Discurso do Primeiro Vice-Presidente, Dep. Waldir Maranhão (Do Sr. Waldir Maranhão, PP/MA): Senhor presidente, senhoras e senhores parlamentares, não viemos aqui para prantear a morte de um homem honrado, mas sim para celebrar sua vida – uma vida intensa, produtiva, profícua, desse homem que tinha seus olhos voltados para sua família e para o Brasil – que ele considerava uma extensão de sua família. Eduardo Campos, esteja onde estiver, deve ter certeza de uma coisa: a despeito de seu repentino desaparecimento, para nós (que ficamos para trás) trágico, dolorido, infame, desalentador, devastador, Eduardo Campos sabe que cumpriu com brilhantismo, serenidade e amor a sua trajetória neste mundo. Senhor Presidente, a vida de Eduardo Campos foi uma vida dedicada ao Brasil. Desde menino, já sabia que iria trilhar o caminho da política: era neto do grande Miguel Arraes. Ao mesmo tempo, filho do cronista e poeta Maximiano Accioly Campos, sentia a poesia em suas veias, e isso sem dúvida fez com que ele dirigisse um olhar cheio de ternura a todos os brasileiros, especialmente aqueles mais carentes, mais necessitados do impulso desenvolvimentista do governo, aqueles que nada tinham mas que poderiam muito realizar, se alguém lhes desse u’a mãozinha. Já na faculdade de economia, Eduardo Campos iniciou-se formalmente na política, atuando em diretórios estudantis e buscando compreender o que movia o mundo, para dirigi-lo no sentido que ele considerava correto. Aprovado no vestibular da Universidade federal de Pernambuco com 16 anos, Senhor Presidente, Eduardo Campos concluiu os estudos aos 20, como aluno laureado e orador da turma. Casado com Renata de Andrade Lima, economista como ele e dois anos mais nova, teve cinco filhos – Maria Eduarda, João Henrique, Pedro Henrique, José Henrique e Miguel – que preencheram sua alma de alegria, e ao mesmo tempo, silenciosa e amorosamente, atuavam como restauradores de sua brilhante armadura entre um embate político e outro. Pois é assim, Senhor Presidente, que vive uma família feliz. A vida de Eduardo Campos e sua profunda experiência com a vida política era uma promessa de melhores dias para o Brasil. De presidente de diretório acadêmico, passando por chefe de gabinete do governador, seu avô Miguel Arraes, sendo o criador da primeira secretaria de ciência e tecnologia do Nordeste e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco, além de deputado estadual, deputado federal, secretário de Governo de Pernambuco, secretário de Fazenda, retornar a esta Câmara Federal como deputado por mais dois mandatos, até se tornar governador do Estado de Pernambuco por dois mandatos consecutivos – sendo o governador mais bem avaliado do Brasil! – Eduardo Campos extraiu com afinco todas as lições necessárias sobre o funcionamento das máquinas administrativa e legislativa do País, entendendo com precisão o que funcionava, o que não funcionava e o que poderia melhorar. Este conjunto de conhecimentos, Senhor Presidente, esse interesse profundo pelo aperfeiçoamento das instituições... é algo que não se vê com facilidade, nem com a frequência que seria desejável para um País com as nossas dimensões. Todo esse conhecimento, toda essa experiência, todo esse desejo de ver um Brasil melhor para seus cinco filhos, para os filhos de todos os brasileiros, e para as gerações futuras, acabou por traduzir-se numa série de diretrizes quando Eduardo Campos, sentindo-se maduro para estender ao Brasil os mesmos resultados positivos de suas gestões vitoriosas em Pernambuco, decidiu-se lançar à Presidência da República. Eduardo Campos sintetizou suas metas da seguinte forma: Estado e democracia de alta densidade; Economia para o desenvolvimento sustentável; Educação, cultura e inovação; Políticas sociais e qualidade de vida, e Novo urbanismo e o pacto pela vida. Não devemos questionar o destino, não devemos questionar os desígnios do Altíssimo. A despedida de Eduardo foi repentina, foi sem volta. Hoje, Eduardo Campos está na companhia de Deus e vive em nossas lembranças com amor. Como mortais que somos, devemos enfrentar as adversidades e seguir adiante, reunindo forças, compilando o que aprendemos com nossos erros e acertos, e devemos continuar buscando a melhora das condições de vida de nossa comunidade. As lições deixadas por Eduardo Campos foram inúmeras, e devem ser aproveitadas para benefício de todos. Ao encerrar essas reflexões, gostaria de relembrar aqui algumas palavras de Clarice Lispector, que acredito serem muito apropriadas quando se fala de Eduardo Campos. “Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.” Viva Eduardo Campos! Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado. Sala das Sessões, em 11 de agosto de 2015. Deputado Waldir Maranhão Primeiro Vice-Presidente da Câmara dos Deputados