O Globo, 01 de setembro de 2016 Desempenho econômico: Dilma só supera Collor e Floriano Peixoto PIB no período teve expansão média de 0,5%, terceiro pior resultado da História Por: Danielle Nogueira Com a retração de 3,8% do PIB no segundo trimestre de 2016, em comparação a igual trimestre do ano passado, o governo de Dilma Rousseff confirma sua posição de terceiro pior crescimento econômico na História republicana do Brasil. Nos cálculos do economista Reinaldo Gonçalves, do Instituto de Economia da UFRJ, os 22 trimestres governados por Dilma tiveram um desempenho econômico que resultou em avanço médio anual da economia de 0,5%. A taxa só não é pior que a variação média anual dos mandatos de Fernando Collor de Mello (-1,2%) e do marechal Floriano Peixoto (-7,5%). — Dilma ganhou medalha de bronze no pódio da mediocridade — afirma Gonçalves. — A gestão da coisa pública em seu mandato foi péssima. Segundo ele, o elemento em comum que explica o fraco desempenho da economia nos mandatos daqueles três presidentes é que foram marcados por instabilidades institucionais. Collor e Dilma sofreram impeachment. Já Floriano Peixoto assumiu a presidência do Brasil após renúncia de seu antecessor, o marechal Deodoro da Fonseca, e teve de debelar várias rebeliões que marcaram os primeiros anos da instauração da República no país. — Nos três períodos, houve casamento da crise política com a econômica. Uma reforça a outra — diz Gonçalves, para quem a ruptura política, seja pela renúncia ou pelo impeachment, costuma ser sucedida de um retorno ao crescimento. — É como se tirasse o bode da sala, abrindo espaço para o reequilíbrio. O economista acredita que, após o impeachment de Dilma, o Brasil terá crescimento perto de zero em 2017 e entre 2% e 3% em 2018. Até 2015, o crescimento anual do PIB no mandato de Dilma era de 1%. No primeiro semestre de 2016, o desempenho da petista se distanciou ainda mais do legado de seu antecessor. Na gestão Lula (2003-2010), o Brasil cresceu, em média, 4% ao ano. Já na administração de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o crescimento médio foi de 2,3%. O levantamento considera o desempenho econômico de 30 presidentes brasileiros desde 1989, e as variações são ganhos ou perdas reais, ou seja, já descontada a inflação no período. A maior variação positiva foi no governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), quando o crescimento médio anual do PIB foi de 11,7%.