principalmente para o alongamento da cadeia posterior e
inspiratória (MARQUES, 2005).
Os músculos isquiostibiais estão localizados na cadeia mestra posterior, e podem,
portanto, serem alongados em posturas de fechamento do ângulo coxofemoral como, por
exemplo, na postura em pé inclinado para frente (MARQUES, 2005; ALMEIDA, 2006). Esta
foi a postura selecionada para a presente pesquisa.
Na postura de pé inclinada para frente ou bailarina (Figura 5) o sujeito fica em pé
sobre uma plataforma de inclinação ou não (dependendo do encurtamento da cadeia
posterior), membros superiores apoiados numa superfície, ombros relaxados, joelhos junto em
semi-flexão, calcanhares juntos, tronco inclinado para frente com a coluna alinhada,
respiração com inspirações seguidas de expirações prolongadas. A evolução ocorre através da
retirada do apoio para os membros, os quais ficam sustentados o lado do corpo em rotação
externa, inclinação do tronco para frente e extensão dos joelhos, sem provocar desvios na
coluna. O terapeuta realiza tração em toda coluna e solicita ao indivíduo que mantenha o
alinhamento da coluna (ABREU, 2009).
Figura 5: Postura em pé inclinado para frente
Fonte: Souchard (2003, p.37)
Em relação à quantidade de tensão aplicada no alongamento é importante saber que a
sobrecarga deve ser gradual e pode ser realizada através do aumento do tempo de manutenção
na posição de alongamento ou pelo aumento da amplitude articular durante a posição de
alongamento, porém o alongamento não deve ser doloroso (POWERS; HOWLEY, 2000).
35
A RPG utiliza contração excêntrica de baixa intensidade para conseguir o alongamento
dos músculos em cadeias, promovendo decoaptação progressiva das articulações. A
suavidade, a progressão dos estiramentos e as correções tornam possível esse trabalho
(BERESFORD; HABIB, 2003).
É importante considerar que durante a manutenção da postura em contração excêntrica
há estimulação das aferências proprioceptivas (ativação dos fusos neuromusculares, OTG´S e
receptores articulares), exteroceptivas (ativação dos mecanoceptores da pele), auditivas (pelo
comando verbal que ativa as conexões reflexas da via auditiva com os núcleos motores do
tronco encefálico) e vestibulares (devido ao posicionamento da cabeça durante a evolução da
postura aplicada, gerando ativação dos receptores labirínticos para o ajuste postural), todos
esses estímulos poderiam contribuir para a formação de novas conexões corticais (BORGES,
2006).
Para Abreu (2009), as posturas visam alongar músculos retraídos, corrigir a morfologia
anormal, liberar as articulações, buscar as possíveis causas, reparar as conseqüências, corrigir
as compensações e melhorar a flexibilidade.
3.3 Eletromiografia
A eletromiografia (EMG) pode ser definida como uma técnica de registro e
monitoração dos potenciais de ação das membranas de fibras musculares em contração e,
permite o estudo da função muscular através da análise dos sinais elétricos. Existem várias
formas de EMG e uma delas é a EMG de superfície. A EMG de superfície é um método
facilmente aplicado na prática clínica e não invasivo, com colocação de eletrodos na
superfície da pele, considerado mais adequado para estudos cinesiológicos (DE LUCA, 1997;
BRANCO et al., 2006).
Vários estudos validam a eletromiografia como um instrumento usado no meio
científico e suas aplicações são inúmeras, podendo ser utilizada no estudo da função e
disfunção do sistema muscular, na investigação de estratégias musculares de estabilização
articular, no estudo de técnicas para relaxamento muscular através de biofeedback, avaliação
da atividade muscular durante atividades funcionais, caracterização da atividade muscular
obtida durante a realização de exercícios terapêuticos, avaliações ergonômicas e identificação
de fadiga muscular (HANON et al., 1998; SODEBERG; KNUTSON, 2000; BARBOSA;
36
GONÇALVES, 2005; CARDOZO; GONÇALVES, 2006; GONÇALVES, 2006; BRUM et
al., 2008; AUGUSTO et al., 2008;).
Um axônio conduz impulso para todas as suas fibras musculares, fazendo com que elas
despolarizem relativamente ao mesmo tempo. Essa despolarização produz atividade elétrica
que se manifesta como potencial de ação da unidade motora (PAUM) e é registrada
graficamente como EMG. A amplitude da atividade muscular representa a quantidade de
energia gasta para a realização de uma determinada contração, e essa amplitude pode ser
quantificada em informações objetivas. O registro requer um sistema de três fases: uma fase
de entrada que inclui os eletrodos para captar os potenciais elétricos do músculo em
contração; a fase de processamento, onde um pequeno sinal elétrico é amplificado; e a fase de
saída, em que o sinal elétrico é convertido em sinais visuais e/ou auditivos, de forma que
possam ser visualizados, captados e analisados (SODEBERG; KNUTSON, 2000;
O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004).
O sinal eletromiográfico é a captação da variação de voltagem em determinada região.
Esse registro acontece por meio da monitoração do sinal mioelétrico captado por eletrodos. O
eletrodo é o dispositivo de entrada e saída de corrente, em um sistema elétrico, e é o local de
conexão entre o corpo e o sistema de aquisição, devendo ser colocado próximo o bastante do
músculo para que este possa captar sua corrente iônica. A área da interface eletrodo-tecido é
chamada de superfície de detecção, comportando-se com um filtro passa-baixa cujas
características dependem do tipo de eletrodo e eletrólitos utilizados (DE LUCA, 1997).
O eletromiógrafo é o equipamento utilizado para adquirir o sinal eletromiográfico e
tipicamente está acoplado a um computador, que coleta e armazena os dados da EMG para
visualização e análise através de dados numéricos e gráficos. Para isso, devemos respeitar
certos parâmetros quanto aos eletrodos, amplificadores e filtros (ENOKA, 2000).
Pode ser acoplado ao eletromiógrafo um eletrogoniômetro, que é constituído de duas
hastes plásticas, interligadas por um potenciômetro, que permite a medição de ângulos,
portanto informação sobre a amplitude de movimento de uma articulação, e transmite estes
dados para o computador (BRANCO et al., 2006).
A qualidade do sinal eletromiográfico de superfície deve ser garantida com a
realização da técnica projetada para minimizar ruídos. Os registros da atividade elétrica dos
músculos podem ser contaminados por interferências do suprimento elétrico, artefatos
mecânicos, artefatos de estimulação e atividade de outros músculos, podendo ser gerados por
exemplo,
pelos
componentes
eletrônicos
dos
equipamentos
de
coleta,
radiação
eletromagnética oriunda de equipamentos de rádio, televisão, celular, lâmpadas fluorescentes,
37
rede elétrica, movimento dos cabos e dos eletrodos (TURKER, 1993; PORTNEY; ROY,
2004).
Para melhores registros devem estar disponíveis filtros designados para atenuar
variações específicas de freqüências. Os filtros possuem utilidades importantes de separação e
restauração do sinal. A separação do sinal é necessária quando este for contaminado com
alguma interferência, ruído ou outro sinal. A restauração do sinal é utilizada quando este foi
distorcido. A proposta dos filtros é permitir a passagem de algumas freqüências inalteradas e
atenuar outras. Há quatro comportamentos de filtro que podem ser utilizadas em
eletromiografia: os filtros passa-alta, passa-baixa, reijeita-banda e passa-banda (DE LUCA,
1997; KONRAD, 2005).
A validade e a precisão de qualquer medida eletromiográfica dependem do processo de
detecção dos sinais, cujas variáveis incluem o tamanho dos eletrodos, bem como a distância
entre eles, as suas localizações e a preparação da pele para minimização da impedância. Esses
parâmetros devem ser controlados em todos os estudos que utilizam a EMG de superfície
como técnica de mensuração da atividade muscular (SODERBERG; KNUTSON, 2000).
No que diz respeito ao tipo de eletrodo e quanto aos procedimentos para seu
posicionamento no músculo, é de interesse da comunidade científica que trabalha com EMG
de superfície, que padrões para estes quesitos sejam propostos, a fim de proporcionar a
comparação mais fidedigna entre estudos semelhantes. Existem entidades como a ISEK
(Intrenational Society of Electrophysiology and Kinesiology) e a SENIAM (Surface
Electromyography for the Non-Invasive Assessment of Muscles), as quais desenvolveram
normas para a padronização dos sensores (como por exemplo: a forma, tamanho,
configuração, distância entre as superfícies de detecção). Neste sentido o projeto SENIAM
tem apresentado recomendações de configuração e posicionamento dos eletrodos, com base
em um levantamento de artigos de 1991 a 1996, num total de 114 artigos (HERMENS et al.,
2000; MERLETTI; HERMENS, 2000).
Para o posicionamento dos eletrodos é recomendado que estes não sejam acoplados
sobre os pontos motores ou nos limites músculotendíneos e que as superfícies de captação
sejam separadas por no máximo 40 mm. Sugere-se, portanto, posicionar o eletrodo próximo
ao ponto motor na região do ventre muscular, evitando também a proximidade a outros
músculos ativos (HERMENS et al., 2000).
Os autores citados no parágrafo acima sugerem a utilização das normas do SENIAM
que propõe que o eletrodo seja colocado entre o ponto-motor e o tendão distal do músculo a
ser avaliado. Em relação ao músculo bíceps femoral, a direção longitudinal deverá ser
38
definida pela localização a tuberosidade isquiática e o côndilo lateral da tíbia, a parti daí, deve
ser medido um ponto médio entre estas duas referências anatômicas, o eletrodo deverá ser
colocado neste ponto médio. De acordo com Lowery, Nolan e O’malley (2002), para definir a
direção transversal de colocação dos eletrodos, deve ser evitada a colocação nas extremidades
laterais dos músculos, devido à possibilidade de captação do potencial elétrico de músculos
vizinhos, fenômeno denominado crosstalk.
Os eletrodos de superfície são geralmente adequados para monitorar grandes músculos
superficiais ou grupos musculares. Além do eletrodo de registro, um eletrodo terra, também
chamado de eletrodo de referência, precisa ser aplicado para fornecer um mecanismo que
cancele ou diminua o efeito de interferências dos ruídos elétricos externos, como os causados
por luzes fluorescentes, aparelhos de rádio, elevadores e outros aparelhos elétricos
(O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004; BRUM et al., 2008).
Segundo Hermens et al. (2000), em relação à configuração física do eletrodo são
recomendados eletrodos ativos, para minimizar o ruído do sinal. Para Sodeberg e Knutson
(2000), o cuidado relacionado à impedância é normalmente adotado quando o eletrodo
passivo de superfície é utilizado, uma vez que os sinais captados são amplificados somente ao
alcançarem o equipamento de eletromiografia e, dessa forma, o sinal captado que se desloca
pelo cabo do eletrodo sofre influência do meio externo. Por outro lado, isso não ocorre
quando eletrodos ativos são utilizados, já que sinal captado é pré-amplificado no próprio
eletrodo, minimizando a capacidade de inclusão de ruídos externos.
Eletrodos com configuração bipolar são os mais utilizados em decorrência dos
benefícios de alta taxa de rejeição de modo comum, para um moderno sistema de
amplificação diferencial. A razão de rejeição do modo comum é uma medida de quanto da
voltagem do sinal desejado é amplificada com relação ao sinal indesejado, quanto mais alto
esse valor, melhor. A detecção diferencial é empregada para eliminar potencialmente grandes
ruídos, o sinal é detectado em dois locais, os dois sinais captados são enviados a um
amplificador diferencial onde a diferença entre os dois eletrodos é amplificada (DE LUCA,
1997; O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004).
Antes que o potencial de unidade motora possa ser visualizado, é necessário amplificar
o pequeno sinal mioelétrico. Um amplificador converte o potencial elétrico captado pelos
eletrodos em voltagem. Os eletrodos utilizados convertem o sinal bioelétrico resultante da
despolarização do músculo em um potencial elétrico capaz de ser processado em um
amplificador. A amplitude dos potenciais é geralmente medida em microvolts (μV)
(O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004).
39
Com relação à configuração química é recomendado o uso de eletrodos de Ag/AgCl,
associada a um gel condutor, que promove uma transição estável com relativo baixo ruído,
possuindo, desta forma, um comportamento estável em função do tempo (HERMENS et al.,
2000).
Após a captação do sinal eletromiográfico este precisa ser tratado a fim de se
interpretar as alterações fisiológicas decorrentes da contração. Existem dois tipos básicos de
análise a que os sinais de EMG podem ser submetidos: análise no domínio do tempo do sinal
e análise no domínio da freqüência do sinal. Uma das técnicas que avalia o nível de atividade
do sinal EMG é chamado de Root Mean Square (RMS), que é uma análise no domínio do
tempo. Ela quantifica o sinal da seguinte forma: elavam-se os dados ao quadrado, obtém-se a
média dos valores resultantes, e finalmente extrai-se a raiz quadrada do valor médio obtido
(DE LUCA, 1997).
A amplitude da EMG, estimada pelo RMS, reflete o padrão de recrutamento ou
ativação das unidades motoras que controlam um determinado músculo, havendo uma relação
muito próxima do linear entre a EMG e a força gerada pelo músculo, principalmente, em
contrações isométricas (SEKI; NARUSAWA, 1998; FARINA; FOSCI; MERLETTI, 2002).
40
4 MATERIAS E MÉTODO
4.1 Caracterização do Estudo
Esta pesquisa é caracterizada como experimental, longitudinal e quantitativa.
4.2 Caracterização dos Sujeitos
Participaram do estudo 30 voluntários. Para a seleção dos indivíduos foram utilizados
os seguintes critérios de inclusão e exclusão.
4.2.1 Critérios de inclusão
-
Sujeitos do sexo masculino;
-
Sedentários;
-
Faixa etária 18 a 30 anos;
-
Sujeitos com encurtamento dos isquiostibiais (flexão do quadril com joelho estendido
menor que 90°);
-
Assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice A);
4.2.2 Critérios de exclusão
-
Sujeitos com alterações osteomioarticulares e /ou neuromuscular que prejudiquem
durante o procedimento experimental a captação do sinal eletromiográfico;
-
Sujeitos com alterações osteomioarticulares e /ou neuromuscular que sejam contraindicação para realização das técnicas de alongamento selecionadas.
41
4.3 Princípios Éticos e Legais
O protocolo de pesquisa nº 270/9 foi submetido à análise e aprovado pelo comitê de
ética em pesquisa (CEP) da Faculdade Integral Diferencial (FACID), que esta registrada junto
ao Sistema Nacional de Informações sobre Ética em Pesquisas envolvendo Seres Humanos
(SISNEP), e amparada pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, seguindo as
diretrizes e normas regulamentadas de pesquisa envolvendo seres humanos. Para os
participantes foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
contendo informações relevantes e necessárias para a participação no estudo.
4.4 Local da Pesquisa
O estudo foi realizado na Clínica Escola de Fisioterapia da Faculdade Integral
Diferencial - FACID, localizada na cidade de Teresina-PI.
4.5 Instrumentos e Materiais
Para a avaliação da amplitude de flexão do quadril com joelho estendido e determinar
o encurtamento dos isquiostibiais foram utilizados os seguintes instrumentos:
-
Maca de madeira;
-
Goniômetro da marca Carci.
Para a coleta dos dados antropométricos foram utilizados os seguintes instrumentos e
materiais:
-
Ficha de avaliação para registrar os valores dos dados antropométricos (Apêndice B);
-
Balança mecânica com estadiômetro da marca Balmak Brasil, com escala de 0 a 150
Kg (precisão 0,1 Kg), para determinar o peso e altura.
Para a avaliação inicial do sinal eletromiográfico e eletrogoniometria foram utilizados
os seguintes instrumentos e materiais:
-
Aparelho de barbear da marca Gilete, para realizar a tricotomia;
42
-
Alcool 70%, para fazer a limpeza do local de colocação do eletrodo;
-
Eletrodos superficiais, bipolares ativos (pré-amplificado), Ag/AgCl, com diâmetro de
1cm e com adesivo de fixação (Figura 6);
Figura 6: Eletrodo de superfície.
Fonte: Acervo Pessoal.
-
Eletrodo de referência, que funcionou como terra para eliminar ruídos externos;
-
Botoeira (trigger), para informar o momento da sensação de desconforto e da sensação
de desconforto com dor;
-
Fita adesiva, para fixação maior dos eletrodos;
-
Maca de madeira;
-
Cinto, para estabilização do membro inferior não testado;
-
Eletromiógrafo de 4 canais fabricado pela EMG System do Brasil (São José dos
Campos – SP) com software de aquisição e processamento de sinais. A frequência de
amostragem foi de 2000 Hz, amplificação de 1000 vezes, filtro passa–alta de 20 Hz e
passa–baixa de 500Hz, conversor analógico de 12 bits (Figura 7);
Figura 7: Eletromiógrafo EMG System.
Fonte: Acervo Pessoal.
43
-
Eletrogoniômetro EMG System do Brasil, com um sensor que fornece sinal elétrico
correspondente ao movimento angular, com abertura de 0 a 225 graus, e um cabo de
2m flexível;
-
Computador Mac Book, para conectar ao eletromiógrafo.
Para a realização das técnicas de alongamento foram utilizados os seguintes
instrumentos e materiais:
-
Maca;
-
Dois cintos, para estabilização da pelve e do membro inferior não submetido ao
alongamento estático segmentar;
-
Dois cronômetros da marca Carci, para marcar o tempo durante o alongamento e nos
intervalos de repouso;
-
Barra de alumínio da marca Quark, para verificar o alinhamento da coluna na postura
do alongamento global.
4.6 Procedimentos Experimentais
Todos os procedimentos foram realizados pelo mesmo avaliador. Inicialmente foi
realizada a anamnese e o exame físico para inclusão dos participantes. No dia seguinte foi
feita a avaliação eletromiográfica inicial. As técnicas de alongamento foram feitas em dez
atendimentos, e no terceiro dia após o último atendimento foi realizado a avaliação
eletromiográfica final.
Anamenese e Exame Físico:
Os indivíduos para serem selecionados para o estudo passaram primeiro por uma
anamnese e exame físico, onde foi preenchida uma ficha de avaliação que contém dados
pessoais e informações a respeito dos critérios de inclusão e exclusão. Para avaliar a
flexibilidade dos músculos isquiostibiais, determinando se o indivíduo tinha ou não
encurtamento muscular, o pesquisador realizou a goniometria da flexão do quadril com joelho
estendido de forma ativa, com um goniômetro da marca Carci. O eixo do goniômetro foi
colocado no nível do trocânter maior do fêmur, o braço fixo ficou na linha média axilar do
tronco e o braço móvel paralelo e sobre a superfície lateral da coxa, em direção ao côndilo
lateral do fêmur (MARQUES, 2003). Considerou-se encurtamento quando a flexão ativa de
44
quadril, com joelho estendido, era menor que 90° (MILAZZOTTO; CORAZZINA;
LIEBANO, 2009).
Após esta seleção, foram coletados no exame físico os seguintes dados
antropométricos: peso, altura e o índice de massa corporal (IMC), para caracterização dos
sujeitos, neste momento foi utilizada a balança mecânica com estadiômetro.
Só após estes procedimentos os sujeitos da pesquisa foram divididos aleatoriamente
em três grupos denominados de Grupo do Alongamento Estático Segmentar (GAES), Grupo
de Alongamento Global (GAG) e Grupo Controle (GC). Os participantes foram sorteados
para compor os grupos, dez participantes para cada grupo.
Todos os participantes do estudo foram orientados a não realizarem atividade física
durante o período da pesquisa e sobre a importância da assiduidade.
Avaliação Eletromiográfica:
Todos os sujeitos selecionados para o estudo foram submetidos a uma avaliação inicial
que consistiu na Eletromiografia e Eletrogoniometria, para captar o sinal eletromiográfico do
músculo bíceps femoral do membro inferior dominante e para avaliar a amplitude de flexão
do quadril com joelho estendido.
Para colocação dos eletrodos de superfície foi necessário realizar a tricotomia e limpar
a pele com álcool a 70%, para eliminação de resíduos gordurosos. Esta preparação da pele é
importante para minimizar a impedância (DE LUCA, 1997). O posicionamento dos eletrodos
seguiu o protocolo pré-estabelecido pelo SENIAM (HERMENS, 2000). No bíceps femoral
cabeça longa os eletrodos foram colocados sobre a linha entre a tuberosidade isquiática e o
côndilo lateral da tíbia (Figura 8). O eletrodo utilizado era duplo, com uma distância de 20
mm entre os pólos e com a configuração mencionada anteriormente.
Figura 8: Local de colocação do eletrodo no bíceps femoral.
Fonte: www.seniam.org
45
Para mensurar a amplitude de flexão do quadril com o joelho estendido, em graus, foi
utilizado um eletrogôniometro EMG System (Figura 9), acoplado ao eletromiógrafo.
Figura 9: Eletrogoniômetro EMG System.
Fonte: Acervo Pessoal
Para o posicionamento do eletrogoniômetro foram seguidas as instruções de Marques
(2003), como mencionado anteriormente.
Ao mesmo tempo da eletrogoniometria (Figura 10) foi registrada o sinal da atividade
elétrica do músculo bíceps femoral cabeça longa, obtida por um eletromiógrafo EMG System
de 4 canais com eletrodos superficiais bipolar ativos (pré-amplificado).
Figura 10: Sinal da eletrogoniometria.
Fonte: Acervo Pessoal.
O registro do sinal da atividade elétrica do músculo bíceps femoral cabeca longa
(Figura 11) foi captado por dez segundos, e durante todo o procedimento o participante ficou
segurando na mão, do mesmo lado do membro inferior testado, um eletrodo de referência que
funcionou como fio terra, e na outra mão uma botoeira (trigger), ambos conectados ao EMG.
46
Figura 11: Sinal eletromiográfico
Fonte: Acervo Pessoal
A botoeira foi utilizada para registrar, durante a realização da eletromiografia, o
momento em que o participante percebia a sensação de desconforto sem dor (SDSD) e a
sensação de desconforto com dor (SDCD) (Figura 12), na flexão do quadril com joelho
estendido.
Figura 12: Sinal da botoeira na SDSD e na SDCD
Fonte: Acervo Pessoal
Em todas as avaliações eletromiográficas (Figura 13) o pesquisador responsável pelo
estudo ficou com a tarefa de inciar o procedimento no computador (que estava conectado ao
EMG), ao mesmo tempo em que um colaborador, que denominaremos avaliador A, dava o
comando verbal “iniciar”. E um segundo colaborador, que chamaremos de avaliador B, ficou
responsável por realizar a goniometria com o eletrogoniômetro. O sinal do eletrogoniômetro
foi gravado concomitantemente com o sinal eletromigráfico e com o sinal do trigger visando a
sincronização entre eles.
O participante foi orientado sobre todo o procedimento antes do início da avaliação
inicial. E esta seguiu os seguintes passos:
47
-
Inicialmente o participante foi posicionado em decúbito dorsal, em uma maca de
madeira;
-
Foram colocados os eletrodos (conforme procedimento explicado anteriormente);
-
Foi estabilizada a perna não testada com um cinto colocado na região anterior da coxa
do participante;
-
Um avaliador A, realizou passivamente a flexão de quadril com joelho estendido, de
forma lenta. Na amplitude de movimento em que o participante percebia a sensação de
desconforto sem dor apertava a botoeira. Enquanto isso o avaliador A seguia com o
movimento de flexão do quadril com o joelho estendido, só parando no momento em
que ouvia o segundo clique na botoeira indicando que o participante percebeu a
SDCD;
-
O avaliador A saiu da posição final do teste ao comando do pesquisador responsável,
que acompanhava o tempo de registro do sinal eletromiográfico, que foi de dez
segundos;
-
Ficou então registrado no computador a atividade elétrica do músculo bíceps femoral
em função do tempo, o sinal da eletrogoniometria com a amplitude de movimento em
função do tempo, e o registro da botoeira na SDSD e na SDCD em função do tempo.
Figura 13: Avaliação eletromiográfica
Fonte: Acervo Pessoal
Grupos Experimentais GAES e GAG:
Para determinar a quantidade de tensão dos alongamentos foi utilizado o momento da
sensação de desconforto sem dor. E para facilitar a relação causa efeito na análise final dos
48
resultados das variáveis, o número de repetições e a freqüência foram iguais nos programas de
alongamento estático segmentar e global, três repetições e cinco vezes por semana. Em cada
repetição foi preservada uma característica que diferencia as duas técnicas, o tempo de curta
duração para o alongamento segmentar e o de longa duração para o alongamento global.
Grupo Alongamento Estático Segmentar (GAES)
Neste grupo foi realizado o alongamento estático segmentar passivo manual de curta
duração dos isquiostibiais (Figura 14). O pesquisador orientou previamente que o participante
deveria relaxar e deixar que o alongamento fosse realizado sem nenhum tipo de resistência
ativa e no momento em que sentisse a sensação de desconforto sem dor deveria apertar o
cronômetro, onde estava marcado o tempo de 30 segundos. Ao encerrar o tempo o
participante deveria apertar outro cronômetro, onde estava marcado o tempo de dez segundos
de intervalo de repouso entre uma repetição e outra. Passada as orientações foi realizado o
alongamento estático segmentar dos músculos isquiostibiais da seguinte forma: com o
participante posicionado em decúbito dorsal em uma maca, o membro inferior não dominante
estabilizado por um cinto, o pesquisador realizou no membro inferior dominante a flexão de
quadril com joelho estendido, de forma passiva e manual, até a amplitude de movimento onde
o participante relatou desconforto sem dor. A partir desta posição o pesquisador alongou por
30 segundos, tempo marcado através do cronômetro. O procedimento foi repetido três vezes.
A frequência de atendimentos foi de cinco vezes semanais, totalizando dez atendimentos.
Figura 14: Alongamento estático segmentar.
Fonte: Acervo Pessoal.
49
Grupo Alongamento Global (GAG)
O pesquisador orientou e conduziu o alongamento dos músculos isquiotibiais, através
do alongamento da cadeia mestra posterior, na postura em pé inclinada para frente (Figura
15). O voluntário foi orientado a se posicionar na postura em pé, em frente a uma maca,
mantendo uma distância suficiente para que pudesse apoiar as mãos sobre a maca. A seguir, o
pesquisador alinhou a coluna do voluntário com o auxílio de uma barra de alumínio. Feito
isto, o voluntário foi instruído a fletir lentamente os joelho e a inclinar o tronco anteriormente,
até conseguir apoiar as mãos sobre a maca, porém sem descarregar o peso corporal sobre elas,
e ao mesmo tempo o pesquisador auxiliava na manutenção do crescimento axial. Na
seqüência, o participante deveria estender, suavemente, o joelho e realizar, simultaneamente,
uma anteversão da pelve, até sentir desconforto de alongamento nos músculos isquiostibiais,
porém sem sentir dor. Em seguida o participante foi orientado a retirar as mãos da maca e a
posicionar os membros superiores ao longo do tronco, com os ombros levemente abduzidos e
rodados externamente, escápulas deprimidas, cotovelos estendidos, antebraços supinados e
mãos abertas. Durante a técnica, comandos verbais e contatos manuais foram utilizados para
solicitar a manutenção do alinhamento e foi solicitada uma respiração com expirações
prolongadas. O participante realizou contrações isométricas da musculatura colocada em
tensão, em posições cada vez mais excêntricas a cada progressão do alongamento. O
alongamento foi realizado por cinco minutos marcados pelo pesquisador com um cronômetro.
Ao término deste tempo, o voluntário retornou à posição ereta na qual permaneceu por 30
segundos de repouso marcados pelo pesquisador em outro cronômetro e, então, foi repetido o
procedimento até completar três repetições (totalizando o tempo em 15 minutos). A
frequência de atendimentos foi de cinco vezes semanais, totalizando dez atendimentos.
Figura 15 : Alongamento global
Fonte: Acervo Pessoal.
50
Grupo Controle (GC)
Os participantes do grupo controle não foram submetidos ao procedimento de
alongamento, foram apenas avaliados e reavaliados após dez dias.
4.7 Tratamento dos Dados
Através da avaliação com o eletrogoniômetro verificou-se o valor do ângulo da
amplitude de movimento, no momento da sensação de desconforto sem dor e na sensação de
desconforto com dor. Estes valores foram determinados tanto na avaliação inicial quanto na
final. Foram analisados na avaliação eletromiográfica os valores da medida quantitativa da
média quadrática do registro da atividade elétrica (root mean square, RMS) do músculo
bíceps femoral cabeça longa, na sensação de desconforto com dor. O RMS na avaliação
inicial foi determinado a partir de um intervalo de tempo de 0,5 segundos, onde o valor inicial
deste intervalo foi o valor do tempo (em segundos) no momento da sensação de desconforto
com dor. Deve-se esclarecer que o valor do RMS da avaliação final foi chamado de RMS
correspondente, pois o valor inicial do tempo, no intervalo de 0,5 segundos, foi determinado a
partir do ângulo da amplitude de movimento, na sensação de desconforto com dor,
correspondente ao da avaliação inicial.
Todos estes dados foram tabulados no Excel 2007, assim como os dados
antropométricos, e estão apresentados no Apêndice C.
Para análise estatística dos dados, foi utilizado o software BioEstat 5.0. Inicialmente
foi realizada a estatística descritiva (representada pelos valores: mínimo, máximo, média
aritmética, desvio padrão e erro padrão). Em seguida, para verificar a normalidade dos dados,
foram utilizados os testes de valores extremos e de normalidade D’Agostino. Como todos os
dados apresentaram um padrão de distribuição normal, para analisar as variáveis foi utilizado
o teste t-Student pareado, na análise de duas amostras relacionadas (intragrupo) e o teste t não
pareado para duas amostras independentes (intergrupos). O nível de significância estatística
adotado foi de 5% (p≤0,05).
As comparações das variáveis foram realizadas da seguinte forma:
1. Com relação à amplitude de movimento, esta foi analisada a partir dos dados dos
ângulos, na sensação de desconforto sem dor e da sensação de desconforto com
51
dor, antes e depois dos atendimentos. Foi feita a comparação intragrupos destes
ângulos;
2. Ainda com relação à amplitude de movimento, esta foi também analisada pela
diferença entre os ângulos da sensação de desconforto sem dor de cada
participante de cada grupo, antes e depois dos atendimentos. A partir daí foi
analisada esta diferença dos ângulos intergrupos (GAES e o GC; entre o GAG e
GC; e entre o GAES e GAG);
3. Com relação à atividade eletromiográfica foram comparados os valores da relação
RMS correspondente ao RMS inicial intergrupos (GAES, GAG e o GC).
Os resultados do presente estudo estão apresentados na forma gráfica de Box Plot, com
valores de média e um erro padrão, bem como valores extremos.
52
5 RESULTADOS
Para uma melhor apresentação e organização dos resultados serão divididos em:
características antropométricas dos sujeitos; amplitude de movimento e atividade
eletromiográfica. Os valores dos parâmetros medidos de cada participante foram agrupados
em tabelas para cada grupo sendo que as colunas indicam os parâmetros analisados e as linhas
os indivíduos. Estas tabelas estão disponíveis no Apêndice C.
Características Antropométricas
As características antropométricas dos participantes estão resumidas na Tabela 1. Na
comparação do peso, altura e IMC dos participantes estudados, constatou-se que os grupos
eram homogênios, pois não apresentou diferença significativa.
Tabela 1- Dados antropométricos. *IMC: índice de massa corpórea. **Desvio Padrão. ***p≤0,05 indica
diferença significativa
Medidas descritivas
Variável
GAES (n=10)
GAG (n=10)
GC (n=10)
***Valor de p
Média
** DP
Média
DP
Média
DP
Peso (Kg)
75,85
13,70
74,25
9,30
74,80
10,88
0,95
Altura (m)
1,75
0,06
1,73
0,06
1,74
0,04
0,80
*IMC (Kg/m2)
24,77
3,54
24,84
3,05
24,69
4,03
0,99
Amplitude de movimento
A análise inferencial intragrupos da variável amplitude de movimento foi realizada
através da comparação a partir dos valores dos ângulos, da sensação de desconforto sem dor e
da sensação de desconforto com dor, antes dos atendimentos e depois dos atendimentos.
53
A Figura 16 apresenta o Box Plot relativo à média e um erro padrão do parâmetro
amplitude de movimento referente à comparação do ângulo da SDSD, antes e depois dos
atendimentos, do GAES, GAG e GC, e o valor do p (bilateral).
Figura 16: Amplitude de movimento da SDSD expressa em ângulos (graus) dos grupos GAES, GAG e GC.
* Indica diferença significativa.
Os resultados apresentados na figura 16 demonstram que houve diferença significativa,
p (bilateral) < 0,0001 utilizando-se o teste t pareado, comparando-se os ângulos antes e depois
dos atendimentos, das amplitudes de movimento da sensação de desconforto sem dor do
GAES e do GAG. Em contrapartida, não houve diferença significativa, p (bilateral) = 0,7176
utilizando-se o teste t pareado, quando foram comparados os ângulos antes e depois dos
atendimentos, das amplitudes de movimento da SDSD do GC.
54
A Figura 17 apresenta o Box Plot relativo à média e um erro padrão do parâmetro
amplitude de movimento referente à comparação do ângulo da SDCD, antes e depois dos
atendimentos, do GAES, GAG e GC, e o valor do p (bilateral).
Figura 17: Amplitude de movimento da SDCD expressa em ângulos (graus) dos grupos GAES, GAG e
GC. * Indica diferença significativa.
Como pode ser observado na Figura 17 houve aumento signficativo, p (bilateral) <
0,0001 utilizando-se o teste t pareado, quando comparados os ângulos antes e depois dos
atendimentos, das amplitudes de movimento da sensação de desconforto com dor, do GAES e
do GAG. No GC não foi constatada diferença significativa, p (bilateral) = 0,6138 utilizandose o teste t pareado, nos ângulos antes e depois dos atendimentos das amplitudes de
movimento da SDCD.
A análise inferencial intergrupos da variável amplitude de movimento foi realizada
através da comparação da diferença dos valores dos ângulos, da sensação de desconforto sem
dor, antes e depois dos atendimentos.
55
A Figura 18 apresenta o Box Plot relativo à média e um erro padrão do parâmetro
amplitude de movimento referente à comparação das diferenças dos ângulos da SDSD, antes e
depois dos atendimentos, do GAES, GAG e GC, e o valor do p (bilateral).
Figura 18: Amplitude de movimento expressa pela diferença dos ângulos (graus) da SDSD antes e depois
dos grupos GAES, GAG e GC. * Indica diferença significativa.
Conforme a Figura 18 houve diferença significativa, p (bilateral) < 0,0001 utilizandose o teste t não pareado, comparando-se as diferenças dos ângulos antes e depois dos
atendimentos, das amplitudes de movimento da sensação de desconforto sem dor, do GAES
com o GC, assim como, do GAG com o GC. No entanto, não foi constatada alteração
significativa, p (bilateral) = 0,0870 utilizando-se o teste t não pareado, na diferença dos
ângulos antes e depois dos atendimentos quando comparado o GAES com o GAG.
A análise inferencial intergrupos da variável atividade eletromiográfica foi realizada
através da comparação da relação entre os valores do RMS correspondente e o RMS inicial de
cada indivíduo da sensação de desconforto com dor dos grupos.
56
A Figura 19 apresenta o Box Plot relativo à média e um erro padrão do parâmetro
atividade eletromiográfica representada pelo razão entre o valor RMS correspondente e o
RMS inicial, da SDCD, dos GAES, GAG e GC, e o valor do p (bilateral).
Figura 19: Atividade eletromiográfica representada pelo valor da relação do RMS correspondente/RMS
inicial, da SDCD, do GAES, GAG e GC. * Indica diferença significativa.
Comparando-se o valor da relação do RMS correspondente e do RMS inicial da
sensação de desconforto com dor, dos GAES, GAG e GC, utilizando-se o teste t não pareado,
foi observado que o alongamento influenciou a atividade eletromiográfica do músculo bíceps
femoral, pois houve diferença significativa na análise do GAES com o GC, valor do p
(bilateral) = 0,0032, e na análise do GAG com o GC, valor do p (bilateral) = 0,0017. Porém,
na análise do GAES com o GAG não houve diferença significativa, valor do p (bilateral) =
0,8033.
57
6 DISCUSSÃO
Apesar da grande quantidade de estudos relacionados ao tema alongamento, na
literatura científica, e mesmo que as evidências apontem que o alongamento dos ísquiostibiais
promove aumento de ADM com uma variedade de técnicas, durações, freqüências e posições,
ainda não existe consenso na identificação de uma técnica mais eficaz (DECOSTER et al.,
2005).
O objetivo deste estudo foi comparar o efeito do alongamento global, através da RPG,
na postura em pé inclinado para frente e do alongamento estático segmentar passivo manual,
nas variáveis: atividade eletromiográfica do músculo bíceps femoral e amplitude de flexão do
quadril com joelho estendido de sujeitos sedentários com encurtamento dos isquiostibiais.
Particularmente na área da reabilitação, a flexibilidade dos músculos isquiotibiais é
importante no equilíbrio postural, na manutenção completa da ADM do joelho e do quadril,
na prevenção de lesões e na otimização da função musculoesquelética (SHUBACK;
HOOPER; SALISBURY, 2004), estes aspectos justificam a escolha deste grupo muscular
para a realização desta pesquisa.
Os participantes foram divididos em três grupos: grupo de alongamento estático
segmentar (GAES), grupo de alongamento global (GAG) e grupo controle (GC). Os grupos
foram homogênios em relação aos dados antropométricos. A média da faixa etária dos
participantes foi de 22,63±2,73anos, semelhante à encontrada em muitos estudos sobre
alongamento
muscular
(VIVOLO;
ROSÁRIO;
MARQUES,
2003;
BOVICINE;
GONÇALVES; BATIGÁLIA, 2005; FOLPP et al., 2006; BRASILEIRO; FARIA;
QUEIROZ, 2007; TIRLONI et al., 2008; MILAZZOTTO; CORAZZINA; LIEBANO, 2009).
Os resultados apresentados do efeito das técnicas na amplitude de movimento
demonstram que os grupos de alongamento estático segmentar e o grupo de alongamento
global apresentaram ganhos significativos (p<0,0001) e que o grupo controle não apresentou
ganho significativa (p=0,7176). Estes resultados foram semelhantes aos de muitos estudos
sobre alongamento segmentar e alongamento global (MARQUES; MENDONÇA;
COSSERMELLI, 1994; NORDEZ; CORNU; Mc NAIR, 2006; BATISTA et al., 2008;
GREGO NETO; MANFFRA, 2009). Segundo Spernoga et al. (2001), o alongamento estático
é muito eficaz no aumento do comprimento da musculatura posterior de coxa. A partir dos
resultados obtidos neste estudo podemos concordar com esta afirmação.
58
Segundo DePino, Webright e Arnold (2000) para aumentar ou manter a flexibilidade
de um indivíduo sedentário deve-se alongar pelo menos uma vez três a cinco dias por semana,
e sustentar o alongamento por 120 segundos. Grego Neto e Manfra (2009) avaliaram trinta e
seis voluntários adultos do sexo masculino que foram distribuídos em três grupos e foram
submetidos a avaliações da amplitude de movimento ativa (ADM) de flexão do quadril.
Foram aplicados protocolos de alongamento estático segmentar dos isquiostibiais com
volumes de 4 x 45s e 8 x 45s. Observou-se que ambos os protocolos promoveram aumento da
ADM. Em nosso estudo com um tempo menor de alongamento estático segmentar também
houve aumento significativo da ADM.
Outro estudo sobre os efeitos do alongamento estático segmentar na amplitude de
movimento de extensão do joelho e na rigidez passiva dos isquiotibiais, realizado pelos
autores Nordez, Cornu e Mc Nair (2006), concluiu que o alongamento estático segmentar tem
efeitos significativos sobre a rigidez e amplitude de movimento. Não foi testada na presente
pesquisa a rigidez passiva, mas resultados semelhantes foram alcançados pelo ganho
significativo (p<0,0001) da amplitude de movimento de flexão do quadril com joelho no
estendido com o alongamento estático segmentar dos isquiostibiais.
Bandy e Iron (1994) e Zakas (2005) afirmam que o alongamento estático segmentar
dos músculos isquiostibiais por 30 segundos mostrou-se efetivo no ganho de amplitude de
movimento. A pesquisa de Chan, Hong e Robinson (2001) ao comparar a ADM entre dois
grupos após treinamento de alongamento estático segmentar de 30 segundos, com protocolos
de oito semanas e de quatro semanas, observaram que nenhuma diferença foi encontrada na
amplitude de movimento adquirida entre os dois grupos de treinamento e que houve um
aumento significativo na flexibilidade dos isquiotibiais (p<0,05). No presente estudo o
alongamento estático segmentar também alcançou resultados efetivos no ganho de ADM.
No nosso estudo além de avaliarmos os efeitos do alongamento estático segmentar na
ADM, também avaliamos os efeitos do alongamento global. Este tipo de técnica de
alongamento apresenta características diferentes em relação ao alongamento segmentar.
Segundo Marques (2005) o alongamento global está apoiada no princípio de que os músculos
estão estruturados biomecanicamente em cadeias miofasciais. A técnica preconiza a utilização
de posturas específicas e é considerado um alongamento de longa duração, aproximadamente
15 minutos cada postura (FERNÁNDEZ-DE-LAS-PEÑAS et al., 2006).
No presente trabalho foi utilizada a postura em pé inclinada para frente para alongar a
cadeia mestra posterior, e mostrou resultados satisfatórios no alongamento dos isquiostibiais.
Resultado semelhante ocorreu no estudo de Marques, Mendonça e Cossermelli (1994) onde
59
foram realizados exercícios de alongamento das cadeias encurtadas em pacientes com
fibromialgia, principalmente de alguns músculos, entre eles os isquiostibiais, e ao final do
tratamento todas as participantes apresentaram alongamento significativo da cadeia posterior.
Experimento realizado por Batista et al. (2008) demonstrou que um programa de
alongamento para os músculos flexores do joelho, realizado de forma ativa excêntrica e com
descarga de peso corporal sobre o membro alongado, através da postura em pé inclinado para
frente, realizada em sete repetições de um minuto com 30 segundos de descanso entre elas, foi
efetivo para aumentar a ADM de extensão do joelho, o aumento na média da ADM foi de
23,6°, indicando uma interessante ganho de ADM com esse procedimento. O nosso estudo
também obteve importante ganho no alongamento dos isquiostibiais após a postura em pé
inclinado para frente, com diferença significativa de p < 0,0001, apesar de apresentar algumas
diferenças metodológicas como o ângulo medido nas avaliações da ADM que foi a flexão do
quadril com joelho estendido, o tempo de cada repetição do alongamento de cinco minutos, e
número de repetições que foram três.
Carvalho, Paula JR. e Oliveira (2009) demonstraram que o tratamento através do
método de RPG promoveu mudanças satisfatórias na flexibilidade dos isquiostibiais (p =
0,0001). Realizaram um protocolo de alongamento, através das posturas do método RPG em
17 adultos jovens do sexo masculino. Para avaliar a flexibilidade, antes e após os
atendimentos, foi utilizado o teste distância do dedo ao solo. Todos os indivíduos passaram
por 10 sessões de RPG, duas vezes por semana com duração média de 45 minutos, sendo cada
postura mantida por 15 minutos e cinco minutos de intervalo entre elas. Foram trabalhadas
duas posturas por sessão, uma para cadeia anterior e outra para cadeira posterior. Na presente
pesquisa também foi alcançado resultado satisfatório no alongamento dos isquiostibiais, mas é
importante ressaltar que, diferente do estudo citado, o nosso utilizou apenas uma postura
realizada cinco vezes por semana.
O alongamento dos isquiostibiais alcançado nos resultados da presente pesquisa está
de acordo com o resultado de Borges (2006) que relatou em seu estudo que ao aplicar a
postura “em pé com inclinação anterior” do método RPG, em atletas de basquetebol,
observou-se um alongamento eficaz principalmente dos músculos paravertebrais e
isquiotibiais, facilitando assim a diminuição do ângulo da articulação do quadril pelo aumento
da flexibilidade. Segundo o mesmo autor este resultado pode favorecer o desempenho
esportivo e a prevenção de lesões durante a prática desse esporte.
60
O aumento de amplitude de movimento proporcionado pelas técnicas de alongamento
estático segmentar e global pode apresentar explicações em relação ao comportamento
mecânico e neurofisiológico dos tecidos não contráteis e contráteis.
Uma explicação para o ganho de amplitude de movimento pode partir do entendimento
do comportamento mecânico dos tecidos moles. Se o alongamento ultrapassa o limite elástico,
ponto além do qual o tecido não retorna ao seu formato e tamanho originais, ocorrerá
deformação permanente ou plástica. Quando esse ponto é alcançado ocorre remodelamento do
músculo (KUBO; KANEHISA; FUKUNAGA, 2002).
A aplicação de protocolos de alongamento estático pode promover alterações nas
propriedades viscoelásticas da unidade músculotendínea, ocasionando redução aguda em sua
rigidez e alterando a relação comprimento tensão ideal das fibras musculares (HANDEL et
al., 1997; MAREK et al., 2005; BEHM et al., 2006).
Magnusson, Aagaard e Nelson (2000) observaram que o alongamento estático de 45
segundos resultou num relaxamento do estresse viscoelástico instantâneo de 18% a 20%.
Kubo et al. (2001) explicam que a mudança nas propriedades viscoelásticas da unidade
miotendínea é o mecanismo potencial para a redução do risco de lesão com o aumento da
flexibilidade.
Chan, Hong e Robinson (2001) citam em seu estudo que maior tempo de alongamento
mantido, provocando aumento da ADM, pode ser um indicativo de mudanças nas
propriedades viscoelásticas e na manutenção da ADM adquirida. Na presente pesquisa não foi
abordada a questão da manutenção da ADM, apenas verificado se houve aumento da
amplitude.
Segundo Kubo et al. (2001) o alongamento resulta no aumento do tamanho do músculo
e da porcentagem de proteínas contráteis. Porém, o mecanismo pelo qual eventos mecânicos
estimulam este aumento não é ainda compreendido.
Para Rosário, Marques e Maluf (2004) quando se fala de ganho em longo prazo, o
tecido muscular não aumenta de tamanho só pela viscoelasticidade, mas também pelo número
de sarcômeros. Para Coutinho et al. (2004) um mecanismo que resulta do alongamento é
adição do número dos sarcômeros em série.
O estudo de Coutinho (2006) mostrou a influência do alongamento passivo manual do
músculo sóleo de ratos, após três semanas com 10 repetições de 60 segundos, e 30 segundos
de relaxamento entre cada alongamento, realizado três e sete vezes por semana. Foi observado
que o alongamento proporcionou um aumento do número de sarcômeros em série.
61
Rosário, Marques e Maluf (2004) e Marques (2005) afirmam que exercícios que
utilizam a contração excêntrica são os que mais estimulam a adição de sarcômeros em série,
promovendo remodelação do tecido conjuntivo. A postura em pé inclinada para frente,
utilizada no grupo do alongamento global, utiliza contração excêntrica de baixa intensidade
para conseguir o alongamento dos músculos em cadeias (BERESFORD; HABIB, 2003).
Kisner e Colby (2009) afirmaram que os ganhos obtidos com alongamentos de curta
duração são transitórios e atribuídos a uma folga temporária entre os filamentos de actina e
miosina nos sarcômeros; para eles, alongamentos com duração mais longa, trazem ganhos
mais duradouros. Apesar de avaliarmos no nosso estudo técnicas de alongamento de curta e
de longa duração, não podemos afirmar se o ganho apresentado por ambas às técnicas foi
transitório.
Os trabalhos de Shrier e Gossal (2000), Achour Junior (2002) e Rosário, Marques e
Maluf (2004) citam um aumento da tolerância ao alongamento como também responsável
pelo aumento da ADM, mas o mecanismo é desconhecido, pode estar relacionado a um
possível efeito analgésico. Esta explicação já havia sido levantada por outros autores
anteriormente. Estudos dos isquiotibiais por Halbertsma e Goeken (1994) e Magnusson et al.
(1996) observaram aumento da tolerância e fornecem prova de adaptação sensorial ao
alongamento. O estudo de Magnusson et al. (1996) mostrou uma diminuição da sensação de
alongamento na face posterior da coxa após duas semanas alongamento. Wiemann e Hahn
(1997) estudaram a relação entre o torque e a informação subjetiva durante o alongamento
passivo e observaram que, para um programa de curta duração, o efeito do alongamento
passivo no ganho de amplitude de movimento (ADM) deve ser atribuído ao aumento da
tolerância do indivíduo ao desconforto.
É importante ressaltar que as explicações expostas acima sobre as causas do ganho de
amplitude de movimento após um alongamento, não podem ser comprovadas pelo presente
estudo, pois não foram realizadas avaliações específicas para confirmar estes aspectos. Mas
acredita-se que o ganho de amplitude significativo, no GAES e no GAG, possa ter ocorrido
também por alterações nos mecanismos neurofisiológicos.
Os mecanismos neurofisiológicos são devido ao fato de que, o alongamento tem um
efeito sobre as vias que conectam o músculo ao sistema nervoso central (DE DEYNE, 2001).
Os mecanorreceptores fuso muscular e o orgão tendinoso de Golgi são sensíveis às alterações
do comprimento do músculo. O fuso muscular responde ao alongamento desencadeando a
contração reflexa do músculo que está sendo alongado. Se o estiramento é mantido por um
período de pelo menos 6 segundos, os impulsos do órgão tendinoso de Golgi começam a
62
sobrepujar os impulsos dos fusos musculares. Esses impulsos ocasionam um relaxamento
reflexo, chamado inibição autogênica, que serve como mecanismo protetor que permite que o
músculo se alongue pelo relaxamento antes que os limites de extensibilidade sejam
ultrapassados, causando dano às fibras musculares (HALL, 2000; PRENTICE; VOIGHT,
2003; BOMPA, 2004; KISNER; COLBY, 2009).
Kisner e Colby (2009) relatam que na inibição autógena o órgão neurotendinoso de
Golgi dispara e promove um relaxamento reflexo do músculo durante as manobras de
alongamento, possibilitando ao músculo ser alongado contra menos tensão. Supõe-se que esta
diminuição da resistência ao alongamento tenha proporcionado uma mudança do ângulo onde
os participantes desta pesquisa relatavam a sensação de desconforto com dor, o que se refletiu
como o ganho de amplitude de movimento na SDCD após a técnica de alongamento estática
segmentar e da técnica global
De acordo com Bandy e Sandres (2003) o alongamento estático segmentar realizado de
forma lenta e gradual estimula a atividade dos órgãos tendinosos de Golgi. E como vimos
anteriormente, isto leva a um relaxamento reflexo.
De acordo com Tarnhovi (2004), durante a postura em pé com inclinação anterior
ocorre um súbito relaxamento após alguns minutos de contração excêntrica mantida, que
sustenta a hipótese que o órgão tendinoso de Golgi, dos músculos em contração, dispara a
partir da detecção de tensão, desencadeando a inibição do músculo que gerou o estímulo.
Na análise da diferença dos ângulos antes e depois dos procedimentos, observou-se
que as duas técnicas de alongamento promoveram um ganho de amplitude de movimento
significativo em relação ao grupo controle, mas que não houve diferença significativa na
análise estatística intergupo GAES e GAG.
Para Feland et al. (2001) alongamento de longa duração possui uma duração acima de
30 segundos para cada repetição. O alongamento estático segmentar passivo manual é
considerado de curta duração e o alongamento global é de longa duração. Na presente
pesquisa estas características foram preservadas, pois cada repetição do alongamento estático
segmentar foi realizada em 30 segundos e no alongamento global cada repetição foi realizada
em cinco minutos. Isto foi importante porque uma das hipóteses levantadas neste estudo era
que o tempo de alongamento global influenciaria na resposta do músculo à técnica de forma
diferente.
Segundo Grau (2003) o alongamento residual persistente é diretamente proporcional
ao tempo de aplicação da força, e consequentemente quanto maior o tempo maior a
quantidade de alongamento obtido. E de acordo com Moreno et al. (2007) o alongamento de
63
um músculo e de seu tecido conjuntivo é diretamente proporcional ao tempo de tração. Supõese a partir destas citações que a técnica de alongamento global apresenta vantagens em
relação ao alongamento estático segmentar alongamentos por manter a musculatura alongada
por tempo prolongado. Mas os resultados do nosso estudo revelaram que não houve diferença
significativa no ganho da ADM entre as técnicas de alongamento.
Bandy, Iron e Briggler (1997) observaram que tempos superiores como 90 e 120
segundos, precisam ser avaliados, pois poderiam levar a um aumento ainda maior da
flexibilidade. No presente estudo foram avaliados alongamentos de curta duração e longa
duração e não foi encontrada diferença significativa entre os grupos (p=0,0870). Podemos
concordar, portanto, com o estudo de Milazzotto, Corazzina e Liebano (2009) que afirma que
três séries de alongamento mantido por 30 segundos parecem ser suficientes para provocar as
mudanças no comprimento muscular, sem que seja necessário mantê-lo por mais tempo.
Ainda em relação ao tempo do alongamento, a conclusão do presente estudo é
diferente do estudo de Tirloni et al. (2008), que concluiu quanto maior o tempo de sustentação
do alongamento, maior será o ganho de flexibilidade. Vale ressaltar que no estudo todos os
grupos foram submetidos a uma série de alongamentos passivos da musculatura posterior de
coxa.
A outra hipótese era a de que o alongamento em cadeias, por impedir as compensações
em toda a cadeia muscular, teria resultado mais eficiente em relação ao alongamento
segmentar. Grau (2003) afirma que toda tentativa de alongamento da extremidade de uma
cadeia, provoca encurtamento em outra parte da cadeia, então para alongar um músculo é
preciso puxar pelas extremidades. O alongamento segmentar não leva em consideração as
compensações secundárias que ocorrem na respectiva cadeia muscular, o que poderia torná-lo
menos eficiente (FERNÁNDEZ-DE-LAS-PEÑAS et al., 2006). Mas vimos no nosso estudo
que a técnica segmentar e a global não apresentaram diferença estatística significativa.
Rosário (2003), constatou ganho estatisticamente significativo da amplitude de
movimento da perna após alongamento global e segmentar dos músculos isquiostibiais,
durante um período de oito semanas. Ambas as técnicas mostraram-se eficazes no ganho de
adm quando comparadas ao grupo controle (não alongado) e não tiveram diferença
significativa quando comparados os grupos de alongamento. Resultado semelhante foi
encontrado na comparação intergrupos dos dados do ganho da amplitude do presente estudo.
Os resultados encontrados neste estudo foram diferentes dos relatos no estudo de
Vivollo, Rosário e Marques (2003) já que estes autores observaram que o alongamento
64
muscular global foi mais eficiente que o alongamento segmentar no ganho de amplitude de
movimento da extensão de joelho.
Cabral et al. (2007) em estudo com pacientes com sindrome femoropatelar comparou
o alongamento global (15 minutos) dos isquiostibiais, através da postura rã no ar e em pé
incluinado para frente, com o alongamento segmentar de curta duração (30 segundos) através
de diferentes posições, o tempo final de cada grupo foi por volta de 30 minutos. Observou que
nos dois grupos houve melhora do encurtamento dos isquiostibiais e o grupo do alongamento
global apresentou maior ganho de flexibilidade com uma média de 35%. Os resultados do
presente estudo foram diferentes. A diferença dos ângulos antes e depois dos atendimentos
mostrou que o alongamento global foi eficaz no ganho de ADM, mas não foi observada
diferença significativa quando comparado com os resultados do grupo de alongamento
estático segmentar.
Oliveira e Nogueira (2008) realizaram alongamento da cadeia posterior, através de três
posturas do RPG mantidas durante 15 minutos cada, sendo duas sessões por semana, durante
oito semanas. A amostra foi composta de 28 adultos jovens, voleibolistas, do sexo masculino
e feminino, e foi dividida em dois grupos, RPG e controle. Todos participantes foram
submetidos a uma avaliação através do teste de extensão passiva do joelho e terceiro dedo ao
chão. Após a análise estatística, observou-se que o grupo que realizou o RPG obteve ganhos
significativos na extensão do joelho em relação ao controle. No presente estudo houve
também ganho significativo na comparação GAG com o GC.
Em pesquisa realizada por Rosário et al. (2008) com sessões de alongamento de RPG e
alongamento estático segmentar, realizadas duas vezes por semana, durante quatro semanas,
apresentaram ganhos significantes após a realização dos alongamentos, porém os
alongamentos de curta e longa duração mostraram-se igualmente eficientes. Assim como no
presente estudo.
Uma possível explicação, encontrada por Rosário et al. (2008), para o resultado não
estatisticamente significante na comparação dos grupos global e segmentar, nas variáveis
flexibilidade e encurtamento dos músculos isquiotibiais, pode ser o fato de que a RPG, por
distribuir a força de alongamento pelos músculos das cadeias, diminui a intensidade sofrida
por cada músculo isoladamente. Enquanto que o alongamento segmentar promove uma
intensidade alta o suficiente para compensar o curto tempo de alongamento. Esta explicação
pode ajudar a justificar os resultados na análise intergrupo dos grupos de alongamento global
e segmentar da nossa pesquisa.
65
A EMG é geralmente reconhecida como um importante instrumento para analisar a
resposta do músculo a tarefas específicas ou programas de terapia (DE LUCA, 1997). Na
presente pesquisa a atividade eletromiográfica do músculo bíceps femoral foi avaliada na
posição de alongamento dos músculos isquiostibiais, no momento da sensação de desconforto
com dor, com o objetivo de captar o sinal promovido pelo reflexo de estiramento,
proporcionado pelo fuso. A partir desde sinal objetivou-se verificar se após o alongamento
muscular havia uma diminuição da atividade elétrica do músculo e se havia diferença entre as
respostas após a realização das diferentes técnicas de alongamento.
Na análise da relação RMS correspondente e RMS inicial observou-se que houve uma
diminuição da atividade eletromiográfica, no GAES e GAG, e uma diferença significativa na
comparação destes grupos com o GC, mas sem diferença significativa na análise entre eles.
Supõe-se que uma explicação para redução da atividade EMG seja uma adpatação do
indivíduo à sensação de alongamento. Marques et al. (2009) levanta esta hipótese para
explicar a reduzida atividade EMG após o alongamento estático, afirmam que pode estar
relacionada à maior tolerância ao alongamento. Uma vez que o músculo tem menos
resistência ao alongamento, isso pode contribuir para reduzir a atividade EMG durante o
alongamento.
Björklund, Hamberg e Crenshaw (2001) sugerem que a adaptação sensorial precede à
mudança na tenacidade muscular, estes autores afirmam que os mecanorreceptores
musculares são, em grande parte, responsáveis pelo aumento da tolerância ao alongamento
por apresentarem redução do disparo após uma única manobra de alongamento.
Na discussão dos resultados do estudo de Ben e Harvey (2010) enfatiza-se que existe
um aumento da tolerância ao alongamento após a realização do alongamento dos
isquiostibiais durante seis semanas, cinco vezes por semana, durante 30 minutos por dia, mas
também é colocado em questão neste estudo o aumento da extensibilidade. Os autores
concluem que houve apenas melhora da tolerância dos participantes para o desconforto
associado com estiramento, levando a um aumento amplitude de movimento articular, sem
qualquer melhoria real na extensibilidade muscular.
Os achados do presente estudo estão de acordo com a pesquisa de Marques et al.
(2009) que demonstraram um diminuição significativa na atividade eletromiográfica para o
músculo bíceps femoral após o programa de alongamento de cinco vezes por semana e
afirmaram que esta diminuição pode estar associado ao ganho de flexibilidade nos músculos
isquiotibiais.
66
No estudo de Branco et al. (2006), verificou-se que durante o teste de alongamento,
não foi captada atividade elétrica pelos eletrodos por meio da eletromiografia de superfície.
Assim, não observaram diferenças significativas, entre o grupo de alongamento e o grupo
controle, após investigarem os efeitos de um programa de alongamento passivo de seis
semanas sobre a atividade EMG do bíceps femoral. Os autores concluíram que a atividade
EMG durante o alongamento é muito baixa.
Na presente pesquisa o teste de alongamento foi feito na mesma posição do estudo
citado acima, com o mesmo movimento de flexão coxofemoral com joelho estendido, lento e
constante, mas o resultado eletromiográfico foi diferente, pois mostrou que é possível captar
atividade eletromiográfica. É importante ressaltar que esta atividade modificou-se em termos
de amplitude e em relação ao momento em que surgiu, após a realização dos programas de
alongamento.
O estudo de Marek et al. (2005), revela alteração na ativação muscular em resposta ao
exercício de alongamento, foi observado um deficit pós-alongamento estático e facilitação
neuromuscular proprioceptiva, na amplitude do sinal eltromiográfico. Este resultado
corrobora os achados da presente pesquisa.
Acredita-se que outra explicação para a diminuição da atividade eletromiográfica, seja
uma diminuição da atividade reflexa, que ocorreu no ângulo da amplitude inicial, promovida
pelo alongamento muscular.
O músculo, ao ser alongado, produz um aumento da resistência ao movimento, de
caráter puramente reflexivo, denominado reação de alongamento, que aos poucos vai
diminuindo com a adaptação do fuso muscular (POWER; HOWLEY, 2000). Uma vez
reduzida a descarga fusal, reduz-se, por conseguinte, a interferência desse estímulo na tensão
muscular (SHUBACK; HOOPER; SALISBURY, 2004).
No estudo de Spernoga et al. (2001), em resposta ao estímulo provocado pelo
alongamento dos músculos isquiostibiais infere-se que tenha havido a ativação do reflexo
inibitório gerado pelos OTGs (inibição autogênica).
Davis et al. (2005) citam que o alongamento estático lento facilita o disparo do órgão
tendinoso de Golgi, que produz a inibição do músculo alongado. Souchard (2001) afirma que
após alguns minutos em postura de alongamento global, os órgãos neurotendinosos de Golgi,
sensíveis à força de contração, disparam inibindo a tensão (inibição autogênica).
Pesquisa em portadores de disfunção temporomandibular, do efeito do alongamento
segmentar, realizado em três repetições de trinta segundos com intervalo de dez segundos
entre cada uma, e do alongamento global, realizado em duas posturas de quinze minutos cada,
67
foi observada diminuição da atividade eletromiográfica em repouso, após tratamento de dois
meses (uma vez por semana), nos músculos masseter, nos dois grupos (MALUF, 2006).
Davis et al. (2005) sugerem que o fator limitante durante o alongamento é a resistência
muscular secundária a uma atividade reflexa. Segundo Cramer et al. (2005) uma diminuição
na atividade reflexa resulta em resistência diminuída ao alongamento, que resulta em ganhos
na amplitude de movimento. Então podemos supor que a diminuição da atividade elétrica
muscular representada pela relação do RMS, foi ocasionada por uma diminuição da atividade
reflexa e assim proporcionou um ganho de amplitude de movimento pela redução da
resistência ao alongamento. Como não houve diferença significativa na comparação da
relação do RMS do alongamento estático segmentar com a relação da técnica de alongamento
global, podemos concluir que ambas as técnicas apresentaram efeitos semelhantes na
atividade elétrica muscular.
Os achados da presente pesquisa não podem ser generalizados para pacientes com
diferentes formas de restrições dos tecidos moles. Por isto sugere-se a realização de pesquisas
para avaliar os efeitos das técnicas em pacientes com comprometimentos osteomioarticulares
e/ou neuromusculares; a inclusão em futuros estudos, da avaliação da influência do
alongamento na produção de força da musculatura que foi alongada e de seu antagonista;
como também, estudos para elucidar as alterações ocorridas no músculo após o alongamento e
o efeito das técnicas na manutenção da amplitude após a realização do alongamento. Com
estes estudos mais informações científicas serão reveladas o que trará benefícios para a área
da prevenção, reabilitação e treinamento esportivo.
68
7 CONCLUSÕES
Em relação aos efeitos das duas técnicas de alongamento a pesquisa revelou na análise
da variável amplitude de movimento, que apesar das diferenças técnicas do alongamento
segmentar e do alongamento global, ambas aumentaram significativamente o ângulo de flexão
do quadril com joelho estendido e que não houve diferença significativa na comparação entre
as técnicas.
Na análise da variável atividade eletromiográfica do músculo bíceps femoral, o
presente estudo concluiu que houve uma diminuição significativa da atividade
eletromiográfica do músculo bíceps femoral em relação ao grupo controle, sem diferença
significativa entre as técnicas de alongamento segmentar e global. Acredita-se que esta
diminuição foi mais um indicativo da eficácia das técnicas de alongamento, pois foi causada
por um relaxamento reflexo dos músculos isquiostibiais, que promoveu menos resistência ao
alongamento e assim um aumento do ângulo de flexão do quadril com o joelho estendido da
sensação de desconforto sem dor e da sensação de desconforto com dor.
Podemos afirmar, portanto, que as técnicas de alongamento segmentar e global
apresentaram efeitos semelhantes, após o alongamento dos músculos isquiostibiais em adultos
jovens sedentários, no ganho de amplitude de movimento de flexão do quadril com o joelho
estendido e na diminuição atividade eletromiográfica do músculo bíceps femoral.
69
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78
APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título: Estudo eletromiográfico do músculo bíceps femoral após alongamento global e
alongamento segmentar.
Mestranda: Ludmilla Karen Brandão Lima de Matos
Orientador: Alderico Rodrigues de Paula Júnior
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa.
Você precisa decidir se quer participar ou não. Leia cuidadosamente o que se segue e
pergunte ao responsável qualquer dúvida que você tiver sobre o estudo. Este estudo está sendo
conduzido por Ludmilla Karen Brandão Lima de Matos. Após ser esclarecido (a) sobre as
informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste
documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.
Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma. Em caso de dúvida, mesmo
após o início do estudo, você poderá procurar o pesquisador responsável e/ou o Comitê de
Ética em Pesquisa – CEP, nos locais e telefones abaixo:
Pesquisador Responsável (Ludmilla Karen Brandão Lima de Matos): Rua Desembargador
João Pereira, nº 120, Bloco Violeta, Aptº 302, Bairro Santa Isabel. Telefone: 3231-0872 e
88161006. E-mail: [email protected]
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP: Rua Rio Poty, 2381 – Horto Florestal – CEP: 64.049410 – Teresina/PI – Tel. (86) 3216.7900. E-mail: [email protected]
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
O objetivo desta pesquisa é comparar o efeito do alongamento global e do
alongamento segmentar, nas variáveis: atividade eletromiográfica do músculo bíceps femoral
e amplitude de flexão do quadril com joelho estendido de indivíduos sedentários com
encurtamento dos isquiostibiais.
Serão utilizados os seguintes procedimentos: anamnese e exame físico com objetivo
de realizar a seleção dos sujeitos, baseada nos critérios de inclusão e exclusão. Após a seleção
os voluntários incluídos serão divididos em três grupos, de 10 participantes cada, através de
79
sorteio: grupo do alongamento estático segmentar (GAES), grupo do alongamento global
(GAG) e grupo controle (GC). Todos os voluntários incluídos passaram por uma avaliação
inicial, que consistirá na Eletromiografia, para coletar a atividade elétrica muscular e a para
avaliar a flexibilidade dos músculos isquiostibiais através da amplitude de flexão do quadril
com joelho estendido, através da eletrogoniometria. Posteriormente será realizado o
procedimento de alongamento dos músculos isquiostibiais, durante dez dias, através da
técnica de alongamento estático segmentar passivo manual e da postura em pé inclinado para
frente da técnica RPG, no GAES e GAG, respectivamente. Todo o procedimento de
alongamento será explicado de forma detalhada ao participante antes da execução. O GC não
será submetido a nenhum procedimento de alongamento. Após dez dias, será realizada uma
reavaliação seguindo os mesmos procedimentos da avaliação.
Todas as etapas serão acompanhadas pelo pesquisador responsável, em local
higienizado e seguro, e será utilizado material de descartável, necessários para a avaliação
inicial e final, como: aparelho de barbear (marca Gilete), para realização de uma tricotomia
em um local da região posterior da coxa; algodão; luvas estéreis e eletrodo superficial.
É importante que os participantes não realizem atividade física durante a pesquisa e
que sejam assíduos nos atendimentos.
O presente termo não representa contrato ou vínculo irrevogável, podendo o
participante abandonar o estudo quando bem entender, sem penalização alguma e sem
prejuízos.
Não caberá ao participante nenhum ônus financeiro. Poderá trazer o benefício do
ganho da amplitude de movimento de flexão do quadril com o joelho estendido e apresenta
baixo risco como dor muscular. Caso este risco aconteça o participante será encaminhado para
avaliação e tratamento no mesmo local de realização da pesquisa, a Clínica Escola de
Fisioterapia da FACID. O participante deverá procurar o responsável pelo projeto em caso de
dúvidas, assim como se sentirem lesados ou prejudicados em qualquer momento da execução
da pesquisa ou após seu término.
As informações serão utilizadas na dissertação de mestranda Ludmilla Karen Brandão
Lima de Matos e serão publicadas sem prejuízo ao anonimato dos envolvidos. É garantido o
sigilo absoluto sobre a identificação do participante ou dados que possam identificá-lo.
O presente estudo atenderá as normas para a realização de pesquisa em seres humanos,
resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde de 10 de outubro de 1996.
______________________________________
80
Ludmilla Karen Brandão Lima de Matos
Pesquisadora Responsável
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu,____________________________________________________________,
RG_________________, CPF_____________________, abaixo assinado, concordo em
participar do projeto de pesquisa descrito acima, tendo recebido uma cópia deste termo de
consentimento. Fui devidamente informado e esclarecido, pelo pesquisador responsável, sobre
a pesquisa e os procedimentos nela envolvidos. Declaro que tive oportunidade de questionar
maiores detalhes sobre o estudo e que estou ciente de que meus dados permanecerão
confidenciais. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento,
sem que isto leve a qualquer penalidade. Assinando este termo, autorizo minha participação
voluntária neste projeto.
Teresina, _______, de __________________ de 2010
_____________________________________________________
Assinatura do sujeito
81
APÊNDICE B – FICHA DE AVALIAÇÃO
Nome:_______________________________________________________________
Sexo: Feminino ( ) Masculino ( )
Idade: ________
Peso:_________
Altura: ________
IMC =
= ___________
Peso
(Altura X Altura)
Pratica atividade física: Sim ( ) Não ( )
História prévia de distúrbio osteomioarticular e/ou neuromuscular: Sim ( ) Não ( ) Não
sabe informar (
).
Em caso afirmativo identificar qual é o distúrbio:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________
Teste de flexibilidade dos músculos isquiostibiais – Goniometria da flexão do quadril com
joelho estendido:____________
82
APÊNDICE C – DADOS ESTATÍSTICOS
Tabela 2: Valores dos dados antropométricos do GAES
GAES (N)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
MÉDIA
DESPD
IDADE
19
21
24
24
20
22
27
21
21
22
22.10
2.33
PESO
78.50
57.50
74.00
67.00
90.00
61.50
88.50
63.50
99.00
79.00
75.85
13.70
Tabela 3: Valores dos dados antropométricos do GAG
GAG (N)
IDADE
PESO
1
23
68.00
2
23
80.00
3
23
72.00
4
30
85.50
5
25
69.00
6
25
80.00
7
22
56.50
8
30
69.50
9
22
74.50
10
22
87.50
24.50
74.25
MÉDIA
3.10
9.30
DESPD
ALTURA
1.73
1.70
1.75
1.72
1.83
1.69
1.68
1.70
1.86
1.81
1.75
0.06
IMC
26.25
19.89
24.18
22.71
26.94
21.57
31.38
21.97
28.69
24.15
24.77
3.54
ALTURA
1.73
1.68
1.74
1.80
1.59
1.73
1.71
1.79
1.78
1.76
1.73
0.06
IMC
22.74
28.36
23.84
26.39
27.38
26.75
19.34
21.72
23.57
28.31
24.84
3.05
83
Tabela 4: Valores dos dados antropométricos do GC
GC
IDADE
PESO
1
23
90
2
22
79
3
20
82.5
4
21
73
5
19
67
6
23
57.5
7
21
65.5
8
21
87
9
19
64.5
10
24
82
21.30
74.80
MÉDIA
1.70
10.88
DESPD
ALTURA
1.7
1.68
1.79
1.78
1.72
1.73
1.76
1.77
1.8
1.71
1.74
0.04
Tabela 5: Valores dos ângulos da SDSD antes e depois dos atendimentos
AAGAES
ADGAES
AAGAG
ADGAG
AAGC
47.59
70.06
71.98
93.97
53.00
1
62.76
90.93
53.32
95.93
57.04
2
36.59
59.54
58.58
92.54
73.50
3
26.78
49.98
62.41
99.24
77.24
4
59.54
70.89
80.37
99.67
38.98
5
56.67
70.15
67.67
87.71
59.54
6
60.87
78.13
80.63
90.24
54.28
7
39.45
53.80
57.15
96.36
71.50
8
25.35
49.50
80.11
93.50
44.72
9
30.13
40.17
70.80
95.32
85.23
10
74.09
94.16
88.69
101.89
91.26
M+2D
15.05
32.47
47.91
87.00
31.75
M-2D
IMC
31.14
28.01
25.78
23.1
22.71
19.23
21.19
27.79
19.9
28.08
24.69
4.03
ADCG
55.93
54.26
76.71
78.19
33.24
61.50
58.67
71.50
48.11
81.06
92.18
31.65
84
Tabela 6: Estatística descritiva dos valores dos ângulos da SDSD antes e depois dos
atendimentos
AAGAES
ADGAES
AAGAG
ADGAG
AAGC
ADGC
10
10
10
10
10
10
Mínimo
25.3500
40.1700
53.3200 87.7100 38.9800 33.2400
Máximo
62.7600
90.9300
80.6300 99.6700 85.2300 81.0600
Média Aritmética
44.5730
63.3150
68.3020 94.4480 61.5030 61.9170
Desvio Padrão
14.7592
15.4230
10.1941
3.7226
14.8761 15.1295
4.6673
4.8772
3.2236
1.1772
4.7042
Tamanho da amostra
Erro Padrão
4.7844
Tabela 7: Teste de normalidade D’Agostino dos valores dos ângulos da SDSD antes e
depois dos atendimentos
AAGAES
ADGAES
AAGAG
ADGAG
AAGC
ADGC
Tamanho da
amostra
D (Desvio)
10
10
10
10
10
10
0.2824
0.2807
0.2832
0.2809
0.2836
0.2796
Valores
críticos 5%
Valores
críticos 1%
P
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
Ns
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
ns
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
ns
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
ns
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
ns
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
ns
Tabela 8: Valores dos ângulos da SDCD antes e depois dos atendimentos
AAGAES
ADGAES
AAGAG
ADGAG
AAGC
1
81.54
111.19
91.28
112.67
95.89
2
75.67
108.56
85.37
117.93
78.63
3
77.71
98.67
89.67
111.71
92.15
4
55.72
80.93
100.93
116.45
95.41
5
87.76
112.08
100.10
117.69
109.28
6
96.32
111.52
86.41
103.54
73.89
7
90.61
110.23
100.28
113.54
93.02
8
77.71
92.50
94.45
115.97
108.32
9
77.24
90.89
90.97
108.76
91.19
10
62.89
89.71
90.56
116.19
95.71
M+2D
102.65
123.61
104.44
122.51
115.42
M-2D
53.98
77.64
81.57
104.38
71.28
ADCG
93.02
76.80
95.06
101.15
108.80
76.24
98.76
99.80
97.28
94.32
114.68
73.57
85
Tabela 9: Estatística descritiva dos valores dos ângulos da SDCD antes e depois dos
atendimentos
AAGAES
Tamanho da amostra 10
55.7200
Mínimo
ADGAES
AAGAG
10
80.9300
10
85.3700
ADGAG
AAGC
ADGC
10
10
103.5400 73.8900
10
76.2400
Máximo
96.3200
112.0800 100.9300 117.9300 109.2800 108.8000
Média Aritmética
78.3170
100.6280 93.0020
113.4450 93.3490
94.1230
Desvio Padrão
12.1669
11.4910
5.7171
4.5308
11.0339
10.2768
Erro Padrão
3.8475
3.6338
1.8079
1.4328
3.4892
3.2498
Tabela 10: Teste de normalidade D’Agostino dos valores dos ângulos da SDCD antes e
depois dos atendimentos
AAGAES
ADGAES
AAGAG
ADGAG
AAGC
ADGC
Tamanho da
amostra
D (Desvio)
10
10
10
10
10
10
0.2741
0.2741
0.2777
0.2660
0.2689
0.2631
Valores
críticos 5%
Valores
críticos 1%
P
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
Ns
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
Ns
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
Ns
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
ns
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
ns
0.2513 a
0.2849
0.2379 a
0.2857
ns
Tabela 11: Valores das diferenças dos ângulos da SDSD
GAES
GAG
22.47
21.99
1
28.17
42.61
2
22.95
33.96
3
23.20
36.83
4
11.35
19.30
5
13.48
20.04
6
17.26
9.61
7
14.35
39.21
8
24.15
13.39
9
10.04
24.52
10
31.20
48.82
M+2D
6.28
3.47
M-2D
GC
2.93
-2.78
3.22
0.96
-5.74
1.96
4.39
0.00
3.39
-4.17
7.43
-6.60
86
Tabela 12: Estatística descritiva das diferenças dos ângulos da SDSD
GAES
GAG
GC
10
10
10
Mínimo
10.0400
9.6100
-5.7400
Máximo
28.1700
42.6100
4.3900
Média Aritmética
18.7420
26.1460
0.4160
Desvio Padrão
6.2286
11.3390
3.5090
Erro Padrão
1.9696
3.5857
1.1096
Tamanho da amostra
Tabela 13: Teste de normalidade D’Agostino da diferença da diferença dos ângulos da
SDSD
87
Tabela 14: Valores do RMS inicial e correspondente da SDCD do GAES
GAES
RMSI SDCD
RMSC SDCD
29.87
9.01
1
10.64
7.48
2
37.88
15.23
3
18.93
7.89
4
21.52
6.83
5
22.59
7.33
6
10.61
7.59
7
23.46
11.95
8
27.96
9.26
9
15.96
15.66
10
21.94
9.82
MÉD
8.54
3.30
DESP
2.70
1.04
ERPD
39.03
16.43
M+2P
4.86
3.22
M-2P
Tabela 15: Valores do RMS inicial e correspondente da SDCD do GAG
GAG
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
MÉD
DESP
ERPD
M+2P
M-2P
RMSI SDCD
18.13
31.15
16.12
27.25
21.75
24.11
14.84
42.37
19.30
33.70
24.87
8.78
2.78
42.43
7.32
RMSC SDCD
9.32
4.77
7.53
12.36
7.26
14.48
13.88
19.30
10.99
9.21
10.91
4.24
1.34
19.40
2.42
88
Tabela 16: Valores do RMS inicial e correspondente da SDCD do GC
GC
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
MÉD
DESP
ERPD
M+2P
M-2P
RMSI SDCD
17.18
7.87
24.09
49.59
50.97
18.61
27.89
19.81
16.09
23.19
25.53
14.11
4.46
53.74
-2.68
RMSC SDCD
13.06
11.96
14.94
40.44
45.00
15.15
17.93
25.87
10.12
25.96
22.04
12.18
3.85
46.40
-2.31
Tabela 17: Valores da relação do RMSC /RMSI da SDCD
GAES
GAG
GC
N
RMSCSDCD/RMSISDCD RMSCSDCD/RMSISDCD RMSCSDCD/RMSISDCD
0.30
0.51
0.76
1
0.70
0.15
1.52
2
0.40
0.47
0.62
3
0.42
0.45
0.82
4
0.32
0.33
0.88
5
0.32
0.60
0.81
6
0.72
0.94
0.64
7
0.51
0.46
1.31
8
0.33
0.57
0.63
9
0.98
0.27
1.12
10
0.96
0.89
1.53
M+2P
0.04
0.05
0.30
M-2P
89
Tabela 18: Estatística descritiva do valor da relação RMSC/RMSI da SDCD
GAES
GAG
GC
RMSCSDCD/RMSISDCD RMSCSDCD/RMSISDCD RMSCSDCD/RMSISDCD
Tamanho
10
10
10
da
Mínimo
0.3000
0.1500
0.6200
Máximo
Média
Aritmética
Desvio
Padrão
Erro
Padrão
0.9800
0.9400
1.5200
0.5000
0.4750
0.9110
0.2283
0.2139
0.3079
0.0722
0.0676
0.0974
Tabela 19: Teste de normalidade D’Agostino da relação RMSC/RMSI da SDCD
GAES
GAG
GC
RMSCSDCD/RMSISDCD RMSCSDCD/RMSISDCD RMSCSDCD/RMSISDCD
Tamanho
10
10
10
da
D
0.2627
0.2664
0.2676
(Desvio)
Valores
0.2513 a 0.2849
0.2513 a 0.2849
0.2513 a 0.2849
críticos
Valores
0.2379 a 0.2857
0.2379 a 0.2857
0.2379 a 0.2857
críticos
p
Ns
ns
Ns
90
ANEXO A - CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA
91
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