Discurso proferido pelo Deputado ARNALDO JARDIM (PPS/SP)

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Discurso proferido pelo Deputado
ARNALDO JARDIM (PPS/SP), em
sessão no dia
/10/2014.
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
Os fatos veem à tona e não há peneira que tape o sol. O
enfraquecimento da atividade econômica do País foi sentido mais uma
vez nesta semana. O boletim Focus, relatório do Banco Central feito a
partir de projeções do próprio mercado, os analistas agora projetam
que a economia brasileira crescerá apenas 0,97% em 2014 – a
estimativa anterior era de um fraco crescimento de 1,05%.
Embora tenha sido a oitava semana consecutiva de redução das
estimativas de crescimento da economia, foi a primeira vez neste ano
que o mercado estimou um Produto Interno Bruto (PIB) com expansão
inferior a 1%.
Isso é muito pouco especialmente se considerarmos o nosso
crescimento populacional de 1,1% por ano. Precisaríamos crescer
mais do que esse percentual em mercadorias e serviços para não
andarmos de ré, como carro sem motor e sem freio, de volta ao pé da
ladeira.
A previsão anterior já era pífia e medíocre. No fundo a situação reflete
a arrogância do governo federal ao não dialogar com a sociedade e a
falta de uma política econômica coerente, que sinalize não só aos
mercados, mas mais importante, aos produtores, empresários,
trabalhadores e pequenos investidores, para onde vai a economia
brasileira. Faltam não só políticas específicas para setores importantes
e que estão praticamente abandonados, como o sucroenergético, mas
também para o conjunto: medidas que sinalizem que o governo
tentará de fato conter a inflação no “figurativo” centro da meta e que os
investimentos, a geração de empregos e riquezas são prioridades do
País.
Da maneira como está o cidadão fica praticamente no escuro quanto
aos rumos da vida. Isso traz de volta aos brasileiros um pouco mais
vividos o pesadelo da época da hiperinflação, que fez com que a
década de 1980 fosse um decênio perdido. Enquanto outros países
como a Coreia do Sul, Espanha e Portugal, que tinham um índice de
desenvolvimento parecido ao do Brasil, saíam da pobreza e realmente
ingressavam no clube dos desenvolvidos, o Brasil teve que esperar o
Plano Real – portanto 1994 – para retomar uma trajetória de
crescimento.
Eu sei que governos não fazem a economia crescer, mas criam as
condições para que ela cresça, para que os países se desenvolvam.
Aí está o papel do planejador, do líder político, não apenas do
administrador da burocracia e da política macroeconômica, mas
também do visionário que antevê e formula caminhos que induzam os
investimentos na infraestrutura, educação, saúde e em tantas áreas
que são cruciais para a nação. Principalmente, do governante que
entende ser necessária a liberdade – e a segurança – para o
empresário investir e para o trabalhador ser beneficiado pelo fruto do
seu trabalho, o salário. Um ambiente de inflação corrói o valor da
moeda e em consequência o valor dos salários.
Podemos dizer que o cenário internacional no final do governo Dilma
piorou. Mas isso apenas é verdade em relação aos mandatos de Lula,
embora não seja aos mandatos de Fernando Henrique Cardoso –
quando houve a Crise Financeira da Ásia em 1998 e a situação
política na Europa era muito complicada, com as guerras que
despedaçaram a antiga Iugoslávia. Agora, um cenário econômico que
não é favorável ao exportador brasileiro pela nossa falta de
competitividade num instante em que o mundo retoma o crescimento.
Por outro lado, o mercado interno brasileiro dá sinais de exaustão,
principalmente na indústria – na semana passada, o índice de
confiança medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)
atingiu em julho menor patamar desde janeiro de 1999. O Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged) informou a criação
de apenas 25,3 mil vagas em junho deste ano – foi o pior resultado
para um mês de junho desde 1998. A economia se deteriora no final
do governo Dilma. Faltou planejamento e mais importante, ousadia e
sinceridade para atacar os problemas crônicos da falta de inovação,
das baixas competitividade e produtividade, da falta de visão de
Estado para elaborar uma política nacional que coloque o Brasil em
rota permanente desenvolvimento.
Agora, infelizmente, já precisamos pensar rapidamente no que fazer a
partir de 2015. E terá que ser diferente. Um novo rumo para enfrentar
esta situação e retomar o crescimento.
Deputado Arnaldo Jardim
PPS/SP
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