UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ GRACIELA NICOLETTI O FAZER DO ENFERMEIRO EM UNIDADE DE HEMODINÂMICA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DC Vida Rua do Comércio, 3000 – Bairro Universitário Caixa Postal 560 Fone: (55) 3332-0200 – Fax: (55) 3332-9100 www.unijui.edu.br CEP 98700-000 Ijuí – RS Brasil 1 GRACIELA NICOLETTI O FAZER DO ENFERMEIRO EM UNIDADE DE HEMODINÂMICA Trabalho de Conclusão de Curso de Enfermagem do Departamento de Ciências da Vida da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, apresentado como requisito parcial para aquisição do título de enfermeiro. Orientadora: Joseila Sonego Gomes IJUÍ – RS 2011 2 SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................................ 03 ABSTRACT ........................................................................................................................... 03 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 03 2 METODOLOGIA .............................................................................................................. 06 3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................ 07 3.1 O saber/fazer do profissional enfermeiro em Unidade de Hemodinâmica ................ 07 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 12 5 REFERÊNCIAS ANALISADAS ...................................................................................... 13 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 14 3 O FAZER DO ENFERMEIRO EM UNIDADE DE HEMODINÂMICA1 Graciela Nicolleti2 Joseila Sonego Gomes3 RESUMO Esta pesquisa objetivou analisar as ações do enfermeiro em uma Unidade de Hemodinâmica a partir de uma revisão integrativa da literatura. Realizou-se busca bibliográfica, na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Foram selecionados para análise 8 artigos. Observou-se que os artigos foram escritos por enfermeiros e um por médico residente. A análise mostrou que o enfermeiro, desenvolve atividades assistenciais, gerenciais, de ensino e de pesquisa, além do cuidado direto ao paciente. Cabe ao mesmo estar em constante busca pelo conhecimento e capacitação de suas habilidades. Descritores: Enfermagem. Hemodinâmica. Cardiologia ABSTRACT This research aimed at to analyze the professional male nurse actions in an Unit of Hemodynamic starting from a revision integrative of the literature. For so much, bibliographical search was accomplished, in the base of data Latin-American Literature and of Caribbean in Sciences of the Health (LILACS). they were selected for analysis 8 goods. It was observed that the goods were only written by male nurses actuates and a for resident doctor. The analysis showed that the male nurse that acts in UHD, develops activities assistencials, managerial, of teaching and of research, making part of your performance the direct care to the patient, being responsible for the integral attendance and for that, he needs to be in constant it looks for for the knowledge and training of your abilities. Descriptors: Nursing. Hemodynamic. Cardiology 1 INTRODUÇÃO No inicio do século XX as doenças cardiovasculares (DCV) eram responsáveis por 10% de todas as mortes no mundo. Em 2020 serão responsáveis por 25 milhões das mortes anualmente e, irá ultrapassar as doenças infecciosas como a principal causa mundial de morte e incapacidade. É resultado da mudança no estado de saúde dos indivíduos, em todo o mundo, no decorrer do século XX. Mesmo podendo observar um declínio dos índices de DCV, ajustadas para a idade, como resultado do melhor acesso a tecnologia da saúde e adoção de estilos de vida mais saudáveis, as DCV continuarão aumentando a medida que a população envelhece (BRAUNWALD; ZIPES; LIBBY, 2003). 1 Trabalho de Conclusão de curso de graduação em Enfermagem do departamento de Ciências da Vida da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI) apresentado em forma de artigo 2 Acadêmica do 9° semestre do Curso de graduação em enfermagem da UNIJUI 3 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente do curso de Enfermagem da UNIJUI. Orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso 4 Com o objetivo de melhorar a estratégia de tratamento da doença coronariana aguda e reduzir o número de complicações com a terapia trombolítica surgem a angioplastia primária e o emprego de stents, com resultados favoráveis. Tais procedimentos se enquadram no que a literatura define como cardiologia intervencionista, a qual é desenvolvida em Unidades de Hemodinâmica (UHD) (PENNA; BARROS, 2003). A experiência do médico e de toda a equipe de enfermagem e radiologia é um fator fundamental para o resultado obtido nos procedimentos empregados na cardiologia intervencionista. A prestação de cuidados de enfermagem de maneira intuitiva e empírica dificulta o estabelecimento de parâmetros e controles que possam contribuir para o desenvolvimento da assistência de enfermagem. A cardiologia intervencionista está intimamente ligada a um aparato tecnológico sofisticado e freqüentemente inovador e isto exige dos profissionais versatilidade e capacitação diferenciadas perante os procedimentos. Aliado a equipe médica e de enfermagem deve refletir a união e o sincronismo que beneficia o paciente (PENNA; BARROS, 2003). Hemodinâmica é uma palavra originária do grego haima (sangue) e dynamis (força), significando o estudo dos movimentos do sangue e dos fatores que neles intervêm. Segundo Contrin (2008) os primeiros dados sobre cateterismo cardíaco datam de 1844, quando Claude Bernard, utilizando um cavalo, introduziu por meio da veia jugular e da artéria carótida, um cateter até o lado direito e esquerdo do coração. Em 1905 Fritz Bleichroeder, introduziu um cateter em veias e artérias de cães e em suas próprias veias, sem controle radiológico. Já em 1929, Forssman, repetindo a experiência, introduziu o cateter até o átrio direito, sob controle radioscópico, caracterizando assim o primeiro cateterismo cardíaco. Com o aperfeiçoamento, o estudo e o desenvolvimento das técnicas de intervenção, por Sones e Judkins, realizou-se, em 1977, a primeira Angioplastia Coronária Transluminal Percutânea (ACTP), por Andreas R. Gruntzig, na Europa. A extensão das contribuições à hemodinâmica e ao cateterismo cardíaco no nosso país tem sido significativa desde 1946. Neste ano, Horácio Kneese de Melo publicou na Revista Paulista de Medicina, artigo intitulado "Angiocardiografia", inaugurando a literatura nacional sobre cateterismo cardíaco. Depois de revisto e acrescido de aspectos técnicos e de interpretação diagnóstica, o mesmo foi divulgado em conjunto com seus colaboradores nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia em 1949, motivando mais amplamente na comunidade cardiológica nacional o interesse pela nova especialidade (LINCH, 2010). A terapêutica para tratamento das doenças cardiovasculares vem avançando significativamente ao longo das décadas no intuito de conseguir diminuir os efeitos que elas 5 causam na vida dos indivíduos. Em 1986, iniciava-se a era da fibrinólise na cardiologia para o tratamento de reperfusão do infarto agudo do miocárdio (IAM) com supradesnivelamento do segmento ST. Desde então, o cardiologista que atende pacientes com exacerbação aguda da DAC vem manuseando de modo aguçado esta terapêutica e acompanhando o seu uso, assim como suas complicações, que não são infreqüentes, nem tampouco irrelevantes. Na década de 90, a terapia de reperfusão mecânica do IAM com angioplastia primária e o implante de endopróteses vasculares coronarianas passou a fazer parte da rotina do cardiologista, dividindo com a fibrinólise o espaço para o manejo da fase aguda do IAM. PEDENEIRAS, et all (2006). Esses avanços contribuíram para o aprimoramento de estudos realizados em laboratórios de hemodinâmica, como: cateterismo cardíaco, angioplastia coronária com balão, com stent, aterectomias, valvoplastias com balão e atrioseptostomia, dentre outros, abrindo caminhos fundamentais para estudos de anatomia, fisiologia, etiologia e quadro clínico das doenças coronarianas, consideradas, até então, uma epidemia, pelo número crescente. FREITAS, OLIVEIRA (2006). Nesse contexto, percebe-se que as UHDs são recentes, tanto como um serviço de apoio para diversas áreas da medicina, com maior intensidade para as doenças cardiovasculares, em especial as coronárias, como também para a atuação do enfermeiro. São unidades em constante avanço científico e tecnológico. Para atender as demandas dos serviços de hemodinâmica, tem se exigido do enfermeiro aperfeiçoar seus conhecimentos e habilidade para enfrentar constantes mudanças. No Rio Grande do Sul encontra-se 38 unidades de Hemodinâmica, destas 15 localizam-se na capital e outras cinco em cidades da região metropolitana. A demanda de atendimento, assim como densidade populacional pode estar relacionado com este fator ou ainda ,pela existência de centros de referencia com infra-instrutora qualificada (LINCH, GUIDO, FANTIN, 2010). O crescente número de Unidades em Hemodinâmica no Brasil tem permitido o aumento da inserção do enfermeiro no mercado de trabalho, exigindo dos mesmos, habilidades e competências. Alem disso, são unidades em constante avanço cientifico e tecnológico, o que tem contribuído para a complexidade dos processos de trabalho nesse setor de saúde (SEHNEM, 2009). A partir de uma revisão integrativa da literatura, o estudo busca responder a seguinte questão: quais são as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro em unidade de hemodinâmica? 6 2 METODOLOGIA Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, a qual tem como objetivo reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um determinado tema ou questão, a fim de identificar lacunas do conhecimento apontando a necessidade de novos estudos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). “Para tanto, foi realizada busca bibliográfica, na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), utilizando os descritores “hemodinâmica” and” (enfermagem) or assistência de enfermagem” and “português”, a qual resultou um total de 6 documentos e na Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) utilizando os descritores “hemodinâmica” and “enfermagem”, resultou em 14 documentos. Um documento encontrava-se repetido em ambas as bases de dados. Optou-se por utilizar apenas artigos, dessa forma, a dissertação de mestrado que estava disponível no LILACS foi excluída da análise. A partir da leitura prévia dos títulos e resumos, foram selecionados oito documentos (três disponível no LILACS e cinco disponíveis no SCIELO), os quais contemplaram texto completo disponível em suporte eletrônico. Quando o texto completo não esteve disponível diretamente na base de dados LILACS ou SCIELO, foi desenvolvida a busca no portal do periódico em que o artigo foi publicado (homepage da revista), no portal CAPES na seção periódica, ou por meio do buscador Google acadêmico. Salienta-se que o período de publicação não foi utilizado como critério para a seleção. A coleta de dados foi realizada em outubro de 2011. Para a caracterização das produções científicas, utilizou-se uma ficha constituída com as variáveis: ano de publicação; tipo de estudo; objetivo; abordagem metodológica (quantitativa e qualitativa); método; cenário; sujeitos; resultados. Para fins de caracterização dos artigos selecionados para a análise final, serão apresentados com a letra A (artigo), logo após o autor e ano de publicação, seguida do número conforme o artigo aparece na análise, por exemplo, A1, A2, A3,.... A análise dos dados deu-se a partir da análise de conteúdo do tipo temática, que conta com três etapas: pré-análise; exploração do material e interpretação dos resultados (MINAYO, 2010). O artigo que se encontrava repetido nas bases de dados pesquisadas foi computado no LILACS – primeira base consultada 7 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS A partir da revisão integrativa foi possível identificar que a produção relacionada a atuação do profissional enfermeiro em UHD é escassa. No entanto, percebe-se um aumento dessa produção nos últimos dez anos o que pode estar relacionado ao aumento das unidades de Hemodinâmica e aos programas de pós-graduação, assim como o incentivo de pesquisas na área de cardiologia. Os artigos analisados foram publicados nos anos de 1991 (1), 2001 (1), 2005 (1), 2006 (2), 2009 (2) e 2010(1). As pesquisas analisadas foram realizadas por enfermeiros atuantes em UHD e um somente por médico residente relacionado a remoção do introdutor arterial, pós cateterismo/angioplastia. A maioria dos artigos analisados apresentou o questionário como instrumento de coleta de dados, e tendo como base a pesquisa descritiva, bibliográfica e observacional como fontes primárias do estudo. Os artigos selecionados para análise foram explorados na sua totalidade e a partir das considerações encontradas optou-se por uma categoria de análise que tem como título: o saber/fazer do profissional enfermeiro em Unidade de Hemodinâmica. 3.1 O saber/fazer do profissional enfermeiro em Unidade de Hemodinâmica A unidade de hemodinâmica é um setor que estuda o estado normal e patológico do sistema cardiovascular, intervindo quando necessário por meio de procedimentos complexos e com custos elevados, equipamentos de ponta e condutas também complexas e especializadas, entre esses destaca-se cateterismos cardíacos, angioplastias coronarianas, implantes de stents e implantes de balão intra-aórtico. Tais procedimentos não são realizados de maneira rotineira na maioria das instituições hospitalares, o que pode trazer dificuldades para o cuidado dos profissionais da enfermagem que atuam nessas instituições, pois, não há conhecimento específico por parte destes em relação a técnica, as complicações e as especificidade do cuidado de enfermagem a serem prestados aos pacientes (ZAMBERLAN; SIQUEIRA, 2005, A8). O enfermeiro que trabalha em Unidade de Hemodinâmica (UHD) segundo Linch, et.al (2009, A1) desenvolve atividades assistenciais, gerenciais, de ensino e de pesquisa. Faz parte de sua atuação o cuidado direto ao paciente, sendo responsável pela assistência integral. 8 Durante a realização dos procedimentos, o enfermeiro precisa estar atento a possíveis intercorrências. Em estudo realizado por Gonçalves et.al., (1991, A6), foram consideradas atividades assistenciais aqueles cuidados prestados diretamente ao paciente como: orientações sobre o procedimento que irá realizar, avaliação clínica e observação geral das condições do paciente, preparo e posicionamento na mesa de hemodinâmica; administração de medicações, assistência ao paciente nas intercorrências, como por exemplo, parada cardiorrespiratória (PCR), esclarecimentos de dúvidas durante o exame e execução de curativo no local da dissecação para o cateterismo, encaminhamento do paciente à unidade de internação ou recuperação hemodinâmica. Também nessa mesma linha de pensamento, Linch et al., (2009, A1), em seus relatos sobre o enfermeiro nos procedimentos hemodinâmicos, destaca que este desenvolve suas atividades assistenciais em três momentos pré, trans e pós procedimento. Destacam que as orientações, a avaliação e o preparo tanto físico quanto emocional das pacientes fazem parte do período pré-procedimento, neste momento, o conhecimento dos temores, dúvidas e expectativas dos pacientes em relação aos exames torna-se fundamental para que o enfermeiro possa assisti-lo de maneira individualizada. Os mesmos autores ainda apontam que, para evitar complicações, o enfermeiro deve investigar história de reações de sensibilidade e alérgicas, de hipertireoidismo, insuficiência renal ou qualquer outra alteração orgânica. Por fim deve orientá-lo sobre os efeitos colaterais do contraste para que o mesmo possa comunicar a equipe e esta possa intervir imediatamente. Já durante o exame, o enfermeiro precisa estar atento ao traçado eletrocardiográfico e suas alterações, a possibilidade de administração de medicações, bem como atentar para sinais ou sintomas sugestivos de complicações. Após o procedimento é necessário retirar o introdutor arterial, observado possível sangramento, e ainda, realizados curativos necessários, controle dos sinais vitais, e o encaminhamento para a sala de recuperação do serviço ou unidade de internação (LINCH et.al., 2009, A1). Ao analisar as características assistenciais do enfermeiro em UHD, Solano et al., (2006, A4), discute uma tarefa inerente à assistência ao paciente que realiza procedimentos coronarianos percutâneos diagnósticos e terapêuticos que é a retirada do introdutor arterial, o qual também foi citado por Linch et al (2009, A1) como parte do fazer do enfermeiro. Os autores referem que, no Brasil, essa atividade pode ser realizada por profissional enfermeiro, desde que o mesmo tenha se submetido a um curso de especialização em Enfermagem em 9 Terapia Intensiva ou Enfermagem em Unidade de Hemodinâmica, pois o procedimento é complexo e pode acarretar sérios riscos ao paciente. A remoção do introdutor arterial pós-intervenção coronária percutânea pode ser realizada pelo enfermeiro desde que o mesmo tenha Especialização em Terapia Intensiva ou em Unidade de Hemodinâmica, segundo o Parecer Técnico do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal nº 014/2001. A vantagem da instrumentalização do enfermeiro para a retirada do introdutor arterial é que um maior número de profissionais que trabalham na equipe de Cardiologia Intervencionista estará capacitado para este procedimento, com diminuição da sobrecarga de trabalho entre os seus membros (SOLANO et al, 2009). Sobre a instrumentalização dos profissionais, considera-se que o serviço de enfermagem, parte das organizações de saúde, vem percebendo a necessidade de promover oportunidades de ensino para a sua equipe, no sentido de melhorar a prática de enfermagem, sendo que a enfermagem constitui um grupo amplo do setor da saúde, e esse número tende a aumentar devido as atividades que deverão ser desenvolvidas nos serviços especializados.( SOLANO et al, 2009). A atuação do enfermeiro em unidade de hemodinâmica exige conhecimento complexo. Para que esse profissional desempenhe suas funções com versatilidade e qualidade da assistência ao paciente, o mesmo necessita de experiência, atualizações constantes, e desenvolvimento de conhecimentos e habilidades específicas para área, salientando-se assim a necessidade de aperfeiçoamento constante (LINCH et.al., 2009, A1). Nesse sentido, de acordo com a portaria SAS/MS nº 123 de 28/02/05, a equipe de Unidades de Assistência em Alta Complexidade Cardiovascular, entre elas, unidades de hemodinâmica devem contar com um enfermeiro coordenador, com Especialização em Cardiologia ou com certificado de Residência em Cardiologia reconhecido pelo MEC ou com título de Especialista em Enfermagem Cardiovascular, reconhecido pela Sociedade Brasileira de Enfermagem Cardiovascular-SOBENC. Sobre a necessidade de conhecimentos específicos para o enfermeiro realizar prática assistencial em UHD, Vieira et al., (2009, A2) traz para discussão o fato de que a maioria dos cursos de graduação em enfermagem não contempla, em sua grade curricular, conhecimentos mais profundos sobre radiologia, porém para o bom funcionamento dos serviços de angiografia e hemodinâmica, o enfermeiro hemodinamicista precisa ter conhecimentos básicos sobre essa especialidade, incluindo direitos e deveres desses profissionais. Essa 10 afirmativa reforça a idéia de que para atuar nessa área o enfermeiro precisa realizar cursos (ex. pós-graduação latu senso) que o instrumentalizem para tal. Nessa perspectiva, Turini (2010, A5) explica que os currículos de graduação de enfermagem não têm acompanhado a evolução das demandas no cuidar, principalmente no que se refere às especializações da área médica e às inovações tecnológicas. O conteúdo básico que deveria ser capaz de subsidiar o enfermeiro e prepará-lo para atuar em diferentes áreas não tem favorecido a devida integração dos conhecimentos. Uma das alternativas para a resolução desse déficit, segundo o autor, seria a inclusão na metodologia de ensino de disciplinas optativas, sendo essas necessárias para contemplar as demandas do mercado de trabalho e para ampliar a oportunidade do aluno em participar mais ativamente na construção do conhecimento para sua prática profissional de acordo com suas afinidades. A formação de um profissional coerente com a realidade é um processo contínuo de busca da ampliação e diversificação dos cenários de ensino-aprendizagem. Esta visão explicaria as diferentes áreas de formação, procuradas pelo enfermeiro ao longo de sua trajetória profissional, além do anseio em atuar em novas áreas (TURINI, 2010, A5). Então, a educação do funcionário no local de trabalho, precisa ser um processo que propicie novos conhecimentos, com vistas a capacitá-las para a execução adequada do trabalho e para futuras oportunidades de ascensão profissional com competência e efetividade, como também o incentivo para a realização de cursos de especialização, vista a necessidade, também legal, dessa formação para atuação na área em discussão. Além das atividades assistenciais, o enfermeiro na UHD desenvolve funções de liderança, gerenciamento de recursos humanos e materiais, o que exige tomada de decisões rápidas e precisas. Em meio a esse processo, compete ao enfermeiro o dimensionamento de pessoal, supervisão e treinamento da equipe, controle dos artigos médico-hospitalares utilizados em cada procedimento, bem como o conhecimento de condutas em relação ao reprocesso de cateteres (FANTIN) 2010. Para Santos (2001, A7) o cuidado direto ao paciente constitui a essência do trabalho de enfermagem e caracteriza a função assistencial. As demais funções, de administração, ensino e pesquisa, servem para gerenciar, favorecer, fundamentar e ampliar a função assistencial. A enfermagem, ao longo da história da sua prática profissional, tem sido responsável pela administração do ambiente físico das unidades nas instituições onde a clientela recebe a assistência à saúde. Os enfermeiros preocupam-se com a adequação do ambiente físico, em relação a iluminação, ventilação, limpeza e conservação (SANTOS, 2001,A7) 11 Segundo Kurctgant et al., (1991) as organizações precisam de profissionais capacitados para o alcance de suas metas e objetivos, profissionais gerentes. Esta necessidade de desenvolvimento de pessoal tem sido reforçada pelos avanços tecnológicos e pelas mudanças socioeconômicas, que levam os indivíduos a buscar, adquirir, rever e atualizar seus conhecimentos. De acordo com Vieira et.al., (2009, A2) a responsabilidade do enfermeiro hemodinamicista em gerenciar a equipe, muitas vezes não se limita somente à enfermagem, mas também a outros profissionais como equipes da radiologia, médica secretárias, higiene e limpeza e da nutrição dietética. Vieira et.al (2009, A2) explica que há necessidade de se conhecer os equipamentos que são de alto custo e de alta complexidade operacional e os materiais que são igualmente de alto custo, de alta radioatividade, de modelos, formas e tamanhos variados e que fazem parte do cotidiano do profissional enfermeiro. Existe, além disso, a necessidade premente de se ter a noção exata da importância de controlar estoque e ter conhecimento de como realizar a reesterilização de materiais, quando permitido por lei, pois essa prática reduz custos. Diante desse contexto, existe a necessidade do enfermeiro que atua em serviços de hemodinâmica e angiografia ter conhecimento para administrar esse setor de alta complexidade e que se desenvolve rapidamente. Entretanto, são escassos dados relativos a esse assunto para enfermagem. Diante desse contexto, o enfermeiro precisa desenvolver estudos nessa área para evoluir continuamente seus conhecimentos e suas habilidades, em vista aos constantes avanços científicos, adaptações e implementações de novas tecnologias, o que tem contribuído para a complexidade dos processos de trabalho neste setor de saúde (LINCH et.al., 2009, A1). De acordo com Linch et.al., (2009, A1), o enfermeiro em hemodinâmica tem as responsabilidades de uma unidade com características de cuidados críticos, por esse motivo deve ter capacitação intelectual, ações de liderança, atualização e treinamento, e ainda pensamento crítico. Esse profissional deve acompanhar a evolução da tecnologia do serviço e da constante inovação de materiais. O trabalho em saúde é caracterizado como uma atividade profissional extremamente complexa e meticulosa, que tem como agente e sujeito da ação o ser humano. Durante o desenvolvimento destas atividades, são estabelecidas relações estreitas entre as pessoas, como não vistas em outra área de trabalho (CALEGARO, 2007). 12 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das análises realizadas verificou-se a importância do saber da enfermagem em unidades hemodinâmicas, no entanto, essa profissão, precisa estar em constante formação e capacitação, uma vez que, no ensino superior, tem apenas disciplinas básicas e dificilmente são aprofundados os conhecimentos nessa área. Nesse sentido, verifica-se que os cursos de especialização, principalmente os com enfoque específico em pós-graduação na área hemodinâmica são uma oportunidade em enfocar a área, aprofundando os conhecimentos nesse setor. Da mesma forma, verificou-se que o enfermeiro em unidades de hemodinâmica, mais especificamente o foco deste estudo, desempenha inúmeras funções, dentre elas, destacam-se assistenciais, gerenciais e administrativas e ainda as de pesquisador, considerando-se os aspectos mencionados acima. Os resultados do presente estudo também puderam evidenciar que a produção científica brasileira na área de enfermagem em Hemodinâmica é escassa e carece de estudos voltados às necessidades dos profissionais que estão atuando em áreas de ponta em cardiologia, sujeitas a constantes inovações tecnológicas e terapêuticas que exigem do enfermeiro reciclagem, atualizações sistemáticas e desenvolvimentos de habilidades e competências específicas para acompanhar o ritmo de trabalho Desta forma, conclui-se que o desenvolvimento de estudos relacionados a esta temática devem ser incentivados, aprofundados e divulgados, para que contribuam com o desenvolvimento de outras pesquisas, ou ainda, que auxiliem a atuação e a tomada de decisão dos enfermeiros em Unidades de Hemodinâmica. 5 REFERÊNCIAS ANALISADAS A1 – LINCH, G.F.C., GUIDO, L.A., PITTHAN, L.O.; UMANN, J. Unidades de hemodinâmica: a produção do conhecimento. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2009. A2 – VIEIRA, L.C. et.al. Dificuldades e necessidade da equipe de enfermagem em serviços de Hemodinâmica e angiografia. Ciênc Saúde 2009 jan-mar; 16(1):21-5 13 A3 – BROCADO, D.; et.al. Sistematização da assistência de Enfermagem aplicada ao cliente submetidos as intervenções Hemodinâmicas. Simpósio Nacional de Diagnóstico em Enfermagem. A4 – SOLANO, J.D.C. et.al. Remoção do introdutor arterial pos-intervenção coronariana percutânea: medico residente versus Enfermeiro especializado. J Vasc Br, 2006, 5 (1): 42-6. A5 – TURINI, R.N.T. Unidade de Radiologia intervencionista\Hemodinâmica: característica do Enfermeiro e da unidade. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2010;12(2):315-20. A6 – GONÇALVES, J.D.M.; et.al. As atividades assistenciais do Enfermeiro em unidade de Hemodinâmica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, 4(1): 48-54, março de 1991. A7 – SANTOS, P.R. Estudo do processo de Enfermagem em Hemodinâmica: Desgastes, cargas de trabalho e fatores de riscos a saúde do trabalhador. [Dissertação de Mestrado], Fundação Fiocruz, 2001. A8 – ZAMBERLAM, C.; SIQUEIRA, H.C.H. A terceirização nos serviços e conseqüências no cuidar em Enfermagem. Rev Bras Enferm 2005 nov-dez; 58(6):727-30 14 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALEGARO, S.M.K. Dissertação. Revista Virtual de Saúde, Rio de Janeiro 2007 FREITAS, M.C.; OLIVEIRA M. F. Assistência de enfermagem a idosos que realizam cateterismo cardíaco: uma proposta a partir do Modelo de Adaptação de Calista Roy. Rev Bras Enferm 2006 set-out; 59(5): 642-6. KURCGANT, P. et al, Administração em enfermagem. 1991 LINCH, G.F.C., GUIDO, L.A., PITTHAN, L.O.; UMANN, J. Unidades de hemodinâmica: a produção do conhecimento. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2009. MENDES KDS, SILVEIRA RCCP, GALVÃO CM. Revisão integrativa incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, Out-Dez 2008; 17(4): 758-64. MINAYO MCS. O desafio do conhecimento; pesquisa qualitativa em saúde. 12 ed. 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